CRISTO NO LIVRO DE GÊNESIS
Extraído do livro
“Personalidade em Gênesis”.
Primeira parte
Texto: Gn 3.15, "E
porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar".
INTRODUÇÃO:
1. Já foi dito, com toda
razão, que, se "tirarmos Jesus do Livro dos Livros, teremos um estojo sem
jóia, um envelope sem carta, um andaime sem superestrutura, uma moldura sem
retrato". Tanto o Velho como o Novo Testamentos são escuros ao leitor que
não procura Cristo em todas as Escrituras. Note a descrição de um poeta:
"Eis o Livro cujas folhas demonstram / Jesus, a Vida, a Verdade, o
Caminho; / Leia-o com diligência e cuidado / Pois O achará se examinar com
carinho".
2. Quando nos aproximamos da
Palavra de Deus fazemos bem em orar: "Enquanto olhamos para a rua Palavra,
revela-te a nós, ó Senhor; / Que nas suas páginas possamos ver / Que toda lição
aponta ao Salvador.
3. Em Jo 5.39 o Senhor
Jesus apresenta-se a si mesmo como a chave para o entendimento das Escrituras:
"Examinai as Escrituras", disse ele, "são elas que de mim
testificam". Ele estava referindo-se, é claro, ao Velho Testamento, que,
embora não tão abertamente como o Novo, também fala dele. Especialmente nesta
ocasião, ele selecionou os escritos de Moisés - os primeiros cinco livros da
Bíblia. Entendemos assim, porque, ele continuou a dizer mais adiante, "se,
de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a
meu respeito", Jo 5.46.
4. Foi com tristeza que
Cleopas e seu companheiro anônimo fizeram sua viagem a Emaús no primeiro dia da
semana, depois da crucificação do seu Senhor, Lc 24.13-32. Enquanto
conversavam acerca dos acontecimentos abaladores dos dias anteriores , um
estranho dirigiu-se a eles, escutou a sua história triste e, então, os guiou
pelo mais encantador estudo bíblico de todos os tempos: "E, começando por
Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras", v. 27.
a. O professor era o Senhor
mesmo; o assunto - ele; o livro escolar - "todas as Escrituras",
"começando por Moisés". Bem podemos compreender como seus corações
ardiam quando ele expunha as Escrituras, v. 32, e abriu seus olhos, v.
31, para contemplá-lo e como de tão ansiosos não perderam tempo em
comunicar a sua emocionante experiência aos onze discípulos em Jerusalém, Vs.
33-35.
b. Enquanto estavam reunidos,
"Jesus apareceu no meio deles", v. 36 e novamente ele lhes
expôs do mesmo livro escolar - o mesmo assunto sublime - "de Mim", v.
44. Assim, o seu entendimento foi esclarecido "para compreenderem as
Escrituras", v. 45.
c. Em dias subseqüentes, a
revelação que lhes foi dada pelo seu Senhor ressurreto foi refletida na
pregação e escritos de alguns destes homens e relatada nos Atos e nas epístolas
do Novo Testamento.
5. Temos, portanto, a
autoridade suprema do Filho de Deus, Jesus Cristo quando o procuramos nos
livros de Moisés - incluindo, é claro, o primeiro livro: Gênesis. Embora não
sejamos tão privilegiados a ponto de escutar a sua exposição deste livro. Ele
nos tem dado o seu Espírito para nos ensinar todas as coisas, Jo 14.26,
nos guiar em toda a verdade, Jo 16.13 e, em particular, glorificá-lo e
mostrá-lo a nós, Jo 16.14-15.
6. Embora o seu nome
neo-testamentário não seja mencionado em Gênesis, não é difícil encontrar no
livro muitas referências a ele. Não há nenhuma dúvida que, junto com o Espírito
Santo (e o Pai) ele é mencionado no primeiro versículo do livro no nome plural,
Deus - Elohim - que ocorre 32 vezes no primeiro capítulo e freqüentemente
através do livro. Semelhantemente, os nomes plurais nós e nosso em trechos como
Gn 1.26; 13.22; 11.7, parecem incluir todas as três
Pessoas da Divindade. Além disso, porém, o nosso Senhor mesmo freqüentemente
nos é apresentado através dos cinqüenta capítulos de Gênesis: 1 - Em Profecia;
2 - Em Ilustração; 3 - Em Pessoa.
A - PROFECIAS DE CRISTO
EM GÊNESIS
a) Uma das provas mais
convincentes da origem divina das Escrituras é o número de profecias notáveis
que elas contêm e que já foram cumpridas ao pé da letra, centenas de anos
depois. Algumas destas referem-se ao povo judaico, outras às nações gentílicas;
porém, as mais significantes e mais preciosas para o crente são aquelas que
acharam ou acharão seu cumprimento na primeira e na segunda vinda do próprio
Senhor.
b) Começando como um
corregozinho logo no início da Bíblia, estas profecias parecem aumentar em
força e freqüência através do Velho Testamento, tornando-se como um córrego
maior e finalmente aumentando para se tornar um grande rio, correndo no meio
dos livros proféticos. Podemos ligar este córrego à sua fonte em Gênesis 3, no
jardim do Éden, quando a hora mais escura da história humana foi iluminada por
um raio de uma profecia gloriosa.
I - O DESCENDENTE DA
MULHER
Gn 3.15, "E porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar".
1. Neste versículo temos a
primeira profecia na Bíblia, e ele é o embrião de toda profecia. "Este
texto", disse Martinho Lutero, "abraça e contém dentro de si tudo que
é nobre e glorioso que pode ser encontrado em qualquer outra parte das
Escrituras". Henry Law o descreve como "as primeiras palavras de
graça a um mundo perdido".
2. Era Deus mesmo que falava.
As palavras foram dirigidas à serpente, o agente causador da tragédia da queda,
ao introduzir o pecado na esfera da criatura de Deus, o homem. O contexto (Vs.
14 e 15) foi o julgamento pronunciado por Deus sobre a serpente visto que
"fez isto". Este julgamento consistiu em:
a) Amaldiçoar a serpente,
v. 14, "Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste
isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo;
sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida".
b) Ferir Satanás, v.
15, "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a
sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". Este
ferimento na "cabeça da serpente" (Satanás), seria realizado pelo
descendente da mulher ("seu descendente"). O versículo 15,
evidentemente, prediz um grande conflito ("inimizade"), começando no
jardim entre Satanás e a mulher, continuando através dos séculos da história
humana entre a semente de Satanás e a semente da mulher e culminando num
descendente especial da mulher.
- Este fato é indicado na
descrição muito pessoal e individual deste descendente - "Este te ferirá a
cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar". Estas palavras foram chamadas
"O Protoevangelho" - a primeira pregação do Evangelho e parece não
haver nenhuma dúvida que a Pessoa acerca de quem Deus Jeová estava falando não
era outro a não ser o seu próprio Filho, Jesus Cristo.
- Esta é, pois, a primeira
profecia messiânica. Não podemos deixar de observar que, na segunda parte do
versículo, o conflito predito na primeira parte estreita-se a dois indivíduos -
"Este" (o Senhor Jesus) e "tu" (Satanás).
3. Na sua referência ao Senhor
Jesus Cristo, esta profecia antecipa:
a) Sua chegada como o
descendente da mulher - uma referência clara à sua humanidade (compare Gl
4.4-5, "4 Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, 5 Para remir os que estavam debaixo da
lei, a fim de recebermos a adoção de filhos"). Observe que a expressão
"nascido de mulher" é uma alusão possível nascimento virginal de
Cristo, pois é o descendente da mulher e não do homem que é mencionado.
b) Sua Cruz. "Tu
lhe ferirás o calcanhar". Isto foi cumprido literalmente quando seus pés
foram pregados ao madeiro; metaforicamente, incluindo todos os sofrimentos
físicos impostos pelos homens no Calvário e espiritualmente. Isaías fala que
"Ele foi traspassado pelas nossas transgressões", Is 53.15.
c) Sua Conquista -
"Este te ferirá a cabeça".
- Comparado com o ferimento do
calcanhar - uma injúria menor - o ferimento da cabeça é uma injúria capital,
que foi imposta sobre Satanás como resultado da morte e ressurreição do Senhor.
"Por sua morte, destruiu" (tornou sem poder, sem efeito),
"aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo", Hb 2.14,
"E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele
participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o
império da morte, isto é, o diabo".
- Satanás foi ferido, embora
não aniquilado, no Calvário. Ainda está ativo, porém, é um inimigo derrotado e
seu destino é certo. O efeito final do triunfo do Calvário logo será visto.
Veja o que Paulo fala quando escreve aos romanos: "o Deus de paz em breve
esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás", Rm 16.20. No Livro de
Apocalipse temos o fato de que Satanás "lançado no lago de fogo para
sempre", Ap 20.10, "E o diabo, que os enganava, foi lançado no
lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de
noite serão atormentados para todo o sempre.
- "Ele, o vitorioso, terá
a glória / Pois a luta, sozinho, travou. / Santos triunfantes nenhuma honra
querem / Pois, sozinho, a vitória conquistou".
II - A DESCENDÊNCIA DE
ABRAÃO
Gn 22.18, "E
em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto
obedeceste à minha voz".
1. Observemos a expressão:
"Nela serão benditas todas as nações da terra". Este é o ponto
culminante de uma série de promessas feitas por Deus a Abraão, no tempo de sua
chamada em Ur:, Gn 12.2-3, "2 E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. 3 E
abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti
serão benditas todas as famílias da terra". Ver também Gn 13.14-17;
15.5; 17.4-8.
a. Todas estas promessas
incluíram, não somente a bênção pessoal de Abraão, mas também o surgimento de
uma "descendência" para ele, e a bênção de todas as famílias e nações
da terra através desta descendência, uma referência clara aos gentios.
b. Os descendentes naturais de
Abraão evidentemente estavam incluídos na descendência e incluía nações e reis Gn
17.6, "E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e
reis sairão de ti". Duas figuras são usadas, no Livro de Gênesis, para
descrever a grandeza desta descendência:
- "O pó da terra",
Gn 13.16, "E farei a tua descendência como o pó da terra; de
maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência
será contada".
- "As estrelas do
céu", Gn 15.5, "Então o levou fora, e disse: Olha agora
para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe:
Assim será a tua descendência". Ver ainda Gn 22.17, "Que
deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como
as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua
descendência possuirá a porta dos seus inimigos".
2. O Novo Testamento, porém,
ensina que muito mais do isto está envolvido nestas profecias; não somente os
descendentes físicos de Abraão estavam incluídos, mas também sua descendência
espiritual, aqueles que andam nos passos de sua fé, os gentios, Rm 4.12,
"E fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão,
mas que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, que
tivera na incircuncisão".
a. Assim, a promessa é válida
para toda a descendência dele, não somente os que estavam no regime da lei, mas
também para o que é da fé que teve Abraão. Note a expressão "...Abraão é
pai de todos nós", ocorrida em Rm 4.16, "Portanto, é pela fé,
para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a
posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve
Abraão, o qual é pai de todos nós".
b. Isto é confirmado em Gl
3.7-9, 29, "7 Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.
8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os
gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão
benditas em ti 9 De sorte que os que são da fé são benditos com o crente
Abraão. 29 E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros
conforme a promessa".
3. Finalmente, em Gl 3.16
(um dos grandes "3.16" da Bíblia - veja Jo 3.16; 1
João 3.16; 1 e 2 Tm 3.16 etc.) o Espírito Santo, através do apóstolo
Paulo afirma que, por usar o singular descendência, em vez de escolher um
substantivo que normalmente seria usado no plural tal como filhos, Deus estava
fazendo uma promessa muito específica: "não... muitos; porém... um
só": E ao teu descendente, que é Cristo.
- Gl 3.16, "16
Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às
descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua
descendência, que é Cristo ".
4. Assim, ele, que é o
Descendente da mulher, o Conquistador de Satanás é também o Descendente de
Abraão, o Abençoador dos homens. Além disso, ele é da descendência de Davi, Rm
1.3, "Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo
a carne". É o Soberano do mundo inteiro.
CONCLUSÃO da primeira
parte:
1. Vimos nesta noite algumas
profecias relacionadas a Cristo no Livro de Gênesis:
a. O descendente da mulher,
Gn 3.15, cujo cumprimento temos em Gl 4.4-5, "4 Mas, vindo a
plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei, 5 Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção
de filhos".
b. A descendência de Abraão,
Gn 12.2-3, cujo cumprimento é descrito em Gl 3.7-9, 29, "7
Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. 8 Ora, tendo a
Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou
primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti 9
De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. 29 E, se sois
de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa".
