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quarta-feira, 22 de março de 2017

MÚSICA 1 - A MÚSICA INSTRUMENTAL NO LOUVOR

A música instrumental no louvor: Uma abordagem bíblica/histórica

Pretendo colocar diante de vocês as bases principais de por que eu acredito que a música instrumental não deva ser utilizada no louvor da igreja. O argumento que eu apresento aqui vem da minha própria leitura da Bíblia, especialmente do Velho Testamento. Aprendi dos outros, é claro, mas o argumento veio a mim principalmente através da minha própria leitura das Escrituras; e acho que algumas palavras de como cheguei nele sejam devidas.

Meu passado em relação à música no louvor
Cresci entre e sempre tinha as minhas associações religiosas com cristãos que não utilizavam instrumentos mecânicos no louvor. Não posso falar por cada indivíduo, porém como uma comunidade, estes cristãos acreditavam que a música instrumental no louvor era errada. Não por uma questão de conveniência nem de preferência pessoal, mas como uma questão de princípio e convicção, eles contestaram a utilização da música instrumental no louvor.
Então, eu mais ou menos herdei esta posição. Ficava emocionado com as histórias de pessoas de fé examinando as Escrituras para voltar à ordem antiga. Ficava cativado pela idéia de restaurar o cristianismo apostólico. Pensava que os nossos antepassados já tinham, há muito tempo, estudado todos os assuntos que importavam e que tinham praticamente descoberto a verdade em todos eles. Há muito tempo, abandonei qualquer pensamento de que os meus colegas religiosos estavam certos em tudo. Não é isso que nos une. É um compromisso fundamental ao domínio de Cristo que nós compartilhamos. Uma atitude básica para com o Senhor Jesus é o que nos une.
Eu concordo inteiramente e aprecio o ponto de Robert Turner de que nunca se pode falar da restauração no passado. É um processo contínuo, sem fim. Nunca devemos considerar qualquer posição que tenhamos como se fosse uma vaca sagrada na qual não se pode tocar, ou que não está sujeita ao questionamento ou a examinação.
Direi, contudo, quando vem à questão da música, que o meu próprio estudo das Escrituras e a re-examinação me trouxe à convicção profundamente enraizada que os meus colegas que têm contrariado a música instrumental no louvor não chegaram à sua posição sem pensamento e estudo sério das Escrituras. Eles tinham motivos bons pela sua posição – razões que estavam totalmente baseadas na revelação que Deus fez de si mesmo e da sua vontade.


Não é uma nova descoberta
De fato, algumas pessoas podem se surpreender que a nossa posição em relação à música não foi uma que se originou conosco. Hoje, somos uma pequena minoria em relação a este assunto e esta prática. Mas não fomos os primeiros a chegar a essa conclusão sobre o louvor. João Calvino se opôs a música instrumental no louvor. Assim fizeram Martinho Lutero, João Wesley e muitos outros reformadores. Estes homens se expressaram de maneira tão firme a respeito do assunto que duvido que conseguiriam louvar junto com a maioria dos seus descendentes espirituais modernos. João Calvino provavelmente não conseguiria louvar com a maioria dos calvinistas modernos. Lutero provavelmente não conseguiria louvar com os luteranos. Wesley provavelmente não louvaria com os wesleyanos.
Um dos pontos mais impressionantes feito pelo presbiteriano John Girardeau (em Instrumental Music in Public Worship) é que a música instrumental entrou em praticamente todas as denominações como uma inovação, e quase sempre havia um elemento que lutava para mantê-la fora. Foi forçada, apesar das objeções dos oponentes, e, em muitos casos, o resultado foi a divisão.
Você conhece o termo a capella? É um termo técnico para a música vocal que não é acompanhada por instrumentos mecânicos. Suponho que a maioria das pessoas compreende isso. Mas você também compreende que o termo vem do italiano antigo e literalmente significa na maneira da capela ou da igreja? A música vocal, cânticos sem acompanhamento mecânico, era o estilo da igreja. A música instrumental não era o estilo da igreja, mas uma perversão da música típica da igreja e uma inovação. A música que é mais freqüentemente utilizada nas igrejas hoje pode ser do estilo do antigo judaísmo; pode ser do estilo de um ritual pagão; pode até mesmo lembrar o estilo do teatro, da danceteria ou do show de rock. Não é o estilo da igreja. É uma perversão.
Então a maioria daqueles que hoje utilizam a música instrumental no louvor não estão sendo fiéis aos seus antepassados espirituais. Com certeza, a questão mais importante é se estão também indo contra a autoridade da Bíblia; e é esta a questão que pretendo discutir. Calvino não foi nem apóstolo nem profeta. Nem foi Lutero, Wesley ou Campbell. As suas práticas não estabelecem precedentes para aqueles que vieram depois. Mas estes homens foram contra a música instrumental no louvor porque compreenderam que era contrária ao desejo revelado de Deus. Estavam certos ou errados? Certamente ninguém que seriamente quer agradar ao Senhor pode ver esta questão com indiferença. De qualquer forma, estando em tal companhia, não espero ser tratado como dissidente ou esquisito quando falo deste assunto.

Histórico em relação a este trabalho
Não alego que a minha apresentação seja o produto de pesquisa estudiosa. É o fruto de ler o Velho Testamento em dois anos consecutivos, com atenção especial às referências ao louvor e à música. É uma abordagem Bíblica e histórica ao assunto. Simplesmente tentei esboçar a história da música no louvor até onde se têm preservado a história na Bíblia.
Se alguém perguntasse porque não utilizamos música instrumental no louvor, a maioria dos discípulos que tivessem um bom entendimento provavelmente responderia mais ou menos assim: Nós somos discípulos de Jesus Cristo, e o nosso Mestre não nos ensinou a utilizar a música instrumental no louvor. Jesus não a autorizou, nem pessoalmente, nem pelos seus apóstolos escolhidos. O Novo Testamento é silencioso em relação à utilização de música instrumental no louvor da igreja. Entenda bem, o Novo Testamento não é silencioso em relação à música. A igreja apostólica tinha música – música vocal, ou cânticos. Mas o Novo Testamento não dá exemplo nenhum de cristãos louvando utilizando música instrumental. Nem há evidência de que os cristãos foram ensinados pelos apóstolos a utilizarem a música instrumental no louvor.
Esta é uma afirmação justa do caso. A música instrumental é uma inovação humana. É comparável ao “fogo estranho” que Nadabe e Abiú ofereceram no altar (Levítico 10:1). É um daqueles casos nos quais igrejas não seguiram a direção do cabeça da igreja, mas tomaram as decisões próprias.
Agora muitas pessoas se vêem obrigadas a conceder que há sim silêncio no Novo Testamento a respeito. Mas pensam que este silêncio não seja importante. Não tomam este silêncio por uma indicação de que a música instrumental no louvor fosse estranha à vontade de Cristo. Podem até discutir que não foi necessário mencioná-la especificamente, pois os judeus haviam se acostumado a utilizar a música instrumental no louvor e simplesmente continuaram fazendo o que faziam. Podem alegar que somos obrigados a provar que a sua utilização foi descontinuada ao invés de chamá-los para justificar a sua utilização.
Acredito que o silêncio do Novo Testamento seja significante. Porém, o meu argumento não se baseia meramente no silêncio das Escrituras. É fundada não somente no que a Bíblia não diz, mas também no que diz. O que a Bíblia diz é o que torna o silêncio do Novo Testamento significante. Vou defender que o silêncio do Novo Testamento deve ser avaliado ao lado da história bíblica, levando ao período do Novo Testamento. Defenderei, mais ainda, que o silêncio do Novo Testamento deve ser julgado na luz dos ensinamentos positivos do Novo Testamento sobre o louvor. Concluirei que o silêncio do Novo Testamento, quando visto na frente deste contexto e ambiente, provê fortes evidências de que Deus não queria que a música instrumental fosse utilizada no louvor da igreja; que a música instrumental é estranha à mente e ao propósito de Deus com referência ao louvor da igreja; que enquanto pode se encaixar bem na época em que Deus lidava com crianças, não é adequada para a época em que ele lida com filhos adultos em Cristo (Gálatas 4:1-7). Resumindo, é este contexto e ambiente que tornam o silêncio do Novo Testamento tão notável.
Com estas introduções explanatórias diante de nós, devemos iniciar considerando as evidências do Velho Testamento em relação à música no louvor.

