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terça-feira, 30 de julho de 2019

SERMÕES 94 - AMOR: O CAMINHO PARA A FELICIDADE


AMOR: O CAMINHO PARA A FELICIDADE

Primeiramente gostaria de ressaltar que ao falar de felicidade ao longo dessa mensagem não estou pensando na felicidade como satisfação ou alegria que sentimos ao comprar um carro novo, ao passar no vestibular, ao adquirirmos um emprego, ao casarmos, não estou falando deste sentimento circunstancial e transitório; mas estou falando da felicidade como estado de vida, da felicidade experimentada independente das circunstâncias transitórias da vida, da felicidade como satisfação daquilo que se é como ser, como pessoa, a qual chamarei de “felicidade plena”.
O ser humano ao longo de toda sua história tem tentado construir um caminho que o conduza a felicidade plena, a um sentimento de realização plena, que dê sentido a sua existência. A felicidade desde o Éden se tornou algo que nos parece tão perto, tão acessível, mas que nunca conseguimos alcança-la.
Ser como Deus tornaria Adão e Eva mais felizes, mais realizados do que já eram? Possivelmente eles acreditaram que sim. Mas o desejo de serem maiores do que de fato eram os levaram para fora do paraíso.
Civilizações ao longo dos anos nasceram e outras morreram na tentativa inútil do ser humano de alcançar a felicidade sonhada. Guerras foram produzidas, e muitas vidas morreram para que o nome de um povo ou de um rei fosse exaltado acreditando que desta forma alcançariam a felicidade.
Religiões surgiram ao longo de toda história humana com o fim de justificarem nossa existência neste mundo transitório e oferecer um pouco de alívio para aqueles que choravam a morte de seus amados. Acreditar que existe sentido nessa vida produz em nós um sentimento de frescor, paz e felicidade.
Ao longo dos anos a humanidade tem construído novas torres de Babel para alcançarem a felicidade desejada. A humanidade tem tentado ser feliz através de seus próprios caminhos, contudo Deus, não os deuses criados pela religião, mas o Deus a quem Jesus chama de Pai, o Deus Criador de toda forma de vida, o Deus Criador do Universo, nos deixou o caminho para a felicidade plena. Este caminho já estava revelado no Éden, já estava revelado no Antigo Testamento, na Lei de Moisés e foi anunciado e encarnado por Jesus Cristo da forma mais profunda que poderia ser. Cristo nos amou ao ponto de morrer numa cruz por nós. O caminho para a felicidade é o Amor e nem sempre este caminho se percorre com alegria, mas com dor.
Em nossos dias o “mercado”, sistema que rege o mundo dos homens, o espírito do anticristo tem usado a felicidade como meio para iludir a humanidade e conduzi-la aos caminhos mais perversos já vistos. Tudo se tornou licito em nome da felicidade. Entretanto essa ideologia de vida só produz desgraça e dor aos que a seguem. Mas então levantamos a pergunta: a felicidade plena está ou não acessível a nós? Sim ela está, mas só pode ser experimentada por aqueles que trilham o caminho do amor.
Mas o que é o amor? Como podemos vivê-lo para que alcancemos a felicidade? Para responder a estas duas perguntas vamos recorrer a descrição do apóstolo Paulo sobre o amor, que se encontra na primeira carta aos Coríntios, capítulo treze. Os três primeiros versos deste capítulo nos ensina que ...


