LIBERTANDO-SE DO
CICLO DA AMARGURA
Série:
Vivendo
Sob Nova Direção.
Objetivo: Levar os
ouvintes a perdoarem a todos que lhe ofenderam.
Contexto:
Antes
de entrarmos nos versos de nossa reflexão, gostaria de apresentar o contexto em
que eles estão inseridos na carta de Paulo escrita aos irmãos de Éfeso.
Paulo inicia o
capítulo quatro de sua carta convocando os irmãos de Éfeso a viverem de forma
digna da vocação que receberam em Cristo Jesus e descreve como é viver de forma
digna da vocação que recebemos.
1Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam
de maneira digna da vocação que receberam.
2Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam
pacientes, suportando uns aos outros com amor.
3Façam todo o esforço para conservar a unidade do
Espírito pelo vínculo da paz (Efésios 4.1-3).
Após deixar claro que eles deveriam ser humildes
(considerarem os outros superiores a eles mesmos), dóceis (praotes “praotes” = domesticados; serem gentis), pacientes (grego
“makrothimia” = jamais cede ao insulto; não serem de pavio curto) e suportarem (ἀnἐxomai “anechomai” = aguentar, tolerar) uns aos outros com amor.
Eles deveriam fazer todo esforço para conservar a unidade do Espírito pelo
vínculo da paz, esta unidade seria mantida através do esforço em serem
humildes, dóceis, pacientes e tolerantes uns com os outros, dessa forma teriam
paz.
O apóstolo ciente de que a vida na comunidade poderia gerar
conflitos (ele mesmo havia vivenciado um conflito com Barnabé, por causa de
João Marcos), prossegue, neste capítulo quatro, orientando os irmãos como
procederem uns com os outros, de forma a evitar os conflitos entre eles. Quando
não agimos desta forma corremos o risco de iniciarmos o que vamos chamar de ciclo
da amargura.
Algumas pessoas entram no ciclo da amargura através de
experiências doloridas na vida. Pessoas que foram violentadas sexualmente,
traídas por seus cônjuges ou sócios, que perderam filhos em um assalto ou bala
perdida, ou foram vitimas de pessoas mal intencionadas; outras ainda por não
conseguir lidar com a notícia de ser portador de uma doença incurável e acabam
guardando no coração amargura.
Pessoas assim vivem se perguntando: “Onde está Deus que não
me ouve?” “Onde estava Deus quando fui violentada?” “Onde estava Deus quando
meu filho morreu no assalto?”.
Por trás dessa pergunta existe um questionamento: “Se Deus é
poderoso por que me deixou passar por isso?” “Se Deus é amoroso por que me
deixou ser violentada?” “Por que deixou meu filho morrer?”.
Primeiro eu quero dizer que Deus sempre esteve lá do seu
lado. Diante a sua dor e sofrimento Deus chorou com você e te abraçou, mesmo
quando você não o sentiu por perto. Deus te amou no momento mais dolorido da
sua vida. Deus continua te amando agora. Ele chorou não porque ele não tinha
poder para mudar a história, mas porque se compadecia de sua dor, e porque
sabia que tinha que respeitar a escolha que a humanidade fez no Éden. Nada do
que vivemos neste mundo mal é vontade de Deus. Nós seres humanos sofremos
porque escolhemos o caminho do bem e do mal. Escolhemos que nós determinaríamos
o que é bom e mal para nós no Éden. Deus nos ofereceu o paraíso, nós escolhemos
criar nosso próprio paraíso e acabamos criando o caos, por isso estamos
sujeitos ao sofrimento. E ao não sabermos lidar com o sofrimento nos colocamos
dentro do ciclo de amargura. Essa mensagem é para você que se encontra no ciclo
da amargura.
Ø Apresentar powerpoint do ciclo da amargura.
Nelson Mandela viveu
anos em uma prisão injustamente, por ser contra o apartheid (apartáid - foi um regime de segregação racial
adotado de 1948 a 1994) . “Quando eu sai em direção ao portão que me
levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio
para trás, eu ainda estaria numa prisão”.
Viver alimentando o sentimento de
amargura e ódio é se tornar prisioneiro deste sentimento destruidor.
Uma vez que o conflito se estabelece é preciso romper com
ele. As palavras finais deste capítulo nos orienta como romper com o ciclo de
amargura e entrarmos em um novo ciclo, o do amor.
31Livrem-se de toda amargura, indignação e ira,
gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.
32Sejam bondosos e compassivos uns para com os
outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo. (Efésios
4.31-32)
Estas palavras servem para nós não apenas trazermos cura na
relação entre irmãos, mas também em todas as relações vividas por nós
(conjugais, pais e filhos, patrões e empregados, amigos, etc.). Vejamos quais
são as atitudes que Paulo recomenda para que vivamos no ciclo do amor.
Ø Apresentar
powerpoint do rompimento do ciclo da amargura.
1 – Vivendo no Ciclo do Amor
No texto em que
lemos Paulo primeiro nos diz o que não fazer. Não darmos lugar a sentimentos
errados e não praticarmos ações erradas, pois elas nos jogarão para dentro do
ciclo da amargura.
Depois Paulo nos
diz o que fazer. Ele nos apresenta escolhas que podemos fazer para vivermos no
ciclo do amor, da cura e da liberdade emocional.
1.1 – Livrem-se dos sentimentos errados
31Livrem-se de toda amargura, indignação e ira,...
(Efésios 4.31)
O
apóstolo primeiramente nos recomenda a nos libertarmos de alguns sentimentos
errados e a mantê-los longe do nosso coração.
·
Amargura
(pikria – ressentimento prolongado) –
Ressentimento que se alastra e contamina nosso ser como um câncer.