A música antes de Davi
Nada de real significância em relação à música no louvor é encontrada no Velho Testamento até a época de Davi. Jubal foi chamado “o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gênesis 4:21), que, ao menos, indica que a música mecânica é de origem muito antiga. Labão expressou o remorso a Jacó, que havia saído de repente em segredo de Harã, que ele não teve oportunidade de despedi-lo “com alegria, e com cânticos, e com tamboril, e com harpa” (Gênesis 31:27). O cruzamento triunfante do Mar Vermelho foi comemorado com uma canção de louvor a Jeová, que é chamado de “minha força e o meu cântico” (Êxodo 15:2). “A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins e com danças” (Êxodo 15:20). Miriã respondeu às mulheres com uma chamada a cantar a Jeová (v. 21). O som de uma trombeta foi ouvido no Monte Sinai (Êxodo 19:13,16,19; 20:18). O som do canto foi ouvido por Moisés ligado ao incidente do bezerro de ouro (Êxodo 32:18). Israel cantou um cântico no deserto sobre um poço que Jeová lhes providenciara (Números 21:17). Por ordem de Jeová, Moisés ensinou a Israel um cântico que serviria como testemunha de Jeová contra Israel no evento da sua apostasia futura (Deuteronômio 31:19 - 32:47).
Débora comemorou a vitória sobre os cananéus com um canto de louvor a Jeová (Juízes 5:1,3,12). A filha de Jefté o cumprimentou na sua volta da batalha “com adufes e com danças” (Juízes 11:3). Depois de ser ungido por Samuel, Saul foi ao encontro de um bando de profetas, que estariam profetizando, que deve ter sido uma espécie de canto ou salmodia, já que foi feito com “saltérios, e tambores, e flautas, e harpas” (1 Samuel 10:5; confere 1 Crônicas 25:1). [Incidentalmente, estes versículos podem nos ajudar a compreender a natureza das profecias mencionadas em 1 Coríntios 11:4; confere 14:15.]
Isso nos traz a Davi. Não parece ter tido qualquer utilização organizada da música no louvor antes de Davi. James Millar faz uma observação que parece concordar com a minha própria leitura do Velho Testamento: “De longe a evidência mais importante do valor dado à música pelos hebreus é concedida pelo lugar dela no serviço divino. É verdade que nada é dito dela no Pentateuco relacionado com a consagração do tabernáculo, ou a instituição dos vários sacrifícios ou festivais.” Millar pensou, contudo, que esta omissão “não prova nada. ...Em dias mais tardios, em todos os eventos, a música formava uma parte essencial do louvor nacional de Jeová, e arranjos elaborados foram feitos para a sua apresentação correta e impressionante.”  [International Standard Bible Encyclopedia, III, 2095.]
Na última parte Millar está se referindo aos arranjos pelo louvor organizado a partir dos dias de Davi.

Davi, o músico
D esde quase o nosso primeiro encontro com Davi o conhecemos como músico. Quando o “espírito maligno de Jeová” começou a incomodar o Rei Saul, os seus conselheiros sugeriram que ele buscasse “um homem que saiba tocar harpa” que pudesse contrariar os efeitos do espírito maligno com a sua música (1 Samuel 16:16). Desta maneira, Davi, que já havia sido ungido secretamente como o substituto de Saul, veio à coorte de Saul como um “que sabe tocar” a harpa (versículos 18 e 23; confira 18:10). Mas Davi também era “forte e valente, homem de guerra” (16:18), e depois da derrota de Golias, chamou a atenção da nação como líder do exército de Saul. A música também foi mencionada nesta ligação, pois “as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com tambores, com júbilo e com instrumentos de música” (18:6). Mas os seus cantos louvaram a Davi mais do que a Saul, e levou a queda de Davi do favor e da sua perseguição por parte de Saul.

O serviço do templo organizado por Davi
A música se tornou cada vez mais importante no reinado de Davi. Depois da conquista de Jerusalém, trazer a arca da aliança a Jerusalém foi comemorado com cânticos e todos os tipos de instrumentos musicais, tocados por Davi e todo Israel.
 [Tanto na primeira tentativa fracassada (2 Samuel 6:5; 1 Crônicas 13:8) como na segunda tentativa bem-sucedida (1 Crônicas 15).]