1 – SEM AMOR NÃO EXISTE FELICIDADE
Se a felicidade só pode ser alcançada por uma vida que tem sentido, que encontra significância, uma vida sem amor nunca encontrará felicidade plena. Às vezes encontrará alegria por uma conquista alcançada, por um projeto realizado, mas não a felicidade plena, a felicidade de satisfação como ser existente neste universo. Essa é a afirmação de Paulo nos três primeiros versos.
1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. (1 Coríntios 13.1)
Paulo está dizendo que você pode ser um ótimo comunicador. Pode falar fluentemente as línguas dos homens, pode falar fluentemente português, espanhol, inglês, alemão, mandarim, etc.; até mesmo pode falar fluentemente as línguas dos anjos, mas se você não tiver amor não passa de um homem vazio, oco por dentro, infeliz.
Você pode ser o melhor comunicador de um telejornal, um pregador extraordinário, mas ser vazio, ser infeliz. Faz muito barulho, mas sua alma não conseguiu encontrar o verdadeiro sentido de sua existência. Você ainda não aprendeu o que é amar.
2 Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei. (1 Coríntios 13.2)
Paulo está dizendo agora que você pode saber coisas do amanhã que ninguém sabe; pode conhecer todos os mistérios escondidos no macro universo, como conhecer todos os mistérios escondidos no micro universo, saber o nome de todos os astros e de todas as moléculas existentes; pode ser capaz de acreditar na vitória quando todos já não acreditam mais, de não desistir nunca da vida quando existem todos os motivos para desistir. Ainda que você possa fazer todas estas coisas, e que só lhe é possível fazê-las pela intervenção divina, pois elas estão fora do alcance do domínio humano, ainda sim, se não houver amor em você, você continua sendo infeliz, um nada na existência – Paulo diz “nada serei”.
3 Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá. (1 Coríntios 13.3)
Você pode ser a pessoa mais abnegada da vida, mais pronta a servir, ainda sim ser infeliz. Por que se não houver amor em seu coração, seu desprendimento é apenas fruto de intenções indevidas. Muitas pessoas ajudam os outros tentando, desta forma, tapar o buraco existente dentro delas mesmas. Pessoas assim tornam as pessoas ao seu redor felizes, mas elas mesmas são tristes, porque continuam não sabendo amar.
O que Paulo está dizendo é que você pode ser bom em tudo, em qualquer coisa, em qualquer área da vida, até mesmo na vida espiritual, mas ainda ser infeliz, se não tiver amor.
O amor é o único caminho para alcançarmos a felicidade plena. Afinal...

2 – O QUE É O AMOR?
4 O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. 5 Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 6 O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. 7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1 Coríntios 13.4-7)
Até quanto você é paciente quando as pessoas te ferem, te roubam? Você é bondoso quando alguém passa a sua frente na fila do transito, do banco, do cinema? Você se alegra ou morre de inveja com a vitória do seu colega de trabalho, com a promoção que você deseja ser sua? Você não conta pra ninguém dos seus feitos gloriosos? Você não maltrata ninguém, mesmo quando pisa no seu calo? Você nunca disse: “bem feito merecia”? Só diz isso quem guarda rancor.
O amor não é um sentimento como normalmente tratamos em nosso mundo ocidental. Para os judeus o amor são atitudes claras tomadas em prol do outro. Amar trata de ações concretas e não apenas de palavras.
As palavras devem ser ditas, mas é preciso que estejam acompanhadas de ações que as tornem verdadeiras.
Ninguém consegue encarnar plenamente o amor, descrito por Paulo, a não ser o próprio Deus, que nos demonstrou o que é amar na cruz. Se a felicidade é viver o amor e não conseguimos amar plenamente, então podemos concluir que a felicidade nos é impossível de ser alcançada. Só que não!
A felicidade nos é possível, porque podemos amar como Cristo nos amou, se dependermos totalmente de sua graça, se nos rendermos totalmente ao Espírito Santo, pois o amor é fruto do Espírito de Deus.
Somente permitindo que Deus inunde minha vida da sua vida que poderei amar. Só me encherei de amor, me enchendo de Deus, pois Deus é amor. Somente cheio de Deus e de amor alcançarei a felicidade plena.
Só o amor me faz dar aula, suportar alunos desrespeitosos e aceitar um salario indigno, mas o amor me faz sentir feliz ao ver um aluno aprendendo e se desenvolvendo. Só o amor que te faz cozinhar todos os dias para o marido, mesmo quando este nunca faz um elogio dos pratos que você preparou, mas o amor te faz sentir feliz ao vê-lo comendo e saboreando o que você fez. Só quando este amor invade a gente que nos tornamos capazes de fazer nossas tarefas diárias em casa, no trabalho, porque fazemos para Deus. 
Gente feliz é gente invadida por Deus. Gente feliz é gente cheia de Deus. Pessoas cheias de Deus podem ser felizes aqui e agora por conseguem compreender algumas verdades.

