Translate

sexta-feira, 26 de abril de 2019

SERMÕES 80 - ENCONTROS SIGNIFICATIVOS


ENCONTROS SIGNIFICATIVOS
           
A vida é marcada e construída por encontros. Talvez você nunca tenha parado para pensar nas diversas direções que sua vida tomou devido aos vários encontros vividos em sua história. Nós somos o que somos por causa dos diversos encontros que tivemos em nossas vidas – sejam encontros pessoais ou virtuais.
Hoje muito do que aplico em meu ministério e do pastor que me tornei se deve ao que aprendi com alguns homens de Deus. Por exemplo: Pr. Ricardo Agreste, sua forma de pregar e ensinar tem me influenciado muito. Também devo muito ao Pr. Ed René Kivitz que tem me feito repensar sobre a vida em comunidade e sem dúvida ao meu amigo Pr. Eduardo Godoy com quem pude trabalhar por nove anos e aprender o valor da liderança. Hoje eu sou pai do Danilo e do Thiago por causa do encontro que tive com a Silvana no seminário. Muito do que hoje sou também é reflexo da influência da Silvana em minha vida.
Os encontros que experimentamos em nossas vidas poderiam ser classificados como:
·         Encontros ordinários – encontros ordinários que não causaram nada de extraordinário em nossas vidas. Pessoas que passaram em nossas vidas, mas nada acrescentaram a ela.
·         Encontros casuais – encontros que não foram planejados, que não estavam em nossa agenda, mas que também nada acrescentaram em nossas vidas. 
·         Encontros significativos – são encontros que por alguma razão deram novo significado as nossas vidas e por isso se tornaram extraordinários. Eles mudaram nossas vidas e nossas histórias de alguma forma.
O verbo encontrar, quando se trata de relacionamentos pessoais, só pode existir quando uma ou mais pessoas decidem ir em direção à outra pessoa. Alguém toma uma decisão de achar o outro, de encontrar o outro que não fazia parte de sua relação ou que se perdeu em algum momento de sua história.
Jesus foi ao encontro daqueles que estavam mortos emocionalmente, perdidos espiritualmente, abatidos e sem esperança para reavivá-los, ressuscitá-los para a glória de Deus. Jesus provocou vários encontros de ressurreição em sua vida. Jesus fez isso com a mulher samaritana, Zaqueu, Nicodemos, Lázaro e outros. Quero apresentar três destes encontros de ressurreição experimentados por alguns homens ao se encontrarem com Jesus ressurreto.


1 – O ENCONTRO COM OS DISCÍPULOS DE EMAÚS (Lucas 24.13-33)
Jesus vai ao encontro de dois discípulos que se encontravam decepcionados e deprimidos. Estes estavam a caminho de um vilarejo chamado Emaús, que ficava a onze quilômetros de Jerusalém (v.13).
No caminho de Emaús, Jesus, como mestre sábio na arte da conversação, parte da situação existencial em que os dois discípulos se encontravam naquele momento. Vendo-os moribundos, emocionalmente mortos e abatidos provoca-os para que falem das causas de sua tristeza. No fundo do coração dos discípulos há um grande vazio, causado pela ausência de significado para suas vidas. Jesus, o mestre estava morto no entendimento deles, o que fazer agora? Inconscientemente eles buscavam preencher o vazio de suas almas “conversando e discutindo entre si” tentando encontrar alguma resposta que desse sentido de existência a eles, uma vez, que o projeto Jesus acabará e agora já não sabiam nem se Jesus era mesmo o Messias.
17 Ele lhes perguntou: "Sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham?" Eles pararam, com os rostos entristecidos. 18 Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe: "Você é o único visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali aconteceram nestes dias?" 19 "Que coisas?", perguntou ele (Jesus). "O que aconteceu com Jesus de Nazaré", responderam eles. "Ele era um profeta, poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo. 20 Os chefes dos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram; 21 e nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a Israel. E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu”. (Lucas 24.17-21)
A pergunta de Jesus “sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham?” (v.17) e “Que coisas?” (v.19) os fez expor seus sentimentos que os estavam matando de tristeza. Sem perceber começaram a sair de seu fechamento e a alegrar-se porque alguém estava interessado em saber quais eram as causas de sua tristeza e queriam escutá-los.
Jesus foi intencional em seu encontro com os dois discípulos de Emaús. Jesus ao ser intencional transformou este encontro ordinário em um encontro significativo para a vida dos dois discípulos.
A pedagogia amorosa de Jesus deu certo: eles abrem o coração e contam “o que aconteceu a Jesus de Nazaré”.
Jesus então passa a lhes contar tudo que estava escrito a seu respeito nas Escrituras, desde Moisés aos profetas, mostrando que a sua morte e sofrimento já lhes estava anunciado nas Escrituras.
O que estes dois discípulos precisavam era de alguém que pudesse lhes trazer luz para compreenderem os acontecimentos dos últimos dias em Jerusalém. Eles precisavam ser resgatados da escuridão de suas mentes para compreenderem que o projeto de Jesus – estabelecer o Reino de Deus – estava saindo conforme Deus havia planejado. Eles precisavam ser trazidos para dentro da Palavra de Deus. Ter o caminho redirecionado.
O encontro intencional de Jesus é que possibilita a passagem de uma “conversa e discussão” marcada pela tristeza, dor e fuga a um novo diálogo, cheio de sentido e alegria. Os dois discípulos viveram uma verdadeira “páscoa”, isto é, passaram da discussão ao reconhecimento da presença do Jesus ressurreto, do fechamento de suas almas à abertura de todo o seu ser, do lamento de morte ao agradecimento pela vida, do desânimo ao entusiasmo. Eles experimentaram a “passagem” de um coração vazio e sem esperança, para um coração transbordante e abrasado (ardente). O que seria destes dois discípulos sem este encontro?