Depois que a arca foi trazida a Jerusalém, Davi estabeleceu uma organização elaborada dos levitas para “dirigir o canto na Casa do SENHOR ... Ministravam diante do tabernáculo da tenda da congregação com cânticos, até que Salomão edificou a Casa do SENHOR em Jerusalém” (1 Crônicas 6:31-48; confere 9:33; 16:4-43).
Deus não permitiu que Davi construísse o templo como ele desejava. Mas foi Davi quem organizou os sacerdotes e os levitas em grupos para o serviço do templo (1 Crônicas 23-26), e esta organização foi observada depois da construção do templo por Salomão. Entre estes arranjos feitos por Davi quando ele era “já velho e farto de dias” (1 Crônicas 23:1) houve uma organização elaborada dos levitas para o serviço de canto ligado ao templo (1 Crônicas 25; confere 23:5). Preste atenção em algumas das afirmações que descrevem esta função.
“Quatro mil para louvarem o SENHOR” com instrumentos feitos por Davi com este propósito (1 Crônicas 23:5). Certos levitas foram separados para “profetizarem com harpas, alaúdes e címbalos” (1 Crônicas 25:1). Os filhos de Asafe foram colocados “sob a direção deste, que exercia o seu ministério debaixo das ordens do rei” (25:2). Os filhos de Jedutum foram colocados “sob a direção de Jedutum, seu pai, que profetizava com harpas, em ações de graças e louvores ao SENHOR” (25:3). Os filhos (e, aparentemente, as filhas também) de Hemã estavam envolvidos: “Todos estes estavam sob a direção respectivamente de seus pais, para o canto da Casa do SENHOR, com címbalos, alaúdes e harpas, para o ministério da Casa de Deus, estando Asafe, Jedutum e Hemã debaixo das ordens do rei” (25:4-6). As pessoas eram treinadas com este propósito: “O número deles, juntamente com seus irmãos instruídos no canto do SENHOR, todos eles mestres, era de duzentos e oitenta e oito” (25:7).
A construção do templo foi deixada para Salomão. Mas 1 Crônicas, capítulos 21-29, não nos deixa dúvida de quanto Davi tinha o templo e sua organização no coração. O molde para o templo foi revelado a Davi, que o entregou a Salomão, junto com várias exortações a respeito deste projeto que lhe seria confiado. Davi colecionava materiais a serem utilizados na construção do templo. E foi Davi que havia organizado os sacerdotes e os levitas para o serviço do templo. Mas pelos nossos propósitos hoje, é mais importante reparar que a utilização sistemática da música no louvor, incluindo a música instrumental, teve a sua origem no período final do reinado de Davi. Não há evidência de uma utilização sistemática da música ligada ao louvor no Velho Testamento até que Davi organizou os levitas para o serviço de canto ligado primeiro ao tabernáculo e depois ao templo. Como veremos, as referências posteriores à música no louvor também a ligarão a Davi.

O reinado de Salomão
A primeira metade do reinado de Salomão deve ter sido praticamente devotada à construção do templo (1 Reis 6-9). 2 Crônicas 5:11-14 descreve os arranjos musicais na dedicação do templo. Mas para os nossos propósitos, 2 Crônicas 7:6 é de importância especial: “Os sacerdotes estavam nos seus devidos lugares, como também os levitas com os instrumentos músicos do SENHOR, que o rei Davi tinha feito para deles se utilizar nas ações de graças ao SENHOR ... Os sacerdotes que tocavam as trombetas estavam defronte deles, e todo o Israel se mantinha em pé.”
Então repare em 2 Crônicas 8:14: “Segundo a ordem de Davi, seu pai, dispôs os turnos dos sacerdotes nos seus ministérios, como também os dos levitas para os seus cargos, para louvarem a Deus e servirem diante dos sacerdotes, segundo o dever de cada dia, e os porteiros pelos seus turnos a cada porta; porque tal era a ordem de Davi, o homem de Deus. Não se desviaram do que ordenara o rei aos sacerdotes e levitas, em coisa nenhuma, nem acerca dos tesouros”.
Finalmente, 2 Crônicas 9:11 diz que Salomão “fez...harpas e alaúdes para os cantores.” Mas não pode haver dúvida a respeito disso. O serviço de canto do reinado de Salomão foi o que Davi havia estabelecido.

Reis posteriores: Três movimentos de reforma
E m relação aos reis posteriores, 2 Crônicas 20 dá algumas referências aos arranjos musicais no reinado de Josafá (versículos 19,21,22,28). Mas estes não dão nenhuma evidência que aponte para um lado ou para o outro. Contudo, três reformas que ocorreram em Judá depois dos períodos de apostasia são de interesse especial.

A reforma de Joiada após a usurpação de Atalia
A primeira vem depois da usurpação de Atalia, a filha do rei israelita Acabe. Atalia foi expulsa pelo sumo sacerdote Joiada, e há duas afirmações em relação a música. O primeiro vem ao proclamar a revolta contra Atalia: “ ... e todo o povo da terra se alegrava, e se tocavam trombetas. Também os cantores com os instrumentos músicos dirigiam o canto de louvores” (2 Crônicas 23:13). Mas a segunda afirmação é o mais significante: Como Joiada estava limpando o lugar e restaurando o louvor verdadeiro, 2 Crônicas 23:18 diz: “Entregou Joiada a superintendência da Casa do SENHOR nas mãos dos sacerdotes levitas, a quem Davi designara para o encargo da Casa do SENHOR, para oferecerem os holocaustos do SENHOR, como está escrito na Lei de Moisés, com alegria e com canto, segundo a instituição de Davi.
Então este ponto não pode ser esquecido. Depois de sete anos da usurpação de Atalia, a reforma e a restauração é cumprida pelo apelo a duas fontes. As instruções de como oferecer as ofertas queimadas são encontradas na lei de Moisés. Mas a restauração do serviço musical é baseada na ordem de Davi.

A reforma de Ezequias
O serviço do templo foi corrompido novamente pelo Rei Acaz. Mas um movimento de reforma foi liderado pelo seu filho Ezequias. Novamente temos evidência em relação a restauração do serviço musical. Ezequias, de acordo com que nos é dito em 2 Crônicas 29:25-28, “estabeleceu os levitas na Casa do SENHOR com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do SENHOR, por intermédio de seus profetas. Estavam, pois, os levitas em pé com os instrumentos de Davi, e os sacerdotes, com as trombetas. Deu ordem Ezequias que oferecessem o holocausto sobre o altar. Em começando o holocausto, começou também o cântico ao SENHOR com as trombetas, ao som dos instrumentos de Davi, rei de Israel. Toda a congregação se prostrou, quando se entoava o cântico, e as trombetas soavam....” O versículo 30 acrescenta mais uma afirmação significativa: “Então, o rei Ezequias e os príncipes ordenaram aos levitas que louvassem o SENHOR com as palavras de Davi e de Asafe, o vidente. Eles o fizeram com alegria...”
Reparei em mais duas referências à música durante o reinado de Ezequias (2 Crônicas 30:21; 31:2), mas estas não acrescentam algo significante aos nossos propósitos.

A reforma de Josias
A descrição da restauração do serviço do templo em relação a reforma de Josias concorda com a evidência já apresentada. Encontramos quatro referências:
Entre os levitas supervisionando as restaurações no templo estavam “Todos os levitas peritos em instrumentos músicos” (2 Crônicas 34:13).
As instruções que Josias deu “aos levitas que ensinavam a todo o Israel” incluiu este comentário, “...Preparai-vos segundo as vossas famílias, segundo os vossos turnos, segundo a prescrição de Davi, rei de Israel, e a de Salomão, seu filho” (2 Crônicas 35:3-4).
2 Crônicas 35:15 contêm evidências importantes: “Os cantores, filhos de Asafe, estavam nos seus lugares, segundo o mandado de Davi, e de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, vidente do rei ...”
Finalmente, 2 Crônicas 35:25 diz que a memória de Josias foi preservada em canto após a sua morte, mas não fornece nada em relação ao ponto.
O ponto é este: O serviço musical foi instituído por Davi. Quando várias apostasias corromperam o serviço do templo, os reis reformadores que limparam a bagunça não instituíram um novo sistema. Eles simplesmente restauraram o serviço instituído por Davi.

O período da restauração
Finalmente Judá se tornou tão corrupto que a única maneira de Deus salvar a nação foi levando-a pelo castigo severo no exílio. Judá teve que passar por um cativeiro de setenta anos na Babilônia. Mas eventualmente a nação voltou à terra.
Enquanto isso, tudo havia sido desorganizado. Jerusalém e seu templo haviam sido deixados em ruínas. O sistema inteiro estava em desordem. Os sacrifícios, as festas religiosas, o serviço do templo – todos haviam sido descontinuados. Quando as pessoas voltaram a terra natal, o templo teve que ser reconstruído e o sistema inteiro teve que ser restaurado. O que descobrimos ser verdadeiro em relação aos movimentos de reforma que ocorrem anteriormente ao exílio babilônico também foi verdadeiro em relação ao movimento de restauração após o exílio. Os livros de Esdras e Neemias são muito claros em relação a este ponto. Devemos considerar o testemunho destes dois livros em relação a restauração da música do templo.
Esdras 2:41 e 70 mencionam “os cantores” entre aqueles que voltaram do cativeiro. Esdras 3:10 dá testemunho em relação à restauração do serviço de cânticos: “Quando os edificadores lançaram os alicerces do templo do SENHOR, apresentaram-se os sacerdotes, paramentados e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos, para louvarem o SENHOR, segundo as determinações de Davi, rei de Israel. Cantavam alternadamente, louvando e rendendo graças ao SENHOR...”.
Esdras 8:20 fala do mesmo ponto: entre aqueles trazidos da Babilônia para o serviço do templo estavam duzentos e vinte “servidores do templo, que Davi e os príncipes deram para o ministério dos levitas”.
Neemias 12:24 menciona, entre aqueles que voltaram à terra com Zorobabel e Jesua, vários levitas “para louvarem e darem graças, segundo o mandado de Davi” [ou “de acordo com as instruções deixadas pelo rei Davi” (NTLH)]. O livro de Neemias trata da reconstrução do muro que cercava Jerusalém. Em Neemias 12:35-36, certos filhos dos sacerdotes são descritos como participantes na dedicação do muro reconstruído “com os instrumentos músicos de Davi, homem de Deus”.
Então, Neemias 12:44 menciona homens responsáveis pelas ofertas feitas para os sacerdotes e levitas. São descritos como “as porções designadas pela Lei para os sacerdotes e para os levitas; pois Judá estava alegre, porque os sacerdotes e os levitas ministravam ali”. A passagem continua nos versículos 45 e 46: “e executavam o serviço do seu Deus e o da purificação; como também os cantores e porteiros, segundo o mandado de Davi e de seu filho Salomão. Pois já outrora, nos dias de Davi e de Asafe, havia chefes dos cantores, cânticos de louvor e ações de graças a Deus”.
Não há como perdermos o foco. Como em períodos anteriores de reforma e restauração, depois do cativeiro babilônico houve um retorno a dois padrões ou modelos. Um foi a lei de Moisés; o outro foi o serviço sistemático do templo, estabelecido por Davi. Em relação a música, os líderes de Israel no período depois do cativeiro não inventaram um novo sistema. Simplesmente restauraram o plano que fora estabelecido por Davi.

Resumo final do Velho Testamento
Chegamos ao fim do período do Velho Testamento. Está na hora de resumir as nossas descobertas. Tentei esboçar o desenvolvimento histórico da música no louvor. Aqui está o que encontrei:
Não havia utilização organizada ou sistemática da música no louvor até a época de Davi, na qual um sistema elaboradamente organizado foi estabelecido. A ordem estabelecida por Davi foi, então, aceita pelos reis posteriores. Períodos de apostasia freqüentemente desordenaram e corromperam o louvor de Israel. Mas quando reis reformadores vieram ao trono, um retorno sempre ocorreu ao sistema estabelecido por Davi. A destruição babilônica de Jerusalém e o cativeiro que seguiu foi a maior desorganização de todas. Mas quando as pessoas voltaram à terra, novamente o precedente para o serviço musical foi encontrado no sistema de Davi.
Então devemos observar vários pontos significativos em relação ao serviço de canto do Velho Testamento que envolvia a música instrumental. Primeiro, o padrão para este serviço de canto volta a Davi. Segundo, foi ligado a Jerusalém. Terceiro, foi ligado ao templo construído por Salomão e então restaurado depois do cativeiro por Jesua e Zorobabel. Quarto, foi ligado aos levitas. [Depois de ler o meu trabalho, Homer Hailey acrescentou um quinto ponto a qual a música instrumental foi ligada no Velho Testamento – o sacrifício das ofertas queimadas (2 Crônicas 29:27 em diante).]
Este é o pano de fundo contra o qual o ensino do Novo Testamento deve ser avaliado. O silêncio do Novo Testamento em relação a música instrumental no louvor se contrasta muito contra este pano de fundo. Mas quero sugerir que o Novo Testamento não é totalmente silencioso em relação ao louvor. Entrarei neste assunto mais extensamente da próxima vez. Mas tendo entrado tão profundamente nas evidências do Velho Testamento, gostaria de colocar, ao lado destas evidências, pelo menos uma sugestão do rumo que o nosso raciocínio deve tomar.
Por enquanto, considere apenas o testemunho de Jesus em João 4:19-24. Na sua conversa com a mulher no poço, Jesus aponta que Jerusalém, com seu templo, não teria mais o significado que uma vez tinha. O Pai seria louvado, nem no Monte Gerizim, como fizeram os samaritanos, nem em Jerusalém, como fizeram os judeus. Os verdadeiros adoradores louvariam ao Pai em espírito e em verdade, e o lugar seria insignificante.
Os adoradores do Novo Testamento, portanto, não voltam a Davi para um padrão de louvor, como fizeram os reis reformadores e como fizeram os judeus da restauração. Então até onde a significância espiritual está envolvida, Jerusalém não existe mais; o templo não existe mais; os levitas não existem mais; o sistema davídico não existe mais. Assim uma pessoa não pode presumir que já que a música instrumental foi utilizada no sistema davídico que deveria estar no louvor do Novo Testamento. Além disso, a obrigação de apresentar provas certamente fica com aquele que defende ou incentiva a utilização da música instrumental no louvor da igreja. Ele deve provar que é isso que o Senhor da igreja quer. O sistema inteiro que incluía a utilização da música instrumental já não existe mais. Se fracassamos em aprender o que aconteceu na cruz, certamente não perderemos a mensagem de 70 d.C., quando Jerusalém foi destruída e o templo foi reduzido a ruínas tais que nenhuma pedra foi deixada sobre outra (confira Mateus 24:2).
Já que o sistema que incluía a música instrumental acabou, então certamente o peso das provas repousa naqueles que pensam que a música que pertencia ao sistema obsoleto permanece. O peso das provas não está em mim. Tenho provado que o sistema que incluía a música instrumental já não existe. Se alguém pensar que a música instrumental permanece, deve prová-lo citando evidências do Novo Testamento. Este é o peso que ele deve carregar.
Realmente o peso é maior que isso. Mas é um ponto a ser desenvolvido na Parte Dois.