3 – VERDADES QUE NOS PERMITEM ALCANÇAR A FELICIDADE
Preste atenção nos versos seguintes. Paulo retorna a ênfase dos três primeiros versos para nos ensinar a sermos felizes.
·         Primeira Verdade: Só o amor permanecerá
8 O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. (1 Coríntios 13.8)
Após nos ensinar sobre o amor, Paulo afirma que o amor nunca perecerá, nunca morrerá, nunca se acabará diferentemente das demais obras, ainda que estas sejam espirituais.
Com isso Paulo está nos dizendo que o mais importante da vida é amar. E esta conclusão de Paulo já tinha sido afirmada por Jesus quando ele simplificou a lei de Moisés em dois mandamentos: ame a Deus e ame ao teu próximo. Se tem uma coisa que você precisa focar na vida é amar, sem medida, sem limite.
Podemos concluir também que todas as demais obras, e digo todas mesmo, por mais espirituais que sejam, como profecias e línguas, e por mais sabedoria que você possa ter alcançado divinamente, tudo deixará de existir, todas estas coisas não terão valor na eternidade.
Estou dizendo que você não será avaliado por Deus pelo número de milagres que ele realizou através de sua vida, pelo valor numérico que você ofertou em vida, pelo tanto de vidas que você alcançou para Ele. Não! Deus irá te avaliar pelo tanto que você O amou e amou ao seu próximo. Deus busca verdadeiros adoradores e não grandes empreendedores.
Isto torna a felicidade possível, pois não vivo com o medo de me encontrar com Deus, mas desejoso de abraça-lo. Não vejo Deus como juiz, mas como Pai que me deseja colocar no caminho certo.

·         Segunda Verdade: Somos imperfeitos e Vivemos num mundo imperfeito
9 Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; 10 quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. (1 Coríntios 13.9-10)
Paulo está afirmando que todo o conhecimento que temos, o temos em parte. Não temos o conhecimento completo da vida e nem das coisas de Deus. Eu e você somos seres imperfeitos e vivemos num mundo imperfeito. Quando vier o que é perfeito, o imperfeito em nós e no mundo desaparecerá.
Me torno feliz ao compreender que sou um ser parcial, imperfeito, incompleto e não fico cobrando de mim o que não sou, do contrário eu me tornaria uma pessoa frustrada. As pessoas cobram de nós o que não somos e nos dizem que devemos ser o que não somos e que não conseguimos ser. Nosso cônjuge nos cobra o que não somos. Nossos irmãos da igreja nos cobram o que não somos. Pais colocam jugos pesados sobre os filhos tentando torna-los perfeitos. Essa verdade me liberta do desejo de ser o que as pessoas desejam que eu seja. Também me liberta da culpa de não ser o que desejam que eu seja.
Me torno feliz quando aceito minha imperfeição, pois consigo compreender e aceitar a imperfeição de meu irmão também e não fico cobrando dele a perfeição, mas o amo como ele é e não como eu gostaria que ele fosse.

·         Terceira Verdade: Eu sou um ser em processo de amadurecimento
11 Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. 12 Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. (1 Coríntios 13.11-12)
Ao mesmo tempo em que me reconheço imperfeito, também reconheço que estou em processo de amadurecimento. Estou caminhando para ser melhor e preciso me esforçar para me tornar um adulto não apenas fisicamente, mas emocionalmente e espiritualmente. Sou um ser imperfeito, mas em movimento de crescimento.
A realidade da “síndrome de Gabriela” não é aceitável para nós cristãos. Quando eu era menino eu enxergava o mundo de uma forma, mas como adulto vejo o mundo de outra forma.
Preciso crescer na alma, na compreensão de mim mesmo, do meu próximo e de Deus. Na medida que me torno adulto vou abandonando sonhos da infância e abraçando novos sonhos, vou deixando de ser ensimesmado, de viver em torno de mim e passo a viver para o outro.
No processo de amadurecimento vou me tornando feliz, pois a felicidade já não está mais centrada em meus desejos e realizações pessoais, mas em como possa tornar o outro feliz.  Na medida que faço o outro feliz, torno Deus mais feliz e a alegria do Senhor é a minha força, e é o que me move e me torna feliz.

Conclusão
13 Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor. (1 Coríntios 13.13)
Se houver amor dá para ser feliz. Se nos amarmos poderemos ser uma comunidade de fato. Se nos amarmos poderemos fazer diferença para esta cidade. Mas precisamos nos amar.
Não seja uma pessoa mesquinha, ranzinza, critica demais, amarga, birrenta, grossa, vingativa, inflexível, incapaz de perdoar, pois somos vocacionados para amar.
Você foi chamada para amar de maneira adulta, amar como Deus ama, ser uma expressão viva do amor de Deus.
Quando todos vivemos o amor, mais pessoas são amadas, mais pessoas são felizes e mais Cristo é honrado por meio de nós.
É possível ser feliz quando tudo é feito com amor, mas só é possível viver o amor se Jesus viver em nós de fato e verdade.
Somos seres imperfeitos, mas em processo de amadurecimento e capacitados para amar pelo poder do Espírito Santo. Podemos ser felizes se decidirmos amar como Cristo nos ama.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
28/07/2019

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