ENCONTROS SIGNIFICATIVOS
A vida é marcada
e construída por encontros. Talvez você nunca tenha parado para pensar nas
diversas direções que sua vida tomou devido aos vários encontros vividos em sua
história. Nós somos o que somos por causa dos diversos encontros que tivemos em
nossas vidas – sejam encontros pessoais ou virtuais.
Hoje muito do
que aplico em meu ministério e do pastor que me tornei se deve ao que aprendi
com alguns homens de Deus. Por exemplo: Pr. Ricardo Agreste, sua forma de
pregar e ensinar tem me influenciado muito. Também devo muito ao Pr. Ed René
Kivitz que tem me feito repensar sobre a vida em comunidade e sem dúvida ao meu
amigo Pr. Eduardo Godoy com quem pude trabalhar por nove anos e aprender o
valor da liderança. Hoje eu sou pai do Danilo e do Thiago por causa do encontro
que tive com a Silvana no seminário. Muito do que hoje sou também é reflexo da
influência da Silvana em minha vida.
Os encontros que
experimentamos em nossas vidas poderiam ser classificados como:
·
Encontros ordinários – encontros ordinários
que não causaram nada de extraordinário em nossas vidas. Pessoas que passaram
em nossas vidas, mas nada acrescentaram a ela.
·
Encontros
casuais
– encontros que não foram planejados, que não estavam em nossa agenda, mas que também
nada acrescentaram em nossas vidas.
·
Encontros significativos – são encontros
que por alguma razão deram novo significado as nossas vidas e por isso se tornaram
extraordinários. Eles mudaram nossas vidas e nossas histórias de alguma forma.
O verbo encontrar,
quando se trata de relacionamentos pessoais, só pode existir quando uma ou mais
pessoas decidem ir em direção à outra pessoa. Alguém toma uma decisão de achar
o outro, de encontrar o outro que não fazia parte de sua relação ou que se
perdeu em algum momento de sua história.
Jesus foi ao
encontro daqueles que estavam mortos emocionalmente, perdidos espiritualmente,
abatidos e sem esperança para reavivá-los, ressuscitá-los para a glória de
Deus. Jesus provocou vários encontros de ressurreição em sua vida. Jesus fez
isso com a mulher samaritana, Zaqueu, Nicodemos, Lázaro e outros. Quero
apresentar três destes encontros de ressurreição experimentados por alguns
homens ao se encontrarem com Jesus ressurreto.
1 – O ENCONTRO COM OS DISCÍPULOS DE EMAÚS (Lucas 24.13-33)
Jesus vai ao
encontro de dois discípulos que se encontravam decepcionados e deprimidos.
Estes estavam a caminho de um vilarejo chamado Emaús, que ficava a onze
quilômetros de Jerusalém (v.13).
No
caminho de Emaús, Jesus, como mestre sábio na arte da conversação, parte da
situação existencial em que os dois discípulos se encontravam naquele momento.
Vendo-os moribundos, emocionalmente mortos e abatidos provoca-os para que falem
das causas de sua tristeza. No fundo do coração dos discípulos há um grande
vazio, causado pela ausência de significado para suas vidas. Jesus, o mestre
estava morto no entendimento deles, o que fazer agora? Inconscientemente eles
buscavam preencher o vazio de suas almas “conversando e discutindo entre si”
tentando encontrar alguma resposta que desse sentido de existência a eles, uma
vez, que o projeto Jesus acabará e agora já não sabiam nem se Jesus era mesmo o
Messias.
17 Ele lhes perguntou: "Sobre o que vocês estão discutindo
enquanto caminham?" Eles pararam, com os rostos entristecidos. 18 Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe:
"Você é o único visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali
aconteceram nestes dias?" 19 "Que coisas?", perguntou ele (Jesus). "O que
aconteceu com Jesus de Nazaré", responderam eles. "Ele era um
profeta, poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo. 20 Os chefes dos sacerdotes e as nossas autoridades
o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram; 21 e nós esperávamos que era ele que ia trazer a
redenção a Israel. E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu”. (Lucas 24.17-21)
A
pergunta de Jesus “sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham?” (v.17) e “Que coisas?” (v.19) os fez expor seus
sentimentos que os estavam matando de tristeza. Sem perceber começaram a sair
de seu fechamento e a alegrar-se porque alguém estava interessado em saber
quais eram as causas de sua tristeza e queriam escutá-los.