Uma abordagem bíblica/histórica
Quero ligar esta parte do estudo com a primeira. Realmente as duas são o desenvolvimento do mesmo argumento. É um argumento histórico. Simplesmente dei um esboço da música no louvor como foi desenvolvida no Velho Testamento. O argumento concluirá com algumas observações da natureza do progresso conforme mudamos do Velho Testamento ao Novo Testamento. Mas antes de chegarmos nisso, gostaria de falar um pouco sobre uma questão relacionada – devemos esperar encontrar instruções precisas em relação ao louvor no Novo Testamento?

A necessidade da revelação
A lguns dizem que o Novo Testamento não é como o Velho Testamento neste sentido. Devemos concordar, certamente, que diferenças vastas são encontradas entre os dois. O Novo Testamento não tem código de lei tal como é encontrado no Velho Testamento. Mas você já pensou nas implicações desta questão? Jesus não ensina nada do assunto de louvor? Ele simplesmente nos deixou a nossa própria discrição? Se somos deixados simplesmente a nosso próprio juízo, então certamente devemos levantar a questão de se o curso da revelação divina é caracterizado pela regressão ao invés do progresso. Certamente esta visão nos levaria de volta ao período agitado dos juízes antes do estabelecimento do reino. A desordem agitada daquele período é explicada em Juízes 17:6. “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto.” Esta afirmação é repetida em Juízes 21:25.
A humanidade fez tanto progresso que cada homem pode ser confiado a fazer o que for reto no seu ver, confiante de que irá ao encontro da aprovação de Deus? Os homens sábios e profetas do Velho Testamento não encorajam o otimismo neste sentido. Vamos ver o que eles nos dizem: 
“Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Provérbios 14:12). 
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55:8-9). 
“Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos” (Jeremias 10:23).
Nem o Novo Testamento nos levaria a ser mais otimistas. Considere, por exemplo, a descrição dada por Paulo em Romanos 1:18-31 da fossa moral na qual a humanidade se afundou depois de abandonar a Deus. Mesmo a maneira de salvação através de um Messias crucificado não é algo que o homem faria pelos seus próprios recursos. Só poderia saber disso pela sabedoria divina (1 Coríntios 1:18 - 2:16). Paulo fala tão claramente que não deixa possibilidade de entender mal que a maneira da carne leva ao desastre; que devemos seguir a liderança do Espírito se quisermos viver (Romanos 8:1-17).
Mesmo os cristãos não eram isentos do apelo da carne. Ananias e Safira são evidência disso (Atos 5:1-11). Como também é Simão, o mágico (Atos 8:9-24). Como também são os discípulos em Tiro (Atos 21:4) e Cesaréia (Atos 21:7-14), que entenderam errado uma revelação do Espírito e avisaram a Paulo que não fossem a Jerusalém. Em relação ao assunto de louvor em si, Paulo teve que avisar os cristãos a respeito de algo chamado de “culto de si mesmo” (Colossenses 2:23) – louvor que surge do próprio desejo ao invés do louvor revelado por Deus.
Depois de ouvir a amostra de passagens, não estou impressionado pela idéia de simplesmente seguir os nossos próprios instintos a respeito de como viver e como louvar a Deus. Os seres humanos precisam da revelação divina. A mente de Deus não pode ser conhecida a não ser pela revelação. Não ousemos proceder baseado no instinto humano e na especulação.

A quem devemos nos voltar: a Davi ou aos apóstolos?
O nosso Senhor Jesus nos ensinou o que ele quer que saibamos através de seus apóstolos escolhidos. 1 Coríntios dá uma evidência abundante do padrão apostólico do ensinamento em relação à fé e à prática da igreja. Timóteo, escreveu Paulo em 1 Coríntios 4:17, “vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda parte, ensino em cada igreja”. Este padrão de ensinamento se aplicava ao casamento, pois Paulo disse deste assunto, “É assim que ordeno em todas as igrejas” (1 Coríntios 7:17). 1 Coríntios 11:16 também dá evidências da fé e prática comum entre as igrejas. Paulo escreveu: “Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus”. As ordens dadas em 1 Coríntios 14 em relação às reuniões públicas eram as mesmas “em todas as igrejas dos santos” (v. 33). A ordem que Paulo deu aos coríntios em relação à oferta foi a mesma que ele deu às igrejas da Galácia (1 Coríntios 16:1 em diante).
Pode existir dúvida de que uma regra comum de fé e prática foi seguida em todas as igrejas? Paulo estava enfurecido com o pensamento de que uma igreja talvez presumiria seguir uma regra diferente daquela que operava em todas as igrejas. Quando os coríntios foram tentados a fazer seu próprio caminho, Paulo exclamou com indignação: “Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela exclusivamente para vós outros?” (1 Coríntios 14:36). Baseado em que, vocês seguem uma regra diferente da regra apostólica que eu estabeleci em todas as igrejas?
O Velho Testamento não alega ser completo ou final. O Velho Testamento testemunha à sua própria natureza incompleta e provisória. Este é o argumento do Livro de Hebreus. Por exemplo, “Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico”, Deus jamais teria prometido outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisideque, em Salmo 110:4 (Hebreus 7:11). “Se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito”, Deus não teria prometido uma nova aliança, em Jeremias 31:31-34 (Hebreus 8:6-13). Se os sacrifícios de animais fossem o suficiente para tirar os pecados, Salmo 40:6 em diante não teria falado da insatisfação de Deus em relação a eles (Hebreus 10:1-4). Nestas passagens e em outras o Velho Testamento testemunha a sua própria insuficiência.
Mas é diferente no Novo Testamento. Os escritos do Novo Testamento comunicam uma consciência inteiramente diferente. Pedro estava confiante que a verdade revelada pelos apóstolos continha “todas as coisas que conduzem à vida e à piedade”, e que tudo que ele precisava fazer era escrever isso, para que preservasse a verdade na memória da igreja (2 Pedro 1, especialmente versículos 3 e 12-16; veja 3:1 em diante). Paulo antecipou a apostasia que estava por vir, mas não via necessidade de revelações continuadas para lidar com isso. Ao invés disso, ele exortou os cristãos: “Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa” (2 Tessalonicenses 2:15). Ele os mandou a apartarem “de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós [dos seus professores apostólicos] recebestes” (2 Tessalonicenses 3:6). João fixava que os cristãos da sua época já sabiam tudo o que precisavam saber, e disse: “não tendes necessidade de que alguém vos ensine” (1 João 2:20, 27). Ele explicou como diferenciar a verdade e o erro: “Nós [ou seja, as testemunhas apostólicas – veja 1:1-4] somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro” (1 João 4:6). A prova é se a pessoa presta atenção aos ensinos dos apóstolos. Os apóstolos eram juízes em tronos, ungidos pelo próprio Jesus (Mateus 19:28). Cada assunto controverso tem que ser submetido ao tribunal supremo para a decisão; e o seu veredito é final.
Como, então, devemos aprender a maneira de louvar aprovado por Deus? E, especificamente, como deve ser resolvida a questão da música? No Velho Testamento, quando a apostasia havia corrompido o louvor, reis reformadores como Ezequias e Josias voltavam a Davi, e o louvor foi restaurado de acordo com o sistema prescrito por Davi. A mesma coisa foi feita depois do cativeiro babilônico. Os lideres de Judá não instituíram um novo sistema. Eles restauraram o sistema de Davi.
Mas no Novo Testamento nós não aprendemos a voltar a Davi. Aprendemos a voltar aos apóstolos, que foram escolhidos pelo nosso Mestre e que falavam por ele. Os apóstolos de Jesus Cristo devem ser os nossos professores como eram professores dos cristãos primitivos.
O que os apóstolos nos ensinam a respeito da música no louvor?

