HUMILDES COMO CRISTO
Tema do ano: Hoje
estamos lançando o nosso tema do ano: Como Cristo. Nosso desejo é olhar para
Jesus Cristo como nosso exemplo máximo. Queremos possuir a mesma atitude de
Jesus Cristo, desejamos nos tornar imitadores de Jesus, viver como Ele viveu.
Este tema “Como Cristo” nasceu deste propósito. Nossa expectativa como igreja é
que você abrace essa ideia conosco e se esforce o máximo que puder para se
tornar como Cristo. Nosso versículo chave do ano se encontra na carta aos
filipenses.
5 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, (Filipenses 2.5)
Contexto: Paulo escreve
estas palavras para resolver o problema da desunião da igreja de Filipos. O
apóstolo apresenta a vida de Cristo como o exemplo máximo que a igreja deveria
seguir. A busca de solucionar o problema existente entre os irmãos filipenses
levou Paulo a uma reflexão sobre o esvaziamento de Jesus como Deus, que mais
tarde se tornou uma doutrina, a doutrina da humilhação de Cristo (kenosis).
Mas qual é a atitude de Cristo que devemos imitar neste
texto? Para responder a esta pergunta precisamos ler os próximos versos do
texto.
5 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, 6 que, embora sendo Deus, não considerou que o ser
igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo,
tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se
a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! (Filipenses 2.5-8)
A atitude central do texto a que Paulo está se referindo de
Jesus, é a humildade. Paulo está nos chamando para sermos humildes como Cristo.
Contudo a humildade dentro deste contexto é caracterizada por uma diversidade
de atitudes. Iremos destacar algumas destas atitudes conforme elas aparecem nos
versos.
1 – HUMILDADE
É A DISPOSIÇÃO EM ABRIR MÃO DOS DIREITOS QUE LHE PERTENCE PARA O BEM MAIOR DE
TODOS
6 ..., embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus
era algo a que devia apegar-se; (Filipenses 2.6)
Gostaria de destacar algumas verdades deste texto para que
possamos compreender do que Cristo estava abrindo mão.
·
“Embora sendo (huparchō) Deus” – A palavra “sendo” é a palavra grega “Øparxw” (huparchō) que significa “começar a existir”.
Paulo está dizendo que Jesus Cristo já existia como Deus. Ele está afirmando a
existência de Cristo na forma de Deus antes de sua existência na forma humana. Jesus
é co-eterno, co-igual e co-substancial com o Pai.
·
“Embora sendo em forma (morphē) de Deus” – Em nossa versão NVI a
palavra “forma” foi tirada do texto, com o fim de expressar a afirmação do
apóstolo Paulo de forma clara e direta – “embora Jesus sendo Deus”. Contudo a
palavra “forma”, do grego morf» (morphē)
é muito significativa para nós, pois ela trata da natureza de Jesus. Em outras
palavras Jesus é em sua essência “Deus”. Morphe fala da forma que não pode ser
alterada, que não pode ser abandonada, pois é essência absoluta do ser. Jesus é
divino e não pode deixar de ser divino.
·
“Não considerou que o ser igual a Deus era algo a
que devia apegar-se (harpagmos)” – Embora ele sempre existiu como Deus, sendo sua
essência Deus, ele não considerou o ser igual a Deus algo a que devia
apegar-se. A palavra apegar-se aparece em outras traduções como “usurpar”, esta
é a palavra grega “ἀrpagmoj” (harpagmos) que
significa “agarrar com força” ou “roubar”.
Paulo está dizendo que Jesus, o Deus encarnado,
não considerou que o ser igual a Deus era algo que ele precisava se agarrar com
força, muito menos roubar, pois ele era Deus e não poderia deixar de ser. O
apóstolo está dizendo que Jesus não se agarrou aquilo que sua natureza divina
poderia oferecer em relação a natureza humana. Na encarnação Jesus abriu mão
dos direitos divinos – abriu mão da glória, do poder e da honra divina. Jesus
não abriu mão do ser Deus, Jesus não deixou de ser Deus, mas do que o ser Deus
lhe poderia favorecer em sua humanidade.
Portanto a atitude que devemos imitar de Cristo é a disposição
em abrir mão de nossos direitos para que Cristo seja glorificado por meio de
nossas vidas, assim como Ele abriu mão de seus direitos divinos para glorificar
o Pai, tornando-se homem com o fim de salvar a humanidade caída.
Precisamos aprender e desenvolver a atitude que teve Cristo
que se humilhou em prol de nossas vidas, abrindo mão de seus direitos divinos
para que muitos fossem beneficiados por meio de sua vida e morte na cruz.
Devemos também nós nos humilhar a fim de que nosso próximo possa usufruir da
vida de Cristo através de nós. A segunda atitude da humildade:
2 – HUMILDADE
É SE ESVAZIAR DE SI MESMO PARA QUE O MENOR SEJA SERVIDO ATRAVÉS DE VOCÊ
7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se
semelhante aos homens. (Filipenses 2.7)
Mais do que abrir mão de seus direitos divinos, Jesus se
tornou servo, isto é, se tornou um ser humano como nós. O que isto significa?
