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terça-feira, 28 de agosto de 2018

SERMÕES 40 - UMA MESA PARA TODOS


UMA MESA PARA TODOS
1 Coríntios 11.17-28

Objetivo: Conduzir a igreja a participar da Ceia do Senhor dignamente, em unidade.

INTRODUÇÃO: Corinto era uma cidade portuária e um rico centro comercial. A cidade ostentava um teatro ao ar livre com capacidade para 20.000 espectadores. Corinto possuía uma população que incluía gregos, romanos, judeus e orientais e exibia, com orgulho, o templo de Afrodite com suas 1.000 prostitutas. A condição imoral de Corinto é vividamente percebida no fato de que o termo grego “Korintianizomai” (lit. agir como um coríntio) adquiriu o sentido de “cometer fornicação”. Corinto era notória por tudo que era pecaminoso.
O evangelho foi pregado em Corinto pela primeira vez por Paulo (At 18), em sua segunda viagem missionária (A.D. 50).
Os problemas aparecidos no culto daquela igreja têm semelhanças extraordinárias com os problemas litúrgicos que a igreja do século XXI, ou pelo menos boa parte dela, enfrenta. A igreja de Corinto vivia um momento de grande efervescência espiritual. Porém a igreja de Corinto não era conhecida somente pela riqueza dos seus dons, mas também pela abundância dos seus problemas. Ela não ficava atrás de nenhuma outra igreja neotestamentária quanto à presença e manifestações dos dons espirituais, porém, a todas adiantava-se em carnalidade e infantilidade.
O espírito faccioso que permeava a comunidade havia afetado profundamente as suas reuniões. Em nenhuma parte do culto isso ficava mais evidente do que na celebração da Ceia do Senhor. Vamos olhar para alguns aspectos da Ceia do Senhor.


1 – Quando Era Celebrada a Ceia do Senhor?
Não temos um texto bíblico que afirme com clareza em que espaço de tempo eles se reuniam para celebrar a Ceia do Senhor. Contudo os teólogos e historiadores acreditam que os cristãos do período apostólico, que participavam de uma mesma igreja local, tinham o costume de reunir-se, pelo menos uma vez por semana, para comerem juntos, e durante a refeição celebravam a Ceia. Eventualmente, essas refeições comunais vieram a ser conhecidas como “ágape”, da palavra grega “amor”, e tornaram-se uma prática regular nas igrejas cristãs espalhadas pelo mundo.
Aparentemente, o alvo destas festas “ágapes” era a comunhão cristã, o compartilhar de alimentos entre os mais pobres e, especialmente, lembrar-se dos ensinos do Senhor Jesus e reafirmar sua morte e ressurreição pelo pão e pelo vinho.
Por causa de abusos a festa do “ágape” foi separada da celebração da Ceia do Senhor a partir do século II. A festa do “ágape” desapareceu ao final do século VII da Igreja Cristã, ao ser proibido pelo Concílio de Cartago.

2 – O Que Significava Comer o Pão e Beber o Cálice Indignamente?
17 Entretanto, nisto que lhes vou dizer (paraggello – parangellō - acusar) não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem.
18 Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões (sxsma – schisma = cisma – rasgo como de um vestido) entre vocês, e até certo ponto eu o creio. (1 Coríntios 11.17,18)
Paulo ao referir-se a celebração da Ceia do Senhor diz que nisso não podia louvá-los. Paulo está descontente pela maneira como eles estavam realizando a celebração da Ceia.  Paulo chega a dizer que a reunião deles para o “ágape” resultava em mais problemas do que bênçãos. Desta forma Cristo era desonrado. Se o amor era a prova de que eles eram discípulos de Jesus, a falta de amor entre eles testemunhava contra o próprio Cristo que eles anunciavam.
20 Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor,
21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar (prolambnw – prolambano – comer antes que os outros tenham a oportunidade) pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.
22 Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não! (1 Coríntios 11.20-22)
É perceptível pelas palavras do apóstolo Paulo que a falta de fraternidade entre eles e a falta de reverência na celebração da Ceia, reverência para com o Corpo de Cristo, isto é, com os membros deste corpo, com os irmãos; isto os tornava indignos de participar da mesa do Senhor.
Isto significa dizer que não são os pecados que cometemos em nossos atos falhos, que nos tornam indignos, pois foi exatamente por estes que Cristo morreu, e a Ceia nos foi dada para nos lembrarmos disso: Cristo pagou o preço de todos os nossos pecados.
O que nos torna indignos de participar da Ceia do Senhor é a atitude de desprezo para com nossos irmãos. É a insistência em não compartilhar a vida com o outro. Não se pode beber do mesmo cálice e comer do mesmo pão sem se tornar um com o outro. No cristianismo não existe mais o “eu”, só Cristo. Todos existimos para Ele. Só Ele é. Só Ele diz “Eu Sou”.
No reino de Deus existe apenas uma mesa, onde todos são chamados para participar desta mesa. Não existe uma mesa para cada denominação, para cada grupo ou para cada pessoa. A mesa é compartilhada por todos. Tudo que está sobre a mesa é para todos e de todos.
O problema dos coríntios é que eles se reuniam, mas permaneciam na individualidade. Não se tornavam uma comunidade. Existia um individualismo no centro de suas reuniões. Parece estranho falarmos de reunião e individualismo ao mesmo tempo. Mas eles agiam como uma pessoa que vai ao estádio assistir seu time do coração. Ele vai sozinho, torce sozinho, embora esteja cercado por uma multidão. Você pode estar na multidão, mas continuar sozinho. Os irmãos de Corinto se reunião, mas não se uniam. Cada um tomava sua própria Ceia e desta forma desonravam a obra que Cristo fez na cruz. Quando eu desprezo o outro, eu desprezo a Cristo.
Participar da mesa do Senhor sem disposição de compartilhar os recursos que o Senhor tem dado a você, com aqueles que necessitam, é participar de forma indigna de sua mesa. Quem participa da mesa do Senhor precisa saber que o “pão é nosso”, não é seu e nem meu, é nosso.
Viver em Cristo é viver em comunidade, não existe espaço para o individualismo. Viver em Cristo é ser parte de algo maior do que nós mesmos, não existe espaço para o egoísmo. Viver em Cristo é ser cristocêntrico, não existe espaço para ensimesmar.
Precisamos discernir o verdadeiro significado da celebração da Ceia do Senhor. Como celebrar a Ceia do Senhor de forma digna?