Da história do Velho Testamento para o ensinamento do Novo Testamento
Da última vez eu estava apontando o fato que o silêncio do Novo Testamento em relação a música instrumental no louvor não pode ser avaliado corretamente sem dar atenção ao ambiente no qual este silêncio ocorre. Este ambiente incluiria tanto a história do Velho Testamento quanto o ensinamento positivo do próprio Novo Testamento. Então quero ligar esta lição à anterior ao resumir o que descobrimos em relação a música no louvor no Velho Testamento.
Não há evidências de uma utilização sistemática ou organizada no louvor até a época de Davi. Davi na verdade foi o “pai da música hebraica”. Ele fez preparações elaboradas para o serviço do templo em antecipação da época em que o templo seria construído por Salomão. Ele organizou os sacerdotes e levitas em 24 turnos e deu tarefas a vários grupos. Davi é o único que organizou os cantores e instituiu o serviço de canto ligado ao templo. Este serviço de canto incluía tanto a música vocal quanto a instrumental.
As instituições de Davi foram simplesmente aceitas pelos reis que seguiram. Depois de períodos de apostasia os reis reformadores restauraram estas instituições de Davi. Foi o mesmo depois do cativeiro babilônico. O serviço de canto foi restaurado de acordo com as instituições de Davi.
Eu tenho quatro observações em relação ao serviço de canto do Velho Testamento, que envolviam a música instrumental. Primeiro, este serviço de canto organizado e sistematizado foi instituído por Davi. Segundo, foi ligado a Jerusalém. Terceiro, foi ligado ao templo. Quarto, foi ligado aos levitas.

Ensinamento do Novo Testamento contra este fundo
A gora temos diante de nós o fundo contra o qual o ensinamento do Novo Testamento deve ser avaliado. Estamos prontos a virar ao Novo Testamento, e iniciamos com o princípio importante deixado pelo nosso Senhor Jesus na sua conversa com a mulher junto ao poço em Samaria (João 4:19-24).
Você pode lembrar que Jesus apenas se revelou aos poucos a esta mulher. Mas um salto ocorreu na sua compreensão dele quando Jesus demonstrou conhecimento sobrenatural da sua vida, e ela disse: “Senhor, vejo que tu és profeta”. Ela, então, aproveitou a presença de uma pessoa que ela agora considerava profeta para colocar diante dele a controvérsia entre os samaritanos e os judeus referente ao lugar correto de louvar. “Nossos pais”, ela disse, “adoravam neste monte”, referindo-se ao monte Gerizim, “dizeis [Plural: vós judeus] que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”. Neste ponto Jesus pôs diante desta mulher um pouco do ensinamento mais significante em relação ao louvor em toda a Palavra de Deus. “Mulher”, ele disse, “podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis [Plural as três vezes] ; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.”
Jesus não poderia simplificar mais. Jerusalém, com o seu templo, não teria mais o significado que tinha. O Pai não seria louvado nem no monte Gerizim, como fizeram os samaritanos, nem em Jerusalém, como fizeram os judeus. Os verdadeiros adoradores adorariam o Pai em espírito e verdade, e o lugar seria insignificante.
Depois de períodos de apostasia, reformadores pré-exílicos como Joiada, Ezequias e Josias restauraram o serviço de canto prescrito por Davi – aquele serviço ligado com Jerusalém, o templo e os levitas. Os judeus da restauração haviam feito a mesma coisa depois do cativeiro babilônico. Mas não é tão claro quanto o dia mais ensolarado que os adoradores do Novo Testamento não voltaram a Davi como fizeram os reis reformadores e como fizeram os judeus da restauração? Sob Cristo Jesus, Jerusalém perdeu a sua significância religiosa. O templo não existe mais. Nós não temos mais um sacerdócio levítico permanecendo “dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios (animais), que nunca jamais podem remover pecados” (veja Hebreus 10:11). Este sacerdócio foi anulado pelo sacrifício todo-suficiente de Jesus Cristo. O serviço de canto davídico ligado com o templo e os levitas já não existe há muito tempo.
Não podemos, portanto, presumir que já que a música instrumental fazia parte do sistema do Velho Testamento instituido por Davi, deveria fazer parte do louvor do Novo Testamento. Não pode haver a menor dúvida de onde está o fardo das provas neste assunto. O sistema inteiro que incluía a música instrumental é obsoleto. Já foi há muito tempo. Se alguém pensar que a música que fazia parte daquele sistema permanece, ele precisa mostrar as provas. Ele deve citar evidência do Novo Testamento que prove o seu ponto. Mas não o invejo nesta tarefa. Pois o fato é que o fardo é maior do que fiz parecer até então. Deixe-me mostrar-te contra o que ele está lutando.

