A Necessidade de uma Revelação Divina
1.1 - Introdução - O amor de Deus jamais poderia se contentar em apenas criar
a raça humana e deixá-la em total ignorância a respeito de sua origem, seu
uso e seu destino, além de sua própria relação com o Criador. Para que os
homens pudessem ser responsáveis diante de Deus, e a vontade d'Ele lhes fosse
manifesta, o próprio Deus dispôs a cada um dos homens os meios de
conhecimento de Seus propósitos e de conjunção com Ele.
1.2 - Os meios de se conhecer o Criador - A natureza é uma revelação do Criador. O primeiro modo
pelo qual Deus revelou a Sua Vontade e Sabedoria foi através da obra da
criação, isto é, por meio da própria natureza, como diz o Salmo 19 (vers.1): "Os
céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das Suas
mãos".
1.3 - O universo é uma imagem do Criador - Como não poderia deixar de ser, o caráter Divino do
Criador foi impresso em todas as coisas criadas do universo. Por isso, as
obras criadas são como um espelho em que se pode contemplar a Ordem original
da criação, o caráter e a vontade Divinos. Como disse o apóstolo Paulo, em
sua carta aos Romanos (1:20): "Porque as Suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o Seu poder como a Sua Divindade, se estendem
e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas". Isto também
era conhecido pelos sábios da antigüidade, como vemos por várias afirmações
de filósofos, tais como: "A natureza é um livro escrito em ambos os
lados, de dentro e de fora, em que o dedo de Deus se acha distintamente
visível" - Schelegel. "Todas as coisas na natureza são esboços
proféticos de operações Divinas: Deus não somente falando as parábolas, mas
fazendo-as" - Tertuliano
1.4 - A compreensão nos primeiros tempos - Enquanto a raça humana estava integrada na Ordem da
existência, a Lei Divina se achava gravada em seus corações. Por isso havia
uma compreensão perfeita do propósito e da presença Divinos manifestos na
natureza ao redor. De fato, quando então os homens contemplavam a natureza,
examinando a sua complexidade e os seus detalhes, percebiam profundas
verdades nela impressas. Porque, como foi dito, a natureza é um teatro
representativo do Ser Divino.
1.5 - A revelação imediata de Deus - Podemos chamar de revelação imediata aquela que se fazia
pela instrução direta de Deus ao ser humano, sem intermediários. No
princípio, quando o homem vivia em estado de integridade, havia essa espécie
de revelação imediata de Deus, isto é, Ele Se revelava perceptivelmente ao
homem, conversava com ele "face a face", mostrando-se como um Homem
Divino. A história do homem nesse primeiro estado de equilíbrio com a criação
é descrita em forma de símbolos no livro de Gênesis, do capítulo 1 ao 3. Ali
vemos como a raça humana (representada por Adão) recebia a inteligência e a sabedoria
(representadas pelo Jardim do Éden) diretamente da presença de Deus. Era a
Revelação imediata. Mais adiante, neste curso, veremos como o exame dos
relatos literais da Bíblia pode revelar novas informações quando esses
simbolismos são estudados e compreendidos segundo uma ciência lógica que os
explicam.
1.6 - A revelação mediata - Visto
que o homem daquela época antiqüíssima, dos tempos do Éden, tinha as verdades
Divinas inscritas no coração, não havia, pois, necessidade de uma Revelação
escrita. O homem tinha a vista espiritual aberta e assim podia enxergar e
compreender o caráter Divino que estava impresso na natureza. Essa
compreensão de Deus por meio das formas criadas era, para o homem, uma
segunda revelação, a revelação mediata do Divino. "Mediata" porque
se fazia por meio da natureza. Assim, o homem recebia instrução do Criador
por dois meios, mediato e imediato: pela presença de Deus que lhe falava e
pela observação das formas no universo.
1.7 - A perda da comunicação e da revelação - Mas, quando foi criado, o homem recebeu também a
liberdade. Podia escolher entre seguir a instrução vinda do Criador ou seguir
o caminho de seus próprios raciocínios, ainda que contrários à instrução
Divina. Quando pois a raça humana preferiu se guiar pelas aparências dos seus
raciocínios (o que foi representado pelo ato de o homem comer do fruto
proibido), perdeu-se nas ilusões grosseiras dos sentidos (isto é, foi
enganado pela "serpente", os raciocínios derivados de princípios
errôneos) e por isso perdeu a condição de cultivar a sabedoria e a
inteligência originais (saiu, ou "foi expulso" do Jardim de Éden).
1.8 - A ignorância posterior a respeito de Deus - As ilusões dos sentidos obscureceram a vista do
entendimento. A visão interior ou a percepção das coisas foi perdida. Aí
começou a reinar a ignorância a respeito das verdades mais básicas da
existência. Nesse estado, o ser humano perdeu completamente a noção da
existência de uma sabedoria Divina gravada em imagens na natureza. Não era
mais capaz de se elevar por esse meio à compreensão do caráter Divino. Suas
cobiças e falsidades o afastavam cada vez do amor e da santidade de Deus. Com
efeito, o homem estava perdendo tanto a revelação imediata quanto a mediata.
O Salmo 73 (vers.2 e 21) retrata esse estado em que se achava o homem: "Os
meus pés quase se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus
passos. Assim me embruteci, e nada sabia; era como um animal perante
Ti". Esse estado de treva mental iria levar a humanidade à mais
completa destruição espiritual, a menos que o Senhor fizesse algo para
restabelecer o contato com o homem e o reerguesse à condição inicial.
1.9 - Restaurando o elo - Para
que a comunicação do homem com o Altíssimo fosse restaurada e mantida, foram
providos outros meios de revelação e, conseqüentemente, de instrução. Como o
homem não podia mais suportar a presença santíssima de seu Criador, a
revelação imediata dEle não podia mais se fazer por viva voz, isto é, o homem
não podia mais falar com Deus "face a face". Assim, a fala de Deus
ao homem passou a ser dirigida aos íntimos de seu coração e, assim,
imperceptível aos sentidos externos. Passou a ser um influxo de Amor e
Sabedoria nos íntimos da vontade e do entendimento do homem, coisas que o
homem meramente natural ignora. E como o homem perdeu a percepção da presença
de Deus na criação, também deixou de "interpretar" a sabedoria
Divina nos objetos da criação. Por isso, a revelação mediata passou a ser por
meio de instrução escrita, a Palavra, que foi dada numa forma fixa e
imutável. Por meio dela a criatura humana poderia retornar à sabedoria
original e à conjunção com o Criador.
1.10 - A Palavra, a Revelação escrita - A necessidade desta Revelação escrita, a Palavra, se
evidencia pelo fato de que a mente racional do homem não poderia jamais se
reconstruir e se reerguer por si mesma. Não poderia se inserir novamente na
Ordem da Criação por sua própria percepção e seus próprios raciocínios,
porque o mental do homem ficou obscurecido e pervertido. Era, portanto,
essencial uma instrução vinda de fora, de forma clara e determinada, para
dizer ao homem o que ele havia de fazer a fim de recobrar sua primeira
inteligência, sabedoria e vida. Assim, Deus proveu a nova Revelação de Si
Mesmo e de Seus desígnios para o homem que Ele criou. Essa nova Revelação nos
foi dada através de mensageiros, profetas e evangelistas, que, por mandato
Divino, a deixaram gravada e acessível a todos quantos desejassem se voltar
para o seu Deus e Criador. Por meio da Palavra o Senhor Se revelou
integralmente, mas sempre na medida da afeição e da compreensão de cada
indivíduo.
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