2. Certamente que estas
verdades se aplicam a nós, uma vez que Cristo veio para formar um povo, do qual
fazem parte todos aqueles que o receberam como Senhor e Salvador. Para você
fazer parte deste povo, é necessário recebê-lo, mediante a fé. "Mas a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos
que crêem no seu nome", Jo 1.12.
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Segunda
parte
a. O "Descendente da
Mulher", Gn 3.15, "E porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar". Vimos que na "plenitude dos tempos", de acordo com
a descrição de Paulo, "...Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, 5 Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de
recebermos a adoção de filhos", Gl 4.4-5.
b. A "Descendência de
Abraão", Gn 2.2-2, "2 E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. 3 E
abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti
serão benditas todas as famílias da terra". No dizer de Paulo, esta
"descendência" de Abraão, não foi somente a nação de Israel, mas todo
o povo de Deus, inclui a Igreja de Cristo que somos nós. Ele diz: "todos
os que são da fé, são filhos de Abraão", Gl 3.7, "Sabei, pois,
que os que são da fé são filhos de Abraão".
2. Hoje queremos dar
continuidade ao estudo das profecias aplicadas a Cristo em todo o Livro de
Gênesis. Vejamos mais duas delas:
C. GÊNESIS 22.8 - O
CORDEIRO DE DEUS
1. Gn 22.7-8, "7
Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me
aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o
cordeiro para o holocausto? 8 E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro
para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos".
2. Todos nós conhecemos esta
parte tão significativa da História de Abraão, quando Deus lhe pediu o seu
único filho, Isaque em sacrifício. Sem questionar, Abraão subiu ao monte de
Moriá, lugar este designado por Deus e fez os preparativos para consumar o
sacrifício. O momento crucial foi quando Isaque lhe perguntou: "...onde
está o cordeiro para o sacrifício?", Gn 22.7.
3. Na resposta de Abraão à
pergunta de Isaque, "Deus proverá para si o cordeiro para o
holocausto", Gn 22.8, não foi tencionada dar uma profecia para um
futuro distante, mas foi uma expressão de fé, clara e simples da sua confiança
em Deus, que providencia o animal para o sacrifício em quaisquer
circunstâncias.
4. Porém, como muitos profetas
do Velho Testamento, ele estava afirmando mais do que sabia quando disse:
"Deus proverá para si, o cordeiro para o holocausto". Veja como Pedro
descreve a fala profética: 1 Pe 1.10-12, "10 Foi a respeito desta
salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca
da graça a vós outros destinada, 11 investigando, atentamente, qual a ocasião
ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que
neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a
Cristo e sobre as glórias que os seguiriam".
5. Sua predição certamente foi
cumprida no Monte Moriá na provisão de um cordeiro preso pelos chifres entre os
arbustos, quando Abraão erguia o cutelo (facão), para imolar Isaque, Gn
22.13, "Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro
preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em
holocausto, em lugar de seu filho".
6. Porém, passaram-se centenas
de anos até que finalmente a palavra profética foi cumprida, possivelmente no
mesmo Monte. Devemos lembrar que a tradição judaica tem identificado o monte
Moriá com Jerusalém. Se isto é verdade, "um dos montes" poderia muito
bem ter sido o Calvário, monte onde o nosso Senhor foi crucificado, Lc 23:33,
"Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem
como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda".
7. Foi João Batista, um
profeta que exerceu seu ministério no período de transição entre a Lei (VT) e a
graça (NT) que identificou Jesus como "o Cordeiro", às margens do
Jordão quando disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo.", Jo 1.29. Ver também o Vs. 36, "e, vendo Jesus
passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus!"
8. Voltando para Abraão,
entendemos que foi Deus que providenciou aquele Cordeiro; nenhum outro podia.
Além disso, ele providenciou o Cordeiro para si mesmo - o perfeito holocausto
que completamente o satisfez. Finalmente, ele verdadeiramente providenciou a si
mesmo um Cordeiro, porque o Cordeiro de Deus de João 1.29, 36 é
identificado com aquele que, em João 1.1, nos é apresentado como o Verbo
- e o Verbo era Deus.
9. Para entendermos melhor a
verdade de que Jesus é o "Cordeiro de Deus", precisamos recorrer a
outras passagens do Novo Testamento:
a. 1 Co 5.7, "Lançai fora
o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento.
Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Quando Paulo faz
aqui uma referência ao "Cordeiro Pascal", estava lançando mão de uma
figura a qual os crentes de origem judaica estava acostumados. Estava
comparando o cordeiro que era sacrificado durante a Páscoa, com o
"Cordeiro" que foi sacrificado no Calvário (Jesus Cristo), cujo
sacrifício foi para remoção de nossos pecados. A palavra imolar (grego – "yuw" - Thuo),
significa "sacrificar", "matar a vítima destinada ao
sacrifício". Jesus Cristo foi separado e destinado ao sacrifício, antes da
fundação do mundo, I Pe 1.20, "...conhecido, com efeito, antes da
fundação do mundo".
b. 1 Pe 1.18-20,
"18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro,
que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o
sangue de Cristo, 20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém
manifestado no fim dos tempos, por amor de vós". Falando sobre o
sacrifício de Cristo, Pedro nos informa sobre a sua preciosidade que é maior do
que valores monetários representados pelo ouro, prata, ou pedras preciosas.
c. Ap 5.11-12, "11
Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos
anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, 12
proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder,
e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor". Nesta
passagem vemos a glorificação de Cristo, onde Ele ocupa lugar de destaque e
recebe adoração de todas as criaturas celestiais.
d. Ap 22:14,
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro,
para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas
portas". Aqui, João destaca o fato de que são "bem aventurados"
aqueles que passaram pelo processo de "lavagem" de seus pecados
através do sangue do Cordeiro. Assim como o sangue do cordeiro sacrificial era
derramado pela purificação dos pecados no Velho Testamento, o sangue do
Cordeiro de Deus foi derramado, uma vez para sempre, para que pudéssemos
receber a purificação de nossos pecados, 1 Jo 1.7, "Se, porém,
andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado".
10. Sem dúvida alguma, o
cordeiro previsto por Abraão quando estava para sacrificar seu filho Isaque,
era uma figura do Cordeiro de Deus!
D -
GÊNESIS 49.9-10 – SILÓ, LEÃO, SOBERANO
"9 Judá é leãozinho; da
presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o
despertará? 10 O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés,
até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos".
1. Este capítulo é a narrativa
das bênçãos proféticas do velho e cansado Jacó aos seus filhos. Algumas
profecias notáveis são incluídas, mas nenhuma como aquela associada com Jacó,
de quem veio o nosso Senhor, Hb 7.14, "pois é evidente que nosso
Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes".
De acordo com esta verdade, Jesus é sacerdote de uma linhagem diferente da
linhagem levítica, da qual descendiam todos os sacerdotes segundo à Lei
Mosaica. Em outras palavras sua descendência veio de Judá e não de Levi, como
poderia se esperar.
2. É por esta razão que Jesus
é chamado "o Leão da tribo de Judá". A primeira menção deste título
de Jesus está aqui em Gn 49.9 - "Judá é leãozinho; da presa
subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o
despertará?" Embora o texto não seja claro com referência ao Messias como
"leão", podemos deduzir esta verdade vendo-a de maneira figurativa.
Esta verdade é bem clara em Ap 5.5: "Todavia, um dos anciãos me
disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para
abrir o livro e os seus sete selos".
a. Na qualidade de "Leão
da Tribo", Ele é poderosíssimo, podendo realizar qualquer tarefa que lhe
fosse determinada, incluindo a de ser o Cabeça de todos os homens. É por esta
razão que Cristo é chamado de "Rei dos reis e Senhor dos Senhores", Ap
19.16, "Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS
REIS E SENHOR DOS SENHORES". Como "Leão", Jesus venceu a
"águia" romana que ameaçava a sua Igreja. "Em IV Esdras 12.31,
32 (livro apócrifo) encerra uma reprimenda do Messias diretamente lançada
contra o império romano. Ali o Messias é retratado sob a figura de um leão, que
domina uma águia" (O Novo Testamento Interpretado, Champlin, Vol. VI, p.
453).
b. A expressão "Raiz de
Davi", é uma expressão figurativa, e significa "descendência".
Um texto profético sobre este assunto e que lança mais luz é o de Is 11.1,
"1 Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um
renovo". Assim como o ramo de uma árvore procede de suas raízes, o Messias
(Jesus Cristo), procederia de Jessé, pai de Davi, comparado aqui como
"tronco" e "raiz" da geração da qual nasceria o Cristo. É
por esta razão que Jesus é chamado nos evangelhos de "Filho de Davi",
Mt 12:23, "E toda a multidão se admirava e dizia: É este,
porventura, o Filho de Davi?"
3. Temos ainda em Gn 49,
outro termo semelhante que é o termo "Siló" que aparece no versículo
10 – "O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até
que venha Siló; e a ele obedecerão os povos". A palavra "Siló"
significa "pacífico" ou "aquele que traz a paz" -
referindo-se ao seu direito de reinar. A profecia parece indicar que a regra e
lei estável não sairia de Judá até que o Soberano legítimo tomasse o cetro e
estabelecesse a paz.
4. Um dos nomes dados ao
Messias por Isaías e o nome "Príncipe da Paz", Is 9.6,
"... o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz; A palavra "paz" vem
do termo hebraico "Mwlv"
- shalom, e tem como significado "bem-estar",
"prosperidade", "segurança", "saúde",
"tranqüilidade", "satisfação". O reino do Messias seria
caracterizado por uma verdadeira paz.
5. O apóstolo Paulo menciona
esta paz como elemento fundamental de nossa vida cristã e vínculo de nossa
salvação em Cristo Jesus:
a. Rm 5.1,
"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo". Em razão de seus pecados o homem entrou em
litígio com Deus, criando tensão em seu relacionamento com Ele. Através da
"Justificação", que adquirimos por meio da fé, a "paz com
Deus" novamente é estabelecida. Note que adquirimos "paz com Deus",
que é a base para vivermos em harmonia no mundo em que vivemos. Evidentemente
que a base para esta paz é cruz de Cristo, que nos trouxe a reconciliação com
Deus, Cl 1.20, "... e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua
cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a
terra, quer nos céus".
b. Rm 14.17,
"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz,
e alegria no Espírito Santo". Paulo menciona aqui que um dos caracteres do
Reino de Deus não é comida, bebida ou qualquer satisfação carnal, mas a
"justiça, paz e alegria", como atributos do Espírito Santo que agora
vem morar no íntimo daquele que recebe o Reino. Note que a inserção dessa paz
no íntimo do crente pelo Espírito Santo de Deus, permite que ele viva uma vida harmônica
tanto com Deus, como também com os seus irmãos de fé e seus semelhantes, além
de viver em paz com a sua própria alma.
c. Cl 3:15, "Seja
a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes
chamados em um só corpo; e sede agradecidos". A palavra
"árbitro", vem do termo grego "brabeuw" - brabeuo, que traz o
significado de "estabelecer regras", "decidir",
"controlar", "determinar". Neste versículo Paulo nos mostra
que é a paz de Cristo que deve estabelecer o controle de nossas atitudes interiores,
para não tomarmos atitudes precipitadas, impensadas.
5. Não devemos nos esquecer
que esta "paz de Cristo", estará em evidência num período muito
importante da história humana, que é o milênio. Isaías faz menção a este
período, onde a paz caracterizará inclusive a vida dos animais, Is 65:25,
"O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão
comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano
algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR".
CONCLUSÃO:
Vimos nesta noite, mas dois aspectos
relacionados às profecias sobre Cristo no Livro de Gênesis. São eles:
1. Cordeiro de Deus,
prefigurado naquele cordeiro preparado para ser sacrificado no lugar de Isaque.
Cristo, o "Cordeiro de Deus", foi preparado para morrer em nosso
lugar antes da fundação do mundo. João o reconheceu imediatamente, "Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo", Jo 1.29.
2. O Leão, o Siló. Como
leão, Cristo é soberano sobre a terra e os céus. É o Senhor absoluto! Como
Siló, ele é aquele que nos conduz através da paz verdadeira que caracteriza
aquele que é nascido de novo. Como com o novo nascimento, o Espírito Santo de
Deus vem habitar o crente, a paz entra com Ele, e passa a ser o árbitro de
nossos corações.
