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quarta-feira, 22 de abril de 2020

SERMÕES 129 - REMANDO CONTRA A MARÉ DA MORNIDÃO (Igreja de Laodicéia)


REMANDO CONTRA A MARÉ DA MORNIDÃO

Mornidão é o estado daquilo que nem é quente e nem é frio. É a característica daqueles que não tem vigor, que não tem entusiasmo. Caracteriza as pessoas que estão acomodadas ao estado em que se encontram. Precisamos remar contra a falta de entusiasmo espiritual. Não estou falando de pessoas que de vez em quando não querem ir à igreja. Que às vezes não sentem desejo de orar ou de ler a Bíblia. Não é dessa mornidão que trata o texto que iremos ler! Mas de uma mornidão que impede as pessoas de se libertarem completamente da segurança e dos prazeres que o mundo lhes proporciona. Que as impedem de viverem verdadeiramente confiadas e descansadas em Deus.
A Igreja de Laodicéia é a última das Sete Igrejas do Apocalipse, situada na Ásia Menor, à qual Jesus dirige uma carta pessoal através do apóstolo João. Para uma melhor compreensão do que Deus deseja nos falar vamos conhecer o contexto da cidade de Laodicéia antes de lermos o texto bíblico.


CONTEXTO DA CIDADE DE LAODICÉIA
Laodicéia era uma cidade estabelecida próxima do rio Lico, rodeada por terras férteis e ficava no entroncamento de três estradas que atravessavam a Ásia Menor. A cidade ficava localizada na região de Pérgamo, atualmente corresponde a parte ocidental da Turquia, conforme vocês podem ver nos mapas.
Os romanos dominaram essa região no ano 133 a.C. e fizeram da cidade um grande centro judicial e administrativo. Três fatos que se conhece a respeito dessa cidade são: 1) Ela era um centro bancário de fabulosas reservas financeiras; 2) Suas indústrias principais eram de tecidos e tapetes de lã; 3) Ela possuía uma faculdade de medicina, com uma escola de oftalmologia e comercializava muitos produtos medicinais, incluindo um colírio para os olhos.
Embora a cidade fosse estabelecida próxima ao rio Lico, não havia água pura e fresca na cidade. Laodicéia estava situada numa região que tinha águas termais, contudo suas águas eram mornas e salobre para beber. Essa água morna e salobre causava ânsia de vomito nos moradores. Ela servia somente para produção de medicamentos e banhos termais. Diante disso a cidade recebia água da cidade de Hierápolis que ficava a nove quilômetros de distância, e que também possuía águas termais quentes, e também recebia água de Colosso que ficava quatorze quilômetros de distância e que possuía água fresca, mas ambas as águas chegavam através de aquedutos (canos) e não chegavam tão limpas e frescas a cidade.
Laodicéia quando ainda pertencia a Grécia se chamava Dióspolis (Cidade de Zeus) e ela possuía um grande templo para Zeus antes de ser reconstruída pelo rei da Síria, Antíoco II Theos. Ainda hoje é possível encontrar as ruínas deste templo de Zeus na cidade. A cidade passou a ser chamada de Laodicéia em homenagem a Laódice, esposa de Antíoco II, rei da Síria que reconstruiu a cidade. Laodicéia significa o “povo que julga” ou “o povo julgado”.
A mudança de nome da cidade foi aceita facilmente pelo povo grego porque Antíoco II revitalizou toda cidade. Os cidadãos de Laodicéia abriram mão de “Zeus”, de sua fé em Zeus, de sua religião em troca dos benefícios de uma vida próspera e confortável oferecida pelo rei da Síria. Esta parece ser a grande característica do povo e da igreja de Laodicéia. Uma igreja que transita facilmente entre a fé e a comodidade; entre a fé e a prosperidade; entre a fé e a segurança oferecida pelos homens.
A carta à igreja de Laodicéia nada revela sobre a presença judaica, o que poderia significar que essa igreja pregava um evangelho que de modo algum ameaçava os judeus. Tampouco os cristãos laodicenses tinham que enfrentar alguma perseguição por parte da população gentílica. A igreja de Laodicéia estava contente com a calmaria em que estavam vivendo. Era uma igreja politicamente correta, não incomodava grupo algum.
Uma vez que já vimos o contexto da cidade de Laodicéia, gostaria de ver o contexto teológico da igreja de Laodicéia.

