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terça-feira, 10 de julho de 2018

SERMÕES 33 - A PENA DE MORTE E A BÍBLIA


PENA DE MORTE

Objetivo: Esclarecer a posição bíblica sobre a pena de morte.

Se hoje houvesse um plebiscito sobre a pena de morte, com certeza eu me colocaria contrário a pena de morte, mas vou procurar apresentar nesta reflexão unicamente a posição bíblica sobre este tema.

1 – O que é pena de morte?
Pena de morte ou pena capital é um processo legal pelo qual uma pessoa é morta pelo Estado como punição por um crime cometido. A decisão judicial que condena alguém à morte é denominada sentença de morte, enquanto que o processo que leva à morte é denominado execução.


2 – O que a Bíblia diz sobre a pena de morte?
Embora haja muito texto na Bíblia referendando a pena de morte, responder esta pergunta não é algo tão simples ou confortável, por quê? Acredito que isso se deve a individualização ou personificação que fazemos daqueles que foram revestidos de autoridade, pelo Estado, para julgarem se um indivíduo deve ou não morrer.
Quando um juiz, seja ele cristão ou não, pronuncia a sentença de morte de um indivíduo ele não o faz em caráter pessoal, ou revestido de poder pessoal, e sim em nome do Estado.
Para esclarecer o que a Bíblia diz sobre a pena de morte vou propor diversas perguntas e respondê-las a partir da Bíblia.

3 – Pode um ser humano matar outro ser semelhante a ele?
Não! A Bíblia proíbe claramente que um indivíduo mate outro semelhante a ele. Isso se deve porque todo ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, e, todo ser humano é alvo do amor de Deus.
13"Não matarás. (Êxodo 20.13)

21"Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’.
22Mas eu (Jesus) lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’ (desprezível, insignificante), será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do inferno. (Mateus 5.21,22)

Quando Jesus diz “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados”, ele se refere à lei entregue por Moisés. E Jesus passa a dar um novo sentido à lei dada por Moisés. Jesus mostra que não somente é passível de punição no Reino de Deus aquele que mata fisicamente, mas também aquele que deseja matar e aquele que mata seu irmão através das palavras.

4 – A Pena de morte é aprovada no Antigo Testamento?
Por Deus amar tanto o ser humano, o proibiu de tirar a vida de outro. Aquele que desobedecesse a essa ordem pagaria com o que lhe é mais precioso, a própria vida.
12"Quem ferir um homem, vindo a matá-lo, terá que ser executado. (Êxodo 21.12)

17"Se alguém ferir uma pessoa a ponto de matá-la, terá que ser executado. (Levítico 24.17)

No Antigo Testamento a pena capital não era um assunto discutido, era um fato da vida, como vimos nos textos de Êxodo e Levítico. A pena de morte foi imposta pelo próprio Deus visando salvar vidas. A pena de morte foi dada com o fim de coibir o ser humano de tirar uma vida.

5 – A pena de morte era aceita no Novo Testamento?
No Novo Testamento, quem decidia sobre aplicar a pena de morte era o governo romano. A Lei de Deus não era levada em conta, pois os judeus estavam debaixo do domínio romano.
Na narrativa da crucificação de Jesus encontramos essa realidade. Os judeus tinham leis, mas não podiam agir segundo suas leis sem a permissão de Roma.
7Os judeus insistiram: "Temos uma lei e, de acordo com essa lei, ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus".
8Ao ouvir isso, Pilatos ficou ainda mais amedrontado
9e voltou para dentro do palácio. Então perguntou a Jesus: "De onde você vem?", mas Jesus não lhe deu resposta.
10"Você se nega a falar comigo?", disse Pilatos. "Não sabe que eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo?" (João 19.7-10)
O governador Pilatos admitiu que Jesus não tinha feito nada que merecia morte mas mandou executá-lo para agradar a multidão que gritava enfurecida crucifica-o.
Este texto prova que os romanos também tinham pena de morte e que não é contestada em nenhum texto do novo testamento.
1Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.
2Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos.
3Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá.
4Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal. (Romanos 13.1-4)
Vimos até aqui que a pena de morte foi dada por Deus para a nação de Israel com o fim de preservar a vida dos seres humanos e que esta existia também no Império Romano e que acabou por decretar a morte de Jesus, o Filho do Deus vivo, um inocente reconhecido por Pilatos, e que com sua morte proveu a salvação a toda humanidade.

