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terça-feira, 22 de maio de 2018

SERMÕES 25 - QUEM VAI LAVAR A LOUÇA?


QUEM VAI LAVAR A LOUÇA?

Propósito: Apresentar o papel do homem e da mulher idealizado por Deus na criação.

A brincadeira com este tema é simplesmente com o fim de levantarmos a questão qual é o papel do homem e da mulher no casamento? Por muitos anos, nossa cultura patriarcal, impôs à mulher uma diversidade de tarefas no lar, visto que esta não ingressava no mercado de trabalho. Cabia à esposa lavar a louça, varrer a casa, lavar o banheiro, lavar e passar as roupas da família, preparar café, almoço e jantar, cuidar das crianças, acompanhar os filhos na escola, etc. Ao homem cabia a tarefa de prover sustento da casa e ajudar em algumas tarefas no lar, como: cortar a grama, fazer concertos necessários na casa e levar o lixo para fora. Desta forma se definia o papel do homem e da mulher por meio de suas tarefas.

Temos dito durante esta série que a família tem sofrido diversas mudanças devido a uma forte pressão exercida pela sociedade contemporânea. Uma dessas pressões é causada pela entrada da mulher no mercado de trabalho. As esposas que trabalham fora do lar, não conseguem mais dar conta de todas estas tarefas e quando dão se sentem esgotadas.
Nos últimos anos tem crescido o número de empresas que permitem que seus empregados trabalhem em casa – home office – e muitas mulheres têm buscado essa alternativa para conciliar o ser mãe e o sonho de uma carreira de sucesso. Alguns homens também têm buscado essa alternativa de trabalho, por proporcionar um horário mais flexível.
Mas o grande problema no casamento não está em quem vai lavar a louça ou fazer as tarefas domésticas. A pergunta "quem vai lavar a louça” alcança apenas o campo das tarefas. Inversão de tarefas não é um problema em si, mas pode sim ser um elemento contribuidor para uma inversão maior e perigosa na vida dos casais, a inversão de papéis.
Tarefas podem mudar, não há problema. Tarefas são transitórias, mas papéis não. Algumas tarefas são intransferíveis, porque estão amarradas ao papel de cada indivíduo. Hoje vamos olhar para os papéis do homem e da mulher na relação conjugal. Precisamos compreender a relação homem e mulher a partir das Escrituras. Primeiramente vamos olhar para essa relação antes da queda, pois aqui temos o molde original, sem rasuras causadas pelo pecado.

1 – Conhecendo “Zakar” e “Neqebah”
27Criou Deus o homem (Adam) à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gênesis 1.27)
Adam é o termo usado para humanidade. Adão antes de ser o nome do primeiro homem representava a humanidade (homem e mulher). Deus criou seres humanos - homem = “Zakar” e mulher = “Neqebah”.
·        A – Conhecendo “Zakar”(significa pontudo)
o  Homem recebeu a responsabilidade de cuidar do jardim e dar nomes aos animais (Gn 2.19-20a), a mulher ainda não tinha sido criada.
o  Homens elaboram seus pensamentos de maneira mais objetiva, lógica e estratégica.
o  Homens são fisicamentes mais fortes e mais brutos, feito para prover o alimento (caçar, trabalhar), e gerar segurança a sua família.

·        B – Conhecendo “Neqebah”(significa perfurada)
o  Mulher criada para auxiliar o homem em sua tarefa (Gn 2.18).
o  Mulheres são mais sentimentais, mais perceptivas as necessidades dos outros.
o  Mulheres fisicamente são mais frágeis, mas são geradoras de estabilidade e segurança emocional no lar (Pv 14.1 – A mulher sábia edifica sua casa, com as próprias mãos a insensata a derruba).
o  Mulheres elaboram os pensamentos de forma mais subjetivas. São mais dadas a detalhes.