Louvor no Velho Testamento e no Novo Testamento
Q uero mostrar-te o peso integral do fardo que um defensor da música instrumental no louvor deve carregar. Mas antes de desenvolver este ponto, quero colocar diante de você alguns fatos. Estes fatos são relacionados à diferença entre o Velho Testamento e o Novo Testamento referente ao louvor que é pedido do povo de Deus. Os Salmos, particularmente, nos dão o sabor do ambiente do Velho Testamento.
Algumas das referências ao louvor nos Salmos falam apenas de canto. Salmo 9, por exemplo, primeiro fala de dar graças ao Senhor e mostrar as suas obras maravilhosas (v. 1). Estas expressões no versículo 1 são seguidas no versículo 2 com a linha: “ao teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores”. Depois, no versículo 11, fala ao povo: “Cantai louvores ao SENHOR, que habita em Sião; proclamai entre os povos os seus feitos”.
Mas os Salmos transbordam com tais expressões: “Cantarei ao SENHOR, porquanto me tem feito muito bem” (13:6). Por motivos dados previamente, o salmista diz: “Glorificar-te-ei, pois, entre os gentios, ó SENHOR, e cantarei louvores ao teu nome” (18:49). “Nós cantaremos e louvaremos o teu poder” (21:13). “Cantarei e salmodiarei ao SENHOR” (27:6). Mas isso é apenas uma amostra. Há muitas outras referências a cantar louvores sem referência a nenhum instrumento mecânico.
Por outro lado, os Salmos também transbordam com referências ao louvor por meio de instrumentos mecânicos: “Celebrai o SENHOR com harpa, louvai-o com cânticos no saltério de dez cordas” (33:2). “Ao som da harpa eu te louvarei, ó Deus, Deus meu” (43:4). Salmo 57:7-9 fala dos salmos e a harpa em ligação com o cantar de louvores. [ Veja 108:2, que é parecido]  “Eu também te louvo com a lira, celebro a tua verdade, ó meu Deus; cantar-te-ei salmos na harpa” (71:22).
Num contexto que fala de cantar em voz alta a Deus e fazer-lhe um som agradável. Salmo 81:2 diz: “Salmodiai e fazei soar o tamboril, a suave harpa com o saltério”.
Salmo 92:3 fala de cantar louvores “com instrumentos de dez cordas, com saltério e com a solenidade da harpa”.
Então, há Salmo 98:5-6 – “Cantai com harpa louvores ao SENHOR, com harpa e voz de canto; com trombetas e ao som de buzinas, exultai perante o SENHOR, que é rei”.
“No saltério de dez cordas, te cantarei louvores” (Salmo 144:9). “Entoai louvores, ao som da harpa, ao nosso Deus” (147:7). “Cantem-lhe salmos com adufe e harpa” (149:3). “Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o com saltério e com harpa” (150:3). E assim por diante. Voltarei a Salmo 150 em um momento.
Não tenho nenhuma confiança de que juntei todas as referências a cantar e louvar ao Senhor por meio de instrumentos mecânicos. Mas é uma amostra justa. Há muitas delas.
Agora quero colocar do lado destas as referências do Novo Testamento aos cristãos e a sua música e louvor de Deus. A evidência começa com as referências em Mateus 26:30 e Marcos 14:26 no final da última ceia de Jesus com os discípulos: “Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.” Depois há a afirmação a respeito de Paulo e Silas no cárcere filipeu: “Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus...” (Atos 16:25). Romanos 15:9 é uma citação dos Salmos: “Por isso, eu te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu nome”. 1 Coríntios 14:15 fala de cantar com o espírito e com a compreensão.
Duas passagens nas epístolas de Paulo nos dizem mais a respeito da música na igreja. Uma é Efésios 5:18 em diante: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais....”. A outra é da epístola paralela, Colossenses: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (3:16).
Hebreus 2:12 é uma citação de Salmo 22:22, um salmo sobre o Messias: “cantar-te-ei louvores no meio da congregação”.
Finalmente, Tiago 5:13 recomenda cantar louvor como a expressão natural de um coração alegre.
É só isso! Os salmos estavam cheios de referências falando de louvar a Deus com a harpa, a salmodia e outros instrumentos. Que contraste marcante o Novo Testamento apresenta! Não tem uma palavra nele de louvar a Deus com instrumentos mecânicos. Efésios 5:19 é de interesse especial. Onde a versão Revista e Corrigida fala, “cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” a versão Revista e Atualizada diz, “entoando e louvando de coração ao Senhor”. “Louvar” e “salmodiar” são traduções do verbo grego que tantas vezes é ligada ao tocar da harpa na literatura grega. Mas Paulo não fala aqui de produzir música nem pela harpa nem por outro instrumento tal. Ele fala da música do coração. [O SENHOR mandou a música instrumental, pelos seus profetas (2 Crônicas 4 ônicas 29:25); Jesus não a mandou pelos seus apóstolos” (Homer Hailey, carta)
Este contraste entre o Velho Testamento e o Novo se torna mais notável ainda quando se considera que os cristãos tinham ainda mais razões que os judeus para comemorarem os louvores ao Senhor. Considerem a explosão de louvor com a qual Paulo começa a sua epístola aos efésios e Pedro começa a sua primeira epístola. A redenção em Cristo Jesus certamente dava razão de sobra para as maiores expressões de louvor das quais os seres humanos são capazes. Mas o “sacrifício de louvor” que o Novo Testamento nos exorta a oferecer a Deus não vai além do “fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hebreus 13:15). Há uma razão para isso? Acredito que há. Aquela razão envolve a diferença de natureza entre as duas alianças.

A natureza do progresso do Velho Testamento ao Novo Testamento
A maioria de nós provavelmente compreende o conceito da progressividade quando é relacionado à revelação divina, tenhamos pensado em expressar isso nestes termos ou não. Para simplificar, a nova aliança é melhor que a velha aliança. Mas como a nova aliança é melhor que a velha aliança? Qual a natureza da progressão que ocorre conforme formos da religião do Velho Testamento à religião do Novo Testamento? É simplesmente um assunto de quantidade, com o Novo Testamento provendo mais do mesmo? Ou é um assunto de qualidade, uma diferença na natureza fundamental?
Deixe eu ilustrar o meu ponto ao voltar a Salmo 150. O salmo é curto e posso colocar tudo diante de você:
“Aleluia!
Louvai a Deus no seu santuário;
louvai-o no firmamento, obra do seu poder.
Louvai-o pelos seus poderosos feitos;
louvai-o consoante a sua muita grandeza.
Louvai-o ao som da trombeta;
louvai-o com saltério e com harpa.
Louvai-o com adufes e danças;
louvai-o com instrumentos de cordas e com flautas.
Louvai-o com címbalos sonoros;
louvai-o com címbalos retumbantes.
Todo ser que respira louve ao SENHOR.
Aleluia!”
Então, este salmo final é um chamado para louvar com todos os tipos de instrumentos. Agora, novamente, coloco a questão para você: Qual é o avanço feito do Velho Testamento ao Novo Testamento? O Novo meramente nos leva mais adiante na mesma direção? A progressão envolve mais e mais da mesma coisa? Você, por exemplo, esperaria encontrar o Novo Testamento mandando que Deus seja louvado com ainda mais tipos de instrumentos? Ou a diferença está em outras linhas? É uma diferença fundamental na natureza?
Considere algumas outras ilustrações – o sujeito do sacrifício, por exemplo. Quando o templo foi dedicado Salomão ofereceu 22,000 bois e 120,000 ovelhas. O altar de bronze certamente não comportaria tanto. Então Salomão santificou “o meio do átrio” diante do templo e lá ofereceu os sacrifícios (1 Reis 8:62-64).
Mas o que encontramos quando nos tornamos ao Novo Testamento – mais ainda destes sacrifícios animais, indo além até do número oferecido por Salomão? Todos nós sabemos a resposta. O livro de Hebreus nos ensinou que a oferta de Jesus Cristo na cruz foi um sacrifício suficiente para todo o tempo, e nem existem mais sacrifícios animais (Hebreus 10:1-18). Os sacrifícios que nos são pedidos são de natureza espiritual (1 Pedro 2:5) – “sacrifícios espirituais” (Hebreus 13:15); fazendo o bem e compartilhando com outros (Hebreus 13:16); o sacrifício dos nossos próprios corpos a Deus (Romanos 12:1-2). Os sacrifícios do Novo Testamento não são mais dos mesmos. São diferentes na natureza fundamental.
E em relação a Jerusalém? Paulo escreve: “Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe” (Gálatas 4:25-26). A nossa cidade materna não é deste tipo terrestre ou sombra, mas a “Jerusalém celestial” própria – a real “cidade do Deus vivo” (Hebreus 12:22).
E o templo? Jesus usou os Romanos para destruir Jerusalém e o seu templo, sem deixar uma pedra sobre outra (Mateus 24:1 em diante). A igreja foi ensinada a esperar um outro templo do mesmo tipo, talvez maior e melhor, a ser construído no seu lugar? Nem por um minuto. A igreja era por si só o templo, possuída pelo Espírito de Deus (1 Coríntios 3:16 em diante), “habitação de Deus no Espírito” (Efésios 2:22), uma casa espiritual feita de pedras que vivem (1 Pedro 2:5).
E as pessoas? Deus não tem mais um povo identificado por uma nação de carne que tem a sua lei escrita em pedras ou pergaminhos, mas com apostasia e descrença nos seus corações. O povo da sua nova aliança é um povo espiritual com a lei escrita nos seus corações (Jeremias 31:31-34). O reino de Deus tem sido tirado de Israel e dado à nação espiritual “que lhe produza os respectivos frutos” (Mateus 21:43). É o povo que veio a Cristo de cada nação que são chamados de “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1 Pedro 2:9).
Não é à toa que o Novo Testamento não tem salmos exortando as pessoas a louvarem a Deus com o som de trombeta, saltério, harpas, adufe e danças, instrumentos de cordas e flautas, címbalos sonoros e címbalos retumbantes! Não é à toa que a música que somos exortados a fazer é a música do coração! É isto que devemos esperar encontrar no Novo Testamento. É uma forma de louvor a Deus que é consistente com a natureza espiritual da ordem inteira das coisas no Novo Testamento.
O louvor do Novo Testamento é espiritual. Não é algo produzido pela maquinaria. Não escrevemos as nossas orações para serem colocadas numa roda de orações e viradas diversas vezes. Nem louvamos a Deus por meio de algum instrumento mecânico. As palpitações internas produzidas por um órgão não são espirituais, mas sensuais e animais.
Há muitos anos eu tive um amigo batista em Gainesville, Georgia, que vendia móveis, mas também trabalhava com alguns órgãos. Eu o estava visitando na loja um dia quando ele começou a tocar um órgão. Estava perto e os tons ressonantes do órgão começaram a tremer pelo meu interior. Não tentaria ser mais específico que isso. Mas estava me afetando de alguma maneira lá dentro. Devo ter sorrido ou dado alguma expressão da sensação. De qualquer maneira o meu amigo batista sentiu obrigado a oferecer uma explicação. Ele disse que é “a mesma coisa que faz um cachorro uivar quando passa um trem”.
Incrível! Em todo o mundo as pessoas entram nas catedrais. Elas vêem as vistas – o vidro tingido, as imagens; sentem o cheiro do incenso; ouvem o som do orgão. Todas elas pensam, “Ah! Isso não é espiritual?” Mas não é espiritual de jeito nenhum. É sensual. É animal. É “a mesma coisa que faz um cachorro uivar quando passa um trem”.

O problema que enfrenta os defensores
Mas devo terminar o meu argumento. Prometi mostrar a você o que os defensores da música instrumental no louvor enfrentam. Em primeiro lugar, o fardo das provas está neles. Jesus ensinou claramente que o sistema de louvor com o qual a música instrumental foi ligado é obsoleto, algo do passado. O sistema de louvor que incluía a música instrumental acabou. Se alguém pensa que a música instrumental permanece, deve provar isso citando a evidência do Novo Testamento.
Mas não é isso que esperamos encontrar no Novo Testamento, e então o seu fardo é pesado com certeza. A presunção é contra ele. Quando consideramos a natureza espiritual de todos os aspectos da religião do Novo Testamento, não esperamos encontrar música produzida por uma máquina no Novo Testamento. A música instrumental era apropriada para o materialismo e a carnalidade da economia do Velho Testamento. Mas não se encaixa na natureza espiritual do cristianismo. Se alguém que compreendesse a natureza espiritual do cristianismo encontrasse uma referência do Novo Testamento a música mecânica no louvor da igreja, ficaria chocado. Perguntaria: O que isso está fazendo aqui? Não se encaixa. Está fora do seu lugar. Atrapalha a harmonia.
Muitos trabalharam tediosamente para encontrar um tipo de justificação pela música que adoram, mas não podem provar que é aceitável a Deus. Sobem ao Céu para rebaixar na igreja um símbolo de realidade espiritual encontrada nas imagens do livro de Apocalipse. Eles descem ao abismo para trazer as relíquias do judaísmo da morte. Torturam as palavras gregas em dizer o que querem que dizem.
Mas todas estas manipulações servem uma causa que estava perdida desde o começo. Se fossem bem-sucedidas na tentativa de justificar a música instrumental no louvor, simplesmente terão provado que o cristianismo tem um elemento nele que não se encaixa no resto. Por que não reconhecer isso desde o começo e evitar o trabalho?
Quero lhes dizer, meus amigos: Quando alguém traz um argumento para justificar a música instrumental no louvor da igreja, quero olhar para ele o mais perto possível, embaixo das luzes mais fortes possíveis. Ele parece estar tentando trazer algo ao louvor da igreja que não se encaixa com todo o resto que sabemos da sua natureza. A sua “prova” terá que agüentar as avaliações mais cuidadosas possíveis antes de podermos deixá-la passar.

Uma palavra final sobre atitudes
N ão vejo utilidade em fazer julgamentos a respeito da pecaminosidade da música instrumental no louvor. Nem vejo utilidade em especular sobre quem irá ao céu e quem não irá. Mas se o meu raciocínio tem sido correto, parece claro que a música instrumental mais ou menos frustra um propósito divino. Ela enfraquece, se não totalmente destrói, o efeito que Deus quer que a morte tenha sobre nós.
É difícil ir para o céu. Há muito contra nós neste mundo. Devemos buscar a Deus continuamente; devemos viver na fé; devemos nos manter ligados ao Salvador. Devemos nos alimentar da sua palavra; devemos estar determinados a fazer a vontade de Deus o nosso propósito em tudo. Precisamos ser tão fiéis quanto pudermos na nossa utilização das ferramentas que Deus deixou para o nosso desenvolvimento espiritual; e isso certamente inclui o louvor.
Às vezes os cânticos saem mal – sem entusiasmo, sem vida, sem espírito. Mas a falha não deve ser remediado por meio de maquinaria. A falta está dentro dos nossos corações. A solução é nos inclinarmos diante daquele que alegamos louvar, permitindo a ele nos encher com a sua plenitude (veja Efésios 3:14-19). Lembre-se de Efésios 5:18-21 e Colossenses 3:16-17.
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.”
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.”

L. A. Mott, Jr.


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