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terça-feira, 19 de março de 2019

SERMÕES 70 - EU NÃO O JULGO

EU NÃO O JULGO

Nosso tema do ano é COMO CRISTO. Nosso desejo no término deste ano é sermos o mais parecido com Cristo que pudermos. Hoje iremos olhar como Cristo procedia com relação ao perdão.
46 Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. 47 "Se alguém ouve as minhas palavras, e não as guarda, eu não o julgo. Pois não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. 48 Há um juiz para quem me rejeita e não aceita as minhas palavras; a própria palavra que proferi o condenará no último dia. (João 12.46-48)
Eu quero destacar três frases de Jesus nestes versos:
·         Eu vim ao mundo como luz
·         Eu não o julgo
·         Há um juiz


1 – EU VIM AO MUNDO COMO LUZ
46 Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. (João 12.46)
Quando Jesus diz que veio ao mundo como luz, ele aponta a realidade em que se encontram todas as pessoas do mundo – nas trevas – e Jesus se coloca como a salvação para o mundo.
A primeira implicação de Jesus como luz do mundo se refere ao nosso ser como pessoa. Vivemos nas trevas devido ao pecado que domina nosso ser. Quando falamos de pecado estamos falando dessa força que opera em nós, nos levando a destruir tudo ao nosso redor. O pecado é essa força que nos leva a vivermos para nós mesmos, que nos aprisiona em nosso próprio ser, que nos faz ver o mundo a partir de nós, que nos promove a deus de nossa existência, que nos induz a acreditarmos que o mundo gira em torno de nós. O pecado é a força que nos empurrou para fora do paraíso, que nos fez pular para fora de Deus e nos fez acreditar que podemos ser autoexistentes. O pecado nos levou a morte ao nos separar de Deus.
Quando Jesus veio ao mundo ele trouxe luz e nos fez ver que não somos autoexistentes, que não somos deuses, que o mundo não gira em torno de nós e que precisamos reconhecer nossa insuficiência para a vida e nos voltarmos para o Deus Criador e reconhecermos nossa dependência e existência Nele.
Jesus afirma que aqueles que não crerem Nele permaneceram nas trevas e consequentemente estarão condenados a morte eterna – a uma vida eterna separada de Deus. Por outro lado os que crerem em Jesus serão salvos e viverão eternamente na presença de Deus.
A segunda implicação de Jesus ser luz do mundo se refere a forma que devemos viver, isto é, como devemos agir no dia-a-dia. Jesus é luz que ilumina nossos passos, nossas escolhas de todos os dias, que normatiza a ética e a lei moral de nosso viver, que coloca todos os seres humanos (homens e mulheres, negros e brancos, judeus e gentios, ricos e pobres) como imagem e semelhança de Deus e, portanto todos são alvos do amor de Deus.
Se não olharmos para Jesus como referência de vida, as trevas que nos envolvem podem nos levar as mais terríveis monstruosidades. Não podemos nos esquecer dos milhões de judeus que Hitlher matou, dos milhões de negros que morreram devido a um sistema econômico baseado no racismo, da violência contra as mulheres praticada ainda hoje como fruto de uma cultura machista, etc.
A terceira implicação de Jesus como luz do mundo é que Ele põe fim a todas as religiões. Cristianismo não é uma religião, mas uma escolha de vida, onde se tem Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida. No cristianismo se compreende quem é Cristo e livremente a pessoa se rende plenamente a Ele e vive para Ele. O cristianismo trata de uma relação pessoal com Deus, através de Jesus Cristo, e não de condutas morais e comportamentais. Por isso Cristo não impõe sobre nós padrões comportamentais e morais como instrumentos para nossa salvação. Cristo espera que vivamos regidos por valores e princípios morais estabelecidos pelo Reino de Deus como compreensão de quem Ele é e de quem somos.

