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terça-feira, 28 de maio de 2019

SERMÕES 85 - PROJETO FAMÍLIA (segunda parte)


PROJETO FAMÍLIA
(segunda parte)

Hoje estamos encerrando a nossa série Família Como Cristo. Em nosso último encontro iniciamos nossa mensagem “Projeto Família”.
Afirmamos que a família é uma representação da Trindade e que da relação existente em cada pessoa da Santíssima Trindade emana a fonte da relação intrafamiliar.
A família foi assim projetada por Deus com o propósito de servir ao Reino de Deus. Ela não só esboça a imagem da Trindade, como por meio dela cada membro é preparado para viver em conexão eterna com a Trindade e com o próximo por meio de Jesus Cristo.
Hoje veremos que a família presta um papel fundamental para a construção do ser humano. É no lar que cada pessoa, ainda em sua infância aprenderá a ter um coração de servo.


1 – CORAÇÃO DE SERVO
Logo que a criança nasce, tem início o processo de formação da sua personalidade, ou seja, do conjunto de características psicológicas que definem como aquele ser irá interagir com as pessoas e com o mundo. Dessa forma, a relação desse novo indivíduo com as pessoas mais próximas, principalmente os pais, merece muita atenção e um cuidado especial, a fim de que todas as necessidades físicas e psicológicas da criança sejam satisfeitas.
Qualquer carência grave na infância, especialmente até os seis anos de idade, pode acarretar prejuízos à formação psicológica da criança.
Como discípulo de Jesus você deve educar seu filho para ser, antes de tudo, um servo de Cristo. Isto significa que você tem um compromisso com Deus de cuidar do coração de seu filho. Você deve trabalhar para produzir em seu filho um coração de servo.
42 Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. 43 Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; 44 e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. (Marcos 10.42-44)
Jesus nos ensina que os governantes das nações, os presidentes, senadores, deputados e vereadores eles exercem podem sobre o povo. Jesus está dizendo que eles usam do poder que lhes foram confiados para oprimirem o povo. Estes homens querem ser servidos e não servir.
Mas nós cristãos somos chamados para sermos diferentes: “não será assim entre vocês”. Nós temos que priorizar o servir e não ser servido.
A estrutura familiar criada por Deus contribui para que todos os membros da família se desenvolvam espiritualmente, emocionalmente e fisicamente. Na família encontramos todas as condições necessárias para aprendermos a viver a vida. Sei que algumas famílias mais destroem seus membros do que constroem e isso se deve por não compreenderem seus papéis dentro de sua casa ou por não exercerem esses papéis com amor.
Entretanto a estrutura familiar é o local preparado por Deus para se construir nos filhos o coração de servo. Quando falamos de coração de servo, estamos falando de um coração movido por motivações corretas.  Através das atividades triviais do dia-a-dia os filhos aprendem a serem servos. Duas são as marcas dessa servidão que se aprende em casa: Servir por servir e servir com contentamento. Vejamos cada uma delas.

2 – SERVIR POR SERVIR
Servir por servir é perdoar quem me feriu, andar mais uma milha com quem já me fez andar uma, dar a outra capa a quem já me roubou uma, amar o meu inimigo, socorrer o irmão caído.
Quando falo do “servir por servir” não estou me referindo ao serviço que realizo por ser minha responsabilidade – este é o serviço que faço porque é meu dever e terei que prestar conta desse serviço a Deus. Estou falando do servir por reconhecer a autoridade daquele que me delegou o serviço, ainda que não seja da minha responsabilidade. É um serviço escravo, conforme descreveu o próprio Jesus: “e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos” (Marcos 10.44).
Cristo nos deu plena liberdade. Aqueles que o conhecem, de verdade, se entregam plenamente a Ele, esvaziando-se por completo e se tornando seus servos e escravos (doulos).
Os apóstolos várias vezes se disseram servos ou escravos de Cristo. Isto significa que estavam inteiramente ao seu serviço, custasse o que custasse. Abriram mão de todo conforto e de toda autonomia para servirem a Cristo. Quando servimos a Cristo, somos chamados a servir a todas as pessoas, a nos colocarmos como escravos de todos, para que o amor de Cristo seja conhecido através de nós.
Onde aprendemos a viver como escravos? Em casa. Esse ensino é uma prerrogativa dos pais. Aproveite algumas oportunidades para ensinar os filhos a servirem por servirem. Por exemplo: Você chegou em casa e percebeu que esqueceu o celular no carro. Eu moro no décimo andar. Olho para o filho e digo: “desce lá no carro e pega meu celular”.
Outro exemplo: Você está deitado enrolado na coberta e a pizza que você pediu chegou. Você faz o que? Filho vai lá buscar a pizza.
Se ele perguntar: Por que eu? Você responde: Por que sim! E já faz aquela cara por que ainda não foi? Ou você pode dizer: “Quando eu tinha sua idade era eu que ia, agora é sua vez de ir, e vai logo!”.
Os filhos precisam aprender a servir, não estou falando de cooperar, mas simplesmente servir, de fazer o que ninguém deseja fazer, isso inclui você, mas que precisa ser feito. Esse é o serviço escravo, o serviço onde abro mão de mim por inteiro, para servir.
Não podemos viver fazendo só o que queremos e quando queremos. Precisamos aprender a sufocar nosso querer. Ninguém vai longe só fazendo o que quer e quando quer.
Contudo quero chamar sua atenção, se você tiver mais que um filho, faça isso com todos os filhos, caso contrário eles compreenderam que você ama mais a um do que outro. Lembre-se você está fazendo isso para produzir em seu filho um coração de servo. Portanto cuide de seu coração também no processo, para não se tornar um tirano sobre sua família.