·
“Esvaziou-se (Kenoō) a si mesmo” – A palavra
grega “kenów” (Kenoō) significa anular. Esvaziar como se esvazia uma
garrafa. Retirar do recipiente tudo que ela contém, até que fique completamente
vazia. Jesus se anulou completamente como Deus para assumir a forma humana. A
ênfase de Paulo é que Ele mesmo fez isso consigo. Não foi o Pai ou o Espírito
Santo que esvaziou Jesus, que o pressionou para que Ele se esvaziasse com o fim
de salvar toda a criação. Ele mesmo se ofereceu voluntariamente para morrer na
cruz por mim e por você.
·
“Vindo a ser servo (doulos)”
– Aqui temos novamente a ausência da palavra “forma” do grego “morphē”. A
tradução melhor seria “tomando a forma
(morphē) de servo”. Jesus se faz servo – na essência do servir. Isto
significa que Jesus não representou que era servo, mas viveu intensamente o
significado do servir. Abriu mão de tudo e viveu na dependência plena de Deus e
do mover de Deus na vida dos homens. Ele se fez o menor e mostrou isso ao lavar
os pés de seus discípulos. Do que Jesus abriu mão ao se esvaziar?
1)
Da
sua glória celestial que lhe conferia comunhão plena e perfeita com o Pai e
veio ao mundo, e aqui, sentiu dores, teve fome, foi cuspido, açoitado e
crucificado.
2)
De
toda riqueza se fazendo pobre: nasceu numa manjedoura, numa família pobre, seu
ministério foi sustentado por mulheres, morreu numa cruz como um amaldiçoado.
3)
De
sua autoridade sobre toda criação, pois sendo Deus se colocou debaixo das
autoridades dos homens. Se sujeitou a lei dos homens.
4)
De
sua relação favorável com a lei divina, pois ao se tornar servo, se fez pecado
para morrer a nossa morte.
Jesus
por meio do qual todas as coisas vieram a existir se coloca na posição de um
escravo (doulos), de um servo, de uma pessoa que não tinha direito algum. A
existência do servo consiste simplesmente para cumprir a vontade de seu Senhor.
Jesus viveu dessa forma, e ele mesmo afirmou que veio para fazer a vontade do
Pai. Sua existência foi dedicada inteiramente para o cumprimento de sua missão.
Ele esvaziou-se de sua glória, poder e honra que tinha como Deus, na comunidade
da trindade, e se fez servo, e como servo abriu mão de uma vida centrada em si,
abriu mão de buscar glória para si mesmo, para viver a vida com o fim único de
glorificar o Pai.
·
“Tornando-se semelhante aos homens” – A encarnação foi um ato do
pré-existente Filho de Deus, Jesus, que voluntariamente assumiu o
corpo e a natureza humana. Sem deixar de ser Deus, Ele tornou-se um ser humano.
Jesus assumiu nossa forma física, nossas
deficiências, nossas limitações e viveu como homem de forma plena.
Conclusão:
A
humildade se faz presente no ato de Jesus se tornar semelhante a nós, se
colocando em nosso lugar como servo. Fomos criados para a glória de Deus. Jesus
assume essa posição como homem. Ser servo é honrar o Pai através de um viver
santo e cheio de amor para com o próximo.
Andar em
humildade nada tem a ver com estar por baixo. Estar por baixo quando se é
empurrado para essa posição é se render a opressão do mais forte. Humildade é quando
o mais forte se coloca em baixo para sustentar, no sentido de dar apoio ao mais
fraco.
Andar em
humildade não tem nada a ver com deixar-me ser pisado. Quem se deixa ser pisado
não tem amor próprio e é incapaz de amar a outro, pois não ama nem a si mesmo. Humilde é aquele que ama a si mesmo, mas ama o
próximo na mesma intensidade que ama a si mesmo.
Andar em
humildade não tem nada a ver com calar a boca por medo. Aquele que se cala por
medo, não é humilde é covarde. Humilde é aquele que diz o que precisa ser dito,
mas diz com amor e com o único objetivo de prover cura para aquele que
necessita.
Andar em
humildade não tem nada a ver com o sentir-se marginalizado ou rejeitado. Este
sentimento é fruto do pecado, de uma sociedade que prioriza o individuo e o que
ele tem a oferecer. A rejeição é um sentimento causado pela ausência do amor.
Humilde é aquele que enxerga a carência do outro e oferece o abraço sem nada
esperar em troca.
Andar em
humildade não tem nada a ver com timidez ou covardia. Estas são apenas
características de algumas pessoas e que quando em demasia precisam ser
trabalhadas. Humilde é aquele que tem coragem de enfrentar as adversidades e
tempestades da vida por confiar unicamente no Deus Criador.
Na compreensão bíblica,
andar em humildade é saber que em Cristo fui liberto do pecado, da lei e de
toda culpa que pesava contra mim, e livremente escolho viver como servo.
Escolho viver com o fim único de glorificar o nome de Jesus. Escolho amar Como
Cristo amou. Escolho servir Como Cristo serviu. Escolho perdoar Como Cristo
perdoou. Escolho esvaziar-me Como Cristo se esvaziou. Escolho me doar ao
próximo Como Cristo se doou na cruz. QUE NESTE ANO POSSAMOS ESCOLHER SER COMO
CRISTO.
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
26/02/2019
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