2 – EU NÃO O JULGO
47 "Se alguém ouve as minhas palavras, e não as guarda, eu não o julgo. Pois não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. (João 12.47)
Essas palavras de Jesus são impressionantes, entretanto parece que a igreja, que se diz igreja de Jesus, não presta atenção no que Jesus disse.
Jesus está dizendo: “Se você ouviu minhas palavras, meus ensinos, minhas orientações, mas não as guarda, não as prática em sua vida, eu não te julgo, eu não te condeno. Porque eu não vim para te julgar, não vim para te condenar, eu vim para te salvar”.
Em outras palavras o que Jesus está dizendo é “ainda que você viva no pecado, pule carnaval, assista filmes pornográficos, adultere, se prostitua, faça sexo antes de se casar, seja gay, lésbica, ladrão, avarento, amante do dinheiro,... eu não te julgo, eu não te condeno”.
Em certa ocasião uma mulher foi pega em flagrante adultério, ela foi levada a Jesus e os religiosos esperavam que ele mandasse apedrejá-la, como manda a Lei de Moisés e dessa forma acusar Jesus de não obedecer a Lei Romana. Contudo Jesus termina o desfecho dessa história com as seguintes palavras:
7 ..."Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela". 8 Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no chão. 9 Os que o ouviram foram saindo, um de cada vez, começando com os mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele. 10 Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: "Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?" 11 "Ninguém, Senhor", disse ela. Declarou Jesus: "Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado". (João 8.7b-11)
Jesus disse para a mulher: “Eu também não te condeno”. Em lugar algum da Bíblia, Jesus condenou alguém. Até mesmo os fariseus e doutores da Lei que constantemente perseguiam a Jesus com o fim de fazê-lo cair, não foram condenados por Jesus, foram advertidos diversas vezes, mas não condenados.
O que quero que você compreenda é que Jesus lidava com as pessoas com a disposição de perdoá-las a todo tempo. Jesus vivia usando de misericórdia, de compaixão e de perdão, pois sabia que as pessoas viviam em trevas, dominadas pelas trevas da própria alma e se tornavam alvos da religiosidade de homens que eram cegos e que não conseguiam ver a trave de seus próprios olhos, impondo sobre elas o medo da não aceitação de Deus, e a culpa de não conseguirem viver nos padrões morais estabelecidos por eles. A religião impõe regras e se preocupa com os comportamentos morais e não com o coração, com a psique, com a essência do ser humano.
A religião cristã assim como a religião judaica criou regras para tentar manter a santidade dentro de seus templos. Contudo as regras não são suficientes para impedir que o ser humano seja engolido pelas trevas, porque as trevas estão em nós, e uma vez que são insuficientes produzem frustrações e culpa.
Muitos crentes vivem debaixo de regras, não pode ir a praia, piscina, cinema, ao bloquinho de carnaval, beber, fumar, vestir isso ou aquilo. Vivem como se Deus quisesse que elas não desfrutassem da vida e das coisas boas que a vida pode oferecer. Elas vivem com medo de Deus, com medo que Ele volte a qualquer momento e as encontre fazendo algo que não deveriam e então serem deixadas para trás no arrebatamento. Vivem com medo da rejeição dos demais irmãos e com o medo de serem banidas da igreja.
Grande parte destes cristãos que vivem sobre as regras comportamentais obedecem exteriormente, mas dentro do coração elas vão ao cinema, as marchinhas de carnaval, bebem, vão à praia, tem televisão em suas casas, etc.. Com o passar do tempo elas desenvolverão a capacidade de serem o que não são. Elas se tornarão pessoas hipócritas, pois viverão no pecado, viverão consumidas por desejos que não podem realizar, mas apresentarão comportamentos aceitos pela igreja e aparentemente serão santas aos olhos de todos. Contudo Jesus vê o coração e não os comportamentos morais.
JESUS TE LIBERTOU para que você seja verdadeiramente livre. Deus não tem prazer algum em criar leis que te aprisionam, que te limitam. Liberte-se deste pensamento.
Jesus não te condenará. É isso mesmo! Jesus não te condenará por nada.
Deus não tem prazer na condenação de ninguém. Deus não tem prazer em condenar pessoas porque fizeram escolhas erradas. Jesus atraiu todos os seres humanos na cruz com Ele para que todos sejam libertos de toda condenação. Não há mais divida contra nós.
Alguns crentes acabarão indo a lugares que não deveriam ir, farão coisas que não deveriam fazer, porque cansarão de viver se torturando. Depois de quebrarem as regras comportamentais voltarão cheias de culpa; pois o medo de ter desobedecido a Deus e serem condenadas ao fogo eterno as consumirá internamente; o medo da rejeição dos irmãos as levará a fingir que não foram onde não deveriam ir, que não fizeram o que não deveriam ter feito, e se tornarão hipócritas e o medo de serem expulsas da igreja as levarão a mentir.
Se essas pessoas fossem trazidas a Jesus, sabe o que ele diria: “Se vocês não ouvem minhas palavras, eu não as jugo. Eu não vim para julgar. Eu não as condeno. Eu vim para salvar. Vai e não peques mais”.
Jesus prontamente estenderia a elas o perdão. E o que nós igreja fazemos diante dessas realidades? Julgamos ou perdoamos? O que faríamos se uma mulher fosse trazida em flagrante adultério até nós?
Espero que sinceramente sejamos imitadores de Jesus, COMO CRISTO possamos nunca condenar, mas sempre estendermos o perdão a todos.  Não cabe a nós, igreja de Cristo, julgarmos as pessoas aqui neste tempo presente.  Cabe a nós perdoá-las e amá-las, pois é através do perdão e do amor que seremos luz para que elas se aproximem de Deus.
Mas então todos podem viver da forma que desejarem? Todos podem viver no pecado se assim desejarem? Jesus disse...

