SERMÕES 54 - NATAL: UM ATO DE CORAGEM

NATAL: UM ATO DE CORAGEM

Objetivo: Mostrar o amor de Deus por nós seres humanos.

Trailer do Filme: Um Ato de Coragem – John Q. Archibald é um homem comum que trabalha em uma fábrica e vive feliz com sua esposa Denise e seu filho Michael. Até que o filho de John precisa com urgência de um transplante de coração. Sem ter condições de pagar pela operação e como o plano de saúde de sua família não cobria tais gastos, John se vê numa luta contra o tempo pela sobrevivência de seu filho. Desesperado por não ter condições de pagar pela cirurgia, ele toma como refém toda a Emergência de um hospital, passando a discutir uma solução com um chefe de polícia.

John é um pai disposto a correr riscos inacreditáveis para salvar seu filho Michael. Um homem comum levado a fazer algo que normalmente não faria, movido tão somente pelo amor que sente pelo filho.

A história do Natal também fala de um Deus que pratica alguns atos corajosos para salvar toda sua criação, todo o universo que havia criado. Sem dúvida alguma a salvação de toda criação é movida pelo amor, e busca resgatar a maior de todas as suas obras – o ser humano – a quem fizera sua própria imagem e semelhança. Mas eu quero começar esta história do seu inicio, assim como fez o apóstolo João.

1 – UM ATO DE CORAGEM: A CRIAÇÃO

1 No princípio era (ἦν) aquele que é a Palavra (logos). Ele estava com Deus, e era (ἦν) Deus. 2 Ela estava com Deus no princípio. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. 4 Nele estava a vida, e esta era (ἦν) a luz dos homens. (João 1.1-4)

João começa seu livro anunciando a preexistência de Jesus o Cristo. Ele é o único autor a fazer isso – “No princípio era aquele que é a Palavra - Logos”.

Logos se refere “a inteligência criativa” ou “a palavra criativa”. João se refere a Jesus dessa forma. Ele é a inteligência, a palavra que estava com Deus e era Deus, e por meio dEle foi criado todas as coisas.

O verbo ἦν (ēn) é encontrado em cada caso em que a pessoa de Jesus Cristo é mencionada no seu estado eterno de ser – Ele é o logos, é Deus e é luz.

João diz que “sem Ele, nada do que existe teria sido feito”. Se não fosse pela intermediação de Jesus não estaríamos aqui hoje. Não existiríamos se não fosse pela vontade e pelo poder criativo de Jesus, o logos.

Deus demonstrou sua coragem ao decidir criar. É preciso coragem para criar. É mais fácil viver no conformismo, deixar como está, não mexer em nada. Se arriscar para que? Ao criar algo eu dedico energia, tempo, inteligência e amor ao que estou criando. Estabeleço com minha criação uma relação; o que me torna vulnerável.

Ao criarmos algo nos colocamos em uma posição de risco, pois nossa criação pode dar certo, ou não! Isso diz respeito à criação tecnológica, no campo da medicina, da indústria de cosméticos, ou bélica. Cientistas colocam seu nome e reputação em risco quando ousam criar algo. Mas também vivemos essa realidade na geração ou adoção de um filho, na construção de uma amizade, ou de uma vida a dois.

Deus foi corajoso ao criar todo o universo e criar o ser humano, a sua imagem e semelhança. Isto é, criar um ser capaz de pensar e tomar decisões por si mesmo, e dar a este ser, chamado homem, a tarefa de cuidar de sua criação.

O amor nos dá coragem para nos colocarmos numa posição vulnerável em prol do outro. O amor foi capaz de fazer Deus se arriscar na criação de um ser que poderia errar, como de fato aconteceu. O amor fez com que Deus acreditasse no ser humano antes mesmo de cria-lo e por isso estamos aqui. O amor faz com que Deus continue acreditando em mim e em você. Por nos amar o Natal foi seu segundo ato de coragem. Deus encarnou.