Jesus
foi intencional em seu encontro com os dois discípulos de Emaús. Jesus ao ser
intencional transformou este encontro ordinário em um encontro significativo
para a vida dos dois discípulos.
A pedagogia
amorosa de Jesus deu certo: eles abrem o coração e contam “o que aconteceu a
Jesus de Nazaré”.
Jesus então
passa a lhes contar tudo que estava escrito a seu respeito nas Escrituras,
desde Moisés aos profetas, mostrando que a sua morte e sofrimento já lhes
estava anunciado nas Escrituras.
O que estes dois discípulos precisavam era de alguém que
pudesse lhes trazer luz para compreenderem os acontecimentos dos últimos dias
em Jerusalém. Eles precisavam ser resgatados da escuridão de suas mentes para
compreenderem que o projeto de Jesus – estabelecer o Reino de Deus – estava
saindo conforme Deus havia planejado. Eles precisavam ser trazidos para dentro
da Palavra de Deus. Ter o caminho redirecionado.
O encontro
intencional de Jesus é que possibilita a passagem de uma “conversa e discussão”
marcada pela tristeza, dor e fuga a um novo diálogo, cheio de sentido e
alegria. Os dois discípulos viveram uma verdadeira “páscoa”, isto é, passaram
da discussão ao reconhecimento da presença do Jesus ressurreto, do fechamento
de suas almas à abertura de todo o seu ser, do lamento de morte ao agradecimento
pela vida, do desânimo ao entusiasmo. Eles experimentaram a “passagem” de um coração vazio e sem esperança, para um
coração transbordante e abrasado (ardente). O que seria destes dois discípulos
sem este encontro?
2 – O ENCONTRO COM PEDRO (João 21.3-17)
Jesus vai ao
encontro de Pedro, que estava perdido em sua fé – ele havia negado ser um
seguidor de Jesus (Mt 26.69-74). Pedro o negou
porque estava naquele momento confuso, demolido em sua fé, vivendo um colapso
emocional e espiritual profundo.
Suas convicções
sobre Jesus foram destruídas juntamente com a morte de Jesus. O Messias não
poderia morrer. O Messias iria reinar sobre o povo de Israel, ele seria
triunfante sobre seus inimigos. Jesus não poderia ser o Messias, mas ele teve
tanta certeza e agora já não sabia quem Jesus de fato era.
Pedro, assim
como os outros discípulos teve um encontro com o Jesus ressurreto. Contudo
Pedro estava sendo agora consumido por este sentimento de culpa – “Jesus
ressuscitou! De fato ele é o Messias, mas eu o neguei. Ele não vai mais confiar
em mim”. Diante disso, Pedro volta a pescar. Ele pensa que Jesus tinha
desistido dele, pois ele Pedro já tinha desistido de si mesmo.
Jesus vai a
praia intencionalmente para se encontrar com Pedro e ter um diálogo com ele.
14 Esta foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus
discípulos, depois que ressuscitou dos mortos. 15 Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro:
"Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes? "
Disse ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Disse Jesus:
"Cuide dos meus cordeiros". 16 Novamente Jesus disse: "Simão, filho de
João, você realmente me ama? " Ele respondeu: "Sim, Senhor tu sabes
que te amo". Disse Jesus: "Pastoreie as minhas ovelhas". 17 Pela terceira vez, ele lhe disse: "Simão,
filho de João, você me ama? " Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter
perguntado pela terceira vez "Você me ama? " e lhe disse:
"Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo". Disse-lhe
Jesus: "Cuide das minhas ovelhas. (João
21.14-17)
Diferentemente dos dois discípulos de Emaús, Pedro não
precisava ser resgatado para as Escrituras. Ele não precisava ser resgatado da
escuridão de sua mente, mas da escuridão de sua alma. Pedro não
precisava de luz para crer que Jesus estava vivo. Ele já tinha ciência de que
Jesus estava vivo. Pedro mesmo o viu. Contudo ele precisava ter sua alma
resgatada, sua autoestima restaurada, sua confiança restabelecida; seu homem
interior estava despedaçado, suas emoções estavam em colapso. Pedro tinha
vergonha de si mesmo, não se via capaz de continuar no projeto de Jesus de
estabelecer o Reino de Deus – o Reino do Messias. Pedro precisa ter sua alma
resgatada da escuridão para voltar a viver e a sonhar o projeto Reino de Deus.