3 – SERVIR COM CONTENTAMENTO
A outra lição que se aprende em casa referente à motivação de nossos corações é o “servir com alegria” em qualquer circunstância, em todo tempo.
Não estou falando de ser masoquista, de expressar felicidade quando as adversidades da vida o atingir em cheio. Mas falo de um viver feliz, de um modo de vida e não de um momento da vida. Falo de uma vida que se vive para Deus. Só se vive para Deus quando se vive servindo.
Há momentos na vida em que iremos chorar, nos irarmos com a vida, nos sentirmos abatidos, fracos, contudo quando olhamos para a nossa família encontramos um porto seguro, um lugar para descansarmos e sermos abraçados. Perceberemos através de nossa família que podemos continuar sonhando e esperando nas promessas de Jesus nosso Salvador. Porque é em casa que:
·    Aprendemos a sermos felizes, mesmo em meio às tribulações. Isso porque confiamos em Deus. Em casa aprendemos a viver a vida com bom-humor, porque vivemos e caminhamos pela fé. Aprendemos que a história continua depois da cruz e que Deus é soberano sobre nossas vidas. Portanto é importante mostrar para nossos filhos que somos felizes. Essa felicidade se deve porque sabemos em quem temos crido. Vivemos na esperança, mesmo em meio às tribulações, porque conhecemos o caráter de Deus.
·    Aprendemos que a alegria é um sentimento produzido pela gratidão. Quem é grato pelo que tem é feliz. Quem é grato pelo que tem, é grato porque se satisfaz no que tem e não vive ansioso pelo que não tem. Aquele que vive desejoso pelo que não tem, carrega dentro de si insatisfação e se torna murmurador. Devemos ensinar nossos filhos a serem gratos pelo que tem e a comemorarem cada vitória que Deus lhes proporcionar.
·    Aprendemos que servir é a melhor forma de sermos felizes. Se você vive para si mesmo, nunca estará contente. Muitos deixam de experimentar o contentamento, porque desejam que seu mundo seja exatamente do jeito que ele quer. Desejamos que nosso cônjuge atenda às nossas expectativas e planos; que nossos filhos se moldem àquilo que preestabelecemos; que tudo mais se encaixe exatamente no lugar o qual determinamos. 
Muitos pais servem na igreja sem alegria, vivem murmurando, pois querem que tudo seja feito de acordo com sua vontade. Os filhos percebem que os pais servem sem alegria, servem com dor.  Se você serve assim, você espera que seus filhos queiram servir na igreja? Como eles servirão se a igreja é para eles lugar de infelicidade. Eles não querem ser infelizes. Em casa é que aprendemos que somos mais felizes quando servimos uns aos outros. Aprendemos a viver outrocentrado e não autocentrados.

CONCLUSÃO
Nossa estrutura familiar contribui para que possamos aprender a vivermos de forma digna do Senhor nosso Deus, respeitando as autoridades, assumindo a responsabilidade de nossos atos e vivendo a autonomia conquistada por Cristo na cruz com responsabilidade. Mas ela também é o lugar para moldar nossos corações. Através da família Deus constrói em nós um coração de servo. Portanto olhe para sua família e busque aprender a servir a partir de sua casa.
Eu não tive uma estrutura familiar saudável que me oferecesse totais condições de ter um coração de servo e de aprender os valores e princípios de Deus. Não cresci num ambiente onde os valores de Cristo eram vividos. Eu gostaria de ter tido outra história familiar. Ainda hoje trago consequências no meu viver, que se refletem, no meu casamento e na minha relação com meus filhos. Contudo a graça de Deus me alcançou e me proporcionou a oportunidade de escrever uma história diferente para minha casa.
Hoje eu sou grato a Deus por tudo que vivi. Não sei como elas ajudaram ou atrapalharam meu encontro com Deus, mas sei que Deus veio ao meu encontro e me abraçou quando eu já não tinha mais esperança.
Eu sei que falhei diversas vezes como pai e marido, mas sempre me esforcei para dar aos meus filhos e a minha esposa o que não recebi, mas que tenho aprendido com Jesus: o amor. Sempre tentei viver de forma que a história de desgraça da minha família parasse em mim. Meu sonho é que meus filhos e netos tenham uma história cheia da graça de Deus, repleta de amor. E sei que isto não está no meu poder, mas nas mãos do meu Deus.
Sempre sonhei que meus filhos pudessem olhar para seus documentos de identidade e não encontrassem ali, só um nome de um pai e de uma mãe que nunca conheceram, mas que ao olharem pudessem se lembrar do rosto de seus pais.  Eu peço a Deus para que a partir da minha geração a história da minha família possa ser escrita na graça de Deus e não mais com desgraça. Que em Jesus Cristo a história de meus filhos possam ser redimidas e escritas no poder curador do Espírito Santo. Sei que a vida não foi fácil para muitos e quero orar por sua família também, para que a partir de você sua família tenha sua história redimida por Cristo Jesus.


Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
19/05/2019

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