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Terceira parte
- ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM
GÊNESIS
INTRODUÇÃO:
1. Já vimos algumas expressões proféticas relacionadas a
Cristo. Vimos o "Descendente da mulher", a "Descendência de
Abraão", o "Cordeiro", o "Leão da Tribo de Judá" e
"Siló, o Príncipe da Paz". Todas estas expressões são expressões
proféticas aplicadas ao Filho de Deus, cuja expansão e cumprimento vemos
claramente no Novo Testamento. Hoje queremos falar sobre "algumas
ilustrações ou tipos de Cristo dentro do Livro de Gênesis".
- Um dicionário bíblico define
um "tipo" como sendo "um símbolo de algo futuro, como um
acontecimento do Velho Testamento servindo como uma prefiguração de
acontecimento do Novo Testamento". O Dr. J. Sidlow Baxter no seu livro
"Explore the Book" (Examine o Livro), define um tipo como
"qualquer pessoa, objeto, acontecimento, ato ou instituição divinamente adaptado
a representar alguma realidade espiritual ou prefigurar alguma pessoa ou
verdade a ser revelada posteriormente".
a. Embora a palavra
"tipo" não apareça na Versão Almeida (Revista ou Atualizada) da
Bíblia, a palavra grega "tupov"
- tupos" da qual ela é derivada é usada em relação às ilustrações do Velho
Testamento nos ensinos do Novo Testamento. Esta palavra de acordo com o termo
original significa "a forma", "um exemplo a ser imitado",
"uma figura ou imagem", "o padrão em conformidade para o qual
uma coisa deve ser feita".
b. Como por exemplo, Adão
"prefigurava aquele que havia de vir" de acordo com Romanos 5.14. A
Versão Brasileira aqui neste texto de Romanos 5.14 usa a palavra
"tipo". Esta versão usa também no Novo Testamento, a mesma palavra
nos acontecimentos que ocorreram durante as jornadas dos filhos de Israel desde
o Egito até Canaã. Todos estes fatos são citados como "exemplos",
"tipos" para nós, 1 Co 10.6, 11, "6 Ora, estas coisas se
tornaram exemplos (tipos) para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más,
como eles cobiçaram. 11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos (tipos) e
foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos
séculos têm chegado".
c. Outras palavras com
significações semelhantes são usadas também para indicar o ensino do Velho
Testamento. Assim, no livro de Hebreus, muitas lições são tiradas do
Tabernáculo e do culto ligado a ele. Tanto o Tabernáculo como os ofícios
religiosos, foram construídos, idealizados, a partir de um modelo ou padrão
mostrado a Moisés no Monte Sinai: Vejamos duas referências bíblicas alusivas a
este fato:
- Hb 8.5, "os
quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés
divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz
ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no
monte". Este texto das Escrituras faz uma comparação entre o ministério
dos sacerdotes do Antigo Testamento e Jesus, o nosso Sumo Sacerdote. Moisés
deveria fazer tudo de acordo com o modelo (tipo) lhe mostrado no monte.
- At 7.44, "O
tabernáculo do Testemunho estava entre nossos pais no deserto, como determinara
aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto".
Aqui, Estevão discorrendo sobre a construção do Tabernáculo reafirmou a verdade
de que Moisés o construiu segundo a orientação do Senhor e de acordo com o
modelo ou tipo daquele que tinha visto.
d. Tudo que foi associado com
o Tabernáculo foi uma "figura", uma representação, e uma
"sombra" lançada pelo objeto que representava:
- Ver Hb 8.5, "os
quais ministram em figura e sombra das coisas celestes...". Veja também Hb
10.1, "Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com
os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem".
- O fato que o sumo sacerdote,
sozinho, uma vez por ano e não sem sangue, podia entrar no santuário santíssimo
do Tabernáculo foi, em si, uma figura ou "parábola", Hb 9.9,
"É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem
tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam
ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto".
- O Espírito Santo estava
declarando - de maneira clara com este quadro - que naquela época não havia
nenhum caminho de acesso para a presença imediata de Deus, v. 8,
"querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do
Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua
erguido".
- Em muitos casos, temos a
autoridade definitiva e específica do Novo Testamento em considerar pessoas,
acontecimentos ou objetos do Velho Testamento como tipos; por exemplo, Adão,
Melquisedeque, a Arca de Noé, o Tabernáculo. Em alguns casos, como por exemplo,
José, embora não haja total indicação do ensino típico, as analogias são tão
fortes que a tipologia é inequívoca.
- O livro de Gênesis abunda em
muitos tipos interessantes e instrutivos do Senhor Jesus Cristo e de sua obra a
nosso favor.
A. PESSOAS TÍPICAS:
I - ADÃO
2. Este tipo difere em muitas
maneiras dos demais tipos do Velho Testamento, os quais geralmente apresentam
semelhanças e comparações com o antítipo. No caso de Adão, porém, somos
impressionados com diferenças notáveis - os contrastes são tão exatos que
poderíamos chamá-los de "antíteses paralelas". Note os seguintes
pontos de contraste:
b. Origem, 1 Co
15.47, "O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem
é do céu". Olhando para Gênesis 2.7, vemos corroborada a primeira parte
desta afirmação: "Formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra". O
Senhor mesmo freqüentemente reiterou durante a sua estadia aqui a segunda
parte: "Eu desci do céu", Jo 6.38.
- Somos, pela natureza do
primeiro homem, terrenos e levamos a imagem do terreno, 1 Co 15.48,
"Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens
terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais". Pela
graça, somos associados ao Segundo Homem e um dia glorioso levarmos a sua
imagem - a imagem do celestial.
b. Natureza, 1 Co
15.45, "Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito
alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante".
- A natureza do primeiro homem
é expressa pelas palavras "foi feito alma vivente".
"Vivente" quer dizer "que recebeu vida". "Adão foi
feito alma vivente", destacando-se como "natural". Note que o
primeiro homem não tinha vida em si mesmo precisou receber a vida do Criador,
mediante o sopro em suas narinas, Gn 2.7, "Então, formou o SENHOR
Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o
homem passou a ser alma vivente".
- Esta declaração (alma
vivente) entra em contraste com o último Adão (Cristo), que é "espírito
vivificante", isto é, "que dá vida". Jesus não recebeu a vida de
ninguém, pelo contrário Ele é o Senhor da Vida, tem vida em si mesmo, Jo
5:26, "Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo,
também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo".
Foi por causa desta característica que Jesus venceu a morte através de sua
ressurreição. Como Senhor da Vida, Ele pode outorgar a vida a àqueles que o
recebem com Senhor e Salvador.
- Temos aqui em 1 Co 15.45,
a forma adjetiva da palavra "alma". Note o uso da forma adjetiva
também no v. 44, "Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo
espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual", e ainda em 1
Co 2.14, "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente".
- Como podemos deduzir, este
"corpo natural", este "homem natural", entra em contraste
com Cristo que é um "espírito vivificante", uma vez que Deus é
espírito. Note também que Cristo não é o segundo Adão, mas, sim, "o último
Adão" - não há nenhum outro a seguir.
c. Caráter e Feitos, Rm
5.12-19, "12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram. 13 Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas
o pecado não é levado em conta quando não há lei. 14 Entretanto, reinou a morte
desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da
transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.15 Todavia,
não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só,
morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem,
Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.16 O dom, entretanto, não é como no
caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa,
para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a
justificação. 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte,
muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em
vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. 18 Pois assim como, por uma só
ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por
um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação
que dá vida. 19 Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se
tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se
tornarão justos".
- Este trecho enfatiza
especialmente o contraste entre Adão e Cristo em caráter e em ações, assim como
os resultados destas. Esta verdade pode ser facilmente discernida colocando,
lado a lado, as palavras usadas acerca de cada um:
ADÃO: Pecado, ofensa,
transgressão, desobediência;
CRISTO: Justiça,
obediência.
- Adão foi aquele que trouxe o
pecado; Cristo o levou. A desobediência de Adão foi um ato de auto-afirmação; a
obediência de Cristo foi um ato de sacrifício de si mesmo. Adão foi
desobediente até à morte, perdendo a vida de si mesmo e da raça da qual era o
cabeça; Cristo foi obediente até à morte, entregando sua vida a favor da raça
dos redimidos, sobre a qual ele é o Cabeça, Fp 2.8, "...a si mesmo
se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz".
- Adão, o homem, queria ser
"como Deus", Gn 3.5, "Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do
mal". Já Cristo, sendo "em forma de Deus", dignou-se ser feito
"à semelhança de homem", Fp 2.7, "antes, a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana".
- "A ofensa de um"
foi cometida no jardim do Éden; "a justiça... de um" - o ato
culminante de uma vida de justiça - foi consumada no jardim do Calvário, Jo
19.30, "Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E,
inclinando a cabeça, rendeu o espírito".
d. Resultados, Rm
5.12-19.
d.1. Como resultado da
desobediência e do pecado de Adão foram trazidos sobre a humanidade:
- Morte, Vs. 12, 15,
17, "12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado, a morte, ‘assim também a morte passou a todos os homens’, porque
todos pecaram. 15 Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque,
se, ‘pela ofensa de um só, morreram muitos’, muito mais a graça de Deus e o dom
pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos. 17 Se,
pela ofensa de um e por meio de um só, ‘reinou a morte’, muito mais os que
recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de
um só, a saber, Jesus Cristo".
- Condenação, Vs.
16, 18, "16 O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um
pecou; porque o ‘julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação’; mas a
graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação. 18 Pois assim como, por
uma só ofensa, ‘veio o juízo sobre todos os homens para condenação’, assim
também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a
justificação que dá vida".
- Julgamento, v. 16,
"O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; ‘porque o
julgamento derivou de uma só ofensa’, para a condenação; mas a graça transcorre
de muitas ofensas, para a justificação".
d.2 A obediência e a justiça
de Cristo trouxeram àqueles que são dele:
- Vida v. 17, "Se,
pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que
recebem a abundância da graça e o dom da justiça ‘reinarão em vida por meio de
um só’, a saber, Jesus Cristo".
- Justificação, Vs. 16, 18,
"16 O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque
o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a ‘graça
transcorre de muitas ofensas, para a justificação’. 18 Pois assim como, por uma
só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também,
por um só ato de justiça, ‘veio a graça sobre todos os homens para a
justificação’ que dá vida".
- Graça, Vs. 15, 17,
"15 Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela
ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a ‘graça de Deus e o dom pela
graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos’. 17 Se, pela
ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais ‘os que recebem a
abundância da graça’ e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a
saber, Jesus Cristo".
CONCLUSÃO:
1. Não resta dúvidas de que
existe um contraste marcante entre o primeiro e o último Adão. O primeiro Adão
corresponde ao homem natural, sem Deus perdido em seus pecados e vivendo
debaixo da condenação de Deus. Já o último Adão – Jesus Cristo, veio para
restaurar o estrago feito pelo primeiro Adão, ou seja trazer salvação e
libertação ao homem perdido.
2. Lendo 1 Co 15.22,
temos: "Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos
serão vivificados em Cristo". Evidentemente que esta vivificação em Cristo
está condicionada à aceitação da Palavra de Deus pelo homem perdido. Deus não
vivificará aqueles que não crerem no sacrifício de seu Filho.
3. Ilustração: O
pescador e o Doutor. (bacias hidrográficas, últimas descobertas científicas,
grandes obras de literatura, o melhor das artes, etc.).
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Quarta parte
2 - ILUSTRAÇÕES DE CRISTO
EM GÊNESIS
INTRODUÇÃO:
1. continuamos vendo algumas
ilustrações sobre Cristo no Livro de Gênesis. Este modo de estudar a Bíblia é
chamado de "tipologia". A tipologia é uma forma de estudo onde
procuramos encontrar no Velho Testamento "tipos", de pessoas ou eventos
que são claramente vistos no Novo Testamento. No caso aqui em particular
estamos observando alguns "tipos" de Jesus no Livro de Gênesis.
2. Vimos na semana passada
como Adão é um tipo "em contraste" com a pessoa de Cristo. Alguns
contrastes foram por nós observados, e merecem aqui destaque:
a. Se através de Adão, veio a
morte, através de Cristo veio a vida.
b. Se através de Adão, veio a
condenação, através de Cristo veio a justificação.
c. Se através de Adão, veio o
julgamento, através de Cristo veio a graça.
