SERMÕES 24 - NOVOS MODELOS DE “GERAÇÕES”

NOVOS MODELOS DE “GERAÇÕES”

Objetivo: Apresentarem aos pais e filhos caminhos para viverem acima da pressão exercida pela sociedade.

Em nosso último encontro apresentamos o conceito bíblico de família e vimos que família é uma instituição divina, isto é, idealizada e criada pelo próprio Deus. Também discorremos sobre alguns fatores que tem exercido uma forte pressão sobre a família. São eles:

·      Os novos valores éticos e morais construídos pela sociedade emergente.

·      As mudanças no mercado de trabalho com a chegada das mulheres.

·      As mudanças nos direitos individuais.

Sem dúvida estes fatores têm exercido mudanças significativas na vida familiar. Hoje veremos o quanto estas mudanças têm afetado a relação entre pais e filhos. Buscaremos nessa reflexão olhar para a bíblia mais uma vez e buscar respostas para que nossas famílias possam viver acima da pressão exercida pela sociedade contemporânea. Nosso desejo é sermos uma família sob a nova direção de Cristo e não na direção imposta pela sociedade.

Nos últimos anos o mercado de trabalho tem exigido dos pais maior tempo de dedicação e esforço. A concorrência do mercado não permite que os pais relaxem no conhecimento já adquirido. Sempre é preciso aprender mais. E o que dizer do trânsito das grandes metrópoles que também tomam um bom tempo dos pais no caminho entre o trabalho e sua casa. Diante disso temos cada vez mais pais ausentes na educação dos filhos.

Os pais de alguma forma tentam compensar suas ausências, presenteando seus filhos ou realizando seus desejos, assim os fazem algumas vezes mais na busca de tranquilizarem sua própria consciência, como quem diz “eu cuido do meu filho”, e por outras vezes por não terem realmente a coragem de dizer “não” aos filhos, acreditando que desta forma estão conquistando seu amor.

Essa realidade tem gerado um grande número de filhos problemáticos, de forma que se tornou tão perceptível que várias revistas publicaram artigos sobre este assunto.  

REVISTA CRESCER (Editora Globo) - A importância de dizer "não" ao seu filho

Essa palavrinha pode ser difícil, já que, no fundo, ninguém gosta de negar um pedido do filho. Mas, acredite: é necessário. Descubra como colocar limites e ajudar a criança a lidar com as inevitáveis frustrações da vida. - Por Maria Clara Vieira - atualizada em 17/11/2016 10h29

REVISTA VEJA (on-line) – A família e a falta de um “não”

Crianças que não têm o costume de ouvir "não" podem desenvolver um comportamento exigente, temperamental e até exibir dificuldades de relacionamento. - Por Ronaldo Laranjeira - access_time28 jan 2017 - Publicado em 28 jan 2017

            Hoje vou destacar duas NOVAS GERAÇÕES que surgiram da soma dessa realidade de ausência dos pais e a compensação dessa ausência.

1 – A Geração “Mimimi” (Dudu do palmeiras – chora por tudo )

Uma geração mimada. A sociedade percebeu que essa geração mimada, que não aprendeu a ouvir um “não”, tem se tornado uma geração incapaz de lidar com a frustração, uma geração irresponsável para com seus semelhantes e para com sua própria vida. Alguns por não terem aprendido a ouvir “não”, não conseguem lidar com chefes que lhe cobram metas e trabalhos bem feitos. Não conseguem ficar muito tempo em um mesmo emprego, e muitos desistem de trabalhar e vivem encostados nos seus pais ou no seu cônjuge. Outros não suportam lidar com o fim de um relacionamento e chegam a matar a namorada, a noiva ou esposa que o deixou. Ainda outros superprotegidos por seus pais, não aprenderam a lidar com as consequências de suas escolhas, e vivem sem limites, agindo de forma irresponsável pelos trânsitos de nossas cidades matando vidas inocentes e algumas vezes se tornando vitimas de sua própria imprudência. Tudo porque seus pais não permitiram que eles ouvissem a palavra “não”; não permitiram que eles lidassem com o sentimento de frustração e descobrir que não vida não poderiam ter tudo o que desejassem.

A geração “mimimi” é uma geração formada de jovens adultos imaturos, que não aprenderam a se relacionar com o outro.

1.1 - Qual a resposta bíblica para por fim a essa geração “mimimi”?

18Discipline seu filho, pois nisso há esperança; não queiras a morte dele (Provérbios 19:18)

A sociedade está sofrendo por não ouvir o que a bíblia diz. A dor está fazendo a sociedade rever seus valores quanto ao dizer o “não” para seus filhos. Pais todos os dias choram por seus filhos que se foram, porque estes não tiveram a coragem de dizer “não” para eles, e, pais choram porque seus filhos foram vitimas de filhos de pais que não souberam dizer “não”.  Mas é preciso algo a mais, é preciso disciplinar os filhos, não basta dizer “não”.

