A Páscoa em Cristo é Nova Vida
Ref.
Ex 12:3 - Gn 15: 13,14 - Jo 8:32-36 - Jo 3:16
Jesus
é a nossa Páscoa. O termo "páscoa" deriva da palavra hebraica
"pessah", que significa passar por cima, pular além da marca ou
passar sobre (atravessar). Quando Deus ordenou ao anjo destruidor que
eliminasse todo primogênito na terra do Egito, a casa que tivesse o sinal do
sangue do cordeiro não seria visitada pela morte (Êxodo 12:1-36). Os judeus
passaram então a celebrar a Páscoa (Pessah) comemorando a saída do Egito, a
passagem para a liberdade. A partir de Jesus, essa celebração foi substituída
pela Ceia do Senhor, com o pão e o vinho, em Sua memória. Não mais para
relembrarmos a saída do Egito, mas para estarmos sempre nos lembrando da
liberdade que nEle há, da Sua morte e ressurreição. A passagem de uma vida,
para uma vida vivida em "novidade de vida".
O
Homem moderno, em suas muitas ocupações, tem se esquecido do profundo
significado da festa da Páscoa. Até porque, a versão secular desta data é
apenas comercial e não religiosa. Podemos lembrar dos significados que a páscoa
tem dentro do contexto escriturístico.
A Páscoa significa libertação. A
Páscoa surge como a festa que marcava o fim da opressão escravizadora de Faraó
sobre o povo hebreu. A profecia a Abraão revelava que seus descendentes
ficariam sob o domínio de uma terra estranha por 400 anos, mas que depois eles
seriam libertados e sairiam com grande riqueza (cf. Gn 15: 13,14). E isto de
fato ocorreu, mas não antes que esta festa fosse celebrada. E um pequeno detalhe,
se esta festa era a festa da libertação, porque então ela foi celebrada antes
da libertação propriamente dita? Porque Deus quis ensinar que o sacrifício
expiatório, a fé e a nossa obediência precedem a plena libertação, afinal,
Israel não estava sendo liberto apenas do Egito, mas também do Anjo da Morte. E
isto implica que a libertação espiritual sempre precede a física. Se o sangue
do cordeiro não fosse derramado e aspergido sob os umbrais da casa, o povo de
Israel teria sido destruído pelo Anjo. A libertação da páscoa reveste-se,
portanto, de um caráter interior, por mostrar a necessidade pessoal de
libertação por meio da substituição. E um caráter prospectivo, porque
profetizava a libertação antes dela acontecer e prenunciava a obra messiânica de
Cristo.
Neste
sentido, a Páscoa devia ser celebrado por nós com profunda reverência e festa,
afinal, Cristo é a nossa Páscoa. Sua vida foi posta como cordeiro que sendo
morto derramou seu sangue em favor de muitos. A nossa libertação espiritual
plena foi conquistada por Cristo, a nossa Páscoa. João Batista chamou Jesus de
"cordeiro de Deus" que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1.29). O
apóstolo Paulo disse que ele é a nossa páscoa (1Co 5:7), e Ele mesmo prometeu a
libertação a todos quantos crerem nEle (cf. Jo 8:32-36 e Mt 11:28).
Aceitar
o sacrifício de Jesus feito por nós como diz as Escrituras, é saborear da
páscoa, e estar no caminho da liberdade espiritual. A Páscoa dos hebreus os
libertou da escravidão, opressão, miséria e de seus pecados perante Deus. Esta
libertação aponta para o começo de uma nova vida, liberta de todos os seus
terrores e opressão.
Páscoa significa também
salvação da Família. Observem que a promessa de Deus era que por meio do sacrifício
de um cordeiro e cada casa era salva do destruidor. Faraó havia dito ao povo
hebreu que eles podiam ir, mas sem os seus filhos (cf. Ex 10:8-11). A Páscoa
nos desperta para o fato de que a obra de Jesus foi suficiente para conceder
libertação também a nossa Família. O Senhor nesta ocasião quer te despertar
para o compromisso que você, pai, mãe e filho, tem diante de Dele para com sua
própria família.
Páscoa
tem profundo significado para o cristão por representar a obra de Cristo para a
nossa redenção. Séculos depois a páscoa cristã, um dia tornar-se-ia história na
encarnação do Senhor. E a Páscoa hebraica era exatamente uma antecipação
figurativa da obra de Jesus no calvário. Observemos agora algumas similaridades
do cordeiro da Páscoa e de Cristo a nossa Páscoa.
1. A pureza
O
cordeiro pascoal era separado no décimo dia de Abibe (abril) e examinado
minuciosamente antes do seu sacrifício no dia 14 de Abibe, pois o cordeiro
tinha que ser "... imaculado".
Quando
Lucas registra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém poucos dias antes da
crucificação, o faz exatamente na hora em que o povo estava trazendo os seus
cordeiros pascoais para serem examinados pelos sacerdotes. Segundo o autor de
Hebreus 7: 26 Jesus tinha que ser declarado "... Santo, irrepreensível,
imaculado, e inviolado pelos pecadores".
