A RELAÇÃO TRABALHO E FAMÍLIA
Objetivo:
Mostrar
que o trabalho existe para o sustento da família e não a família para o
sustento do trabalho.
10Quando ainda estávamos com vocês, nós lhes
ordenamos isto: se alguém não quiser trabalhar, também não coma.
11Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos;
não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia.
12A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus
Cristo que trabalhem tranquilamente e comam o seu próprio pão. (2
Tessalonicenses 3.10-12)
Alguns
tessalonicenses, talvez usando como pretexto a iminente volta do Senhor, se
recusavam a trabalhar e esperavam que outras pessoas da igreja os alimentassem.
Em sua carta anterior, Paulo já os havia exortado a trabalhar (1 Ts 4.11,12). É
óbvio que não haviam dado ouvidos à instrução de Paulo. Como um exemplo para
todos, Paulo estava trabalhando noite e dia quando pregou entre eles. Seu
objetivo era evitar ser um fardo para alguém. Tanto os gregos como os romanos
detestavam trabalho manual; normalmente usavam escravos para todas as tarefas
do tipo. Em contrapartida, os judeus consideravam o trabalho como uma prova de
bom caráter e instruíam seus filhos a trabalharem em um ofício. Paulo fazia
tendas para suprir suas necessidades toda vez que isso se fazia necessário em
suas viagens missionárias (At 18.1-3).
28O que furtava não furte mais; antes trabalhe,
fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem
estiver em necessidade. (Efésios 4.28)
A
frase trabalhe, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade
significa que, em vez de tomar o que e de outra pessoa, o cristão deve ganhar o
suficiente para dividir parte de seus ganhos com os necessitados. Não se trata
de um simples chamado para que o indivíduo deixe de roubar ou ser ganancioso,
mas, sim, para que ele seja generoso e tenha uma verdadeira mudança de atitude.
Ambos os texto apresentam o trabalho como fonte de
sustento e não como objeto de realização. O trabalho NÃO é fonte de realização.
Deus não criou o trabalho para que o homem se realize por meio dele, mas para
se sustentar, servir a Deus e ao próximo por meio dele.
No servir o homem pode encontrar realização. Quando o homem
trabalha naquilo para o qual foi chamado por Deus, ele se sente realizado, mas
não alcançará realização plena nesta vida, isto porque este mundo está
mergulhado no caos.
Ainda que façamos o bem a uma pessoa e nos sintamos felizes por isso, logo
encontraremos outra pessoa necessitando de nosso socorro. A felicidade aqui é
temporária, momentânea. Dura até a próxima batalha, até o próximo encontro com
alguém necessitado de socorro, de solidariedade, de amor. Como ser plenamente feliz quando
vidas são despedaçadas pelo mal que invade todas as estruturas humanas?
Mas de onde vem
este pensamento cada vez mais forte de que o trabalho é fonte de realização? De
uma sociedade hedonista, onde o prazer, a felicidade, é o centro da vida.
O trabalho
sempre existiu na história humana como meio de sustentação. Na idade média o
trabalho estava integrado à família. Pais e filhos trabalhavam juntos,
cultivavam a terra juntos e moravam na mesma casa. Compartilhavam do trabalho,
pois este era compreendido somente como meio para sobreviver. Não se faziam
planos e faculdades em busca de novas opções de trabalho. Isso não existia. Há
dois séculos atrás pais e filhos viviam juntos cultivando sua fazenda. Os
filhos se casavam e moravam juntos com os pais.
Ø Vídeo:
Família “The Waltons”. Todos moravam juntos na fazenda.
Atualmente
trabalho e família existem em esferas distintas. Esse processo se iniciou no período
moderno, principalmente com a industrialização e o crescimento das grandes
cidades. Novos campos de trabalho surgirão. Cada um tem um trabalho diferente,
em local diferente e em horários diferentes.
O mercado
colonizou as famílias. As famílias que antes tinham no trabalho um meio de
sustento passam a existir para o trabalho. Os filhos não são formados para
serem homens e mulheres de Deus, como ordenado pelo próprio Deus em
Deuteronômio 6, mas para o mercado político-sócio-econômico que vivemos. Os
pais investem tudo o que tem (tempo, esforço físico, dinheiro, etc.) para que
eles se tornem um bom produto para o mercado de trabalho. Fazem isso pensando
que desta forma os filhos terão uma vida promissora. Os pais de hoje vivem para
tornar seus filhos bons profissionais. Submetem seus filhos a uma rotina
desumana para que eles se tornem bons profissionais. São tratados como peça de
reposição para o modelo social em que vivemos.