Se a sociedade ouvisse mais a bíblia; menos filhos estariam morrendo hoje. Segundo o texto de provérbios a ausência da disciplina é porta para a morte – “discipline seu filho; não queira a morte dele”.

A palavra “amor” perdeu o sentido original. Amor é um ato de doação de um individuo para o outro. Quem ama doa de si para que o outro cresça e se torne uma pessoa madura. Quem ama esta pronta para sofrer, ainda que não seja compreendida, em beneficio do crescimento do outro. Pais maduros e que amam dizem “não” aos filhos, mesmo que estes façam birra, batam o pé, gritem e se joguem no chão. Pais imaturos cedem a pressão dos filhos e dizem fazer isso por amor, mas tornam seus filhos prisioneiros de suas paixões. Sem dúvida pais que amam sofrem ao ver o filho frustrado, mas suportam o sofrimento, pois sabem que um dia se alegrarão ao ver o filho maduro e pronto para construir sua própria família.

24Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo. (Provérbios 13.24)

A disciplina faz parte do processo de libertação do indivíduo da sua imaturidade. Quem ama trabalha para libertação daquele a quem ama e nunca para escravizá-la.

Jesus é nosso grande exemplo de amor. Jesus sofreu e morreu por nós, mesmo quando ninguém ainda havia compreendido o que Ele estava fazendo na cruz. Mas Jesus com certeza se alegrou quando Pedro, João, Tiago, Paulo e tantos outros compreenderam o que Ele fez na cruz. Jesus morreu para que nós fossemos livres de toda lei, de toda religiosidade, de tudo e de todos. Quando compreendemos a liberdade que Cristo nos deu e o preço que Ele pagou para isso, somos constrangidos por seu amor e livremente optamos em servi-lo no seu propósito neste mundo. Quando Jesus percebe que estamos nos tornando escravo de algo, ele por amor nos disciplina, a fim de nos por em liberdade novamente. A disciplina é instrumento para nos libertar e não nos punir e humilhar.

Pais lembre-se a disciplina preservará a vida de seu filho amanhã.

A segunda GERAÇÃO que surgiu dessa realidade de ausência dos pais e a compensação dessa ausência é:

2 – A Geração de Filhos Cangurus (Síndrome de Peter Pan)

Assim como a geração “mimimi”, estes também foram protegidos pelos pais, mas mesmo em meio à proteção de seus pais estes aprenderam a viver em paz com a sociedade, aprenderam a se relacionar com o outro. Contudo estes preferem não se arriscarem na vida independente, porque veem na dependência dos pais oportunidade de realizarem sonhos pessoais.

Nos últimos dez anos, o número de adultos entre 25 e 30 anos morando com os pais cresceu mais de 40%, enquanto a idade média dos filhos saírem de casa passou dos 25 para os 35 anos.

Mariana Figueiredo, que deu origem ao livro “Geração Canguru Ninho Cheio – Filhos Adultos Morando na Casa dos Pais” (editora Versos)

A psicoterapeuta paulista Tereza Kawall examina o fenômeno da assim chamada “geração canguru”: Alguns desses jovens que recusam se lançar no mundo de forma mais independente estão desempregados e sem perspectivas favoráveis de encontrar trabalho. Mas muitos já estão formados, diplomados e com profissão definida. Alguns já têm seu próprio negócio e desfrutam, potencialmente, de independência financeira. [...].

As combinações desse xadrez sociológico são inúmeras, mas existe, em todos os casos, um fator comum: a resistência em perder a proteção e a segurança  do “lar doce lar” que mamãe e papai oferecem. Embalados por facilidades, conforto, proteção financeira e/ou emocional, essa  geração parece não estar disposta a enfrentar e assumir os riscos e responsabilidades da vida adulta.

(https://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/171048/Gera%C3%A7%C3%A3o-canguru-O-ninho-est%C3%A1-cheio-mas-eles-n%C3%A3o-querem-sair.htm)

2.1- Qual a resposta bíblica para por fim a essa geração canguru?

Uma coisa é certa por trás de todo filho canguru, existe um pai e uma mãe canguru. Pais que por alguma razão tem medo de encarar o processo de envelhecimento e do ninho vazio, e acabam estimulando os filhos a permanecerem no ninho.

Acredito que assim como na geração “mimimi” a mudança deve partir dos pais. Precisamos compreender que Deus criou o homem para que este seja plenamente livre e não escravo de nada. Manter os filhos no ninho é permitir que eles não amadureçam, não assumam responsabilidades reais para sua idade, desta forma torná-los escravos de uma adolescência tardia, prisioneiros de uma vida baseada na prazer próprio.