2 – O ENCONTRO COM PEDRO (João 21.3-17)
Jesus vai ao encontro de Pedro, que estava perdido em sua fé – ele havia negado ser um seguidor de Jesus (Mt 26.69-74). Pedro o negou porque estava naquele momento confuso, demolido em sua fé, vivendo um colapso emocional e espiritual profundo.
Suas convicções sobre Jesus foram destruídas juntamente com a morte de Jesus. O Messias não poderia morrer. O Messias iria reinar sobre o povo de Israel, ele seria triunfante sobre seus inimigos. Jesus não poderia ser o Messias, mas ele teve tanta certeza e agora já não sabia quem Jesus de fato era.
Pedro, assim como os outros discípulos teve um encontro com o Jesus ressurreto. Contudo Pedro estava sendo agora consumido por este sentimento de culpa – “Jesus ressuscitou! De fato ele é o Messias, mas eu o neguei. Ele não vai mais confiar em mim”. Diante disso, Pedro volta a pescar. Ele pensa que Jesus tinha desistido dele, pois ele Pedro já tinha desistido de si mesmo.
Jesus vai a praia intencionalmente para se encontrar com Pedro e ter um diálogo com ele.
14 Esta foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois que ressuscitou dos mortos. 15 Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes? " Disse ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Disse Jesus: "Cuide dos meus cordeiros". 16 Novamente Jesus disse: "Simão, filho de João, você realmente me ama? " Ele respondeu: "Sim, Senhor tu sabes que te amo". Disse Jesus: "Pastoreie as minhas ovelhas". 17 Pela terceira vez, ele lhe disse: "Simão, filho de João, você me ama? " Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez "Você me ama? " e lhe disse: "Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Cuide das minhas ovelhas. (João 21.14-17)
Diferentemente dos dois discípulos de Emaús, Pedro não precisava ser resgatado para as Escrituras. Ele não precisava ser resgatado da escuridão de sua mente, mas da escuridão de sua alma. Pedro não precisava de luz para crer que Jesus estava vivo. Ele já tinha ciência de que Jesus estava vivo. Pedro mesmo o viu. Contudo ele precisava ter sua alma resgatada, sua autoestima restaurada, sua confiança restabelecida; seu homem interior estava despedaçado, suas emoções estavam em colapso. Pedro tinha vergonha de si mesmo, não se via capaz de continuar no projeto de Jesus de estabelecer o Reino de Deus – o Reino do Messias. Pedro precisa ter sua alma resgatada da escuridão para voltar a viver e a sonhar o projeto Reino de Deus.
Mas Jesus amorosamente reafirma sua confiança em Pedro. Assim como Pedro o negará por três vezes, Jesus intencionalmente possibilita a ele reafirmar por três vezes seu amor; e quando Pedro mostra-se convicto de seu amor por Jesus, este confia a Ele o seu reino. Por que o reino de Jesus, não é um reino geográfico, territorial que se pode medir; não é um reino baseado em valores econômico, que se pode adquirir com dinheiro real, dólar, euro ou bitcoin; não se adquiri por mérito ou esforço próprio; mas se adquiri amando a Deus – “Pedro você me ama? Amo Senhor” – e no amor, que se concretiza no serviço ao outro – “cuida das minhas ovelhas”. Quem diz que ama a Jesus e se dispõe a cuidar das ovelhas de Jesus, a amar o próximo, a ser solidário com o outro, a abrir mão de si mesmo para o bem do seu semelhante, a emprestar para o pobre, a clamar pelo injustiçado, a perdoar os que lhe feriram, a ensinar o Evangelho de Jesus sem ganância, sem interesse algum, sem dúvida teve um encontro com o Reino de Deus e com seu Rei.  
Pedro saiu deste encontro pronto para viver intensamente o Reino de Deus. Sua alma foi resgatada da morte, da desolação, da angústia, do colapso e se encheu de vida, de alegria, de fervor por Deus.
Jesus transformou este encontro intencional num encontro extraordinário para a vida do apóstolo Pedro. O que seria de Pedro sem este encontro?