Deus nos deu
filhos para fazermos deles homens e mulheres segundo o Seu coração, que O amem,
e, que possam fazer diferença neste mundo dominado pela ganância, pelo mal.
A modernidade trouxe mais opões de áreas para se
trabalhar e ganhar o sustento necessário. Esta nova realidade fez surgir a
pergunta: “O que quero ser quando eu crescer?”.
Por trás desta pergunta
esta a ideia da realização pessoal. Alguns sonham em se tornar médicos, outros advogados,
professores, etc.
O trabalho se
tornou veículo de realização e não mais um meio apenas de sustento. Acredita-se
que a felicidade está amarrada a realização profissional. Atualmente a família
existe para o trabalho e não mais o trabalho para a família.
O trabalho nunca
foi fonte de realização. A realização na Bíblia sempre se encontrou na família
e na construção dela. A realização se encontra na comunhão e no compartilhar de
vidas.
No capitalismo moderno
vende-se a ideia de que a realização, a felicidade só pode ser alcançada se
você alcançar uma boa profissão e for reconhecido profissionalmente. Somente
desta forma você é aceito pela cultura capitalista moderna. No anseio de ser
bem-sucedido profissionalmente o ser humano aumentou sua carga horária de
trabalho.
Alguns entram
nessa rotina por dinheiro, mas depois elas o fazem pelo sucesso. Não basta o
dinheiro, elas querem ser idolatrada pela massa.
O pior é que
neste lugar de loucura que a doença da alma os devora. Eles não conseguem mais ser
pessoas. Eles são o que fazem. Precisam fazer mais e mais para “ser” e serem
reconhecidos. Se pararem de fazer, deixam de ser, perdem a utilidade neste
sistema colonizado pelo mercado.
Todos passaremos
e todos deixaremos de fazer. Deus nos julgará pelo que somos e não pelo que
fazemos.
1Como é feliz quem teme ao Senhor, quem anda em
seus caminhos!
2Você comerá do fruto do seu trabalho, e será
feliz e próspero.
3Sua mulher será como videira frutífera em sua
casa; seus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da sua mesa.
4Assim será abençoado o homem que teme ao Senhor!
5Que o Senhor o abençoe desde Sião, para que você
veja a prosperidade de Jerusalém todos os dias da sua vida,
6e veja os filhos dos seus filhos. Haja paz em
Israel! (Salmo
128.1-6)
Vamos pontuar
algumas coisas sobre o trabalho.
1)
Deus manda você trabalhar (v.2a)
É do seu
trabalho que você ira comer. Essa é a primeira dica de Deus para você que não
trabalha. Essa ideia de viver somente após à aposentadoria é cultural, e não
tem base bíblica.
Eu quero me
aposentar primeiro para fazer o que Deus me mandou fazer. Devemos fazer para
Deus sempre. Comece hoje.
Depois da
aposentadoria vou me dedicar a minha família. Pode ser muito tarde. Comece
hoje.
2)
Meu trabalho não é suficiente para o sustento de minha família (v.2a)
É do seu
trabalho que você ira comer. O texto está dizendo que a fonte pela qual Deus
irá sustentar sua família é pelo trabalho. Diante dessa situação você tem três
opções:
·
Mudar
sua área profissional (buscar um trabalho que lhe renda mais).
·
Mudar
de empresa (buscar um lugar que lhe pague mais).
·
Dobrar
a hora de trabalho
3)
Meu trabalho me realiza profissionalmente e pessoalmente (v.2b)
“Será feliz e
próspero” – Acredito que o trabalho em si não pode lhe dar uma sensação de
realização profissional e pessoal, mas essa sensação surge quando você desfruta
com sabedoria do que o trabalho pode lhe proporcionar. O fruto do trabalho pode
gerar a você e sua família muitas alegrias desde que você não viva para o
trabalho, mas faça do trabalho instrumento para abençoar sua família.
A felicidade do
salmista está no fato de sua esposa por ser suprida em tudo que necessita é como
videira frutífera – fala do vinho que traz alegria, que renova o homem, assim a
esposa no lar.
A felicidade
está no fato de poder suprir as necessidades de seus filhos, e por isso, são como
brotos de oliveira – pequenas azeitonas. Das azeitonas vem o azeite que prove
cura as feridas interior dos pais.
Este homem é
feliz não por causa do trabalho, mas da família. O temor do Senhor o leva a ver
o trabalho somente como meio para desfrutar da vida familiar, e assim, se torna
feliz e próspero.
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
24/06/2018
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