A
entrada triunfal em Jerusalém
"Quando se aproximaram de Jerusalém e
chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos,
dizendo-lhes: Ide à aldeia que aí está diante de vós e logo achareis presa uma
jumenta e com ela um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos. E, se alguém vos
disser alguma coisa, respondei que o Senhor precisa deles. E logo os enviará.
Ora, isto aconteceu para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta:
Dizei à filha de Sião: "Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em
jumento, num jumentinho, cria de animal de carga (Zacarias 9,9). Indo os
discípulos e tendo feito como Jesus lhes ordenara, trouxeram a jumenta e o
jumentinho. Então puseram em cima deles as suas vestes e sobre elas Jesus
montou. E a maior parte da multidão estendeu as suas vestes e outras cortavam
ramos de árvores, espalhando-as pela estrada. E as multidões, tanto as que O
precediam, como as que O seguiam, clamavam: Hosana ao filho de Davi! Bendito o
que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas! E, entrando Ele em
Jerusalém, toda cidade se alvoroçou e perguntavam Quem é este? E as multidões
clamavam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia." Mateus 21:
1 a 11
A
entrada triunfal do Senhor em Jerusalém, no domingo anterior à sua crucificação
e ressurreição, representava a recepção gloriosa que lhe prestaria a Primeira
Igreja Cristã, prestes a ser estabelecida; representa a recepção do Senhor como
Rei da Glória, como Divina Verdade, como forma visível do Divino Amor na forma
humana. Num sentido mais interior, a entrada triunfal do Senhor representava o
estado do Humano em preparação para a última e mais severa das tentações.
Aquele dia marcava também o começo do trabalho final da redenção, pela qual os
infernos foram conquistados, os céus foram ordenados e um caminho foi aberto
para a instalação da Igreja Cristã na terra.
Mas
também a entrada triunfal em Jerusalém representa o processo de regeneração da
criatura humana, já em sua fase adiantada. Ela se rejubila porque está certa de
que, amparada pela força do Senhor, pode vencer as tentações finais que se
abateram sobre ela. E, quando alcança a vitória, ajudada pelo Senhor, ela se
encontra em um estado de júbilo e de deleite, como ocorreu com a multidão que
acompanhava Jesus.
Entretanto,
o processo de regeneração da criatura humana nem sempre lhe proporciona júbilo
e deleite. Quando as tentações a fustigam, para purificá-la, esse período de
sofrimento e depressões devem ser enfrentados com coragem e paciência, como nos
ensina a doutrina. E a chave para alcançar a vitória é sempre dada pelo Senhor.
Precisamos acreditar nisso e receber d'Ele a força de que necessitamos.
O
Senhor jamais permite ao homem antegozar os amores do céu, antes de o homem
penetrar nesses amores por escolha própria e por esforço em alcançá-los.
Durante a infância, a criatura humana está na inocência, na alegria e na paz
naturais. À proporção que ela cresce e começa a regenerar-se, é submetida a
experiências e tentações, mas, quando chega à vitória, na idade madura, alcança
o estado espiritual da inocência, da alegria e da paz. Finalmente, no outro
mundo, entra na vida da eterna juventude, na qual estão presentes todas as
bênçãos internas e externas. As inocentes relíquias da infância são reunidas e
transportadas para a inocência da sabedoria da criatura humana, que, então,
está apta a fazer parte do reino do céu.
Quando
é vista pela primeira vez e é racionalmente compreendida, a verdade é recebida
com deleite e alegria pelo homem que se está regenerando. Este primeiro estado
é externo, porque a satisfação e a alegria têm sua origem na auto-satisfação,
isto é, na satisfação do próprio eu. No estado seguinte, quando o homem percebe
que precisa aplicar a verdade à vida, e a verdade lhe revela os males que se
encontram em seu coração, sobrevém o estado de tentação. Nessa ocasião, a
sensação de felicidade é removida e o homem é tentado a rejeitar a verdade ou
considerá-la como coisa de pequeno valor. Mas, se ele toma sua cruz e segue o
Senhor, evitando os males desmascarados pela verdade, a satisfação anterior
retorna com o amor do bem e da verdade, em que se encontram o deleite, a
alegria e a bênção do céu.
