Missão se faz com oração e jejum
também!
"E, servindo
eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e
Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo
sobre eles as mãos, os despediram" (At 13.2,3).
José Martins disse corretamente: "A oração é a essência da obra missionária. Não é só uma atividade necessária ao sucesso da obra - é a obra em si. É a prática mais missionária possível, quando vivida de maneira bíblica". É evidente que Martins não quer dizer que oração e missões são a mesma coisa, e sim, que essas duas atividades devem vir interligadas uma na outra. Nunca é demais enfatizar a importância da prática da oração na obra missionária.
Quando o Espírito
Santo ordenou que a igreja de Antioquia separasse Paulo e Barnabé para a obra
que os tinha chamado, a igreja estava em oração. Esta verdade está implícita e
explícita em Atos 13.2 e 3, respectivamente.
Implicitamente porque
o versículo dois diz o seguinte: "E, servindo eles ao Senhor, e jejuando...".
O fato da igreja estar jejuando subentende-se que ela estava também orando.
Seria incoerente pensar que uma igreja que estava adorando a Deus e jejuando
não estivesse em oração. Nem toda oração é feita em jejum, mas todo jejum
bíblico é feito com oração. Além disso, temos uma evidência explícita de que a
igreja de Antioquia realmente orava naquela ocasião: "Então, jejuando e
orando..." (v3). Não sabemos ao certo se o jejum do verso 3 é o mesmo do
verso 2. Pela urgência do chamado do Espírito, tudo indica que sim. Mas se é o
mesmo ou deixa de ser, não é tão importante sabermos. Basta saber que a igreja
de Antioquia era uma igreja de oração e que fazia da oração a base de sua
missão.
É provável que o
exemplo da igreja de Antioquia tenha marcado positivamente o ministério de
Paulo. Paulo foi um homem de oração e recomendava às igrejas que orassem por
ele e pela expansão do evangelho de Jesus Cristo.
Agora, mais do que
simplesmente orar, a igreja de Antioquia era uma igreja que exercia a prática
do jejum. É impressionante a ênfase que Lucas dá ao jejum na igreja de
Antioquia. Em Atos 13.2 ele diz que a igreja jejuava, e não menciona a oração,
embora sabemos que ela também orava, conforme dissemos acima. No verso 3, do
mesmo capítulo 13, Lucas coloca a palavra "jejuando" na frente de
"orando". No texto grego é a mesma coisa: nestéusantes kai
proseuxamenoi. A ordem das palavras é significativa e não pode ser
menosprezada, como parece fazer a maioria dos autores que consultamos.
A ênfase de Lucas é
importante por duas razões pelo menos: 1) Não devemos pensar que a igreja de
Antioquia jejuava porque trazia resquícios do judaísmo. Esta não seria uma
forma interessante de se pensar, primeiro porque Lucas era gentio
(provavelmente da cidade de Antioquia da Síria) e, por isso mesmo, qual o
interesse dele em dar tanta ênfase a uma prática estritamente judaica? Segundo,
a igreja de Antioquia foi uma das igrejas mais anti-judaicas do passado,
naquilo que se refere às práticas religiosas do judaísmo. Direta ou indiretamente
o Concílio de Jerusalém de Atos 15 aconteceu em razão desse
anti-judaísmo-cerimonialista. 2) Acreditamos que Lucas fez questão em enfatizar
a prática do jejum pela igreja de Antioquia, primeiramente para mostrar que
jejum e oração não são incompatíveis na vida de uma igreja e, em segundo lugar,
mostrar como esta prática era (e deve ser) valorizado no meio de uma igreja
verdadeiramente missionária.
Se muitas de nossas
igrejas têm falhado na prática da oração, e falhado mais ainda em rogar ao
Senhor da seara que mande trabalhadores para a Sua seara, em interceder pelos
missionários e orar pela obra missionária de um modo geral, o que dizer então
da prática do jejum em nossas igrejas?
Acredito que as
igrejas históricas têm falhado até agora em subestimar a importância do jejum
na vida do povo de Deus. Quantos são os membros destas igrejas que jejuam?
Quantos de seus pastores jejuam? Muitos de nós mal oramos, diga-se de passagem.
Na minha própria
denominação, Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), aprendi: "Sem o
propósito de santificar de maneira particular qualquer outro dia que não seja o
dia do Senhor, em casos muito excepcionais de calamidades públicas, como
guerras, epidemias, terremotos, etc., é recomendável a observância de dia de
jejum ou, cessadas tais calamidades, de ações de graças" (Princípios de
Liturgia, XI). Se o povo de Deus tiver que jejuar "em casos muito
excepcionais de calamidades públicas, como guerras, epidemias, terremotos,
etc.", conforme prescrevem os princípios de liturgia da IPB, dificilmente
existirá um dia de jejum neste país! Que o jejum deve ser praticado em dias de
calamidades públicas não questionamos, pois a Bíblia nos dá vários exemplos
disso. Mas será que devemos jejuar somente em casos muito excepcionais de
calamidades públicas? Da forma como foi redigido o princípio para a prática de
jejum na IPB, ao invés de estimular o crente a praticá-lo, ele faz exatamente o
contrário. Não que o princípio fora escrito com o objetivo de desestimular quem
quer que seja, porém, na prática é o que tem acontecido. Creio que o capítulo
sobre jejum deveria ser revisto pela IPB, primeiro porque ele não expressa
corretamente a realidade brasileira e também por não apresentar uma definição
mais completa do verdadeiro conceito bíblico de jejum.
Apesar da Igreja
Primitiva ter vivido momentos de muitas provações, nada indica que naquela
ocasião especial de Atos 13 a igreja de Antioquia estivesse jejuando e orando
porque passava por momentos difíceis. Pelo contrário, o contexto próximo (cap.
12) indica que a Igreja Primitiva, de modo geral, estava vivendo um dos seus
melhores dias. Pedro havia sido libertado milagrosamente da prisão e um dos
maiores inimigos da igreja, o rei Herodes Agripa I, foi morto mediante a
intervenção de um anjo do Senhor. Enquanto isso, "a palavra do Senhor
crescia e se multiplicava" (At 12.24).
A igreja de Antioquia buscava a presença de
Deus pelo simples prazer de estar servindo a Deus. E continuou assim quando
enviou seus missionários e os sustentou com fervorosas orações. Que Deus
conceda à igreja brasileira a graça de ser uma igreja que se alegre em estar em
Sua presença, intercedendo dia após dia pela obra missionária do Brasil e do
mundo.
AUTOR DESCONHECIDO
(Não nos responsabilizamos pelo conteúdo teológico deste material)
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