3 – Celebrar a Ceia de forma digna
23 Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão
24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim".
25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim".
26 Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha. (1 Coríntios 11.23-26)
Ao repartir o pão, Jesus disse: “isto é o meu corpo que é dado por vós...”. O pão simboliza o alimento, a vida e desta forma todos nos alimentamos de Jesus Cristo e recebemos dele vida. O pão sendo repartido simboliza que Cristo foi distribuído entre nós, que ele se faz presente em cada um de nós e que juntos formamos seu corpo.
Foi necessário que Cristo derramasse seu sangue como (propiciação) pagamento dos meus e dos seus pecados. O sangue de Jesus nos justificou e nos tornou santos diante de Deus. O sacrifício de Cristo nos tornou membros do mesmo corpo, filhos do mesmo Pai, servos do mesmo Senhor, portanto em Cristo somos um. A Ceia do Senhor nos aponta para a unidade em Cristo.
Jesus morreu para que fossemos um, para que vivêssemos além de nós mesmos, vivêssemos olhando para o outro, amando o nosso próximo como a nós mesmos. Quando vivemos olhando somente para nós, para nossas necessidades, não manifestamos o amor de Deus e demonstramos que não compreendemos o significado da cruz.
Um culto verdadeiramente espiritual, entre outras coisas, é o que promove condições para que os crentes se aproximem da mesa do Senhor lúcidos, sóbrios, aptos para discernir o que estão fazendo, devidamente instruídos quanto ao sentido da Ceia e capazes de dela participar de forma digna.
Celebrar a Ceia de forma digna é celebrá-la olhando para Cristo e olhando para o próximo. Participar da mesa do Senhor com entendimento é participar na expectativa de ver o outro participando junto com você, não importa onde ele esteja e de onde ele veio. Assentar-se na mesa do Senhor de forma digna é assentar-se estendendo a mão para que outros também se sentem e desfrutem da bênção oferecida por Cristo Jesus através de Sua graça.  
Celebrar a Ceia de forma digna é celebrá-la com o coração disposto a oferecer o seu lugar na mesa para que o outro, a quem considera menos digno, se assente em seu lugar. Isso é viver em comunidade. Somente com esse espírito poderemos experimentar a unidade desejada por Cristo.

CONCLUSÃO: 28 Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice. (1 Coríntios 11.28)
1 - Faça um exame de consciência: Assegure-se que sua atitude está correta ao tomar lugar na mesa do Senhor. Você não pode ser indiferente aos seus irmãos e aos que estão fora da graça. Cabe a mim e a você trazê-los para participar da mesa do Senhor.
2 - Convide seus amigos, familiares e colegas de trabalho para participarem da mesa do Senhor: Jesus nos mandou sair e convidar todas as pessoas para participar do Seu Reino. Todos são chamados para fazerem parte desta comunidade, não cabe a mim e nem a você escolher aqueles que devem participar na mesa. Nosso dever é unicamente de convidar.
3 – Aceite Jesus como seu Salvador: Se você ainda não aceitou o convite de Jesus para participar de Sua mesa, hoje é tempo de tomar esta decisão. Creia no seu sacrifício. Ele deu sua vida por nós. Por isso comemos o pão, pois este simboliza a vida de Cristo. Se não nos alimentarmos de Cristo estaremos condenado a morte eterna. Jesus derramou seu sangue, que propiciou o perdão de nossos pecados. Não existe mais condenação para os que creem, pois mediante a fé nos tornamos participantes da graça que nos foi dada na cruz.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
26/08/2018

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