O
Senhor experimentou a mesma série de estados no processo de Sua glorificação,
pois sua glorificação foi um exemplo para a regeneração do homem. Em Sua
entrada triunfal em Jerusalém, estava presente, em forma representativa, um
quadro de alegria e da paz que a Divindade, pelo trabalho da redenção,
estabeleceria no mundo e no céu. Aquele quadro representava a permanência dos
céus e preparava o Humano do Senhor para a amargura da tentação final. Como
sabemos, dessa tentação surgiu o Divino Humano.
Sem
o conhecimento do sentido espiritual dessa passagem, o quadro apresentaria uma
situação de humilhação e farsa. Pois, poucos dias depois, a mesma multidão, que
proclamou Jesus como rei, pedia Sua crucificação em Jerusalém. Os habitantes da
cidade, com as exceções conhecidas, traíram Jesus, o que demonstra a
contradição do povo, tanto mais que Jerusalém representa a Igreja, e o templo
no interior da cidade, representa o Senhor.
Jesus
partiu do Monte das Oliveiras, na parte leste da cidade, para entrar em
Jerusalém. O Monte das Oliveiras representa o Divino Amor. Partir do Monte das
Oliveiras significa que o Senhor agiu no sentido de aplicar Seu Divino Amor na
salvação de toda a raça humana e o instrumento dessa salvação foi o Seu Divino
Humano, que é o Divino Amor na forma humana.
Aplicada
aos membros da Igreja, essa passagem significa que o amor do Senhor faz a
Igreja e que, portanto, os membros recebem o amor do Senhor por intermédio da
Igreja e na proporção que evitam os males como pecados contra Deus. O Amor em
que se alicerça a Igreja procede do Senhor e não do homem. O homem deve partir
do Monte das Oliveiras levando o amor recebido do Senhor, que lhe é dado depois
de atos de arrependimento e de penitência. Com esse amor, ele se torna apto
para integrar a Igreja e então se dirige para Jerusalém, que a representa.
Do
Monte das Oliveiras o Senhor mandou dois discípulos apanharem uma jumenta e um
jumentinho ainda não montados. Os discípulos representam o conjunto de bens e
verdades da Igreja. Os dois discípulos orientados pelo Senhor representam o bem
e a verdade conjugados, nos quais todas as coisas espirituais são recebidas. A
jumenta representa a afeição da verdade natural e o jumentinho representa a
afeição da verdade racional. Elas servem de base à verdade espiritual, que
cavalga sobre elas.
Montando
esses animais, o Senhor penetrou em Jerusalém, o que significa a entrada na Igreja
que Ele fundaria em breve, ao glorificar o Seu Divino Humano. Ao longo do
caminho, os discípulos e a multidão espalhavam ramos de palmeira e suas
próprias roupas. Os ramos de palmeira representam o bem espiritual e as peças
do vestuário representam as verdades pelas quais os bens são vestidos. Somente
quando reconhecemos que são do Senhor todas as verdades e todos os bens, e
somente quando aceitamos a doutrina central de Seu Humano Glorificado, é que
podemos receber o influxo do Senhor na Igreja.
Quando
Jesus, os discípulos e a multidão entraram na cidade, o povo dizia aos gritos:
"Hosana ao filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas
alturas!". O "filho de Davi" representa o Senhor quanto ao
Divino Humano. "Bendito" significa o agradecimento pelos bens do amor
e pelas verdades da fé que vêm d'Ele, única fonte desses dons outorgados aos
homens. "O nome do Senhor" significa tudo aquilo por que Ele é
conhecido, isto é, todos os bens e todas as verdades. "Hosana nas alturas"
significa "Salve o Senhor nas alturas". Essas palavras são, portanto,
indicativas de um salmo de glorificação ao Senhor, porque Ele iniciava então a
glorificação de Seu Humano. Com esse Divino Humano Glorificado, Ele pôde
redimir aqueles que O procuraram e procuram, proporcionando-lhes instrumentos
de salvação, inclusive revelando-lhes o sentido espiritual da Palavra.
Cabe
considerar agora a continuação da lição que trata daqueles que recebem e
daqueles que não recebem o Senhor em Seu Advento. Lemos em Mateus 21;12,16:
"Vendo, então, os principais dos sacerdotes e os escribas as maravilhas
que fazia, e os meninos clamando no templo, Hosana ao filho de Davi,
indignaram-se e disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim.
Nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o
perfeito louvor?" . Os principais dos sacerdotes e os escribas representam
os que rejeitam o Senhor. Em cada indivíduo isolado, eles representam os amores
do eu e do mundo. Estes amores negam o Senhor e tentam impedir a recepção
interior dos bens e verdades da Palavra.