3. Nesta noite queremos
continuar a descrição de mais alguns "tipos" de Cristo a partir no
Livro de Gênesis:
II - ADÃO E EVA
1. Antes de deixar o estudo de
Adão, não devemos deixar de mencionar Ef 5.30-32, 30 "porque somos
membros do seu corpo. 31 Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se
unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. 32 Grande é este
mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja".
a. Nesta passagem o Espírito
Santo usa o relacionamento divinamente providenciado de Adão e Eva, sua noiva
como uma ilustração do relacionamento entre Cristo e a sua noiva, a Igreja.
Veja Gn 2.18, 21-24, "18 Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o
homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. 21 Então, o SENHOR
Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas
costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o SENHOR Deus tomara ao
homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse o homem: Esta,
afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa,
porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne". O propósito de Deus para
Adão foi que não ficasse sozinho, mas que tivesse "uma auxiliadora que lhe
seja idônea".
b. Da mesma forma, O Espírito
Santo tem planejado que Cristo seja completo em união eterna com sua noiva, a
Igreja, "a plenitude (inteireza) daquele que a tudo enche em todas as
coisas", Ef 1.22-23, "22 E pôs todas as coisas debaixo dos
pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, 23 a qual é o seu corpo, a
plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas".
c. O "pesado sono"
que Deus fez cair sobre Adão prefigurou o pesado sono da morte através do qual
o nosso Senhor passou para obter sua noiva. Escrevendo aos Efésios Paulo nos
fala qual foi a motivação de Cristo para conquistar sua Igreja, Ef 5.25-27,
"25 Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela, 26 para que a santificasse, tendo-a purificado por
meio da lavagem de água pela palavra, 27 para a apresentar a si mesmo igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem
defeito".
III - MELQUISEDEQUE
1. Quem é Melquisedeque?
Várias opiniões já foram expressas acerca do caráter aparentemente misterioso
deste a quem conhecemos muito pouco e que apareceu repentinamente e brevemente
no palco da história e que desapareceu tão repentinamente como apareceu. A
descrição deste aparecimento e desaparecimento súbito, podemos ver em Gn
14.18-20, "18 Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era
sacerdote do Deus Altíssimo; 19 abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja
Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; 20 e bendito seja o
Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe
deu Abrão o dízimo".
a. Estes versículos narram
tudo que conhecemos de sua vida. Porém no Novo Testamento, mais explicitamente
no Livro de Hebreus, lições preciosas são tiradas destes três versículos. O
escritor da carta, gasta nada menos do que três capítulos para expor o
significado deste personagem tão importante (Hb 5, 6 e 7).
b. Seu nome é mencionado
apenas duas vezes no Velho Testamento. Uma vez em Gn 14.18, e outra vez
em Sl 110.4. Porém, aparece nove vezes em Hebreus.
2. O Dr. G. Campbell Morgan,
um profundo estudioso das Escrituras, expressou sua convicção sobre
Melquisedeque através das seguintes palavras: "esta é a história de uma
cristofania (manifestação de Cristo em algum lugar, acontecimento ou pessoa),
aqui, como em outras ocasiões, foi concedido a um homem a aparência e o
ministério de outro e este homem é o ‘Filho de Deus'".
James Naismith falando sobre
Melquisedeque apresenta posição diferente:
a. O escritor aos Hebreus
afirma que ele foi "feito semelhante ao Filho de Deus", não que era o
Filho de Deus, Hb 7.2-3, "2 para o qual também Abraão separou o
dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei
de Salém, ou seja, rei de paz; 3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve
princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho
de Deus), permanece sacerdote perpetuamente".
b. Parece, pois, que
Melquisedeque foi um homem histórico, um rei e um sacerdote, que o Espírito
Santo, por sua descrição dele na narrativa inspirada, tem feito parecido ao
Filho de Deus. Com certeza, ele é um dos tipos mais notáveis do Senhor Jesus a
ser encontrado no Velho Testamento. Mais do que isso, ele é apresentado como
sendo uma das maiores personalidades, senão a maior, de todo o Velho
Testamento, porque o escritor aos Hebreus prova conclusivamente que ele foi
maior do que Abraão, o amigo de Deus e pai dos fiéis Hb 7.4-7, "4
Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o
dízimo tirado dos melhores despojos. 5 Ora, os que dentre os filhos de Levi
recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os
dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de
Abraão; 6 entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu
dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas. 7 Evidentemente, é fora
de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior".
c. Porém a posição mais aceita
é a de que Melquisedeque é um tipo perfeito de Cristo e é possível que seja o
próprio Cristo.
3. Para entendermos melhor
este encontro de Abraão com Melquisedeque precisamos recorrer a alguns fatos
históricos de sua vida:
a. Pela sua estratégia e
aptidão, Abraão ganhou uma vitória retumbante sobre os exércitos de quatro
reis, liderados por Quedorlaomer, Gn 14.14-16, "14 Ouvindo Abrão
que seu sobrinho estava preso, fez sair trezentos e dezoito homens dos mais
capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã. 15 E, repartidos contra
eles de noite, ele e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica
à esquerda de Damasco. 16 Trouxe de novo todos os bens, e também a Ló, seu
sobrinho, os bens dele, e ainda as mulheres, e o povo".
b. Note que, antes disso, os
exércitos de Quedorlaomer tinham vencido cinco reis, incluindo os reis de
Sodoma e de Gomorra, tendo levado cativo a Ló, sobrinho de Abraão, assim como
também suas possessões Gn 14.1-12, "1 Sucedeu naquele tempo que
Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e
Tidal, rei de Goim, 2 fizeram guerra contra Bera, rei de Sodoma, contra Birsa,
rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e
contra o rei de Bela (esta é Zoar). 3 Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim
(que é o mar Salgado). 4 Doze anos serviram a Quedorlaomer, porém no décimo
terceiro se rebelaram. 5 Ao décimo quarto ano, veio Quedorlaomer e os reis que
estavam com ele e feriram aos refains em Asterote-Carnaim, e aos zuzins em Hã,
e aos emins em Savé-Quiriataim, 6 e aos horeus no seu monte Seir, até El-Parã,
que está junto ao deserto. 7 De volta passaram em En-Mispate (que é Cades) e
feriram toda a terra dos amalequitas e dos amorreus, que habitavam em
Hazazom-Tamar. 8 Então, saíram os reis de Sodoma, de Gomorra, de Admá, de
Zeboim e de Bela (esta é Zoar) e se ordenaram e levantaram batalha contra eles
no vale de Sidim, 9 contra Quedorlaomer, rei de Elão, contra Tidal, rei de
Goim, contra Anrafel, rei de Sinar, contra Arioque, rei de Elasar: quatro reis
contra cinco. 10 Ora, o vale de Sidim estava cheio de poços de betume; os reis
de Sodoma e de Gomorra fugiram; alguns caíram neles, e os restantes fugiram
para um monte. 11 Tomaram, pois, todos os bens de Sodoma e de Gomorra e todo o
seu mantimento e se foram. 12 Apossaram-se também de Ló, filho do irmão de
Abrão, que morava em Sodoma, e dos seus bens e partiram".
c. Na sua volta, após a
batalha, um outro conflito seria enfrentado por Abraão. Seria visitado pelo rei
de Sodoma, que lhe faria uma oferta atraente: "Dá-me as pessoas e os bens
ficarão contigo", Gn 14.21. Qual seria a resposta de Abraão? Alguns
detalhes são aqui interessantes:
c.1. Sodoma era uma cidade
muito perversa, Gn 18.20, "Disse mais o SENHOR: Com efeito, o clamor
de Sodoma e Gomorra tem-se multiplicado, e o seu pecado se tem agravado
muito".
c.2. É descrita em Gn 13.10
"como a terra do Egito" e em Ap 11.8 como a "grande cidade que
espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde também seu Senhor foi crucificado".
c.3. Estas descrições a faziam
uma ilustração bem apropriada do mundo de sua época e de seu rei - "o deus
deste século", 2 Co 4.4, "nos quais o deus deste século cegou
o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho
da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus".
d. Pela sua vitória, Abraão
tinha o direito de guardar os bens ganhos na batalha. Porém, recusou-se
comprometer-se com o rei de Sodoma e dele não aceitou nem um fio, nem uma
correia de sandália. Como poderia agora ganhar esta nova batalha? Não por
estratégia - pela qual venceu Quedorlaomer; nem pelo seu poder inerente. Ele
tinha outro recurso.
d.1. Entre a batalha física
com Quedorlaomer e a batalha espiritual com o rei de Sodoma, um acontecimento
muito importante sucedeu - encontrou-se com Melquisedeque, "rei de
Salém... sacerdote do Deus Altíssimo" (Vs. 18-20), que o fortificou em
vista da sua reunião iminente com o rei de Sodoma.
d.2. A comunhão com o
sacerdote de Deus deu-lhe o recurso espiritual para resistir ao rei de Sodoma,
sem comprometer-se.
4. É uma ilustração proveitosa
do ministério gracioso de nosso Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo, que é
"segundo a ordem de Melquisedeque" e que nos fortifica em nosso
conflito com o diabo, o mundo e a carne!
5. Na história de
Melquisedeque em Gênesis 14 e no comentário do Novo Testamento em Hebreus 7,
podemos discernir alguns pontos duplos de semelhança entre Melquisedeque, o
tipo, e Cristo, o antítipo:
a. Ofícios.
a.1. Melquisedeque combinou na
sua pessoa os ofícios de rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, Hb 7.1,
"Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que
saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o
abençoou". Ver também Gn 14.18-19, "18 Melquisedeque, rei de
Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; 19 abençoou ele a
Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a
terra".
a.2 Entre o povo terrestre de
Deus estes ofícios sempre foram mantidos separados. Quando Uzias, o rei,
insistiu em fazer o serviço de sacerdote e "entrou no templo do Senhor
para queimar incenso no altar do incenso" (2 Cr 26.16), o que era
privilégio somente dos sacerdotes (v. 18), ele foi ferido com a lepra e
"assim ficou leproso... até o dia da sua morte" (Vs. 19-21).
a.3. Porém, nosso Senhor
"será revestido de glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será
sacerdote no seu trono e reinará perfeita união entre ambos os ofícios"
(Zacarias 6.13). Esta união "Rei – Sacerdote", será também uma das
características do povo remido de Deus, Ap 1.6, "E nos fez reis e
sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre.
Amém".
b. Caráter.
b.1. O escritor aos Hebreus
nos mostra a significação do nome Melquisedeque – "Rei de justiça e Rei de
paz", Hb 7.2, "para o qual também Abraão separou o dízimo de
tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém,
ou seja, rei de paz". Estas características duplas - justiça e paz -
ajuntam-se na pessoa de nosso Senhor e especialmente na obra do Calvário, onde
"a justiça e a paz se beijaram", Sl 85.10.
b.2. A paz é o resultado da
justiça. Isaías nos fala que "o efeito da justiça será paz...", Is
32.17. Seu reino vindouro, quando o Senhor Jesus praticará o sacerdócio de
Melquisedeque e será o Rei - Sacerdote (o Salmo 110.4 prevê aquele dia do seu
poder), será estabelecido em justiça e trará "abundância de paz", Sl
72.2, 3, 7, "2 Julgue ele com justiça o teu povo e os teus aflitos,
com eqüidade. 3 Os montes trarão paz ao povo, também as colinas a trarão, com
justiça. 7 Floresça em seus dias o justo, e haja abundância de paz até que
cesse de haver lua".
b.3. O cumprimento deste
entrelaçamento entre a justiça e a paz, temos em Rm 5.1, "Tendo
sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus
Cristo". A justiça divina nos declara "justificados", e daí
entramos no pleno gozo da paz com Deus.
CONCLUSÃO:
1. Pudemos ver nesta noite
como Melquisedeque é uma figura notável, perfeita do Filho de Deus. Dois pontos
consideramos importantes e queremos ressaltá-los neste final:
a. Assim como Melquisedeque
uniu as duas funções (Rei e Sacerdote), Cristo também é Rei e Sacerdote. No seu
reino também seremos "reis e sacerdotes" e reinaremos com Cristo pela
eternidade a dentre.
b. Assim como Melquisedeque é
"Rei de Justiça e Rei da Paz", também Cristo cumpriu a Justiça de
Deus trazendo paz a todos que se tornam pela fé, filhos de Deus. Novamente
destacamos Rm 5.1, "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos
paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo".