3 – O ENCONTRO COM SAULO (Atos 9.1-9)
1 Enquanto isso, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor. Dirigindo-se ao sumo sacerdote, 2 pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, de maneira que, caso encontrasse ali homens ou mulheres que pertencessem ao Caminho, pudesse levá-los presos para Jerusalém. 3 Em sua viagem, quando se aproximava de Damasco, de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu. 4 Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que você me persegue?" 5 Saulo perguntou: "Quem és tu, Senhor?" Ele respondeu: "Eu sou Jesus, a quem você persegue”. (Atos 9.1-5)
Jesus vai ao encontro de Saulo, um zeloso perseguidor dos cristãos. Saulo mandava prender e matar os cristãos. De repente, Jesus vai ao encontro de Saulo na estrada de Damasco. Esse encontro mudou a vida de Saulo para Paulo.
Diferentemente dos dois discípulos de Emaús que precisaram ser trazidos para dentro da Palavra de Deus, ter a mente redirecionada, resgatada das trevas, e também diferentemente de Pedro que precisara ter sua alma resgatada das trevas interior do seu ser, do mais profundo medo de rejeição, Paulo precisava ser resgatado integralmente – sua mente, alma e corpo estavam a serviço das trevas. Paulo precisa ser resgatado da escuridão existencial que se encontrava.
Paulo estava mergulhado nas trevas teológica do seu saber. Tornou-se prisioneiro de seus dogmas e credos. Servia a Deus fervorosamente em seu coração, mas não percebia que de fato estava andando contra Deus e ferindo sua igreja. Sua concepção a respeito de Deus estava toda equivocada. Sua religiosidade o cegou para a verdade. Sua busca em fazer justiça em nome de Deus o distanciou do próprio Deus.
Sua alma estava dominada pelo rancor, pelo ódio contra os cristãos, a quem ele considerava inimigo de Deus, mas não conseguia perceber que ele era de fato o inimigo de Deus. Seu ódio o cegava e o tornava um tolo, pois lutava contra Deus, acreditando estar defendendo Deus e sua causa.
Jesus intencionalmente entra no caminho de Paulo e o resgata das mais profundas trevas. Paulo estava completamente cego, servia ao diabo lutando contra Deus e sua Igreja, mas não conseguia perceber de que lado realmente estava.
Jesus traz luz para Paulo e este se levanta de Damasco para se tornar um plantador de igrejas, um apóstolo aos gentios, um teólogo sem igual, um servo de Deus extraordinário.
Jesus tem um encontro intencional com Paulo e por isso este encontro se torna um encontro extraordinário para Paulo. O que seria de Paulo se Jesus não tivesse ido ao seu encontro?

4 – AS DUAS PERSPECTIVAS DOS ENCONTROS SIGNIFICATIVOS
Quando falamos de encontros significativos, estamos falando de encontros intencionais com o fim de promover vida. Vimos que Jesus foi intencional em seus encontros e por isso ele transformou as vidas com as quais se encontrou na sua história. Diante disso temos duas perspectivas em relação aos encontros significativos.
1.      Daquele que é ou será encontrado – para este o encontro é ordinário ou casual.
2.      Daquele que decidiu encontrar alguém – para este o encontro é extraordinário e intencional. Ele visa promover vida a esta pessoa.
Do lado de Jesus estes encontros não foram casuais. Deus preparou o cenário para que eles acontecessem. Deus é intencional em seus encontros. Para nós pode parecer casual, mas para Deus não.
Deus prepara encontros que se transformam em pontos de partida para uma jornada de renovação de nossas vidas. Após cada um dos encontramos que vimos estas pessoas reconheceram que Deus estava no controle da história, que Jesus realmente era o Filho de Deus, o Salvador. Diante disso se abriram para Ele e reconheceram que elas não tinham o controle de suas vidas e muitos menos da história cósmica que Deus estava escrevendo.
Como Cristo devemos ser intencionais em nossos encontros. Devemos sempre estar atentos para promovermos vida às pessoas com quem nos encontramos. Devemos sempre transformar cada encontro ordinário ou casual em encontros extraordinários, em encontros significativos, que promovam vida, restauração, ressurreição.
Você que já se entregou a Cristo Jesus, que o chama de Senhor, você é o embaixador do Reino de Deus, o representante de Jesus na terra. Faça como Cristo, seja intencional em suas ações, provoque encontros com seus amigos, vizinhos e familiares com fim de falar do amor de Deus, de fazer o bem, de resgatar vidas que estão perdidas em sua mente, de resgatar almas que estão aprisionadas em seus medos e culpas e de resgatar vidas que estão servindo ao diabo e nem sequer tem consciência dessa realidade. Agende encontros significativos.

REFLEXÃO FINAL:
1.      Jesus tem um encontro agendado hoje aqui. Você não está aqui por acaso. Jesus preparou este encontro com você. Ele quer resgatar sua alma da escuridão, do medo e da culpa. Ele quer te dar uma nova vida, por ordem em sua vida. Se você quer hoje iniciar uma nova vida. Comece dizendo a Jesus: “quero me render ao teu ensino, a tua palavra, a sua pessoa. Sim reconheço que preciso do Senhor”. Quero orar por você e quer ter essa conversa com Jesus.
2.      Você que já tem caminhado com Cristo, mas que não tido coragem para ser intencional em seus encontros, quero orar por você, para que Deus te torne ousado para falar com amor do Reino de Deus e de Jesus o salvador.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
28/04/2019

Um comentário: