A PEDAGOGIA DE JESUS
I . INTRODUÇÃO
Nos relatos sobre o ministério de Jesus, não
nos é possível demarcar uma separação nítida entre pregação e ensino, tão
entrelaçados que um não pode ser totalmente separado do outro.
Marcos, constantemente descreve Jesus
ensinando: Mc.4:1-2; 6:2; 8:31; 9:31; 12:35. Para as multidões que se
amontoavam ao redor de Jesus, Ele era mais um mestre do que um profeta. Ele era
constantemente chamado "Mestre" ou "rabino" porque seu
ensino tinha em si uma autoridade e um poder tal que o diferenciava claramente
dos rabinos da época.
Depois da ressurreição, os discípulos e
apóstolos foram igualmente pregadores e mestres ( Mt. 28: 19-20; Mc.16:15; At.
5:42 ). Isto evidentemente significa que para os homens que conheciam Jesus
pessoalmente, o ensinar e o pregar não eram idênticos, mas interdependentes, ao
ponto de um não ser superior ao outro.
Paulo, considerando Jesus a essência da
mensagem, também utilizava todos os meios possíveis de comunicação para
transmitir suas idéias. Ele pregava e ensinava em todas as igrejas por onde
passava.
Assim, constatamos que pregação e ensino
fazem parte essencial do ministério de Jesus, da Igreja primitiva e da Igreja
dos nossos dias.
Jesus tem consciência de que sua prática é a
culminância da história do povo de Israel. Essa consciência é precisamente sua
consciência messiânica de ser o revelador pleno e último da vontade do Pai e a
vitória definitiva de seu Reino. Esta perspectiva histórica permite que Jesus
viva, na encruzilhada das contradições, o tempo do presente singular, tempo do
companheirismo, da amizade e da solidariedade horizontal, onde se manifestam a
fé, a esperança, o amor e a misericórdia. Jesus toma uma posição radical que
lhe vale a morte de cruz, aceita com a coerência que sua prática determina.
Vamos focalizar nosso olhar sobre o cotidiano
de Jesus, seus gestos e sua prática pedagógica em seus contatos criadores da
vida e da esperança.
II . FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA DE JESUS
II.1- A prática
Jesus fez uma clara opção pela prática em
relação ao discurso e à fala. Este dado tem enorme relevância para os obreiros
cristãos que costumam eleger a fala como principal instrumento de ensino.
Tomamos o Sermão da Montanha, onde Jesus
inicia o ensino centrado no discurso ( Mt. 5, 6 e 7:1-23 ). O desfecho do
sermão é onde Jesus privilegia a prática (Mt.7:24-27 ). Ele não apenas
recomenda a prática de seus ensinos como também põe em prática, à vista de
todos, a sua graça e sua misericórdia. Vemos isto através das curas que
realizou:
Mt. 8:1-4 ........ A cura de um leproso.
Mt. 8:5-13 ........ A cura do criado de um
centurião.
Mt. 8:14-15 ........ A cura da sogra de
Pedro, etc...
Com a prática das curas Jesus devolve a
dignidade aos pobres, aos marginalizados ( mulher adúltera, leprosos ) e outras
categorias oprimidas pelo sistema social daquela época.
Com a prática das curas Ele restaura a saúde
física, mental e espiritual do povo: deficientes (cego, mudo, surdo,
paralítico), enfermos (febre, hemorragia, mão ressequida, lepra, etc.) e
endemoninhados.
O Reino não chega apenas através da palavra
falada, ou por adesão exclusivamente intelectual, emocional, espiritual e
moral. O Reino de Deus surge através da prática da misericórdia de Jesus. Por
isso, a multidão à qual Ele devolveu a dignidade e a esperança reconhece nEle o
Messias.
João Batista, preso, tem dúvida a respeito da
messianidade de Jesus e lhe envia mensageiros ( Mt. 11:2-6 ). A resposta de
Jesus não se traduz propriamente em discurso, Ele manda que os mensageiros
voltem e anunciem a João o que estão vendo e ouvindo, ou seja a comprovação de
sua prática.
As parábolas de Jesus, veículo fundamental
para seu ensino, se inspiram nas mais variadas práticas da vida cotidiana:
Mt. 13:4-8........A parábola do semeador.
Mt. 13:24-30........ A parábola do joio e do
trigo.
Mt. 13:33........ A parábola do fermento.
Mt. 13:44....... A parábola do tesouro
escondido.
Mt. 13:45........ A parábola da pérola.
Mt.18:10-14.......A parábola da ovelha
perdida, etc....
Na verdade, todo o discurso de Jesus é, antes
de tudo a explicitação de sua prática. Ele é coerente porque sua prática é o
ponto de partida de seu discurso. Esta é uma das razões pelas quais Ele foi
rejeitado. A liderança dominadora não conhecia a pedagogia da misericórdia,
aquela que, diante dos abandonados e sofridos, começa com atos libertadores.
A prática pedagógica
de Jesus exige que a sociedade humana seja colocado ao avesso. Ela só tem
sentido na lógica do Reino. Não basta que uma pedagogia se concentre na prática
para que venha a merecer o qualificativo de cristã. Para ser cristã é
fundamental que esta pedagogia esteja comprometida com os valores do Reino.
AUTOR DESCONHECIDO
(Não nos responsabilizamos pelo conteúdo teológico deste material)
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