3 – HÁ UM JUIZ NO ÚLTIMO DIA
48 Há um juiz para quem me rejeita e não aceita as minhas palavras; a própria palavra que proferi o condenará no último dia. (João 12.48 – Nova Versão Internacional)
Jesus deixa claro que há um juiz, isto é, alguém que irá julgar – o juiz é a própria palavra anunciada por Jesus. Embora Ele não veio para julgar, suas palavras trazem juízo sobre todos.
O tempo deste julgamento também já está definido, ele ocorrerá no último dia. Jesus está se referindo ao dia do juízo final.
Portanto no tempo presente Ele está liberando graça e perdão a todos – e assim devemos viver nós. Sua luz aponta o caminho para a salvação – assim deve ser nossas vidas luz para o mundo –, mas se você desejar continuar nas trevas, Jesus não te condena, ele não te julga – e nem nós a PIBI iremos te julgar – você é livre para escolher seu caminho. Entretanto no último dia, no dia do juízo final aqueles que rejeitaram a sua pregação serão condenados. A condenação recairá sobre os que rejeitaram suas palavras. Ao rejeitarem suas palavras estes rejeitaram ao próprio Deus. Ao rejeitarem Deus se condenaram a morte eterna.
Mas este juízo irá recair sobre os que rejeitaram a sua palavra e quanto aos que acolheram as palavras de Jesus? Estes podem viver de qualquer forma?
Acredito que as palavras de Tiago responde bem a esta pergunta:
17 Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. (Tiago 2.17)
Aquele que experimenta um encontro real com Jesus, que experimenta uma conversão genuína, ele manifesta sua fé através de obras. Por isso que Paulo escreve dizendo mortificai as obras da carne, porque essa é a expectativa de Deus com relação aos que compreendem a imensidão de Seu amor.
Aquele que conhece a Deus, não suportará viver na comunhão com as trevas, não encontrará mais prazer nas baladas, no copo de cerveja, no bloquinho de carnaval, no cigarro, na prostituição, no sexo fora do casamento, na gritaria, nas brigas de bar, na violência; pelo contrário seu coração encontrará prazer na prática do bem, da misericórdia, do perdão. Encontrará prazer na casa de Deus, na oração, na meditação da Palavra, na comunhão com os irmãos, pois o seu prazer se encontrará não na satisfação de sua carne, mas na satisfação de Deus, pois a alegria do Senhor é a sua força. A alegria do Senhor é a nossa força – ela é o que nos move a continuarmos a viver a fé cristã em meios ao caos deste mundo. E quando falharmos, encontraremos paz e cura nas doces palavras de Jesus: “Eu não o julgo. Eu não te condeno. Vai e não peques mais”.
Quanto mais conheço Cristo, mais me apaixono por Cristo e mais facilidade tenho para perdoar, mais prazer tenho em viver em santidade, mais eu vou desgostando do velho jeito de viver e mais a vida de Cristo se torna presente em mim e COMO CRISTO eu não julgo você e não te condeno. Deus te abençoe.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
17/03/2019

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