A casa na colina
Nong e sua família viviam num vilarejo
no Sudeste Asiático. Como a maioria das pessoas ali, eles cultivavam a terra,
só que, ao contrário delas, que moravam nos campos na ampla planície, eles
tinham a única casa que ficava no alto de uma colina.
Como a família de Nong trabalhava na
planície, seus pais tinham que subir e descer a colina todos os dias, e na
época da colheita levar todo o arroz para o celeiro lá em cima.
A escola também estava localizada na
planície, de modo que Nong tinha que descer o morro cada manhã e subir ao fim
da tarde para voltar para casa.
Um dia Nong conversou com seu pai a
respeito do assunto, dizendo que não achava justo ter que subir e descer o
morro todos os dias sendo que os seus amigos não precisavam fazer isso. “Por
que é que nós temos que morar aqui em cima?”
O pai de Nong pensou um pouco antes de
responder.
— Não sei bem por que moramos na
colina. A nossa casinha já está aqui há muitas e muitas gerações, e estou
agradecido por ela.
Pense da seguinte forma: De manhã nós
somos os primeiros a ver o Sol nascer, e à tarde os últimos a vê-lo se pôr.”
Mas para Nong essa explicação não
ajudou muito:
—
Mas nós temos que trabalhar mais do que todo o mundo, e tenho que andar mais do
que os meus amigos. Isso não é justo!
— Não devíamos pensar assim, porque foi
Deus quem nos deu esta casa, e deveríamos estar gratos por ela, respondeu seu
pai”.
Mesmo assim Nong não estava convencido,
pois queria morar lá em baixo na planície.
Não passou muito tempo depois dessa
conversa, e um dia, faltando poucas semanas para a colheita do arroz, qual não
foi a preocupação dos moradores ao olharem para o alto e verem o céu coberto de
nuvens. E o tempo só foi piorando, o céu foi ficando cada vez mais escuro e
então aconteceu o indesejado: Começou a chover a cântaros. Chovia sem parar. As
casas e a lavoura na planície ficaram completamente inundados e o povo perdeu
todo o arroz nos campos e nos celeiros.
Só a casa de Nong, lá no alto, não inundou, então foi para lá que os moradores
fugiram, muito gratos por aquela casa no alto da colina. E ali se alimentaram
com o arroz que a família tinha armazenado.
Olhando para o filho com carinho, o pai de Nong lhe disse:
— E agora, você está agradecido pelo
fato da nossa casa ser no alto de um morro?
Nong sorriu todo sem jeito e meneou a
cabeça.
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