2 – UM ATO DE CORAGEM: A ENCARNAÇÃO

O apóstolo afirma que o logos, esse ser inteligente que criou todas as coisas (todo o universo, toda a vida) se tornou homem e veio habitar no meio dos homens.

10 Aquele que é a Palavra (logos) estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. 11 Veio para o que era seu (ἴδια - possui), mas os seus (ἴδιοι - próprio) não o receberam. (João 1.10-11)

Aquele que criou o mundo, que criou o ser humano não foi reconhecido por sua criação. Ele veio para o que é seu próprio, para sua propriedade, mas foi rejeitado por aqueles que a Ele pertence.

14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. (João 1.14a)

Ele, o logos, não veio em espírito, não veio de forma etérea, celestial, mas em carne. João esta afirmando que Jesus veio em carne e osso como nós. Deus o Criador se fez homem.

O Natal é a comemoração deste momento em que Deus se fez carne e habitou entre nós em forma humana. Todos os anos quando celebramos o Natal estamos relembrando que Jesus Cristo, nosso Salvador é Deus que se fez homem por amor a humanidade.

A encarnação exigiu de Jesus coragem. Jesus Cristo sendo Deus tornou-se homem. Jesus sendo Todo-poderoso se fez frágil e limitado. O apóstolo Paulo escreve a encarnação da seguinte forma:

5 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, 6 que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! (Filipenses 2.5-8)

O que mais me impressiona neste texto de Paulo é o fato de que Jesus sendo Deus não considerou o ser igual a Deus algo a qual ele deveria se agarrar. Homens hoje se agarram a títulos, a um status financeiro e ao poder. Aquele que tinha por direito a maior honra, a maior riqueza e todo poder, pois tudo que existe foi criado por Ele, abriu mão de tudo para se identificar comigo e com você. Jesus nos amou de tal forma que se esvaziou de sua divindade para se tornar semelhante a nós e desta forma poder prover a nós um caminho de salvação.

Somente o amor pode explicar a encarnação. Somente um Deus pleno de amor é capaz de abrir mão de Sua glória e descer para se relacionar com sua criação se tornando como ela.

Viver nossas dores, sentir nossas perdas, chorar nossas derrotas, sangrar por nossos pecados. Só o amor pode explicar a coragem de Deus para se tornar carne como nós e habitar no meio de nós.

Deus veio ao mundo, em carne, para morrer em nosso lugar e dessa forma compartilhar da sua vida conosco. Este é o terceiro ato de coragem que dá verdadeiro sentido ao Natal.

3 – UM ATO DE CORAGEM: A CRUCIFICAÇÃO

8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! 9 Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, (Filipenses 2.5-9)

O apóstolo Paulo não só diz que Jesus se tornou homem, que se humilhou a si mesmo assumindo a forma de servo, pois o homem é “servo” e foi criado para servir a Deus, como também foi obediente a toda Lei e a toda vontade do Pai. A obediência de Jesus o levou à morte de cruz e somente depois a exaltação lhe foi dada por Deus.

Jesus viveu buscando servir aos desejos de Deus e não buscando a glória para si. A exaltação veio como recompensa do cumprimento de sua missão.

Antes de qualquer exaltação do homem por parte de Deus existe a cruz. Isso significa que aqueles que desejam a glória e a exaltação precisam primeiramente morrer para si mesmos, para que no tempo oportuno, Deus o exalte. Devemos viver para cumprir o propósito de Deus revelado a nós, e não buscarmos a exaltação; essa um dia virá se não a buscarmos. Aquele que vive em busca dela, certamente a perderá.

A crucificação é um método de pena de morte no qual a vítima é amarrada ou pregada em uma viga de madeira e pendurada durante vários dias até a eventual morte por exaustão e asfixia.

Jesus, o Logos, o Deus Criador de todo universo, o Autor de toda vida, por amor ao Pai e ao Espírito Santo, e também por mim e a você se sujeitou a morte de cruz para que eu e você tivéssemos vida eterna. Este foi um ato sem dúvida de coragem, movido por um amor imensurável.