2. Diante disso você deve
assumir uma posição, e ocupar outra, para desfrutar o melhor de Deus:
a. Receber a justificação pela
fé, tornando-se filho de Deus.
b. Ocupar a posição de rei e
sacerdote.
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Quinta parte
ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM
GÊNESIS
III – MELQUISEDEQUE
INTRODUÇÃO:
1. Melquisedeque, um tipo notável
de Cristo no Livro de Gênesis, vimos, dois pontos de comparação:
a. Melquisedeque foi o único
homem em todo o Velho Testamento que preencheu as funções de "Rei e
Sacerdote", atributos vistos em Cristo no Novo Testamento. Como Rei Jesus
é absoluto, "E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis,
e Senhor dos senhores", Ap 19.16. Como Sacerdote, Jesus efetuou o
único e perfeito sacrifício, Hb 10.12, "Mas este, havendo oferecido
para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de
Deus".
b. Melquisedeque também é
descrito como sendo "Rei de Justiça e Rei de Paz", Hb 7.2, o
que mostra seu domínio sobre a justiça e a paz. Somente Cristo tem o perfeito
domínio sobre "justiça e paz". É através da justiça perfeita que vem
a paz ao coração do homem. Ele é o "Príncipe da Paz", Is 9.6,
"....Seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz".
2. Queremos continuar nesta
noite observando mais alguns aspectos tipolólicos entre Melquisedeque e Cristo:
c. Pessoa.
c.1. Quando olhamos Hb 7.3,
que se refere a Melquisedeque com sendo "...sem pai, sem mãe, sem
genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência,...",
notamos que esta passagem cria dificuldades para muitos estudiosos da Bíblia. A
pergunta que surge é a seguinte: Será que Melquisedeque foi gerado por pais
humanos, viveu e morreu, como um humano mortal? Uma vez quer não existe
qualquer relatório destes detalhes de sua vida nas Escrituras, pode ser que
este personagem seja um personagem equivalente ao "O Anjo do Senhor",
descrito por muitos teólogos como sendo o Messias pré-encarnado.
c.2. Era importante para os
sacerdotes "segundo a ordem de Arão" poder delinear, traçar sua
ascendência. Eles eram "filhos de Levi", Hb 7.5, "Ora, os
que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher,
de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora
tenham estes descendido de Abraão".
c.3. Porém Melquisedeque é
mencionado sem ascendência recordada - "sem pai, sem mãe", portanto
sem linhagem ou descendência, "sem genealogia". A questão da
descendência, era uma questão fundamental dentro das tradições judaicas. Paulo
em sua vida como fariseu se orgulhava, como um bom judeu, e de poder traçar sua
descendência, Fp 3.5, "circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de
Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu".
c.4. A este respeito,
Melquisedeque é "feito semelhante ao Filho de Deus", mas não
"Semelhante ao Filho do homem". Como homem, nosso Senhor foi gerado
de uma mulher e teve mãe humana. Como Filho de Deus não teve nenhuma
ascendência ou linhagem.
d. Eternidade.
d.1. Da mesma forma, a
ausência de relatório acerca do "princípio de dias" e do "fim da
existência" de Melquisedeque - mais um dos silêncios significativos das
Escrituras – faz dele uma figura equiparada ao nosso grande Sumo Sacerdote, o
Filho de Deus.
d.2. Notem que Jesus é:
d.2.1. O "Alfa e o
Ômega", o "primeiro e o último", Ap 1.8, "Eu sou o
Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o
Todo-Poderoso". Ele "não teve princípio", não terá
"fim". Alpha é a primeira letra do alfabeto grego; Ômega, a última
letra. Quando Jesus declara que é o "Alpha e o Ômega", está dizendo
que é o princípio e o fim de tudo o que existe.
d.2.2. Ele é descrito como
sendo "de eternidade", Sl 90.2, "Antes que os montes
nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és
Deus". Ver também Mq 5.2, "E tu, Belém-Efrata, pequena demais
para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar
em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade". A palavra "eternidade", vem do grego
"aion", e significa "perpetuidade", "existência
contínua", "para sempre", "indefinido ou
interminável", etc. Cristo tem sua existência perpétua, contínua.
- Também é descrito como sendo
o "Pai da Eternidade", Is 9.6, "Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome
será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe
da Paz". Uma das definições da palavra "pai" – grego "pathr" -
pater, é: "aquele que gera, ou o originador ou transmissor de qualquer
coisa". Notem que Jesus "gerou", "originou" a
eternidade.
- Por esta razão Jesus podia
afirmar: "Antes que Abraão existisse, Eu sou", Jo 8.58. Este
texto nos fala da "eternidade passada", se é que podemos falar desta
maneira com respeito à eternidade, ou seja em termos de passado, presente e
futuro.
d.2.3. Além disso, Ele
"não tem fim de existência". Ele existe "até à eternidade",
Sl 90.2, "Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o
mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus". (Versão Brasileira). Já
aqui temos referência à "eternidade futura".
d.2.4. Outra expressão também
significativa é a que aparece em Hb 7.3, é a expressão "permanece
sacerdote para sempre": "...sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não
teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao
Filho de Deus, permanece sacerdote perpetuamente". Note que aqui
Jesus "permanece sacerdote perpetuamente". Em Hb 7.24,
descreve ainda que seu sacerdócio "continua para sempre":
"...este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável". A descrição de sua eternidade aqui é quanto ao seu
ofício.
d.2.5. Já em Hb 7.25,
Ele vive sempre: "Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele
se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles". A descrição de
sua eternidade neste texto é quanto a sua vida.
d.2.6. Ele possui um
"sacerdócio imutável", Hb 7.24, que não pode e não precisa ser
transferido a outrem. A palavra grega original para "imutável", nos
traz a idéia de "inviolável", "inalterável", "não
sujeito a um sucessor".
d.2.7. Ele é
"constituído... segundo o poder da vida indissolúvel", Hb 7.16,
"constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder
de vida indissolúvel". Já a palavra "indissolúvel", nos traz a
idéia de algo "não sujeito a destruição".
e. Grandeza.
"Considerai, pois, como
era grande esse", Hb 7.4. A superioridade de Melquisedeque sobre
Abraão foi evidenciada de várias maneiras:
e.1. Pelo fato de Abraão lhe
ter dado o dízimo dos despojos, Hb 7.4, "Considerai, pois, como era
grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores
despojos". Ver ainda Gn 14.20, "...e bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu
Abrão o dízimo". Um dado importante aqui é mencionarmos que ao darmos
nosso dízimo não o estamos dando ao Pastor, ou ao Tesoureiro da Igreja, mas
estamos dando ao Senhor. A Bíblia menciona que os dízimos são do Senhor, Lv
23.17, "Das vossas moradas trareis dois pães para serem movidos; de
duas dízimas de um efa de farinha serão; levedados se cozerão; são primícias ao
SENHOR".
e.2. Pelo fato de Abraão ser
abençoado por ele. "É fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado
pelo superior", Hb 7.6, 7, "6 entretanto, aquele cuja
genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que
tinha as promessas. 7 Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é
abençoado pelo superior". Ver ainda Gn 14.19, "abençoou ele a
Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a
terra". Temos aqui o princípio bíblico de que a bênção verdadeira só pode
vir de Deus. Só podemos abençoar verdadeiramente as pessoas, quando as
abençoamos em nome do Senhor Jesus.
e.3. Esta superioridade
deveria estender-se a todos os descendentes de Abraão, incluindo Levi e seus
filhos, os sacerdotes, como maior deve ser aquele que recebe honras supremas
dos homens e que dispensa bênção incomparável dos homens.
f. Provisão.
f.1. "Melquisedeque...
trouxe pão e vinho", Gn 14.18, "Melquisedeque, rei de Salém,
trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo".
f.2. Se, porventura, Abraão
sentisse falta ou arrependimento de ter recusado os bens oferecidos pelo rei de
Sodoma, provisão divina em abundância lhe foi assegurada - "teu galardão
será sobremodo grande", Gn 15.1
f.2. Estes elementos
essenciais - comida e bebida - para sustentar a vida e apoiar Abraão em seu
tempo de provação são símbolos sugestivos da provisão graciosa de nosso Senhor
Jesus para o seu povo que se apropria dele pela fé, Jo 6.51, 53, 55,
"51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá
eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. 53
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne
do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.
55 Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira
bebida".
g. Proteção Divina.
g.1. Depois do acontecimento
relatado em Gênesis 14, Abraão recebeu uma mensagem muito preciosa do Senhor,
introduzida pelo primeiro "Não temas" da Bíblia, Gn 15.1,
"Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa
visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será
sobremodo grande". Notem que Abraão corria o risco de um reagrupamento dos
reis derrotados e como homem poderia ser invadido pelo medo, daí a razão de
Deus ter-lhe dito: "Não temas".
g.2. Deus se oferece para ser
sua defesa: "Eu sou o teu escudo". A palavra escudo vem do hebraico
"Ngm"
- magen, e significa "proteção", "defesa".
g.2. Jesus é nossa fortaleza,
nosso escudo.
CONCLUSÃO:
1. Com a palavra desta noite
aprendemos que Melquisedeque é um tipo perfeito de Cristo pelas seguintes
razões:
a. Assim como Melquisedeque é
descrito como "não tendo pai, nem mãe", Jesus, Como Deus também não
tem descendência terrena. Foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria,
cumprindo as funções de um Salvador Perfeito, por quem somos salvos.
b. Assim como Melquisedeque é
descrito como não tendo "princípio de dias, nem fim de existência",
assim também Jesus é eterno, não tem começo nem fim. E Jesus quem nos garante a
vida eterna.
c. Assim como Melquisedeque
era "grande", por quem Abraão foi abençoado (o maior abençoa o menor)
e a quem também deu o dízimo (o dízimo pertence a Deus), Jesus também é o
Senhor absoluto a quem devemos prestar culto, honras, adoração, etc.
d. Assim como Melquisedeque
"trouxe pão e vinho" que significam "subsistência",
"provisão", Cristo também garante nossa provisão diária, nossa
subsistência como seus servos.
2. O que temos a temer, visto
que conhecemos aquele que é Sacerdote do Deus Altíssimo, sendo ele mesmo o
possuidor do céu e da terra (Gn 14.18, 19, 22)?
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Sexta
parte
2 - ILUSTRAÇÕES DE CRISTO
EM GÊNESIS
INTRODUÇÃO:
1. Melquisedeque e Cristo no
Livro de Gênesis. Foram eles:
a. Aspecto relacionado à
Pessoa. Assim Melquisedeque é descrito como não tendo "pai nem
mãe", Cristo também embora nascesse de mulher, não teve um pai biológico.
Foi gerado pelo Espírito Santo de Deus.
b. Aspecto relacionado à
Eternidade. A ausência de um relato acerca do "princípio de dias, e do
fim da existência" de Melquisedeque, o equipara a Cristo no sentido de que
Cristo não teve começo e nem terá fim de existência. Ele é o Grande "Eu
Sou", Jo 8.58, "Antes que Abraão existisse, Eu sou".
c. Aspecto relacionado à
Grandeza. Melquisedeque é descrito como sendo maior do que Abraão, por quem
Abraão foi abençoado (o maior abençoa o menor), e a quem pagou o dízimo.
Somente Deus tem o direito de nos cobrar o dízimo. Desta forma Melquisedeque
foi comparado a Cristo, o "Maior", o "Senhor dos senhores"
e diante de quem todo joelho terá que se dobrar.
d. Aspecto relacionado à
provisão. Melquizedeque ofereceu a Abraão "pão e vinho",
elementos símbolos da provisão de Deus. Jesus é descrito como sendo o "Pão
do Céu", Jo 6.51, "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se
alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo
é a minha carne".
2. Hoje queremos analisar
outro personagem que também é um dos tipos importantes de Cristo no Livro de
Gênesis.
IV - ISAQUE
2. Cada capítulo de Gênesis,
de 21 a
25, descreve acontecimentos na vida de Isaque que têm paralelos notáveis no
nascimento, morte, ressurreição e glorificação de Cristo.
2.1 O nascimento de Isaque,
Gn 21. Em vários aspectos, o nascimento de Isaque prefigurou o nascimento
virginal de Cristo:
a) Foi prometido de antemão.
