A Importância da Mordomia
Cristã
INTRODUÇÃO
A doutrina da mordomia cristã tem suas origens no Antigo Testamento. No
cristianismo bíblico, a
prática da mordomia cristã evidencia o senhorio de Cristo, uma vez que Ele é
Senhor sobre todas as
coisas criadas (Fp 2.9-11; Cl 1.16-19; At 2.36). O conhecimento e a prática da
doutrina da mordomia
pelo cristão desenvolve nele os conceitos bíblicos dessa doutrina e motiva-o a
dedicar-se cada vez
mais à causa do Senhor e à prática do bem em relação aos seus semelhantes, sua
família, seu
trabalho e sua igreja local.
I. MORDOMIA DO PONTO DE VISTA CRISTÃO
Mordomia no sentido comum, secular e popular tem má conotação. Mas, no sentido
cristão, é, como
já vimos, a administração dos bens de outrem. Ela implica, de igual modo,
responsabilidade de
administrar os nossos próprios bens espirituais, morais e materiais, segundo o
supremo ideal de
vida, que é Cristo (Cl 3.4; Jo 13.15; 1 Jo 2.6). De fato, toda a vida de Cristo
e seus ensinos devem
ser a base imutável da mordomia cristã. Vejamos alguns ensinos bíblicos para os
que desejam
administrar sabiamente sua vida sobre a terra.
1. A mordomia cristã reúne o espiritual e o material na experiência cotidiana.
Na verdade, toda
nossa vida, tanto na esfera física ou material, como na espiritual, tem a ver
com Deus. Cada
atividade da nossa vida é preciosa para Deus, pois pertencemos a Ele. No
trabalho, no escritório ou
na fábrica, na vida pública, no lar ou viajando, não podemos separar as duas
coisas. Cada
pensamento, cada olhar, cada movimento nosso, tudo, enfim, que se passa
conosco, está patente
aos olhos de Deus. Sua imanência torna-o presente em tudo o que fazemos. Não
podemos separar,
neste aspecto, atividades religiosas e atividades seculares. Em todo o tempo a
mordomia cristã
implicará em sabermos colocar o reino de Deus em primeiro plano (Mt
6.33).
2. A mordomia cristã desenvolve o senso de responsabilidade com a vida. A
Bíblia nos exorta: Não
sejais vagarosos no cuidado (Rm 12.11). O crente deve, pois, com a graça de
Deus e o poder do
Espírito Santo ser sempre zeloso, fiel e diligente em suas atividades na
igreja. O crente precisa
também administrar a sua vida, de modo geral, espiritual e material com elevado
senso de
responsabilidade. Desmazelo e desorganização na vida material e espiritual são
próprios de quem
não conhece e nem pratica a mordomia cristã. Segundo os ensinos das Sagradas
Escrituras,
atitudes como pontualidade no cumprimento dos deveres materiais e sociais e
honestidade no
trabalho e no trato com as pessoas são valores morais basilares na
administração da vida.
3. A mordomia cristã inclui prestação de contas. Na parábola denominada O
mordomo infiel, Jesus
relatou a história de um mordomo fraudulento que usava de astúcia para tirar
proveito para si em
detrimento dos outros. Porém, o senhor daquele servo infiel exigiu dele prestação
de contas (Lc
16.2). Jesus incriminou os religiosos fariseus por sua hipocrisia e corrupção
no trato das coisas
sagradas e seculares que eles administravam. Nós, filhos de Deus, como seus
servos,
compareceremos um dia perante o Tribunal de Cristo para recebermos segundo o
que tivermos feito
neste mundo (2 Co 5.10; Rm 14.12; Mt 16.27; Lc 14.14; Ef 6.8).
II. A MORDOMIA CRISTÃ VALORIZA A VIDA HUMANA
Desde que o homem pecou, vive a perguntar (isto é, o homem natural): Por que estou
aqui?;
Qual a razão da minha existência?; Qual o sentido da minha vida?; Por que existo?.
Independente de cor, etnia,status social, estas perguntas estão na mente de
cada pessoa. O
autêntico cristão não faz tais perguntas, pois, vivendo na luz de Cristo, ele
sabe que tudo isto está
relacionado ao seu papel de servo e mordomo do Senhor. Mas, quanto ao
incrédulo, sua mente
obscurecida pelo pecado, nada vê, nem entende, daí essas perguntas milenares
sem razão de ser.