6 – A pena de morte, em Israel, era aplicada somente em casos de assassinatos?
Não! A Lei de Moisés permite a pena de morte para crimes considerados muito graves, assim como o assassinato. 
Quando deu a Lei a Moisés para o governo da nação de Israel, Deus instituiu a pena capital para alguns crimes, como: homicídio planejado, agredir ou amaldiçoar os pais, sequestro, feitiçaria e idolatria.
14Mas se alguém tiver planejado matar outro deliberadamente, tire-o até mesmo do meu altar e mate-o.
15"Quem agredir o próprio pai ou a própria mãe terá que ser executado.
16"Aquele que sequestrar alguém e vendê-lo ou for apanhado com ele em seu poder, terá que ser executado. (Êxodo 21. 14-16)

18"Não deixem viver a feiticeira.
19"Todo aquele que tiver relações sexuais com animal terá que ser executado.
20"Quem oferecer sacrifício a qualquer outro deus, e não unicamente ao Senhor, será destruído. (Êxodo 22.18-20)
 O que atentasse contra a vida e integridade de outra pessoa ou servisse a outros deuses merecia pena de morte. Isto devia servir como exemplo para os outros, não somente para manter a pureza do povo, mas para manter o valor da vida, pois todas estas atitudes citadas são causadoras de morte física, emocional e acima de tudo espiritual.

7 – A pena de morte só podia ser aplicada pelo Estado nunca pelo indivíduo
A Bíblia autoriza a pena de morte? Não há dúvidas que sim. Dificilmente um erudito sério contestará que o texto bíblico é a favor da pena capital para crimes hediondos. Quem questiona é porque interpreta a Bíblia não com critérios hermenêuticos válidos e autênticos, mas com sentimentos humanitários que não deveriam suplantar a autoridade do texto bíblico.
Deus autoriza as autoridades constituídas (não você e eu a fazermos “justiça” com as próprias mãos) a executarem o transgressor por seus crimes, como vemos no Antigo Testamento.
No Novo Testamento, Paulo não argumentou nem a favor, nem contra a pena de morte. Paulo não apelou para sentimentos humanitários, destituídos da lógica bíblica, como o fazem alguns defensores dos “Direitos Humanos”.
Há quem diga que governos corruptos podem cometer injustiças e, por isso, a pena de morte não é recomendável. Paulo em contrapartida, mesmo vivendo na era de dominação do cruel Império Romano, Paulo reconheceu a validade da pena de morte, conforme lemos em Romanos 13.1-4.
espada não é mencionada em Romanos 13:1-5 para dar “palmadinhas no bumbum” de um criminoso, mas para cortar o pescoço, no mínimo.

8 – E o mandamento “não matarás”?
O mandamento “não matarás” (Êx 20:13) foi dado a nível interpessoal, de modo que não contradiz a pena capital que Deus aplicou na sociedade daqueles dias. A melhor tradução para esse texto é “não cometerás homicídio”, ou seja: um ato criminoso. A Bíblia não considera a pena capital um “crime”, mas punição do crime.

9 – O Estado não poderá matar inocentes?
Com certeza! Mas é certo que o Estado irá matar muito, mas muito menos inocentes do que os criminosos matam todos os dias. Em outras palavras, muitos inocentes seriam salvos pelo Estado se criminosos hediondos e estupradores fossem devidamente punidos segundo as Escrituras.
Se apenas os números devem ser considerados, por uma questão de lógica é muito mais prudente e vantajoso punir um criminoso em potencial, mesmo existindo a possibilidade do erro. Pense nas mortes que um estuprador pode causar a vida de várias gerações da pessoa estuprada.
Conclusão: Pessoalmente eu não votaria a favor da pena de morte, entretanto não podemos usar a Bíblia para dizer que Deus a “condena”, pois não temos textos que realmente afirme tal posição. Penso que é mais fácil apoiar biblicamente a pena de morte do que contradizê-la.
Os Estados Unidos da América, um país cristão, tem em sua lei a pena de morte.
Portanto concluímos que sobre este tema cada pessoa é livre para ter sua opinião e devemos respeitar aqueles que pensam diferente de nós, neste tema, visto que a Bíblia não se posiciona contra.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
10/07/2018


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