Por
outro lado, são as crianças que louvam o Senhor e O aceitam em Seu Divino
Humano. Os meninos e as criancinhas de peito representam estados de inocência,
e a inocência é o reconhecimento de que todo bem e toda a verdade - e portanto
toda a vida - procedem do Senhor somente; além disso, a inocência é o desejo de
ser guiado pelo Senhor. Não há outra fonte de vida espiritual a não ser o
Senhor. Esse estado de inocência é tembém representado pelos gentios, que,
embora não conheçam o Senhor ou as verdades da Palavra, estão na inocência
espiritual, que lhes faculta receberem o Senhor. Foram os gentios que
reconheceram o Senhor e estabeleceram a primeira Igreja cristã.
O
Senhor foi rejeitado por aqueles que tinham constituído a Igreja Israelita,
porque eles estavam no orgulho da própria inteligência e não desejavam tomar
conhecimento nem sentir necessidade de alguma coisa da Palavra.
O
que ocorre com as igrejas também acontece com os indivíduos. Os amores em suas
mentes, que têm como objetivo o eu e o mundo, rejeitam o Senhor e tentam
crucificá-Lo, a fim de ficarem com o campo livre. Mas, se a inocência estiver
presente, aqueles maus amores serão desviados, e o Senhor criará uma forma
celestial no homem, mesmo que tenha de expulsar os cambistas do templo ou tenha
de destruir o templo construído pelos amores do eu e do mundo. Em lugar do
templo destruído, o Senhor criará Seu novo templo, este construído com as
verdades genuínas da Palavra, ligadas pelo amor que Ele dedica às criaturas que
lhe rendem culto e obedecem à sua Palavra.
O
céu repousa no estado da inocência. Sem ela não há culto verdadeiro ao Senhor.
Sem ela o Senhor - revelado na Segunda Vinda em toda glória de Seu Divino
Humano - não pode ser recebido, porque "se não vos converterdes e vos
tornardes como criancinhas, não entrareis no reino de Deus, pois da boca dos
meninos e das criancinhas do peito tendes o perfeito louvor". Amém.
Lições
:
1) Mateus 21;1 a 11; 2) Mateus 21; 14 a 17
3) A.E. 31
Adaptado por J.Lopes Figueiredo
A REALEZA DO SENHOR
APOCALIPSE EXPLICADO 31 - "Aqueles que não conhecem a significação de "jumentinho" no sentido representativo suporão que o Senhor cavalgar sobre um jumentinho era um sinal de miséria e de humilhação. Mas não era assim; antes era um sinal de magnificiência real. Por essa razão, o Senhor foi proclamado rei pelo povo, que estendia suas vestes pelo caminho, o que significa vestir e proteger os bens e as verdades representados pelo Senhor. Fica assim, claro que é significado pelo "Rei" na Palavra, bem como o que é significado por "Ungido", "Messias" e "Cristo". Essas palavras significam o Senhor quanto à Divina Verdade procedente de seu Divino Amor. "Ungido" em hebraico se diz Messias e em grego se diz Cristo. "Jesus" significa o apostolado exercido pelo Senhor e "Cristo" significa Seu reinado como Rei dos Reis".
1) Mateus 21;1 a 11; 2) Mateus 21; 14 a 17
3) A.E. 31
Adaptado por J.Lopes Figueiredo
A REALEZA DO SENHOR
APOCALIPSE EXPLICADO 31 - "Aqueles que não conhecem a significação de "jumentinho" no sentido representativo suporão que o Senhor cavalgar sobre um jumentinho era um sinal de miséria e de humilhação. Mas não era assim; antes era um sinal de magnificiência real. Por essa razão, o Senhor foi proclamado rei pelo povo, que estendia suas vestes pelo caminho, o que significa vestir e proteger os bens e as verdades representados pelo Senhor. Fica assim, claro que é significado pelo "Rei" na Palavra, bem como o que é significado por "Ungido", "Messias" e "Cristo". Essas palavras significam o Senhor quanto à Divina Verdade procedente de seu Divino Amor. "Ungido" em hebraico se diz Messias e em grego se diz Cristo. "Jesus" significa o apostolado exercido pelo Senhor e "Cristo" significa Seu reinado como Rei dos Reis".
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