Translate

terça-feira, 14 de agosto de 2018

SERMÕES 38 - NÃO EXISTE COMUNIDADE ONDE NÃO EXISTE DISCIPLINA


NÃO EXISTE COMUNIDADE ONDE NÃO EXISTE DISCIPLINA

Objetivo: Deixar claro que não conseguimos viver em comunidade se não houver disciplina.

Ao falarmos de disciplina estamos tratando da ação de Deus em nos fazer aprender e vivermos debaixo de uma disciplina. Toda disciplina exercida por Deus na história dos homens, não tem como fim “punir”, mas corrigir ou ensinar, a fim de que todos possamos viver bem. Ao exercer o juízo, aí sim, Deus tem como fim a punição.

Contexto de Corinto: A cidade de Corinto era totalmente depravada. Toda forma de imoralidade e corrupção tomavam conta da vida cotidiana desta cidade. A cosmovisão da cidade de Corinto era: hedonista, individualista, pluralista, centrada no prazer e não em Deus. Esta cosmovisão confrontava totalmente com a cosmovisão do Reino de Deus. Os coríntios (não os corintianos) não possuíam disciplina alguma, não tinham uma conduta moral clara.


1 – O Pecado era Aceito Pela Comunidade
1Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém de vocês possuir a mulher de seu pai.
2E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso?
3Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente.
4Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo,
5entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor.
6O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? (1 Coríntios 5.1-6)
Preciso destacar algumas coisas destes versos para compreendermos a aplicação de uma medida drástica como essa solicitada por Paulo, de que o irmão fosse expulso da comunhão.
·         Por toda parte - A imoralidade dos irmãos de Corinto já ultrapassará as fronteiras da igreja local. O pecado acusado por Paulo já não era só conhecido pela igreja local, nem somente na cidade de Corinto, já tinha viralizado, para outras cidades, através das postagens no “facepapiro” dos irmãos.
·         Nem entre os pagãos O grau desta imoralidade não era aceito nem pelos judeus (Lv 18.8; Dt 22.30) e nem pelos romanos (que tinham leis de morte para quem cometesse incesto) que compunham a membresia desta igreja e também da cidade de Corinto, e nem mesmo pelos coríntios que não pertenciam a igreja.
·         E vocês estão orgulhosos! – Penso que isso era o mais triste de tudo. A imoralidade deles havia se espalhado, ela não era aceita nem pelos pagãos, contudo eles estavam orgulhosos de si mesmos.
Parece que este pecado foi bem aceito por eles. Não por ter viralizado. Acredito que pelo fato de não compreenderem bem o “amor”. Lembro que os coríntios tinham uma compreensão de “amor” influenciada fortemente pela deusa Afrodite. “Amor” para eles estava ligado fortemente à ideia do ato sexual – e neste caso sem o menor pudor. Sexo era livre. 
Paulo sabia que estava tratando como uma igreja, cujos seus membros provinham de uma vida promiscua, acostumados a orgias e toda forma de sexo.

2 – Os Crentes de Corinto Viviam Nos Velhos Costumes
9Vocês não sabem que os perversos (adikos - adikos - injusto) não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais (pornea - porneia), nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos,
10nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.
11Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus. (1 Coríntios 6.9-11).
·           Assim foram alguns de vocês – Quando os coríntios se convertiam ao Evangelho de Cristo, acabavam trazendo para dentro da vida da igreja a falta de conduta moral. O apóstolo Paulo tenta em sua primeira carta corrigir esse problema convocando-os para viverem uma vida espiritual disciplinada (consistente com o que aprenderam de Cristo).
Contudo é perceptível que eles ainda eram hedonista (conduzidos pelo prazer), individualistas (pensavam em si somente – isso é demonstrado no uso dos dons), pluralistas (aceitavam as diversas formas de culto) e secularistas (não davam muito ouvido a palavra de Deus aprendida). Pelo que podemos ver alguns ainda viviam na imoralidade.
15Vocês não sabem que os seus corpos são membros de Cristo? Tomarei eu os membros de Cristo e os unirei a uma prostituta? De modo nenhum!
16Vocês não sabem que aquele que se une a uma prostituta é um corpo com ela? Pois, como está escrito: "Os dois serão uma só carne".
17Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.
18Fujam da imoralidade sexual. (1 Coríntios 6.15-18a).
Por isso ele toma uma atitude radical com relação ao membro que estava vivenciando o incesto.  Paulo condena veementemente aquele que estava em incesto, pois a igreja se sentia orgulhosa, quando deveria ter se entristecido, o que nos mostra que facilmente essa igreja se perderia na imoralidade, uma vez, que seus membros provinham de uma vida imoral e sem regras.

