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terça-feira, 26 de junho de 2018

SERMÕES 29 - LIBERTANDO-SE DO CICLO DA AMARGURA


LIBERTANDO-SE DO CICLO DA AMARGURA

Série: Vivendo Sob Nova Direção.
Objetivo: Levar os ouvintes a perdoarem a todos que lhe ofenderam.

Contexto: Antes de entrarmos nos versos de nossa reflexão, gostaria de apresentar o contexto em que eles estão inseridos na carta de Paulo escrita aos irmãos de Éfeso.
Paulo inicia o capítulo quatro de sua carta convocando os irmãos de Éfeso a viverem de forma digna da vocação que receberam em Cristo Jesus e descreve como é viver de forma digna da vocação que recebemos.

1Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam.
2Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.
3Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Efésios 4.1-3).


Após deixar claro que eles deveriam ser humildes (considerarem os outros superiores a eles mesmos), dóceis (praotes “praotes” = domesticados; serem gentis), pacientes (grego “makrothimia” = jamais cede ao insulto; não serem de pavio curto) e suportarem (ἀnxomai “anechomai” = aguentar, tolerar) uns aos outros com amor. Eles deveriam fazer todo esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz, esta unidade seria mantida através do esforço em serem humildes, dóceis, pacientes e tolerantes uns com os outros, dessa forma teriam paz.
O apóstolo ciente de que a vida na comunidade poderia gerar conflitos (ele mesmo havia vivenciado um conflito com Barnabé, por causa de João Marcos), prossegue, neste capítulo quatro, orientando os irmãos como procederem uns com os outros, de forma a evitar os conflitos entre eles. Quando não agimos desta forma corremos o risco de iniciarmos o que vamos chamar de ciclo da amargura.
Algumas pessoas entram no ciclo da amargura através de experiências doloridas na vida. Pessoas que foram violentadas sexualmente, traídas por seus cônjuges ou sócios, que perderam filhos em um assalto ou bala perdida, ou foram vitimas de pessoas mal intencionadas; outras ainda por não conseguir lidar com a notícia de ser portador de uma doença incurável e acabam guardando no coração amargura.
Pessoas assim vivem se perguntando: “Onde está Deus que não me ouve?” “Onde estava Deus quando fui violentada?” “Onde estava Deus quando meu filho morreu no assalto?”.
Por trás dessa pergunta existe um questionamento: “Se Deus é poderoso por que me deixou passar por isso?” “Se Deus é amoroso por que me deixou ser violentada?” “Por que deixou meu filho morrer?”.
Primeiro eu quero dizer que Deus sempre esteve lá do seu lado. Diante a sua dor e sofrimento Deus chorou com você e te abraçou, mesmo quando você não o sentiu por perto. Deus te amou no momento mais dolorido da sua vida. Deus continua te amando agora. Ele chorou não porque ele não tinha poder para mudar a história, mas porque se compadecia de sua dor, e porque sabia que tinha que respeitar a escolha que a humanidade fez no Éden. Nada do que vivemos neste mundo mal é vontade de Deus. Nós seres humanos sofremos porque escolhemos o caminho do bem e do mal. Escolhemos que nós determinaríamos o que é bom e mal para nós no Éden. Deus nos ofereceu o paraíso, nós escolhemos criar nosso próprio paraíso e acabamos criando o caos, por isso estamos sujeitos ao sofrimento. E ao não sabermos lidar com o sofrimento nos colocamos dentro do ciclo de amargura. Essa mensagem é para você que se encontra no ciclo da amargura.
Ø  Apresentar powerpoint do ciclo da amargura.

Nelson Mandela viveu anos em uma prisão injustamente, por ser contra o apartheid (apartáid - foi um regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994) . “Quando eu sai em direção ao portão que me levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, eu ainda estaria numa prisão”.
Viver alimentando o sentimento de amargura e ódio é se tornar prisioneiro deste sentimento destruidor.
Uma vez que o conflito se estabelece é preciso romper com ele. As palavras finais deste capítulo nos orienta como romper com o ciclo de amargura e entrarmos em um novo ciclo, o do amor.  
31Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.
32Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo. (Efésios 4.31-32)
Estas palavras servem para nós não apenas trazermos cura na relação entre irmãos, mas também em todas as relações vividas por nós (conjugais, pais e filhos, patrões e empregados, amigos, etc.). Vejamos quais são as atitudes que Paulo recomenda para que vivamos no ciclo do amor.
Ø  Apresentar powerpoint do rompimento do ciclo da amargura.

1 – Vivendo no Ciclo do Amor
No texto em que lemos Paulo primeiro nos diz o que não fazer. Não darmos lugar a sentimentos errados e não praticarmos ações erradas, pois elas nos jogarão para dentro do ciclo da amargura.
Depois Paulo nos diz o que fazer. Ele nos apresenta escolhas que podemos fazer para vivermos no ciclo do amor, da cura e da liberdade emocional.

1.1 – Livrem-se dos sentimentos errados
31Livrem-se de toda amargura, indignação e ira,... (Efésios 4.31)
O apóstolo primeiramente nos recomenda a nos libertarmos de alguns sentimentos errados e a mantê-los longe do nosso coração.
·         Amargura (pikria – ressentimento prolongado) – Ressentimento que se alastra e contamina nosso ser como um câncer. Re-sentimento (sentimento ruim que visita constantemente nosso coração). Precisamos nos livrar dele.
·         Indignação (tymos – cólera) – Raiva que emerge diante injustiças e afrontas. É o que sentimos diante as notícias dos jornais de nosso país. Emerge diante os depoimentos de nossos políticos. O problema é quando ela permanece em nós e nos tornamos pessoas indignadas.
·         Ira (orgê) – Nasce da indignação. Desejo de fazer justiça com as próprias mãos. Um furor que nos chama a vingança. A Bíblia diz que a vingança pertence a Deus.

1.2 – Livrem-se de atitudes erradas
31Livrem-se de toda [...] gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. (Efésios 4.31)
Paulo também fala para nos livrarmos de atitudes erradas. Estas atitudes nos levarão de volta ao ciclo da amargura.
·         Gritaria – Discutir ou falar alto. Essa atitude torna público algo que era para ficar no privado. Quando você grita, mesmo se tiver razão, você perde a razão. Ninguém sabe mais quem tem a razão.
·         Calúnia (grego blasphêmia) – Falar mal de alguém criando ou intensificando fatos. Não faça calúnia com roupa de oração.
·         Maldade (malícia) – Palavras maliciosas com o fim de denigrir a imagem do outro. Intencionalmente você queima o filme do outro.

1.3 – Aja de Forma Digna de Sua Vocação Cristã
32Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente,... (Efésios 4.32)
Paulo ordena o que fazer para vivermos no ciclo do amor.
·         Bondosos (crestos – uma disposição da mente pela qual se pensa dos assuntos alheios como se fossem seus) – Você se preocupa com os problemas e as lutas dos outros como se fossem os seus problemas e suas lutas. A benignidade nos faz olhar para fora, não para dentro, para o outro e não para mim. Assim sou capaz de perdoar como Cristo me perdoou.
Bondade é o amor em ação. Somos bondosos quando agimos em amor com o outro. Por exemplo: abre a porta para alguém, leva pão ao que tem fome, abraça a pessoa que te feriu, etc.
·         Compassivos (eusplanoi) – Decisão de olhar para o outro com os óculos da misericórdia. Quando procuramos conhecer a história do outro descobrimos que existe um ser humano do outro lado. Alguém que talvez nunca foi amado e por isso não consegue amar como a esposa gostaria ou como o marido gostaria. Se olhássemos para a história do outro descobriríamos porque o outro é mais carrancudo, mais grosseiro, mais sensível, mais tímido, etc. Conhecer a história de uma pessoa nos une a ela e nos ajuda a sermos mais compassivo com ela.
·         Perdoando-se mutuamente – O verbo está no particípio grego (um ato contínuo – nosso gerúndio). Perdoar 70x7. Perdoar sempre. Jesus, em Mateus 18.15, nos ensina que devemos procurar a pessoa e trazer a luz o que ela fez a nós e perdoá-la.

2 – O Perdão é Uma Atitude Intencional de Quebrar o Ciclo da Amargura
Recebemos de Paulo duas ordens claras para não nos tornamos prisioneiros do ciclo da amargura. Este ciclo só é quebrado quando decido perdoar e viver no ciclo do amor. Antes quero falar sobre perdão:
·         Perdão é assumir o dano, o prejuízo causado por alguém a você. Jesus assumiu na cruz o prejuízo dos seus, dos meus, dos nossos pecados.
·         Perdão não é esquecer, nem ignorar o que fizeram a você.
·         Perdão tem endereço. Perdoou algo claro que me feriu. É preciso identificar o que foi feito. Uma vez identificado assumo o prejuízo e vou viver livre.
·         Não perdoou somente se a pessoa se arrependeu ou reconheceu seu erro. Opto sempre pelo perdão, mesmo quando o outro não tenha se arrependido. O transgressor será beneficiado se compreender seu erro, pois isso contribuirá para nossa relação pessoal. Contudo assim como Jesus, eu perdoou aquele que me fere, pois eu sou curado sempre que perdoou. Pois no ciclo do perdão eu sou livre para amar e viver. No ciclo da amargura vivo escravizado pela dor.
·         Perdão é uma decisão que dá inicio a um processo de libertação de nossa alma. Não significa que você automaticamente esteja livre dos sentimentos de amargura. Mas é o início do processo para viver no ciclo do amor e desfrutar no futuro da liberdade de não ter mais rancor e amargura no coração.

3 – Perdoando Como Cristo
32 [...] assim como Deus perdoou vocês em Cristo. (Efésios 4.32)
Paulo nos coloca na parede. Perdoe como Deus te perdoou. Deus te perdoou sem que você pedisse perdão. Deus te perdoou de todos seus pecados. Dos pecados mais grotescos ao mais simples, Ele te perdoou. Ele foi para a cruz no seu lugar, e não cobrou justiça para você. Ele se tornou sua justiça assumindo os prejuízos de seu pecado na cruz.
Por que Cristo nos perdoou, não temos o direito de não optarmos pelo ciclo do amor. Quem vive no ciclo do amor, perdoa!
Portanto:
·         Sejamos livres de toda amargura, indignação e ira.
·         Sejamos livres de toda gritaria, calúnia e malícia.
·         Sejamos sim, bondosos, compassivos e prontos a perdoar.

Tome a decisão de perdoar agora, pois perdão não é fruto de um sentimento, mas um processo, fruto, de uma decisão tomada em amor.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
12/06/2018

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