Mas Jesus
amorosamente reafirma sua confiança em Pedro. Assim como Pedro o negará por
três vezes, Jesus intencionalmente possibilita a ele reafirmar por três vezes
seu amor; e quando Pedro mostra-se convicto de seu amor por Jesus, este confia
a Ele o seu reino. Por que o reino de Jesus, não é um reino geográfico,
territorial que se pode medir; não é um reino baseado em valores econômico, que
se pode adquirir com dinheiro real, dólar, euro ou bitcoin; não se adquiri por
mérito ou esforço próprio; mas se adquiri amando a Deus – “Pedro você me ama?
Amo Senhor” – e no amor, que se concretiza no serviço ao outro – “cuida das
minhas ovelhas”. Quem diz que ama a Jesus e se dispõe a cuidar das ovelhas de
Jesus, a amar o próximo, a ser solidário com o outro, a abrir mão de si mesmo
para o bem do seu semelhante, a emprestar para o pobre, a clamar pelo
injustiçado, a perdoar os que lhe feriram, a ensinar o Evangelho de Jesus sem
ganância, sem interesse algum, sem dúvida teve um encontro com o Reino de Deus
e com seu Rei.
Pedro saiu deste
encontro pronto para viver intensamente o Reino de Deus. Sua alma foi resgatada
da morte, da desolação, da angústia, do colapso e se encheu de vida, de
alegria, de fervor por Deus.
Jesus
transformou este encontro intencional num encontro extraordinário para a vida
do apóstolo Pedro. O que seria de Pedro sem este encontro?
3 – O ENCONTRO COM SAULO (Atos 9.1-9)
1 Enquanto isso, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra
os discípulos do Senhor. Dirigindo-se ao sumo sacerdote, 2 pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, de
maneira que, caso encontrasse ali homens ou mulheres que pertencessem ao
Caminho, pudesse levá-los presos para Jerusalém. 3 Em sua viagem, quando se aproximava de Damasco,
de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu. 4 Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia:
"Saulo, Saulo, por que você me persegue?" 5 Saulo perguntou: "Quem és tu, Senhor?" Ele
respondeu: "Eu sou Jesus, a quem você persegue”. (Atos 9.1-5)
Jesus vai ao
encontro de Saulo, um zeloso perseguidor dos cristãos. Saulo mandava prender e
matar os cristãos. De repente, Jesus vai ao encontro de Saulo na estrada de
Damasco. Esse encontro mudou a vida de Saulo para Paulo.
Diferentemente dos dois discípulos de Emaús que
precisaram ser trazidos para dentro da Palavra de Deus, ter a mente
redirecionada, resgatada das trevas, e também diferentemente de Pedro que
precisara ter sua alma resgatada das trevas interior do seu ser, do mais
profundo medo de rejeição, Paulo precisava ser resgatado integralmente – sua
mente, alma e corpo estavam a serviço das trevas. Paulo precisa ser resgatado
da escuridão existencial que se encontrava.
Paulo estava
mergulhado nas trevas teológica do seu saber. Tornou-se prisioneiro de seus
dogmas e credos. Servia a Deus fervorosamente em seu coração, mas não percebia
que de fato estava andando contra Deus e ferindo sua igreja. Sua concepção a
respeito de Deus estava toda equivocada. Sua religiosidade o cegou para a
verdade. Sua busca em fazer justiça em nome de Deus o distanciou do próprio
Deus.