3 – O Juízo Promoveu Disciplina na Vida da Comunidade
No meu entender, Paulo, não disciplina o irmão, mas executa uma sentença de juízo, buscando salvar a igreja de Corinto de um perigo eminente.
3bE já condenei aquele que fez isso.
5entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor.
6O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? (1 Coríntios 5.3b,5,6).
A intenção de Paulo não era ensinar, mas aplicar juízo com o fim de conter o mal que já pairava sobre a igreja. Portanto, em meu ver, não podemos usar este texto para defendermos a doutrina da disciplina sobre um individuo, talvez uma disciplina para a comunidade, assim como a história de Acã.
A expectativa de Paulo era que o juízo provocasse um medo nos demais irmãos, fazendo-os frear diante qualquer intenção de prestar culto aos moldes dos cultos a Afrodite e passassem a temer a Deus. Pelo que escreve em sua segunda carta, parece que o resultado foi alcançado. A comunidade de Corinto se tornou disciplinada. A disciplina promove vida.
8Mesmo que a minha carta lhes tenha causado tristeza, não me arrependo. É verdade que a princípio me arrependi, pois percebi que a minha carta os entristeceu, ainda que por pouco tempo. 9 Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa.
9A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte.
10Vejam o que esta tristeza segundo Deus produziu em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade, que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram inocentes a esse respeito. (2 Coríntios 7.8-10)

Conclusão:
Olhando o juízo aqui aplicado podemos aprender três coisas:
·         Primeiro ensino - pecado é motivo de vergonha. Não tenham orgulho do pecado. Deveríamos nos entristecer diante qualquer pecado. Uma vez conscientes de que pecamos, deveríamos gemer de tristeza, pois fomos chamados para vivermos em santidade. Só o existir pecado em nosso meio deveria produzir em nós vergonha.
A comunidade deveria chorar, depois chamar o irmão e admoestá-lo em amor. A igreja não agiu segundo o ensino de Jesus narrado por Mateus (Mt 18.15-20). Pelo contrário eles se orgulharam do que estava acontecendo. O que nos mostra que eles ainda cultuavam com a mentalidade dos cultos prestados a Afrodite.
Aqueles que vivem em pecado e se orgulham disso, não compreenderam o sacrifício de Cristo e nem o estrago que o pecado causou em toda criação. O que demonstra a carnalidade e imaturidade espiritual dos irmãos.
·         Segundo ensino - Deus tem limite. Embora Deus seja longânimo, sua longanimidade tem limites. Não podemos pensar que viveremos na impunidade, como pensam alguns políticos de nosso país. Um dia Deus irá julgar a todos nós. Somente aqueles que estão em Cristo Jesus serão salvos, pois para estes não há condenação, uma vez que Jesus pagou o preço de nossos pecados.
Todos nascemos desconectados de Deus, por isso nascemos no pecado. Somos frutos do desejo do ser humano ser autossuficiente, autoconsciente e autossustentável.  Entretanto este desejo condenou todos nós a vivermos a eternidade separados de Deus.
Sem Deus não a vida. Viveremos eternamente num vazio sem vida, num nada absoluto, isto porque não somos autossuficientes, não somos autoconscientes e não somos autossustentáveis. Não temos vida própria, dependemos inteiramente de Deus para existir. Somente se conectando a Jesus Cristo estaremos ligados a Deus e dele receberemos vida para todo sempre.
·         Terceiro ensino - uma vez salvo, salvo está. Paulo afirma que o culpado deveria ser entregue a Satanás. Paulo, entendo eu, está fazendo referência a Roma. Satanás é aquele que governa sob os sistemas políticos de nossa era. Este irmão estaria sujeito à lei romana e poderia ser condenado à morte, por isso seu corpo seria destruído. Entretanto seu espírito seria salvo.
É maravilhoso saber que, ainda que, Satanás possa destruir nosso corpo, ainda que a doença possa destruir nosso corpo, ainda que possamos ser vencido pelo pecado neste mundo e pela morte, nada pode nos separar de Deus. Uma vez em Cristo, a vitória final já está garantida a nós. Cristo já venceu! Nele também vencemos. Portanto uma vez salvo, salvo você está.
O que nos assegura a salvação não é ter o nome no livro de rol de membros de uma igreja, mas estar em Cristo. Quem está em Cristo tem o nome no Livro da Vida, ninguém pode apagar.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
12/08/2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário