A perspectiva missiológica da páscoa cristã
Introdução
Num contexto de mudanças tão rápidas e da
banalização do cristianismo, eu particularmente creio que a celebração cristã
que mais representa o significado do verdadeiro cristianismo é a páscoa cristã.
Nela encontramos elementos que resumem o que
verdadeiramente significa ser cristão no mundo de hoje. Sem a páscoa cristã não
teríamos nenhuma boa notícia para contar a ninguém.
Ela nos diz por exemplo, que: 1. A experiência da páscoa
cristã veio confirmar todo o ministério terreno de Jesus. Ele foi verdadeiro e
tudo aquilo que ele disse e fez se consumam nesta experiência maravilhosa; 2.
Os evangelhos só foram escritos por causa deste evento e que sem ele não
teríamos nada prá contar ao mundo; 3. Também nos fala de uma era que se estava
findando e de uma nova que estava tomando forma e começando. A páscoa cristã
tem profunda influência na origem da missão da Igreja cristã primitiva, pois era
o Cristo ressurrecto e exaltado que atraia e atrai as pessoas a Deus.
Neste contexto eu gostaria de pensar sobre o
que tudo isto tem a ver conosco no inicio de um novo milênio e meditar sobre a
perspectiva dessa experiência tão singular na história da humanidade, para nós
hoje enquanto comunidade cristã, Igreja.
Eu quero pensar que os eventos dos últimos
dias da vida de Jesus na terra nos falam sobre a nossa responsabilidade de
encarnar sua história e nos remetem para a Missão.
1. A Perspectiva Futura da Comunidade Cristã - Com a páscoa a comunidade cristã ganha perspectiva de futuro, sentido de continuidade, o sonho não acabou. Ela ganha senso de auto definição e identidade própria para prosseguir com sua missão delegada e realizar o seu chamado. É somente com base na experiência deste evento que todo o ministério terreno de Jesus tem significado futuro. Este ministério não cessa, não desaparece, nem tão pouco é extinto, ele continua ministrando no mundo através desse ajuntamento de pessoas que são agregadas a esta comunidade. Sua Igreja.
É exatamente neste particular que podemos
dizer que por causa da páscoa cristã, os evangelhos foram escritos, e também
não seria muito dizer que sem ela, estes não teriam e nem fariam nenhum sentido
para as gerações futuras dessa comunidade. Estes foram escritos não só para
mostrar eventos passados e históricos, mas para revelar um fé viva,
impulsionadora e verdadeira que queima o peito e faz esta comunidade marchar em
direção ao futuro com confiança e segurança de que Cristo está e sempre estará
presente com a sua comunidade, seu povo.
A comunidade dos primeiros cristãos responde
a tudo isto de uma maneira maravilhosa, através da sua expressão missionária.
Manifestando por onde passavam os mesmos sinais do Reino de Deus, da mesma
forma como Jesus fazia, curando, expulsando demônios e etc. Eles entendiam que
não era um esquema, um método mas que o poder da experiência da páscoa cristã
era que os conduzia a vitória e assim proclamavam a glória de Deus entre os
homens, falando não só da experiência de Cristo que voltou dos mortos, como
também de suas próprias experiências como aqueles que foram tirados das trevas
para a maravilhosa luz de Deus.
3. A Perspectiva do Espírito Santo Sobre Esta Comunidade - Mesmo que o Pentecostes aconteça depois de quarenta dias, quando o Espírito de Deus foi derramado sobre esta comunidade. Podemos afirmar que existe uma intima ligação entre estes dois eventos. Se o evento da Ressurreição havia trazido confiança e identidade própria à esta comunidade, o derramar do Espírito Santo trouxe coragem, intrepidez e ousadia para que esta comunidade se tornasse testemunha dos fatos ocorridos, mesmo que isto viesse a custar-lhes a própria vida. Foi somente através do poder do Espírito Santo que eles se tornaram testemunhas. Newbigin diz que missão é o fluir do Pentecostes, e alguns até afirmam que a primeira atividade do Espírito Santo é Missão.
3. A Perspectiva do Espírito Santo Sobre Esta Comunidade - Mesmo que o Pentecostes aconteça depois de quarenta dias, quando o Espírito de Deus foi derramado sobre esta comunidade. Podemos afirmar que existe uma intima ligação entre estes dois eventos. Se o evento da Ressurreição havia trazido confiança e identidade própria à esta comunidade, o derramar do Espírito Santo trouxe coragem, intrepidez e ousadia para que esta comunidade se tornasse testemunha dos fatos ocorridos, mesmo que isto viesse a custar-lhes a própria vida. Foi somente através do poder do Espírito Santo que eles se tornaram testemunhas. Newbigin diz que missão é o fluir do Pentecostes, e alguns até afirmam que a primeira atividade do Espírito Santo é Missão.
É através do Espírito Santo que Cristo
continua vivo e ativo no mundo e que no dia de Pentecostes Ele escancara as
portas dessa comunidade e lança os seus discípulos para o mundo. Com certeza a
experiência da páscoa é o inicio do fim dos tempos. Quando será o fim? O tempo
é curto e cabe a nós debaixo da orientação do Espírito Santo fazer a vontade de
Cristo da mesma forma que Ele cumpriu a vontade do Pai.
Conclusão
Para os discípulos a ressurreição de Cristo e a vinda do Espírito Santo são provas incontestáveis da presença do Reino de Deus entre nós. Mas o que temos nós a ver com isso, as portas de um novo milênio, num contexto de "terceiro mundo", numa Igreja que luta para descobrir a sua própria identidade num mundo de tão rápidas mudanças?
Para os discípulos a ressurreição de Cristo e a vinda do Espírito Santo são provas incontestáveis da presença do Reino de Deus entre nós. Mas o que temos nós a ver com isso, as portas de um novo milênio, num contexto de "terceiro mundo", numa Igreja que luta para descobrir a sua própria identidade num mundo de tão rápidas mudanças?
Bom, penso que para nós, da América Latina: 1.
Não há outra possibilidade de se continuar existindo, enquanto Igreja, que não
seja sob a perspectiva do Cristo ressurrecto.
Sem o Cristo ressurrecto não existe a suprema
autoridade sobre todas as coisas, principados, poderes e dominações deste
século presente que nos tornaria impotentes para desenvolver qualquer tarefa
missionária.
2. Não há outra possibilidade de se
continuar existindo, enquanto Igreja, que não seja sob a perspectiva da
natureza missionária da Igreja.Sem páscoa Cristã a Igreja não seria
existente. Esta comunidade cristã só existe por causa do Cristo ressurrecto e é
sua tarefa primordial contar a todos que Deus em Cristo reconcilia o homem
consigo mesmo.
3. Não há outra possibilidade de se
continuar existindo, enquanto Igreja, que não seja sob a perspectiva do já e do
ainda não.A
páscoa cristã nos diz que a realidade do Reino de Deus já é presente, e que a
caminhada dessa comunidade tem que ser marcada por esta noção do já e do ainda
não. Anunciar, buscar e clamar o Reino de Deus, presente e futuro é
prerrogativa da existência desta comunidade.
Feliz Páscoa!
Bibliografia
Bosch, David J.,Transforming Mission:Paradigm Shifts in Thelogy of Mission New York, Orbis Books, 1999
Bosch, David J.,Transforming Mission:Paradigm Shifts in Thelogy of Mission New York, Orbis Books, 1999
Newbigin, Leslie,
Trinitarian Doctrine for Today's Mission England, Paternoster Press, 1998
Valdir Xavier de
França
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