"Visitou o Senhor a Sara, como lhe dissera, e cumpriu o que lhe havia
prometido", Gn 21.1. Dois textos podemos citar aqui acerca das às
sucessivas revelações a Abraão sobre o filho que Deus lhe daria através de
Sara, sua esposa:
- Gn 17.16-19, "16
Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será
mãe das nações; reis de povos sairão dela. 17 Então caiu Abraão sobre o seu
rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um
filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos? 18 E disse Abraão a Deus:
Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto! 19 E disse Deus: Na verdade,
Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele
estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência
depois dele".
- Gn 18.10-14, "10
E disse: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua
mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele.
11 E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia
cessado o costume das mulheres. 12 Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo:
Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já
velho? 13 E disse o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Na verdade
darei eu à luz ainda, havendo já envelhecido? 14 Haveria coisa alguma difícil
ao Senhor? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e Sara
terá um filho".
a.1. Dentro da questão
"nascimento", semelhantemente, entre as profecias messiânicas do
Velho Testamento há algumas referentes às circunstâncias dentro das quais
ocorreria o nascimento do Messias:
- Is 7.14,
"Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e
dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel". Neste texto a
circunstância está envolvendo a forma, a maneira de como o Messias deveria vir
ao mundo. Seria gerado por uma virgem, e seria um "sinal" para o
povo. A palavra "sinal", tem a ver com algo sobrenatural. Temos no
grego a palavra "shmeion"
- semeion, que significa "milagre", "prodígio",
"ocorrência incomum", "maravilhas pelos quais Deus autentica os
homens enviados por ele, ou pelas quais os homens provam que a causa que eles
estão pleiteando é Deus" (Bíblia Online).
- Is 9.6, "Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus
ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz". Nesta ocorrência, observamos fatos acerca do
governo do Messias. Terá a autoridade de um "principado", um
"governante" que governará com a mais perfeita ordem e justiça. Esta
característica do governo do Messias será mostrada com mais detalhes no período
chamado "Milênio".
- Mq 5.2, "E tu,
Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que
governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias
da eternidade". Já aqui, até mesmo o local de seu nascimento é predito. A
cidade seria "Belém". Se lermos o começo dos Evangelhos iremos ver
como Deus trabalhou as circunstâncias da época e movimentou a História, para
que Jesus nascesse de fato em Belém a fim de que se cumprisse esta profecia de
Miquéias.
a.2. Também é digno de nota
que as primeiras profecias do Novo Testamento que foram dadas a José e a Maria,
foram concernentes ao nascimento do Filho de Deus:
- Mt 1.20, 21, "21
E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus; porque ele salvará o seu
povo dos seus pecados. 22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi
dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz". Temos aqui uma palavra
profética e ao mesmo tempo a confirmação da profecia de Isaías em 7.14.
- Lc 1.30-37, "30
Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de
Deus. 31 E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e
pôr-lhe-ás o nome de Jesus. 32 Este será grande, e será chamado filho do
Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; 33 E reinará
eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. 34 E disse Maria ao
anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum? 35 E, respondendo o
anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te
cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será
chamado Filho de Deus. 36 E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho
em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril; 37
Porque para Deus nada é impossível. 38 Disse então Maria: Eis aqui a serva do
Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se
dela". Esta palavra profética proferida pelo "Anjo", nos traz
verdades importantes sobre o Messias: seus "Nomes" (Jesus, Filho do
Altíssimo, Filho de Deus), seu "Poder" (será grande), seu "Trono"
(de Davi), seu "Reino" (reinará eternamente). Temos ainda aqui,
detalhes sobre o "nascimento sobrenatural" (descerá sobre ti o
Espírito Santo).
a.3. Outro ponto de destaque é
que assim como o nascimento de Isaque aconteceu "ao tempo
determinado", Gn 18.14 , "Ao tempo determinado tornarei a ti
por este tempo da vida, e Sara terá um filho, o nascimento de Cristo também
ocorreu num tempo determinado, "vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus
enviou Seu Filho", Gl 4.4.
a.4. Até mesmo o nome de
Isaque foi anunciado de antemão, Gn 17.19, "E disse Deus: Na
verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e
com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua
descendência depois dele". Semelhantemente, profetas e anjos declararam,
séculos ou mesmo meses antes do seu nascimento, o nome da criança da manjedoura
de Belém:
- "Emanuel", Is
7.14, "Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel". A palavra
"Emanuel" significa literalmente "Deus conosco". Este
título foi aplicado ao Messias, porque evidenciaria o fato de que Deus uniu-se
com os homens, veio morar entre nós.
- "Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz", Is 9.6,
"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está
sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz". Já neste versículo temos nomes
que detalham as características do seu Caráter como Rei sem igual.
- "Jesus", Mt
1.21, "E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus; porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados". Lc 1.31, "E eis que em
teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus".
A palavra "Jesus" (Joshua), significa literalmente "Javé é
Salvação".
- "Filho do
Altíssimo", Lc 1.32, "Este será grande, e será chamado filho
do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai". Este
nome mostra sua origem. Jesus, é o Filho de Deus e reinará sobre o trono de
Davi.
- "Filho de Deus", Lc
1.35, "E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito
Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o
Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus". Este nome faz
referência à natureza "divina" de Jesus, assim como o nome
"Filho do Homem", fala de sua natureza humana.
b. Tanto o nascimento de
Isaque como o nascimento de Cristo ocorreu de forma sobrenatural. Foram
resultados de milagres divinos:
b.1. Gn 17.17,
"Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A
um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de
noventa anos?". Em outras palavras Abraão disse: Como um homem de cem anos
pode gerar filhos?
b.2. Gn 18.11, "E
eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o
costume das mulheres". O mesmo acontece com Sara que em virtude de sua
avançada idade e mesmo não tendo mais capacidade biológica para gerar filhos,
gerou Isaque.
b.3. Rm 4.19, "E
não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido,
pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de
Sara".
Um milagre infinitamente maior
e totalmente diferente realizado pelo mesmo poder divino resultou no nascimento
virginal do Filho de Deus: "Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do
Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há
de nascer será chamado Filho de Deus", Lc 1.35.
c) Tanto o nascimento de
Isaque, como o nascimento do Messias Provocaram ódio:
c.1. Da parte de Ismael, Gn
21.9, "E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a
Abraão, zombava". Ver ainda Gl 4:29, "Mas, como então aquele
que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim
é também agora".
c.2. Isto nos faz lembrar do
ódio de Herodes quando ouviu do nascimento de Jesus, Mt 2.16,
"Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se
muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus
contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente
inquirira dos magos".
CONCLUSÃO:
1. Analisamos hoje alguns
aspectos figurativos entre Isaque e Cristo, Como por exemplo: O nascimento de
ambos foi predito por Deus, aconteceu de maneira sobrenatural; tanto Isaque
como Jesus eram filhos únicos; tanto Isaque como Jesus foram odiados.
2. O que podemos extrair
destas figuras para nós hoje? Creio que a lição principal que podemos extrair
da mensagem de hoje é a intervenção sobrenatural de Deus para conduzir a
História no cumprimento de seus propósitos na vida do homem e de seus filhos.
Deus pode intervir sobrenaturalmente em sua vida!
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Sétima
parte
ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM
GÊNESIS
ISAQUE
INTRODUÇÃO:
1. Isaque e Cristo, que
merecem ser recordados agora:
a. Tanto Isaque como Cristo
tiveram seu nascimento predito. Vimos que O Senhor apareceu a Abraão para
comunicar-lhe acerca do filho que nasceria em sua velhice e que seria cabeça de
uma grande nação. Durante todo o Venho Testamento e parte no Novo encontramos
predições proféticas sobre o nascimento de Cristo.
b. Tanto Isaque como Cristo,
nasceram por uma intervenção sobrenatural de Deus. Vimos que embora Abraão
tivesse 100 anos sem capacidade para gerar filhos e Sara 90 com o seu
"ventre amortecido", isto não foi impedimento para o nascimento de
Isaque, pois Deus operou sobrenaturalmente. O mesmo ocorreu com Cristo que
nasceu sobrenaturalmente através de uma virgem e pela geração do Espírito Santo
de Deus.
c. Tanto Isaque como Cristo
foram odiados. Isaque foi odiado por Ismael, seu irmão por parte de seu pai com
Hagar, a escrava de Sara. Este ódio permanece até hoje! Cristo foi odiado por Herodes
e pelos judeus radicais que não o aceitaram como Messias.
2. Queremos continuar vendo
mais alguns aspectos figurativos entre Isaque e Cristo:
O sacrifício de Isaque, Gn
22,
Nenhum acontecimento do Velho
Testamento sugere mais o sacrifício do Cordeiro de Deus, a morte e a
ressurreição de Cristo do que este. Como são significantes as frases usadas!
Note:
1. Filho único.
a. Isaque era o único filho de
Abraão e Sara, Gn 22.2, "E disse: Toma agora o teu filho, o teu
único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em
holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi". Note a expressão
"teu único filho, Isaque". Ver ainda, Hb 11.17, "Pela fé
ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as
promessas ofereceu o seu unigênito".
b. A palavra "monogenev" -
monogenes (unigênito), também é usada na Bíblia em relação a Cristo:
b.1. Jo 1.14, 18,
"14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 18 Deus nunca
foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o
revelou".
b.2. Jo 3.16, 18,
"16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 18 Quem
crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê
no nome do unigênito Filho de Deus".
b.3. 1 Jo 4.9,
"Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho
unigênito ao mundo, para que por ele vivamos".
b.4. Fato importante a ser
destacado é que a mesma palavra grega "monogenes" também é usada em
relação aos filhos únicos que aparecem no Novo Testamento: o "filho
único" da viúva de Naim (Lucas 7.12), a "filha única" de Jairo
(Lucas 8.42) e o "filho... único" possesso de um espírito imundo
(Lucas 9.38).
2. Afeição profunda.
a. "A quem amas", Gn
22.2, "Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a
quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um
dos montes, que eu te mostrarei". Sem dúvida, nenhum pai humano jamais
amou um filho tanto quanto Abraão amou Isaque - em quem foram baseadas todas as
suas alegrias e esperanças como também as promessas de Deus. Mesmo assim, aquele
amor foi finito e não pode ser comparado ao amor de um outro Pai para com o Seu
Filho amado.
b. Cristo é chamado de "o
Filho do Seu amor", Cl 1.13, "Ele nos libertou do império das
trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor".
c. A Bíblia nos mostra que
este amor de Deus por seu filho existia "antes da fundação do mundo",
Jo 17.24, "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também
comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque
me amaste antes da fundação do mundo".
d. Este amor foi proclamado
pelo Pai a céu aberto, Mt 3.17, "E eis uma voz dos céus, que dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo". Ver ainda Mt 17.5,
"Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da
nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele
ouvi".
d. Foi também proclamado pelo
Filho enquanto esteve na terra:
d.1. Jo 5.20,
"Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras
do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis".
d.2. Jo 15.9,
"Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor".
d.3. Jo 17.23. 26,
"23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade,
para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a
mim. 26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que
o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja".
3. Comunhão íntima.
a. "Caminhavam ambos
juntos", Gn 22.6, 8, "6 Tomou Abraão a lenha do holocausto e a
colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo.
Assim, caminhavam ambos juntos. 8 Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu
filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos". Esta
expressão é sugestiva em relação à comunhão entre Deus, o Pai, e Deus, o Filho.
b. Esta comunhão é vista na
eternidade, Pv 8.30, "então, eu estava com ele e era seu arquiteto,
dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o
tempo".
c. Esta comunhão é declarada
por Jesus:
c.1. Jo 8.29, "E
aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que
lhe agrada".
c.2. Jo 16.32,
"Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para
sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está
comigo".
4. Devoção submissa de
Isaque,
a. Sua submissão lhe permitiu
ser amarrado e deitado no altar, Gn 22.9, "Chegaram ao lugar que
Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a
lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha".
Isto nos demonstra claramente a dedicação completa do Filho à vontade do seu
Pai
b. Hb 10.7,
"Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade".
c. Jo 10.17, 18,
"17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.
18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho
autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu
Pai".
d. Mt 26.39,
"Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo:
Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu
quero, e sim como tu queres".
5. Substituição sacrificial
Gn 22.7-10, 13, "7
Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui,
meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro
para o holocausto? 8 Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o
cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos. 9 Chegaram ao lugar que
Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a
lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha; 10 e,
estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. 13 Tendo Abraão erguido
os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos;
tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu
filho". Os detalhes deste sacrifício são todos profundamente sugestivos do
Calvário:
a. "a madeira"
(Versão inglesa), "a lenha" (Versão Almeida) da cruz. Isaque seria
sacrificado sobre a "madeira". Cristo foi sacrificado sobre o
"madeiro", 1 Pe 2:24, "carregando ele mesmo em seu corpo,
sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os
pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados".
b. "o fogo" do
julgamento divino derramado sobre o carregador do nosso pecado, Is 53.8,
"Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou?
Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu
povo, foi ele ferido".
c. "o cutelo" da
espada de Jeová, despertada contra seu Pastor, Zc 13.7, "Desperta,
ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o
SENHOR dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas
volverei a mão para os pequeninos".
d. O tipo, porém, carece muito
do Antítipo. No caso de Isaque, uma voz do céu parou o cutelo prestes a cair,
mas nenhuma voz impediu a espada de Jeová cair no Pastor. O filho de Abraão foi
poupado, porém, Deus "não poupou a seu próprio Filho, Rm 8.32,
"Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?"
e. Um substituto foi encontrado
para Isaque, mas nenhum foi encontrado para Cristo, que tomou nosso lugar e
morreu por nós.
6. Ressurreição gloriosa.
a. A certeza de Abraão que não
somente ele, mas também "o rapaz" voltaria para seus servos, Gn
22.5, "Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o
rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós".
Esta certeza foi evidência, segundo o Espírito de Deus através do escritor aos
Hebreus, de sua fé que Deus, que miraculosamente dera vida a Isaque em seu
nascimento, também podia restaurar sua vida miraculosamente pela sua
ressurreição de entre os mortos. Ele o recebeu de entre os mortos
"figuradamente" - numa parábola, como já notamos, da ressurreição de
Cristo de entre os mortos, Hb 11.19, "porque considerou que Deus
era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também,
figuradamente, o recobrou". Temos neste fato uma figura perfeita da
ressurreição de Cristo.
b. Cristo ressuscitou
"dentre os mortos", At 13:34, E, que Deus o ressuscitou dentre
os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E
cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi".
c. A ressurreição de Cristo
"dentre os mortos" é a garantia de nossa ressurreição, 1 Co 15:52,
"num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta.
A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados".
CONCLUSÃO:
1. Da palavras desta noite
queremos destacar a questão do sacrifício voluntário de Cristo pelos perdidos.
Isaías nos falar que Ele foi conduzido ao matadouro como um cordeiro, Is
53.7, "Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um
cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus
tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca".
2. Este sacrifício
propiciou-nos a libertação de nossos pecados, 1 Co 15.3, "Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos
pecados, segundo as Escrituras". Esta é a única maneira de nos vermos
livres de nossos pecados: Crendo do sacrifício de nosso Senhor!
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Oitava
parte
ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM
GÊNESIS
JOSÉ
Leitura Gn 37
INTRODUÇÃO:
1. De todos os tipos de
Cristo, no Velho Testamento, não há nenhum mais variado, mais completo e mais
instrutivo do que José. Embora seja verdade que o Novo Testamento em nenhum
lugar indica que José é verdadeiramente um tipo de Cristo - como é o caso de
Adão, Melquisedeque e Isaque. Porém já foi dito com toda razão que "as
analogias são demasiadamente numerosas para serem acidentais" (J. Sidlow
Baxter). O escritor A. W. Pink certa vez enumerou mais de cem semelhanças com o
Senhor Jesus.
3. "Através do poço e da
prisão, rumo ao palácio" - assim poderíamos resumir a história da vida de
José. "Por meio da manjedoura e da cruz, rumo à coroa de glória" - pode
igualmente descrever "os sofrimentos referentes a Cristo e... as glórias
que os seguiram", 1 Pe 1.11.
a. "Eu faço sempre o que
lhe agrada" (falando de Deus), Jo 8.29;
b. "Eu glorifiquei-te na
terra" João 17.4;
c. E a quem Deus
"ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória", 1 Pe 1.21.
5. Uma apresentação adequada
das analogias entre José e o Senhor Jesus ocuparia muito tempo. Porém podemos
destacar os seguintes pontos de comparação:
I – AMADO POR SEU PAI
1. "Ora, Israel amava
mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e
fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas.", Gn 37.3. Já vimos,
quando estudamos as comparações entre Cristo e Isaque, que repetidamente no
Novo Testamento através dos lábios do próprio Senhor, é declarado o amor de
Deus, o Pai, para com seu "Filho amado", Ma 3.17; 17.5,
"Este é o meu filho amado em quem eu me comprazo".
3. Os sonhos de José, Gn
37.6-10 (Os "feixes" de seus irmãos que se inclinavam perante o
seu; o sol, a lua e onze estrelas que se inclinavam perante ele). Estes sonhos
eram, sem dúvida, as revelações de Deus para ele, a respeito de sua glória
futura, quando seu pai e seus irmãos lhe reconheceriam esta glória.
a. Antes do seu nascimento, a
grandeza futura da criancinha de Belém foi revelada por um mensageiro angélico,
Lc 1.32, 33, "32 Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; 33 ele reinará
para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim".
b. Na véspera de sua morte, o
Senhor fez conhecer àqueles que o odiavam e que exigiram sua morte que um dia
veriam a suprema glória e autoridade daquele que ora estavam rejeitando, Mt
26.64, "Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro
que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso
e vindo sobre as nuvens do céu".
a. Gn 37.14, "Disse-lhe
Israel: Vai, agora, e vê se vão bem teus irmãos e o rebanho; e traze-me
notícias. Assim, o enviou do vale de Hebrom, e ele foi a Siquém",
b. Veja como Jesus se tornou o
servo obediente, freqüentemente repetindo que fora enviado pelo Pai:
b.1. Jo 4.34,
"Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que
me enviou e realizar a sua obra".
b.2 Jo 5.30, 36,
"30 Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu
juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que
me enviou. 36 Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras
que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a
meu respeito de que o Pai me enviou".
b.3. Jo 6.39, 40, 44,
"39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os
que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. 40 De fato, a
vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 44 Ninguém pode vir a mim se o Pai,
que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia".
II – ODIADO POR SEUS IRMÃOS
2. Existiram razões por seu
ódio, mas nosso Senhor podia dizer:
a. Profeticamente: "São
mais que os cabelos de minha cabeça os que, sem razão, me odeiam... Tornei-me
estranho a meus irmãos e desconhecido aos filhos de minha mãe", Sl
69.4, 8;
b. Veja também João 15.18,
24, "18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros,
me odiou a mim. 24 Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum
outro fez, pecado não teriam; mas, agora, não somente têm eles visto, mas
também odiado, tanto a mim como a meu Pai".
2. Existe, porém, uma base
semelhante para este ódio:
a. José atraiu sobre si o ódio
porque contou a verdade acerca dos seus irmãos. "Trazia más notícias deles
a seu pai", Gn 37.2.
b. Veja porém o que fala
Jesus: "Procurais matar-me", disse Jesus, "a mim que vos tenho
falado a verdade", Jo 8.40.
c. Em ambos os casos, a inveja
foi a raiz do ódio, Gn 37.11, "Seus irmãos lhe tinham ciúmes; o
pai, no entanto, considerava o caso consigo mesmo". Ver também Mt 27.18,
"Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado".
3. Note as evidências de ódio:
a. "Conspiraram contra
ele para o matar", Gn 37.18. Compare com:
a.1. Mt 21.38,
"Disseram entre si: este é o herdeiro... vamos matá-lo";
a.2. Mt 26.4,
"Deliberaram prender Jesus, à traição, e matá-lo";
a.3.Mt 27.1, 20,
22, "1 Entraram em conselho contra Jesus, para o matarem. 20 Os
principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que... fizesse morrer
Jesus. 22 Seja crucificado! responderam todos".
b. "Despiram-no da
túnica" (símbolo de honra), Gn 37.23. Compare com:
b.1. Mt 27.28,
"Despindo-o" (Versão Brasileira). Embora o Senhor Jesus tenha sido
despido literalmente de suas roupas, incluindo evidentemente a túnica, Ele foi
despido simbolicamente de sua honra por ser humilhado e entregue à vergonha e
desonra da cruz como um criminoso, tendo que suportar as afrontas e a zombaria
das suas criaturas até ao ponto de cuspirem nele, Mt 27.29, 30, "29
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um
caniço; e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos
judeus! 30 E, cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele na
cabeça".
c. "O lançaram na
cisterna", Gn 37:24.
c.1. Literalmente, nosso
Senhor ficou "três dias e três noites no coração da terra", Mt
12.40. Figurativamente, ele profeticamente podia afirmar: "Estou
atolado em profundo lamaçal que não dá pé", Sl 69.2a.
c.2. Não havia água na
cisterna onde José foi lançado, porém, no mesmo versículo deste Salmo o Senhor
acrescentou: "Estou nas profundezas das águas e a corrente me
submerge", Sl 69.2b.
d. "O venderam por
vinte siclos de prata", Gn 37.28. Compare com Mt 26.15:
"Pagaram-lhe trinta moedas de prata". Veja a descrição de um poeta
desconhecido:
d.1. "Trinta moedas de
prata pelo Senhor da Vida deram. Trinta moedas de prata - um escravo qualquer
valia. Inestimável era o valor daquele Santo. E não sabiam que seu sangue valia
tanto!"
e. Eles o abandonaram,
"Os mercadores midianitas... levaram José ao Egito", Gn 37.28.
Compare com:
e.1. Jo 1.11, "Os
seus não o receberam";
e.2. Mt 26.56, "Os
discípulos todos, deixando-o, fugiram".
f. "Eles viram a
angústia da alma" dele, Gn 42.21. Compare com:
f.1. Sl 22.6-21,
"6 Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
7 Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: 8
Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer. 9 Contudo, tu és
quem me fez nascer; e me preservaste, estando eu ainda ao seio de minha mãe. 10 A ti me entreguei desde o
meu nascimento; desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus. 11 Não te
distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me acuda. 12
Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. 13 Contra mim abrem
a boca, como faz o leão que despedaça e ruge. 14 Derramei-me como água, e todos
os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se
dentro de mim. 15 Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me
apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte. 16 Cães me cercam; uma
súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. 17 Posso
contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim. 18
Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes. 19 Tu,
porém, SENHOR, não te afastes de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.
20 Livra a minha alma da espada, e, das presas do cão, a minha vida. 21
Salva-me das fauces do leão e dos chifres dos búfalos; sim, tu me
respondes". Ver também Sl 69.1-21.
f.2. Mt 27.47-49,
"47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Ele chama por
Elias. 48 E, logo, um deles correu a buscar uma esponja e, tendo-a embebido de
vinagre e colocado na ponta de um caniço, deu-lhe a beber. 49 Os outros, porém,
diziam: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo." Veja a expressão profética
que aparece no Sl 69.20, "Esperei por piedade, mas debalde; por
consoladores e não os achei".
CONCLUSÃO:
Da palavra desta noite
podemos aplicar:
1. Muitos ainda hoje têm
odiado e rejeitado a Cristo! Para outros Cristo tem sido motivo de escárnio,
zombaria. Porém para muitos o sofrimento de Cristo cumpriu o objetivo de Deus
em suas vidas. Fizeram dele seu Salvador e Senhor.
2. E você o que pensa de
Cristo?
3. Não devemos nos esquecer
que embora Cristo tenha sofrido o escárnio da Cruz, encontra-se hoje em lugar
de destaque, de honra, ao lado do Pai e aguarda somente o momento em que há de
voltar para julgar o mundo.
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Nona parte
- ILUSTRAÇÕES DE CRISTO EM
GÊNESIS
INTRODUÇÃO:
1. vimos dois pontos
importantes: sobre o simbolismo da vida de José comparada com a vida de Jesus,
a. Jesus foi amado por seu
Pai, assim como José gozava do amor de seu pai Jacó. O amor de Jacó por José
foi declarado e provado através da construção de uma túnica de cores, recebida
por José como presente valioso e honroso. Deus declarou a céus abertos o amor
que possuía pelo Filho, através da frase repetida: "Este é o meu filho
amado em quem me comprazo".
b. Jesus foi odiado pelos seus
irmãos de raça, assim como José foi odiado pelos seus irmãos de sangue. O ódio
contra Jesus foi motivado por uma inveja mortal que muitas vezes se torna a
razão principal das divisões e contendas que ocorrem no meio do povo de Deus.
Nunca devemos nos esquecer que por inveja os homens condenaram e mataram Jesus.