Re-sentimento (sentimento ruim que visita constantemente nosso coração).
Precisamos nos livrar dele.
·
Indignação
(tymos – cólera) –
Raiva que emerge diante injustiças e afrontas. É o que sentimos diante as
notícias dos jornais de nosso país. Emerge diante os depoimentos de nossos
políticos. O problema é quando ela permanece em nós e nos tornamos pessoas
indignadas.
·
Ira
(orgê) – Nasce da
indignação. Desejo de fazer justiça com as próprias mãos. Um furor que nos
chama a vingança. A Bíblia diz que a vingança pertence a Deus.
1.2 – Livrem-se de atitudes erradas
31Livrem-se de toda [...] gritaria e calúnia, bem
como de toda maldade. (Efésios 4.31)
Paulo também
fala para nos livrarmos de atitudes erradas. Estas atitudes nos levarão de
volta ao ciclo da amargura.
·
Gritaria – Discutir ou
falar alto. Essa atitude torna público algo que era para ficar no privado.
Quando você grita, mesmo se tiver razão, você perde a razão. Ninguém sabe mais
quem tem a razão.
·
Calúnia (grego blasphêmia) – Falar mal de alguém
criando ou intensificando fatos. Não faça calúnia com roupa de oração.
·
Maldade (malícia) –
Palavras maliciosas com o fim de denigrir a imagem do outro. Intencionalmente
você queima o filme do outro.
1.3 – Aja de Forma Digna de Sua Vocação
Cristã
32Sejam bondosos e compassivos uns para com os
outros, perdoando-se mutuamente,... (Efésios 4.32)
Paulo ordena o
que fazer para vivermos no ciclo do amor.
·
Bondosos (crestos – uma disposição da mente pela
qual se pensa dos assuntos alheios como se fossem seus) – Você se preocupa com
os problemas e as lutas dos outros como se fossem os seus problemas e suas
lutas. A benignidade nos faz olhar para fora, não para dentro, para o outro e
não para mim. Assim sou capaz de perdoar como Cristo me perdoou.
Bondade é o amor
em ação. Somos bondosos quando agimos em amor com o outro. Por exemplo: abre a
porta para alguém, leva pão ao que tem fome, abraça a pessoa que te feriu, etc.
·
Compassivos (eusplanoi) – Decisão de olhar para o
outro com os óculos da misericórdia. Quando procuramos conhecer a história do
outro descobrimos que existe um ser humano do outro lado. Alguém que talvez
nunca foi amado e por isso não consegue amar como a esposa gostaria ou como o
marido gostaria. Se olhássemos para a história do outro descobriríamos porque o
outro é mais carrancudo, mais grosseiro, mais sensível, mais tímido, etc.
Conhecer a história de uma pessoa nos une a ela e nos ajuda a sermos mais
compassivo com ela.
·
Perdoando-se
mutuamente
– O verbo está no particípio grego (um ato contínuo – nosso gerúndio). Perdoar
70x7. Perdoar sempre. Jesus, em Mateus 18.15, nos ensina que devemos procurar a
pessoa e trazer a luz o que ela fez a nós e perdoá-la.
2 – O Perdão
é Uma Atitude Intencional de Quebrar o Ciclo da Amargura
Recebemos de Paulo duas ordens claras para não nos tornamos
prisioneiros do ciclo da amargura. Este ciclo só é quebrado quando decido
perdoar e viver no ciclo do amor. Antes quero falar sobre perdão:
·
Perdão é assumir o dano, o
prejuízo causado por alguém a você. Jesus assumiu na cruz o prejuízo dos seus,
dos meus, dos nossos pecados.
·
Perdão não é esquecer, nem
ignorar o que fizeram a você.
·
Perdão tem endereço. Perdoou
algo claro que me feriu. É preciso identificar o que foi feito. Uma vez
identificado assumo o prejuízo e vou viver livre.
·
Não perdoou
somente se a pessoa se arrependeu ou reconheceu seu erro. Opto sempre
pelo perdão, mesmo quando o outro não tenha se arrependido. O transgressor será
beneficiado se compreender seu erro, pois isso contribuirá para nossa relação
pessoal. Contudo assim como Jesus, eu perdoou aquele que me fere, pois eu sou
curado sempre que perdoou. Pois no ciclo do perdão eu sou livre para amar e
viver. No ciclo da amargura vivo escravizado pela dor.
·
Perdão é uma
decisão que dá inicio a um processo de libertação de nossa alma. Não significa
que você automaticamente esteja livre dos sentimentos de amargura. Mas é o
início do processo para viver no ciclo do amor e desfrutar no futuro da
liberdade de não ter mais rancor e amargura no coração.
3 – Perdoando Como Cristo
32 [...] assim como Deus perdoou vocês
em Cristo. (Efésios 4.32)
Paulo nos coloca na parede. Perdoe como Deus te perdoou. Deus
te perdoou sem que você pedisse perdão. Deus te perdoou de todos seus pecados.
Dos pecados mais grotescos ao mais simples, Ele te perdoou. Ele foi para a cruz
no seu lugar, e não cobrou justiça para você. Ele se tornou sua justiça
assumindo os prejuízos de seu pecado na cruz.
Por que Cristo nos perdoou, não temos o direito de não
optarmos pelo ciclo do amor. Quem vive no ciclo do amor, perdoa!
Portanto:
·
Sejamos
livres de toda amargura, indignação e ira.
·
Sejamos
livres de toda gritaria, calúnia e malícia.
·
Sejamos
sim, bondosos, compassivos e prontos a perdoar.
Tome a decisão
de perdoar agora, pois perdão não é fruto de um sentimento, mas um processo,
fruto, de uma decisão tomada em amor.
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
12/06/2018
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