1. Para todas as coisas Deus tem um propósito. O que aprendemos na Bíblia é que
Deus nos criou
com propósitos definidos, mas a realização feliz dos mesmos dependerá de nós. O
pecado preteriu
o alvo do propósito divino, mas Jesus Cristo veio para restaurar o homem ao
plano divino original;
por isso, Ele se constitui no supremo ideal de vida para o homem (Cl 1.28;
2.10). Toda a vida de
Cristo e seus ensinos constituem a base principal para a realização desse
propósito.
2. O propósito de Deus para a nossa vida. Deus quer que cumpramos nosso papel
consoante o seu
propósito divino. Temos nisto o exemplo de dois grandes apóstolos: Pedro e
Paulo. Ambos foram
chamados para pregar o Evangelho de Cristo e estabelecer a igreja na terra.
Porém, cada qual tinha
um propósito diferente. Pedro compreendeu que o propósito de Deus para sua vida
era o de ser um
líder entre os cristãos judeus, e convencê-los de que Deus estava agregando à
igreja os gentios (At
10). Paulo, por outro lado, estava convicto de que o propósito de Deus em seu
ministério era o de
levar o Evangelho às terras gentias (Gl 2.7,8). Cada crente deve viver e agir
segundo o propósito
divino para a sua vida e procurar administrá-lo de forma a não estar em falta
no dia do Tribunal de
Cristo.
III. A MORDOMIA CRISTÃ HUMANA SEGUNDO A VONTADE DIVINA
A Bíblia fala da oração para que o crente seja cheio do conhecimento da vontade
do Senhor (Cl 1.9).
A mordomia cristã requer do cristão disposição, confiança e obediência na
execução da vontade de
Deus para a sua vida.
Há pelo menos três modos de identificar a vontade divina e administrá-la em
nossa vida.
1. A vontade absoluta de Deus (Rm 8.28-30). É a sua soberana e imutável
vontade, que não pode
ser alterada. É aquela vontade que envolve todos os detalhes do universo e está
oculta ao
conhecimento humano. É aquela vontade que segue o seu curso estabelecido dentro
daquilo que
Deus determinou. Se reconhecermos Sua vontade absoluta, não discutiremos como
Ele a realiza,
porque Ele é o Oleiro e nós somos o barro. Ele é a Videira, nós somos apenas os
ramos. Ele é o
Senhor, nós, os seus servos. Se é Ele quem está no comando, nós apenas fazemos
o que Ele nos
ordena fazer, e mesmo assim fazemos tudo imperfeito, incompleto. Ora, se
entendermos a vontade
absoluta de Deus, também, entenderemos que a mesma é santa, justa e boa.
2. A vontade permissiva de Deus. Refere-se ao poder de Deus de permitir, como e
quando Ele
quiser, algum evento, positivo ou negativo. Por exemplo: Deus permite ao homem
a livre escolha,
mas não aprova o pecado. O homem pode escolher pecar, mas Deus o previne e o
julga pelo
pecado que cometer. Deus é Santo, portanto o pecado será sempre abominável
perante os seus
olhos. Muitas vezes, o crente passa por privações que Deus permite. Não que Ele
tenha prazer no
sofrimento do seu servo, mas Ele o permite para que o crente aprenda as lições
da vida espiritual
que lhe faltam. Deus tem o poder de fazer prevalecer a sua vontade e impedir
qualquer ação
contrária seja de quem for. Porém, Deus em sua onisciência, sabedoria e
providência nem sempre
interfere. Ele pode, sim, permitir ou não o que Ele quiser, conforme a sua
perfeita justiça e retidão,
para salvar, corrigir, alertar e assim por diante (2 Cr 32.21; Sl 81.12,13; Os
4. 17; At 14.16; Rm
1.24,28).
3. A vontade preventiva de Deus. Diz respeito à ação de Deus para prevenir o
homem de algum mal
ou pecado (Gn 20.6; 31.24; Sl 19.13). Quando o crente mantém plena comunhão com
Ele, é
prevenido muitas vezes dos perigos que podem ameaçar a sua vida em todas as
esferas.
CONCLUSÃO
Zelo, fidelidade e diligência devem caracterizar a mordomia cristã em todos
os seus aspectos.
O servo fiel será recompensado na mesma proporção de seu empenho em cumprir as
determinações
divinas.
O Tribunal de Cristo será instituído para fins de apuração do cumprimento
destas determinações
executadas pelo crente na terra.
Imanência
Qualidade do que está em si mesmo, e não transmite a outrem. É o oposto de
transcedência.
Onisciência
O mesmo que sapiência. Qualidade exclusiva daquEle que tudo sabe. Atributo
natural, absoluto e
incomunicável de Deus.
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