NÃO EXISTE COMUNIDADE ONDE NÃO EXISTE DISCIPLINA
Objetivo:
Deixar
claro que não conseguimos viver em comunidade se não houver disciplina.
Ao falarmos de
disciplina estamos tratando da ação de Deus em nos fazer aprender e vivermos
debaixo de uma disciplina. Toda disciplina exercida por Deus na história dos
homens, não tem como fim “punir”, mas corrigir ou ensinar, a fim de que todos
possamos viver bem. Ao exercer o juízo, aí sim, Deus tem como fim a punição.
Contexto
de Corinto: A
cidade de Corinto era totalmente depravada. Toda forma de imoralidade e
corrupção tomavam conta da vida cotidiana desta cidade. A cosmovisão da cidade
de Corinto era: hedonista, individualista, pluralista, centrada no prazer e não
em Deus. Esta cosmovisão confrontava totalmente com a cosmovisão do Reino de
Deus. Os coríntios (não os corintianos)
não possuíam disciplina alguma, não tinham uma conduta moral clara.
1 – O Pecado era Aceito Pela Comunidade
1Por toda parte se ouve que há imoralidade entre
vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém de
vocês possuir a mulher de seu pai.
2E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém,
estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso?
3Apesar de eu não estar presente fisicamente,
estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se
estivesse presente.
4Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso
Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder
de nosso Senhor Jesus Cristo,
5entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo
seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor.
6O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que
um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? (1 Coríntios 5.1-6)
Preciso destacar
algumas coisas destes versos para compreendermos a aplicação de uma medida
drástica como essa solicitada por Paulo, de que o irmão fosse expulso da
comunhão.
·
Por toda parte -
A
imoralidade dos irmãos de Corinto já ultrapassará as fronteiras da igreja
local. O pecado acusado por Paulo já não era só conhecido pela igreja local,
nem somente na cidade de Corinto, já tinha viralizado, para outras cidades,
através das postagens no “facepapiro” dos irmãos.
·
Nem entre os pagãos – O grau desta
imoralidade não era aceito nem pelos judeus (Lv 18.8; Dt 22.30) e nem pelos
romanos (que tinham leis de morte para quem cometesse incesto) que compunham a
membresia desta igreja e também da cidade de Corinto, e nem mesmo pelos
coríntios que não pertenciam a igreja.
·
E vocês estão orgulhosos! – Penso que
isso era o mais triste de tudo. A imoralidade deles havia se espalhado, ela não
era aceita nem pelos pagãos, contudo eles estavam orgulhosos de si mesmos.
Parece que este
pecado foi bem aceito por eles. Não por ter viralizado. Acredito que pelo fato
de não compreenderem bem o “amor”. Lembro que os coríntios tinham uma
compreensão de “amor” influenciada fortemente pela deusa Afrodite. “Amor” para
eles estava ligado fortemente à ideia do ato sexual – e neste caso sem o menor
pudor. Sexo era livre.
Paulo sabia que
estava tratando como uma igreja, cujos seus membros provinham de uma vida
promiscua, acostumados a orgias e toda forma de sexo.
2 – Os Crentes de Corinto Viviam Nos Velhos
Costumes
9Vocês não sabem que os perversos (adikos - adikos - injusto) não herdarão o Reino
de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais (porne…a - porneia), nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais
passivos ou ativos,
10nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem
caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.
11Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram
lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo
e no Espírito de nosso Deus. (1 Coríntios 6.9-11).
·
Assim foram alguns de vocês – Quando os
coríntios se convertiam ao Evangelho de Cristo, acabavam trazendo para dentro
da vida da igreja a falta de conduta moral. O apóstolo Paulo tenta em sua
primeira carta corrigir esse problema convocando-os para viverem uma vida
espiritual disciplinada (consistente com o que aprenderam de Cristo).
Contudo é
perceptível que eles ainda eram hedonista (conduzidos pelo prazer), individualistas
(pensavam em si somente – isso é demonstrado no uso dos dons), pluralistas
(aceitavam as diversas formas de culto) e secularistas (não davam muito ouvido
a palavra de Deus aprendida). Pelo que podemos ver alguns ainda viviam na
imoralidade.
15Vocês não sabem que os seus corpos são membros de
Cristo? Tomarei eu os membros de Cristo e os unirei a uma prostituta? De modo
nenhum!
16Vocês não sabem que aquele que se une a uma
prostituta é um corpo com ela? Pois, como está escrito: "Os dois serão uma
só carne".
17Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele.
18Fujam da imoralidade sexual. (1
Coríntios 6.15-18a).
Por isso ele
toma uma atitude radical com relação ao membro que estava vivenciando o incesto.
Paulo condena veementemente aquele que
estava em incesto, pois a igreja se sentia orgulhosa, quando deveria ter se
entristecido, o que nos mostra que facilmente essa igreja se perderia na
imoralidade, uma vez, que seus membros provinham de uma vida imoral e sem
regras.