A geração canguru é uma geração resistente a ideia de assumir a própria vida, por não estar disposta a amadurecer e encontra nos pais o apoio para uma vida imatura, pois estes também fogem da responsabilidade de lidar com uma nova fase da vida, a terceira idade.

Quero dizer que existem filhos que vivem dentro dessa categoria da “geração canguru”, mas por motivos lícitos e não estou aqui falando a exceção, mas àqueles que fazem parte da regra geral.

1)      Pais ensinem os filhos a serem independentes

Desde pequena a criança deve ser preparada para a independência. No domingo passado vimos que é projeto de Deus que o filho e filha deixem os pais e se casem. Isso é agradável a Deus. A construção da família foi idealizada por Deus e instituída por Ele.

18Então o Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda".

24Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. (Gênesis 2.18 e 24)

A não ser que você tenha o dom do celibato, nasceu para ser eunuco, você deve buscar alguém que lhe corresponda.

O casamento é instrumento de Deus para que o amor em nós seja aperfeiçoado. Antes de me casar, eu pensava que era homem bom, quase perfeito, mas o casamento me fez descobrir o quanto eu não sabia amar. Ainda hoje estou aprendendo nessa escola do amor.

Mãe e pai seus filhos só irão amadurecer de verdade quando se casarem. Você não pode permitir que seus filhos vivam na síndrome de Peter Pan, vivendo na busca de prazer e alegria para si mesmos na “Terra do Nunca”.

Muitos adultos cangurus não querem se casar porque tem sexo quando querem. Usam seu semelhante para terem sexo quando desejam e quando se cansam de se relacionar com a mesma pessoa as descartam e buscam um novo parceiro ou parceira para alcançarem seus projetos pessoais. Ferem seus semelhantes esquecendo-se que estes são feitos a imagem de Deus e amados por Deus.

Pais ensinem seus filhos a serem independentes, prepare-os para saírem do ninho.

2)      Pais aceitem o processo natural da vida

Filhos saírem de casa é um processo natural da vida. O sair de casa é o selo de que vocês o prepararam para isso. Como pais poderão acompanhar os filhos por toda vida, mas não exigir dos filhos obediência por toda vida. Nesse processo os filhos devem assumir suas vidas e honrar os pais e não mais obedecê-los.

1Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo.

2"Honra teu pai e tua mãe", este é o primeiro mandamento com promessa:

3"para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra".

4Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor. (Efésios 6.1-4).

Muitos pais infelizmente não sabem lidar com o crescimento e a independência dos filhos. Esquecem que eles cresceram e continuam tomando decisões que não cabem mais a eles.

Esse é um ponto que merece muita atenção, pois presencio muitas famílias vivenciarem essa etapa dos filhos como algo sofrido e carregado de visões distorcidas.

O verso um (v.1) deste texto se refere aos filhos que ainda vivem debaixo da autoridade de seus pais, em nosso contexto menores de 18 anos, que ainda não respondem por si mesmo diante o Estado. A estes a ordem é “obedeçam a seus pais”.

Entretanto os pais são chamados a criarem seus filhos segundo a instrução e o conselho do Senhor, e não da cultura emergente em nossa sociedade.

O verso dois (v.2) deste texto se refere a filhos maiores de idade, que respondem por si mesmo diante o Estado. A estes a ordem é “honrem teu pai e tua mãe”.

Obedecer e honrar são diferentes. Obedecer se refere a me sujeitar aquele que tem autoridade sobre mim. Honrar é colocar em prática o que aprendi com aquele que cuidou e me educou durante a minha vida.

Reflexão:

·         Se você é pai ou mãe e compreende que educou seu filho com exagerados mimos e que hoje ele é cheio de “mimimi” ou vive como “Peter Pan” e que não assume suas responsabilidades, quero que saiba que Deus é Pai de amor, pronto para te perdoar e também para por ordem onde o caos se instalou. Deus quer recomeçar uma nova caminha na construção de sua família hoje. Não se sinta culpado, mas seja intencional a partir de hoje na educação de seu filho, de sua filha.

·         Se você é filho ou filha e compreende que tem vivido encostado na casa de seus pais desfrutando da vida de forma irresponsável, quando seus pais deveriam estar curtindo a aposentadoria, e você em vez de honrá-los está sugando seus pais. Deus é Pai amoroso para te perdoar dessa preguiça, dessa comodidade doentia. Mas retorne para sua casa hoje com o firme propósito de mudar sua vida, de crescer e construir sua história. 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

09/05/2018