A doutrina da Mordomia Cristã
Mordomo
quer dizer, literalmente, ecônomo, isto é, aquele que é incumbido da direção da
casa, o administrador. É aquela pessoa a quem é entregue tudo quanto o senhor
possui para ser cuidado e desenvolvido. Em linguagem bíblica, isto quer dizer
que não só terras, dinheiro, jóias e os bens materiais em geral, mas também o
cuidado da esposa e dos filhos, enfim a reputação do senhor e até sua própria
vida. Daí se depreende o que o Senhor exige de nós quando nos constituiu mordomos.
É, portanto, com temor e tremor que devemos assumir nossa responsabilidade mas,
de outro lado, com regozijo em nossos corações por ele nos ter dado um lugar de
tantas oportunidades para glorificar seu santo nome.
1.
BASE BÍBLICA DA DOUTRINA DA MORDOMIA
A
Bíblia ensina por preceitos e exemplos que somos mordomos de Deus. Ele nos
confiou a administração de bens e poders que lhe pertencem. Causa estranheza
que cristãos, através dos séculos, tenham aberto o Livro Sagrago milhares de
vezes e até tenham procurado viver suas verdades, sem que a doutrina da
mordomia viesse a ocupar em suas vidas o lugar que merece. Daremos, em resumo,
o que a Bíblia diz acerca desse assunto.
O
universo pertence a Deus (Gn 1.1; 14.22; Dt 10.14; I Cr 29.13-16; Sl 24.1;
50.10-12; 89.11; Jr 27.5). De modo específico, o solo pertence a Deus (Lv
25.23; 2 Cr 7.20). Os minerais e os tesouros que a terra e o mar escondem (Sl
95.5; 146.6; Ag 2.8; Jl 3.5). Tudo o que a terra produz (Gn 2.9; Sl 104.4) e
toda a vida animal (Gn 1.24; 9.2,3).
Depois
de haver completado a obra da criação, Deus colocou Adão num jardim aprazível e
lhe confiou as coisas criadas (Gn 2.15). Deus nunca entregou os títulos de
propriedade a Adão, mas conservou-os para si mesmo como criador. Adão era um
simples mordomo. O homem só poderia ter direito de propriedade sobre aquilo que
ele pudesse criar; entretanto, nunca homem algum jamais foi capaz de criar
qualquer coisa. Tudo o que ele pode fazer é utilizar-se das coisas criadas,
adaptá-las e combinar forças e elementos por Deus criados.
O
homem pertence a Deus
Por direito de criação (Gn 1.27; 2.7; Is 42.5; 42.1-7; Ez 18.4)
Por direito de preservação (At 14.15-17; 17.22-28; Cl 1.17; I Pe 1.5). Deus não
somente nos criou, mas também nos sustenta na sua providência. Ele não é um
Deus que criou o mundo e o abandonou à sua própria sorte. Pelo contrário, Ele
está profundamente interessado em tudo o que se passa entre os homens,
acompanhando o desenrolar da história e orientando-a para atingir seus
propósitos eternos. Não fora um Deus sustentador do universo e este mundo e a
vida humana seriam uma impossibilidade.
Por
direito de redenção (Ex 19.5; 1 Co 6.19-20; Tt 2.14; Ap 5.9). Fomos criados
para glorificar a Deus (Is 43.7; 1 Co 6.18-20). Mas o pecado desviou o homem
desse alvo. Era preciso, então, que Deus o restaurasse e o libertasse do
pecado, que o separava dele (Is 59.2). Isso realizou-se na morte e na
ressurreição de Jesus Cristo, que se ofereceu como propiciação pelos nossos
pecados, restabelecendo outra vez o alvo para o qual Deus nos criou, e nosso
objetivo, a partir da vitória de Cristo, deve ser buscar a sua glória.
2.
O VALOR DA DOUTRINA DA MORDOMIA PARA A VIDA CRISTÃ
Talvez
não haja outra doutrina capaz de influenciar mais a vida do crente do que a da
mordomia quando devidamente compreendida e aplicada.
Antes
de tudo, deixará de existir em nossa vida a diferença artificial que, em geral,
se faz entre atividades religiosas e seculares. Religião não será mais uma
atividade que tome de nós certos dias e horas. Cada minuto de nossa vida será
sagrado, porque pertence a Deus. Nosso trabalho deixará de ser uma coisa
mecânica e material para ser algo concedido pela graça de Deus. Estamos
cooperando com Deus no desenvolvimento e progresso de um mundo criado e mantido
por ele mesmo.
O
mordomo fiel, despertado por uma visão nova e mais ampla, verá Deus e sua mão
em lugares e coisas que lhe pareciam despidas de caráter religioso. Não só a
igreja, mas o lar e o lugar de trabalho participam dessa esfera sagrada, porque
Deus está em toda parte como criador e preservador. Não haverá mais coisas
lícitas aqui e ilícitas ali, porque todo o lugar que a planta do nosso pé pisar
será terra santa (Ex 3.1-5).
E
mais: o conceito cristão de mordomia fará crescer o nosso senso de
responsabilidade. Aqui está perante nós um mundo criado por Deus, com tudo
quanto nele há, por cujo desenvolvimento somos responsáveis. Aqui estamos nós
mesmos, criados à imagem de Deus, e tendo de prestar contas da nossa vida, em
toda a riqueza de suas manifestações. Aqui estão almas imortais, sem
conhecimento da graça salvadora de Cristo, às quais o Senhor nos incumbe de
levar a Boa Nova. São tremendas as nossas responsabilidades como mordomos de
Deus!
Cientes
da nossa fragilidade e incapacidade para bem desempenhar nossa mordomia, somos
levados a depender do Espírito Santo, que Deus fez habitar em nós para
conduzir-nos à vida abundante de despenseiros da sua multiforme graça.
temos
a promessa preciosa de Jesus, que nos garante a assistência do Espírito, a fim
de nos orientar no bom exercício na nossa mordomia. Ele nos esclarece quanto
aos nossos deveres cristãos, fortalece-nos para o desempenho da tarefa de cada
dia, purifica-nos, a fim de que sejamos "vasos para honrra... e preparados
para toda a boa obra" (2 Tm 2.22). Nenhum mordomo poderá servir com
eficiência, se não viver uma vida orientada pelo Espírito Santo.
3.
O SUPREMO EXEMPLO
Jesus não só ensina a verdade da mordomia em seus ensinos, mas a ilustra de
modo muito claro e inspiurador em sua própria vida. Ele se reconhecia mordomo
de Deus, encarregado da tarefa suprema de alcançar a reconciliação da raça
humana. Ele viveu a sua vida orientado por esse propósito. Seu desejo constante
era fazer a vontade daquele a cujo serviço se encontrava na terra.
CONCLUSÃO
Inspirados em sua magnífica personalidade, caminhemos a passos firmes, como
mordomos que não têm de que se envergonhar, que procuram desempenhar com
fidelidade a tarefa que nos foi entregue.
AUTOR DESCONHECIDO
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