3 – O Juízo Promoveu Disciplina na Vida da
Comunidade
No meu entender,
Paulo, não disciplina o irmão, mas executa uma sentença de juízo, buscando
salvar a igreja de Corinto de um perigo eminente.
3bE
já condenei aquele que fez isso.
5entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo
seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor.
6O
orgulho de vocês não é bom. Vocês
não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? (1 Coríntios 5.3b,5,6).
A intenção de
Paulo não era ensinar, mas aplicar juízo com o fim de conter o mal que já
pairava sobre a igreja. Portanto, em meu ver, não podemos usar este texto para
defendermos a doutrina da disciplina sobre um individuo, talvez uma disciplina
para a comunidade, assim como a história de Acã.
A expectativa de
Paulo era que o juízo provocasse um medo nos demais irmãos, fazendo-os frear
diante qualquer intenção de prestar culto aos moldes dos cultos a Afrodite e
passassem a temer a Deus. Pelo que escreve em sua segunda carta, parece que o
resultado foi alcançado. A comunidade de Corinto se tornou disciplinada. A
disciplina promove vida.
8Mesmo que a minha carta lhes tenha causado
tristeza, não me arrependo. É verdade que a princípio me arrependi, pois
percebi que a minha carta os entristeceu, ainda que por pouco tempo. 9 Agora,
porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza
os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e
de forma alguma foram prejudicados por nossa causa.
9A tristeza segundo Deus produz um arrependimento
que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte.
10Vejam o que esta tristeza segundo Deus produziu
em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade,
que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram
inocentes a esse respeito. (2 Coríntios 7.8-10)
Conclusão:
Olhando o juízo aqui
aplicado podemos aprender três coisas:
·
Primeiro ensino - pecado é motivo de vergonha. Não tenham orgulho do pecado. Deveríamos
nos entristecer diante qualquer pecado. Uma vez conscientes de que pecamos,
deveríamos gemer de tristeza, pois fomos chamados para vivermos em santidade.
Só o existir pecado em nosso meio deveria produzir em nós vergonha.
A comunidade deveria chorar, depois
chamar o irmão e admoestá-lo em amor. A igreja não agiu segundo o ensino de
Jesus narrado por Mateus (Mt 18.15-20). Pelo contrário eles se orgulharam do
que estava acontecendo. O que nos mostra que eles ainda cultuavam com a
mentalidade dos cultos prestados a Afrodite.
Aqueles
que vivem em pecado e se orgulham disso, não compreenderam o sacrifício de
Cristo e nem o estrago que o pecado causou em toda criação. O que demonstra a
carnalidade e imaturidade espiritual dos irmãos.
·
Segundo ensino - Deus tem limite. Embora Deus seja longânimo, sua
longanimidade tem limites. Não podemos pensar que viveremos na impunidade, como
pensam alguns políticos de nosso país. Um dia Deus irá julgar a todos nós.
Somente aqueles que estão em Cristo Jesus serão salvos, pois para estes não há
condenação, uma vez que Jesus pagou o preço de nossos pecados.
Todos nascemos desconectados de Deus,
por isso nascemos no pecado. Somos frutos do desejo do ser humano ser
autossuficiente, autoconsciente e autossustentável. Entretanto este desejo condenou todos nós a
vivermos a eternidade separados de Deus.
Sem
Deus não a vida. Viveremos eternamente num vazio sem vida, num nada absoluto,
isto porque não somos autossuficientes, não somos autoconscientes e não somos
autossustentáveis. Não temos vida própria, dependemos inteiramente de Deus para
existir. Somente se conectando a Jesus Cristo estaremos ligados a Deus e dele
receberemos vida para todo sempre.
·
Terceiro ensino - uma vez salvo, salvo está. Paulo afirma que o culpado deveria ser
entregue a Satanás. Paulo, entendo eu, está fazendo referência a Roma. Satanás
é aquele que governa sob os sistemas políticos de nossa era. Este irmão estaria
sujeito à lei romana e poderia ser condenado à morte, por isso seu corpo seria
destruído. Entretanto seu espírito seria salvo.
É maravilhoso saber que, ainda que,
Satanás possa destruir nosso corpo, ainda que a doença possa destruir nosso
corpo, ainda que possamos ser vencido pelo pecado neste mundo e pela morte,
nada pode nos separar de Deus. Uma vez em Cristo, a vitória final já está
garantida a nós. Cristo já venceu! Nele também vencemos. Portanto uma vez
salvo, salvo você está.
O
que nos assegura a salvação não é ter o nome no livro de rol de membros de uma
igreja, mas estar em Cristo. Quem está em Cristo tem o nome no Livro da Vida,
ninguém pode apagar.
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
12/08/2018
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