16 "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. 18 Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. (João 3.16-18)

Segundo as palavras de João, Jesus veio para salvar e não condenar. Jesus não irá te condenar. Ele não veio para te condenar. Você mesmo é que irá se condenar se não crer. Deus apenas irá aplicar a sentença de sua própria escolha. Ele te ofereceu a salvação, ele te deu vida, ele se fez carne por você e morreu na cruz para que seus pecados fossem perdoados. Se você crer Nele, se render a Ele, aceitando-o como o Senhor e Salvador de sua vida, será salvo. Caso contrário será condenado. Você escolhe?

Jesus teve coragem para suportar toda dor da cruz em seu lugar. Jesus teve coragem para sangrar e morrer na cruz em seu lugar.

Conclusão: No filme “Um Ato de Coragem”, o personagem John Q. Archibald teve coragem para tomar toda emergência do hospital como refém, estava pronto para tirar sua própria vida para que seu coração fosse dado a seu filho. Ele fez loucuras para salvar seu filho Michael.

Deus fez muito mais para salvar você e a mim.

·      Deus teve coragem para criar você. Isso significa que Ele tem por você um profundo amor e nutre um desejo enorme de ter um relacionamento profundo com você. Deus quer compartilhar da vida dEle com você. Só depende de você.

·      Deus teve coragem de encarnar, de se tornar homem, para que você pudesse conhecê-lo. Deus teve coragem de viver entre nós, mesmo sabendo que nós não O reconheceríamos e O rejeitaríamos. Mesmo assim não desistiu de nós. Não desistiu de você, nem de mim.

·      Deus teve coragem de morrer numa cruz por mim e por você. Ele suportou na cruz a maior de todas as dores que Ele poderia suportar por amor a nós. Ele suportou o rompimento por um momento da glória vivida na comunhão com o Pai e o Espírito Santo. Jesus precisou abrir mão da comunhão com Deus e se fazer pecado por nós.

Deus teve coragem de fazer tudo isso por você. Minha pergunta é: Que atos de coragem você esta disposto a fazer por Deus?

O Natal é resultado de diversos atos de coragem de Deus para com o homem. Sem estes atos não haveria Natal. Portanto o Natal é um convite para que você tenha atos de coragem para com outras pessoas. Seus atos de coragem produziram nova vida em todos que possuem um relacionamento com você. Tenha atos de coragem:

Atos de criação: Crie amizades, relacionamentos profundos com o outro. Se envolva em grupos pequenos, se envolva em um ministério. Crie pontes que te aproxime do outro sem julgar e sem condenar. Esteja disposto a se arriscar, a acreditar que o outro pode se tornar melhor a partir do amor que você irá investir nele. Invista em relacionamentos.

Atos de encarnação: Desça do seu pedestal para conhecer o outro. Abra mão de seus conceitos e pré-conceitos já estabelecidos para pode iniciar um diálogo com aquele que você julga ou pensa ser chato, metido, etc. Tente conhecer o outro, busque conhecer sua história. Esvazie-se de si mesmo, humilhe-se a si mesmo em prol de construir uma nova amizade ou de restaurar amizades que foram quebradas. Cristianismo é ir em direção ao outro, esvaziando-se de si mesmo e humilhando-se a si mesmo para que o outro se encontre com você e se torne um com você.

Atos de crucificação: Suporte um pouco de dor em prol da unidade da igreja, pois esta é a vontade de Deus. Esteja pronto para sangrar se necessário por amor àquele que ainda não tem a maturidade que você gostaria que ele tivesse. Bem possivelmente você também não tem a maturidade que ele gostaria que você tivesse. Vá para a cruz e possivelmente você descobrirá que não está na cruz sozinho.

Deus te abençoe para que sua vida seja repleta de Atos de Coragem.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

02/12/2018