2. Hoje queremos observar mais
alguns aspectos figurativos entre José e Jesus, aplicando-os ao nosso viver
diário:
III – HUMILHADO PELOS
HOMENS
Gn 37.28, 29, "28
E, passando os mercadores midianitas, os irmãos de José o alçaram, e o tiraram
da cisterna, e o venderam por vinte siclos de prata aos ismaelitas; estes levaram
José ao Egito. 29 Tendo Rúben voltado à cisterna, eis que José não estava nela;
então, rasgou as suas vestes".
1. Depois de ser humilhado e
vendido pelos seus irmãos, "José foi levado ao Egito", Gn 37.28,
e comprado por Potifar, um oficial de Faraó. Gn 39.1, "José foi
levado ao Egito, e Potifar, oficial de Faraó, comandante da guarda, egípcio,
comprou-o dos ismaelitas que o tinham levado para lá". De filho preferido,
José foi transformado num escravo, descendo para a mais baixa humilhação.
2. Porém mesmo sendo humilhado
no Egito, José mantinha sua pureza pessoal, honrando a Deus e trazendo bênção
para os homens, tanto na casa de Potifar como na cadeia de Faraó. Desta maneira
estava prefigurando o servo perfeito, Jesus, que humilhou-se a si mesmo, mas sempre
recebendo assistência do seu Pai:
a. Fp 2.7, "antes,
a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança
de homens; e, reconhecido em figura humana". José foi
"forçosamente", humilhado por seus irmãos, porém Jesus "humilhou-se
a si mesmo", tornando um "servo".
b. Is 42.1, "Eis
aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se
compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os
gentios". Ver ainda Is 52.13, "Eis que o meu Servo procederá
com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime".
3. No seu lar no Egito, em seu
estado de "escravo", de humilhação, José foi o alvo dos ataques de
Satanás, assim como o Senhor foi no deserto:
a. Gn 39.7-12, "7
Aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em
José e lhe disse: Deita-te comigo. 8 Ele, porém, recusou e disse à mulher do
seu senhor: Tem-me por mordomo o meu senhor e não sabe do que há em casa, pois
tudo o que tem me passou ele às minhas mãos. 9 Ele não é maior do que eu nesta
casa e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque és sua mulher; como, pois,
cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus? 10 Falando ela a José todos
os dias, e não lhe dando ele ouvidos, para se deitar com ela e estar com ela,
11 sucedeu que, certo dia, veio ele a casa, para atender aos negócios; e
ninguém dos de casa se achava presente. 12 Então, ela o pegou pelas vestes e
lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, saiu,
fugindo para fora".
b. Mt 4.1-11, "1 A seguir, foi Jesus levado
pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 E, depois de jejuar
quarenta dias e quarenta noites, teve fome. 3 Então, o tentador,
aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se
transformem em pães. 4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão
viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. 5 Então, o
diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo 6 e lhe
disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus
anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas
mãos, para não tropeçares nalguma pedra. 7 Respondeu-lhe Jesus: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 8 Levou-o ainda o diabo a um monte
muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles 9 e lhe
disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então, Jesus lhe
ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás,
e só a ele darás culto. 11 Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e
o serviram".
c. Tal fato nos mostra como o
diabo, nosso adversário tenta tirar proveito daqueles que muitas vezes estão
debilitados.
IV – ALVOS DAS FALSAS
ACUSAÇÕES
1. Gn 39.14-19,
"14 chamou pelos homens de sua casa e lhes disse: Vede, trouxe-nos meu
marido este hebreu para insultar-nos; veio até mim para se deitar comigo; mas
eu gritei em alta voz. 15 Ouvindo ele que eu levantava a voz e gritava, deixou
as vestes ao meu lado e saiu, fugindo para fora. 16 Conservou ela junto de si
as vestes dele, até que seu senhor tornou a casa. 17 Então, lhe falou, segundo
as mesmas palavras, e disse: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio ter comigo
para insultar-me; 18 quando, porém, levantei a voz e gritei, ele, deixando as
vestes ao meu lado, fugiu para fora. 19 Tendo o senhor ouvido as palavras de
sua mulher, como lhe tinha dito: Desta maneira me fez o teu servo; então, se
lhe acendeu a ira". Compare com Mt 26.59-62, "59 Ora, os principais
sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a
fim de o condenarem à morte. 60 E não acharam, apesar de se terem apresentado
muitas testemunhas falsas. Mas, afinal, compareceram duas, afirmando: 61 Este
disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias. 62 E,
levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes
depõem contra ti?"
2. No caso de José a acusação
da mulher de Potifar era mentirosa. Isto também na acusações contra o Senhor
Jesus, apesar de falsas testemunhas se apresentarem, a inocência do homem do
Calvário foi atestada durante as horas do seu julgamento e de sua morte.
Observemos o testemunho de algumas pessoas:
a. A esposa de Pilatos, o
juiz, "Esse justo", Mt 27.19, "E, estando ele no
tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque
hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito".
b. O próprio Pilatos,
"Este justo", Mt 27.24, "Vendo Pilatos que nada
conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou
as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo; fique o
caso convosco!"
c. O ladrão na cruz,
"Este nenhum mal fez", Lc 23.41, "Nós, na verdade, com
justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum
mal fez".
d. O centurião romano,
"Verdadeiramente este homem era justo", Lc 23.47, "Vendo
o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo:
Verdadeiramente, este homem era justo".
e. O próprio traidor - Judas,
"Sangue inocente", Mt 27.4, "Pequei, traindo sangue
inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo".
3. Mesmo diante das falsas
acusações, José prosperou na terra do Egito, tanto na casa de Potifar como na
cadeia, assim como Jesus também prosperou:
a. Prosperidade de José
a.1. Na casa de Potifar:
Gn 39.2-6, "2 O SENHOR era com José, que veio a ser homem próspero;
e estava na casa de seu senhor egípcio. 3 Vendo Potifar que o SENHOR era com
ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em suas mãos, 4 logrou José
mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe
passou às mãos tudo o que tinha. 5 E, desde que o fizera mordomo de sua casa e
sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a
bênção do SENHOR estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo. 6
Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o por
mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso de
porte e de aparência.
a.2. Na Cadeia: Gn
39.21-23, "21 O SENHOR, porém, era com José, e lhe foi benigno, e lhe
deu mercê perante o carcereiro; 22 o qual confiou às mãos de José todos os
presos que estavam no cárcere; e ele fazia tudo quanto se devia fazer ali. 23 E
nenhum cuidado tinha o carcereiro de todas as coisas que estavam nas mãos de
José, porquanto o SENHOR era com ele, e tudo o que ele fazia o SENHOR
prosperava".
b. Prosperidade de Jesus.
Veja o que Deus declarou em relação a seu servo perfeito: "Eis que meu
servo prosperará", Is 52.13 (Versão espanhola de Casiodoro de
Reina).
6. Com ele na cadeia havia
dois malfeitores - o mordomo e o padeiro, um dos quais, o mordomo, foi
posteriormente exaltado e restaurado à sua posição; o outro, o padeiro, foi
condenado e enforcado (Gênesis 40).
a. Nosso Senhor também,
estando na cruz, "foi contado com os transgressores", Mc 15.27-28,
"27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua
esquerda. 28 E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi
contado". Ver ainda Is 53.12, "Por isso, eu lhe darei muitos
como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto
derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou
sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu".
b. Os dois ladrões, um dos
quais ouviu palavras de misericórdia infinita na cruz central e foi ao paraíso,
enquanto que o outro, persistindo na sua zombaria e rejeição, foi à perdição, Lc
23.39-43, "39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele,
dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. 40
Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a
Deus, estando sob igual sentença? 41 Nós, na verdade, com justiça, porque
recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. 42 E
acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. 43 Jesus lhe
respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso".
V – EXALTADO POR DEUS
1. Finalmente, os propósitos
soberanos e sábios de Deus para com José frutificaram. Aquele que honrou ao
Senhor no Egito, foi honrado por ele no mesmo lugar e foi feito
"autoridade sobre toda a terra do Egito", Gn 41.41, 43,
"41 Disse mais Faraó a José: Vês que te faço autoridade sobre toda a terra
do Egito. 43 E fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele:
Inclinai-vos! Desse modo, o constituiu sobre toda a terra do Egito".
2. Assim, todos os habitantes
tinham que ajoelhar-se perante ele. José podia dizer mais tarde aos seus
irmãos: "Deus me pôs por senhor em toda a terra do Egito", Gn 45.9.
Assim, falando de Jesus que, a fim de exaltar ao Pai, se humilhou, mas Deus
"O exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo
nome". Está chegando o dia quando todo joelho se dobrará perante Ele
"e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor".
a. Fp 2.5-11, "5
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus , 6 pois
ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a
Deus; 7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se
em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9 Pelo que também Deus o
exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que
ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus
Pai".
b. At 10.36, "Esta
é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho
da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos".
VI – PROVEDOR DE DEUS
1. O exaltado José foi o
provedor de pão para um mundo necessitado. O mandamento de Faraó foi: "Ide
a José; o que ele vos disser, fazei"; "todas as terras vinham ao
Egito para comprar de José", Gn 41.55-57, "55 Sentindo toda a
terra do Egito a fome, clamou o povo a Faraó por pão; e Faraó dizia a todos os
egípcios: Ide a José; o que ele vos disser fazei. 56 Havendo, pois, fome sobre
toda a terra, abriu José todos os celeiros e vendia aos egípcios; porque a fome
prevaleceu na terra do Egito. 57 E todas as terras vinham ao Egito, para
comprar de José, porque a fome prevaleceu em todo o mundo".
2. Jesus é provedor de seu
povo:
a. "Eu sou o pão da
vida", disse o José celestial, "o que vem a mim, jamais terá
fome", Jo 6.35, "Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da
vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá
sede".
b. Os que comeram do pão de
José (como no caso do maná no deserto) já morreram, Jo 6.49,
"Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram". Porém, Jesus
afirmou: "Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer
não pereça", Vs. 50-51.
c. Assim, o mandamento é dado
para todos os que querem ter a sua necessidade eterna satisfeita: "Fazei
tudo o que ele vos disser" (João 2.5).
VII – RECONHECIDO POR SEUS
IRMÃOS
1. Por fim, José foi
reconhecido pelos seus irmãos, que anteriormente o desprezavam e rejeitavam e
que o tinham vendido ao Egito. Aquele que eles rejeitaram se tornou o meio de
sua bênção! Num dia que logo há de chegar, "todo olho o verá (a Jesus),
até quantos o traspassaram" e sua própria nação, que rejeitou ao Senhor,
será abençoada através dele.
2. No entanto, enquanto
esperamos aquele dia quando a glória do Senhor será exposta a um mundo
admirador, podemos discernir, no mandamento de José a seus irmãos
"anunciai... toda a minha glória", Gn 45.13, "Anunciai a
meu pai toda a minha glória no Egito e tudo o que tendes visto; apressai-vos e
fazei descer meu pai para aqui", a responsabilidade que nos é confiada, de
proclamar a glória de Jesus àqueles que, como Jacó, não sabem que aquele que
foi morto "ainda vive", Gn 45.28, "E disse Israel: Basta;
ainda vive meu filho José; irei e o verei antes que eu morra". O mesmo
mandamento ("Anunciai a meu Pai toda a minha glória"), pode ser
aplicado ao privilégio que temos de adorar seu Pai, que tem prazer em ouvir seu
povo falar bem de seu Filho.
CONCLUSÃO:
1. Vimos que comparativamente
a José o Senhor Jesus foi humilhado, vilipendiado, acusado falsamente, preso e
morto. Porém, após seu sofrimento, o Deus o Pai, o exaltou soberanamente e lhe
deu o nome que está acima de todo nome. Jesus Cristo, ocupa ao lado do Pai, uma
posição de destaque e chegará o dia em que todas as nações e indivíduos o
reconhecerá com "Senhor Absoluto".
2. Como servos de Deus, não
poucas vezes também passamos por humilhações, escárnios. Porém da mesma maneira
que Deus exaltou a José na terra do Egito, Deus pode nos exaltar neste mundo em
que vivemos, se permanecermos fiéis a Ele, Mt 25:21, "Disse-lhe o
senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o
muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor".
3. Não crente: A vida
cristã nem sempre é um mar de rosas, mas o Deus a quem servimos nos exaltará,
em muitos casos, ainda neste mundo e em todos os casos na eternidade. Vale a
pena ser filho de Deus!
AUTOR DESCONHECIDO
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