2. O exame dos sacerdotes
O
cordeiro da Páscoa era submetido a um exame pelos sacerdotes que o julgavam,
com base no exame de sua perfeição, apto para ser sacrificado. Quando lemos o
relato de Mateus 22 do verso 15 ao 46, encontramos Jesus, o cordeiro de Deus,
sendo examinado pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus e nenhum deles
conseguiu achar nele nenhum defeito que o incriminasse e eles mesmo ficaram sem
condições de responder-lhe nenhuma palavra (cf. Mt 22:46).
3. Exame feito pelas
autoridades civis
Em
Jo 18:12, 28, encontramos Jesus sendo preso e levado ao tribunal na casa de
Caifás, e como era ocasião da páscoa, os judeus não podiam entrar no tribunal
para não se contaminarem, pois se assim fizessem não poderiam comer da páscoa.
Naquele momento também, os cordeiros pascoais estavam também sendo examinados.
E
Caifás queria evidências para o entregar a Pilatos, mas não as encontrou; por
isso, ao invés de apresentar ofensa, disse apenas que se Ele não fosse ofensor
não seria entregue (cf. Jo 18.29). Pilatos por sua vez, após ter examinado
Jesus, "... não achou nele crime algum..." (cf. Jo 19.4). E com estas
palavras, o veredicto legal e civil estava dado e três vezes Pilatos declarou
que Jesus era inocente (cf. Jo 18: 28; 19: 4, 6).
A
lei dizia que o cordeiro teria que ser sem defeito algum, senão, ele não
poderia ser sacrificado ao Senhor (cf. Dt 15:21). Jesus foi achado sem defeito
diante de todos depois de profundo exame e só depois foi crucificado.
Tendo
em vista que o sacrifício do cordeiro pascoal era suficiente para justificar os
hebreus diante do destruidor, o sacrifício de Cristo também foi suficiente para
justificar o homem diante de Deus contemplando a justiça divina.
Páscoa
é a celebração da Nova Vida. A páscoa, como é comemorada pelo mundo, não nos
traz qualquer beneficio, mas quando entendemos que nossa Páscoa é Cristo, então
chega a hora de tiramos das reflexões e práticas correlatas, muitas importantes
lições.
Primeiramente
aprendemos que se Cristo é a nossa páscoa, não faz sentido a comemorarmos com
ovos e nem coelhinhos, tampouco com sacrifico de animais, mas através do
sacramento ordenado por nosso Senhor Jesus Cristo, a Ceia do Senhor.
"E
disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque
vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus e,
tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;
porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de
Deus e, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu aos seus amigos,
dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo
testamento no meu sangue, que é derramado por vós." (Lc 22: 15- 20).
Neste
episódio, ocorrido pouco antes da prisão e morte de Jesus, Ele introduz
naturalmente a Ceia como substituta da festa pascoal do Antigo Testamento. Se
observarmos, esta evidente que o Senhor não terminou a refeição pascoal antes
de instituir a Ceia, antes, a ceia está intimamente ligada à refeição pascal. O
pão que era comido com o cordeiro na páscoa foi consagrado para um novo uso
pelo Senhor e o terceiro cálice (cálice messiânico), que era chamado de cálice
da bênção, foi usado como segundo elemento na ceia. Desta forma percebemos que
a Páscoa vestiu-se de um novo significado na última ceia instituída por Jesus.
Ademais,
os sacrifícios pascoais tinham significado simbólico e apontavam para Cristo
que haveria de ser apresentado em sacrifício para envergonhar a morte. Quando
este estava a ponto de ser morto e cumprir as escrituras e tudo aquilo que
estes sacrifícios pascoais prenunciavam há séculos, houve a necessidade de
mudar o símbolo e o tipo. Afinal, haveríamos de continuar comendo cordeiros?
Haveríamos de comer a carne de Cristo sendo Ele nosso cordeiro pascoal? É claro
que não.
Mas
como então comemorar este ato memorável feito por Cristo senão através da festa
que ele instituiu, a santa ceia.
Aprendemos
ainda que na ocasião da páscoa e da ceia, deveríamos meditar na tão grande
novidade de vida que Cristo a nossa Páscoa nos proporcionou.
Jamais
deveremos esquecer o significado da páscoa e que foi por isto que Jesus nos
ensinou a Cear com a seguinte admoestação, "... fazei isto... em memória
minha...".
A
memória deste acontecimento nos permite gozar da certeza da libertação do
pecado, da morte e da miséria interior na qual estávamos condenados a aceitar,
e nos permite olhar para o futuro com esperança, já que cada vez que ceamos
"anunciamos a vida, morte, ressurreição e ascensão do Senhor até que ele
venha". (I Co 11.26).
A
nossa celebração da ceia pascal de Cristo, tão como foi a primeira celebração
da páscoa pelos Hebreus, prenuncia que Cristo é a passagem da velha vida para
uma nova vida. Hoje em Cristo, estamos comemorando, anunciando e proclamando
que ele virá estabelecer definitivamente o seu Reino, e até lá, nós como igreja
peregrina participamos com a ajuda do Espírito Santo da "transformação dos
reinos deste mundo no Reino de nosso Senhor Jesus Cristo".
AUTOR DESCONHECIDO
(Não nos responsabilizamos pelo conteúdo teológico deste material)
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