·        C – “Zakar” e “Neqebah” são feitos a imagem de Deus
o  A imagem de Deus não está relacionada com a figura do homem, nem com a figura da mulher - Deus não é homem, Deus não é mulher, Deus é Espírito – não necessariamente Deus tenha a forma física de um ser humano, embora possa assumi-la como O fez na pessoa de Jesus.
o  A imagem de Deus está na sinergia homem e mulher - A imagem de Deus está refletida, associada, na relação homem e mulher. Ambos são a imagem de Deus. O homem possui algumas características da imagem de Deus e a mulher da mesma forma. Ambos se complementam e se equilibram dessa forma juntos são a imagem de Deus.  Ex.: Deus tem força e poder, mas tem sensibilidade aguçada para perceber a dor de alguém. Deus exerce autoridade sobre todos, mas é capaz de compartilha-la com o ser humano. Deus é Pai que abraça o filho e o protege, mas é ao mesmo tempo mãe que o acaricia e lhe diz palavras de encorajamento.
o  NÃO podemos negar que Deus se apresenta como Pai ao mundo e como homem se mostrou ao mundo na pessoa de Jesus, assim Deus desejou se revelar, e assim devemos tratá-lo. É na figura masculina que Deus revela sua autoridade e poder.

2 – Diferenças Que se Completam
18Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem (īš[1]) esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”. (Gênesis 2.18[2])
Qual o problema do homem ser homem? Qual o problema da mulher ser mulher? Na versão da criação de Deus nenhuma!
As diferenças não são problemas, elas são bênçãos de Deus. São vantagens para os dois lados. Homem e mulher foram criados para serem um, para viverem em unidade, para se completarem no outro como um quebra-cabeça. Seres interdependentes. Cada um contribui para que o mundo do outro seja melhor. As diferenças entre homem e mulher existem para que ambos se completem e sejam dependentes um do outro.
·        AUXILIE (Hebraico “ezer”) - Deus fez a mulher para que o auxilie.  Este termo é usado a respeito de Deus como nosso socorro (Sl 124.8 - Ezer) e nosso auxílio contra os nossos adversários (Dt 33.7 - Ezer). Isso demonstra que a mulher não é menor que o homem, a ela é dada uma força extraordinária capaz de levantar um homem e fazê-lo vencer exércitos. A mulher tem o poder de impulsionar o homem, a levantá-lo e torná-lo um conquistador. “Por trás de todo grande homem existe uma grande mulher”.
·        CORRESPONDE (Hebraico “Kᵉnegᵉdô”) - Aquele que está diante do seu par, sua imagem como que num espelho, o equivalente, a parte correspondente, que está diante, que possibilita uma relação mútua, que possibilita diálogo, que é capaz de construir uma vida em conjunto, alguém diante do qual possa se conhecer e se reconhecer, alguém diante do qual possa se desvelar, se descobrir, se complementar; alguém que possa acabar com a solidão, pois o ser humano não foi criado para solidão; assim como seu Criador que é UM ser, existente em três pessoas distintas, na mais perfeita harmonia.

Até aqui analisamos o projeto de Deus para o homem e para a mulher na sua origem, isto é, antes que o pecado afetasse a relação entre eles. Analisamos a planta original e não a planta alterada pela sociedade emergente de nossos dias.

3 – O Projeto Homem e Mulher Foi Sabotado no Éden (Gn 3.1-7)
A bíblia descreve em Gênesis três que houve um acidente no Éden, uma grande ruptura com o Criador. O ser humano passou a dirigir sua própria vida, a partir de seus desejos e fez alterações no projeto de Deus, sabotando a planta original criada por Deus.
Homens que foram criados fisicamente mais forte que a mulher passaram a usar sua força para oprimir a mulher em vez de protegê-la e prover a ela sustento.
O mesmo ocorre com a mulher que passa a usar sua beleza, sensualidade e capacidade de influenciar para manipular o homem e dessa forma alcançar seus objetivos, ao invés de auxiliá-lo em sua missão.
Nessa disfunção gerada pela ruptura, vivenciamos o machismo, um movimento não bíblico, e atualmente vivenciamos o feminismo, um movimento também não bíblico, que surgiu em oposição ao machismo.
Os seres humanos que deveriam se completar, passam a concorrer um com o outro. Atualmente homem e mulher vivem numa disputa para ver quem manda mais no trabalho, no lar, nos palanques políticos, etc.
Em meio a este embate entre machistas e feministas, muitos homens têm sido pressionado a trazer para si trejeitos femininos e muitas mulheres têm adquirido trejeitos de homem. Como se houvesse a possibilidade de sermos a plenitude da imagem do Deus Criador em uma só pessoa. Nem homem e nem mulher alguma jamais poderão ser plenos como Deus, pois Deus os fez para se completarem e viverem em unidade, através dessa unidade, homem e mulher se tornam mais a imagem e semelhança do Criador.