Sua alma estava
dominada pelo rancor, pelo ódio contra os cristãos, a quem ele considerava
inimigo de Deus, mas não conseguia perceber que ele era de fato o inimigo de
Deus. Seu ódio o cegava e o tornava um tolo, pois lutava contra Deus,
acreditando estar defendendo Deus e sua causa.
Jesus
intencionalmente entra no caminho de Paulo e o resgata das mais profundas
trevas. Paulo estava completamente cego, servia ao diabo lutando contra Deus e
sua Igreja, mas não conseguia perceber de que lado realmente estava.
Jesus traz luz
para Paulo e este se levanta de Damasco para se tornar um plantador de igrejas,
um apóstolo aos gentios, um teólogo sem igual, um servo de Deus extraordinário.
Jesus tem um
encontro intencional com Paulo e por isso este encontro se torna um encontro
extraordinário para Paulo. O que seria de Paulo se Jesus não tivesse ido ao seu
encontro?
4 – AS DUAS PERSPECTIVAS DOS ENCONTROS SIGNIFICATIVOS
Quando falamos
de encontros significativos, estamos falando de encontros intencionais com o
fim de promover vida. Vimos que Jesus foi intencional em seus encontros e por
isso ele transformou as vidas com as quais se encontrou na sua história. Diante
disso temos duas perspectivas em relação aos encontros significativos.
1. Daquele que é ou será encontrado – para este o
encontro é ordinário ou casual.
2. Daquele que decidiu encontrar alguém – para este o
encontro é extraordinário e intencional. Ele visa promover vida a esta pessoa.
Do lado de Jesus
estes encontros não foram casuais. Deus preparou o cenário para que eles
acontecessem. Deus é intencional em seus encontros. Para nós pode parecer
casual, mas para Deus não.
Deus prepara
encontros que se transformam em pontos de partida para uma jornada de renovação
de nossas vidas. Após cada um dos encontramos que vimos estas pessoas
reconheceram que Deus estava no controle da história, que Jesus realmente era o
Filho de Deus, o Salvador. Diante disso se abriram para Ele e reconheceram que
elas não tinham o controle de suas vidas e muitos menos da história cósmica que
Deus estava escrevendo.
Como Cristo
devemos ser intencionais em nossos encontros. Devemos sempre estar atentos para
promovermos vida às pessoas com quem nos encontramos. Devemos sempre
transformar cada encontro ordinário ou casual em encontros extraordinários, em
encontros significativos, que promovam vida, restauração, ressurreição.
Você que já se
entregou a Cristo Jesus, que o chama de Senhor, você é o embaixador do Reino de
Deus, o representante de Jesus na terra. Faça como Cristo, seja intencional em
suas ações, provoque encontros com seus amigos, vizinhos e familiares com fim
de falar do amor de Deus, de fazer o bem, de resgatar vidas que estão perdidas
em sua mente, de resgatar almas que estão aprisionadas em seus medos e culpas e
de resgatar vidas que estão servindo ao diabo e nem sequer tem consciência
dessa realidade. Agende encontros significativos.
REFLEXÃO
FINAL:
1.
Jesus
tem um encontro agendado hoje aqui. Você não está aqui por acaso. Jesus
preparou este encontro com você. Ele quer resgatar sua alma da escuridão, do
medo e da culpa. Ele quer te dar uma nova vida, por ordem em sua vida. Se você
quer hoje iniciar uma nova vida. Comece dizendo a Jesus: “quero me render ao
teu ensino, a tua palavra, a sua pessoa. Sim reconheço que preciso do Senhor”.
Quero orar por você e quer ter essa conversa com Jesus.
2.
Você
que já tem caminhado com Cristo, mas que não tido coragem para ser intencional
em seus encontros, quero orar por você, para que Deus te torne ousado para
falar com amor do Reino de Deus e de Jesus o salvador.
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
28/04/2019
Especial para reflexão
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