4 – Chamados Para Retornar ao Projeto Original
Neste ano temos sido desafiados a vivermos “sob nova direção”, isto é, entregarmos a direção de todas as áreas de nossas vidas a Jesus Cristo, inclusive nosso casamento.  Viver sob a nova direção de Jesus é se submeter ao plano original do Deus Criador, conforme Ele desenhou na eternidade. Todo aquele que olha para Jesus, que O segue, começa a experimentar uma reversão ou inversão novamente da sua imagem distorcida pelo pecado. O caos começa a ganhar ordem novamente.
Mulheres que ocupam o espaço do homem e homens que ocupam o espaço da mulher são modelos disfuncionais, são frutos de alterações do projeto original causados pelo pecado. Como disse não existe problema na realização das tarefas; mas a esposa que comanda o lar, que exerce a liderança, sendo cabeça é disfuncional. Marido que se sujeita ao comando da mulher é disfuncional. Não foram criados dessa forma.
21Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo.
22Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor,
23pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador.
24Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.
25Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela (Efésios 5.21-25)

A ideia também de que a mulher moderna poderia e deveria ser independente do homem ou que o homem poderia e deveria ser independente da mulher é enganosa e errada, totalmente contrária à vontade de Deus.
11No Senhor, todavia a mulher não é independente do homem, nem o homem independente da mulher (1 Coríntios 11.11).
O plano de Deus para o homem e a mulher é que os dois trabalhem em sintonia, para cumprir sua missão aqui na terra. Se o homem lidera seguindo as ordens de Deus e tendo a mulher como alvo do seu amor e cuidado; e se a mulher corresponde à liderança santa do homem, os dois refletem juntos mais da imagem de Deus de tal maneira que chamam a atenção, de outras pessoas, para Deus.

Conclusão: Diante disso eu quero concluir respondendo a pergunta: “Quem vai lavar a louça”?  Na verdade não importa quem vai lavar a louça, ou quem vai passar a roupa, ou ainda quem vai levar o lixo para fora, ou lavar o carro. Todas estas coisas são tarefas e devem ser divididas pelo casal conforme lhes for melhor.
Entretanto os papéis da esposa e do marido não podem ser trocados. O que Deus projetou no Éden, na criação, deve ser respeitado para que tudo vá bem ao casal.
As diferenças físicas, emotivas, psicológicas, comportamentais, etc., existentes entre o homem e a mulher foram dadas por Deus, e isso por si os definem em seus papéis, a fim de que eles se completem e sejam a imagem do Deus invisível; assim como na Trindade Santíssima: Pai, Filho e Espírito Santo se completam em tudo e trabalham um em prol do outro.
Qual modelo de projeto você adotou para o seu relacionamento conjugal? Você está vivendo no modelo do projeto sabotado ou do original?
Marido você tem amado sua esposa, liderando sua família com sabedoria, tem provido a ela segurança e sustento financeiro e emocional?
Esposa você tem se sujeitado a seu marido, respeitando-o e auxiliando-o com palavras e ações de incentivo?

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
16/05/2018


[1] O sentido original do vocábulo ’īš, homem em oposição à mulher, identifica a masculinidade enquanto antônimo da feminilidade. Em algumas passagens, caracteriza o tipicamente masculino, assim como força, poder ou audácia nos combates (1Sm 4,9; Jz 8,21; etc.). O ser humano, além de perceber-se diferente em relação a Deus e aos animais, percebe-se dividido em si mesmo. Essa diferenciação, porém, o atinge apenas na sexualidade.
Por isso, quando se fala de “uma auxiliar que lhe corresponda” (Gn 2,18), não se fala nem do caráter sexual da mulher e nem de uma força no trabalho. Toda ideia que é vista nessa perspectiva coloca o texto como que dentro de uma camisa de força. Trata-se muito mais do sentido de uma parceria ou de uma mútua colaboração entre varão e mulher que, tanto física como psicoespiritualmente, mutuamente se auxiliam, se compreendem e se pertencem em todos os momentos bons e menos bons da vida.
[2] A primeira (Gn 1.26-27) pertence à tradição sacerdotal, já posterior ao exílio, e ela tem um caráter doutrinal e teológico. É esquemática, densa e pouco antropomórfica. A outra, Gn 2,18-25, é javista. Elas são perspicazes na arte de narrar, na introspecção psicológica, na crueza e vivacidade e no uso dos antropomorfismos. Poder-se-ia dizer que a história sacerdotal é a história dos preceitos de Deus aos homens, e a javista é a história dos seres humanos sob o olhar de Deus.

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