O CONTEXTO TEOLÓGICO DA IGREJA DE LAODICÉIA
Ao falar do contexto teológico da Igreja de Laodicéia eu quero falar do significado dela para os nossos dias. Será que a igreja de Laodicéia é uma simbologia da igreja dos últimos dias? Basicamente existem três interpretações sobre este assunto. 
·            Primeira InterpretaçãoDefende que as sete igrejas do Apocalipse e seus conteúdos representam sete períodos sucessivos da História da Igreja. Essa interpretação é conhecida como “As Sete Eras da Igreja”. Nessa interpretação cada uma das sete igrejas do Livro do Apocalipse representa um período histórico da Igreja de Cristo. Sendo divididas pelos teológos da seguinte forma:
     Éfeso representa a igreja apostólica (30 – 100 d.C.);
     Esmirna representa a igreja perseguida, a igreja dos mártires (100 – 312 d.C.);
     Pérgamo representa a igreja que se uniu ao estado, Constantino (313 – 590 d.C.);
     Tiatira representa a igreja da Idade Média, corrupta e idólatra (590 – 1517 d.C.);
     Sardes representa a igreja da reforma - um movimento que lutava contra a morte da igreja (1517- 1730 d.C.);
     Filadélfia representa a igreja missionária (1730-1900 d.C.);
     Laodicéia representa a igreja apóstata (1900 d.C. até a volta de Cristo).
·            Segunda InterpretaçãoDefende que as igrejas do Apocalipse e o conteúdo de suas cartas, representam condições que se repetem muitas vezes durante a História da Igreja, ou seja, não descrevem um período especifico da História, mas realidades que sempre estiveram presentes na Igreja.
·            Terceira Interpretação Compreende que as setes cartas foram escritas literalmente para igrejas existentes no tempo de João e que não fazem relação alguma com as igrejas posteriores a elas.

Particularmente, creio que todas as posições possuem verdades. Acredito que as sete igrejas do Apocalipse representam sete períodos da era da igreja; contudo acredito que em toda a história da igreja as sete igrejas sempre estiveram presentes na história. O que determinou a identificação das divisões da história da igreja com as sete igrejas do Apocalipse foram o predomínio na vida da igreja de algumas características identificadas em cada uma das sete igrejas. Também acredito que as sete cartas foram direcionadas primeiramente para sete igrejas literais, isto é, igrejas reais no tempo de João, mas que proféticamente simbolizam períodos da história da igreja.
Ainda que você não creia como eu. Ainda que para você estas cartas foram tão somente escritas para as igrejas reais no tempo de João, sem dúvida a igreja de Laodicéia apresenta muitas semelhanças com nossas igrejas atuais. Por isso eu quero convidar você para junto comigo ler a carta de Jesus para a igreja de Laodicéia e buscarmos através dela lições para nós remarmos contra a maré da mornidão (Apocalipse 3.14-22).
14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreva: Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus. 15 Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! 16 Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. 17 Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu. 18 Dou-lhe este aconselho: Compre de mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar. 19 Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se. 20 Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo. 21 Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono. 22 Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. (Apocalipse 3.14-22)
Vamos analisar detalhadamente cada um desses versículos. Iniciamos destacando que está é uma carta para o anjo da igreja.

1 – UMA CARTA PARA O ANJO DA IGREJA
14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreva: Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus. (Apocalipse 3.14)
A carta da igreja é dirigida ao anjo da igreja em Laodicéia. Muitos consideram que o termo “anjo da igreja” é uma forma figurada para se dirigir ao pastor da igreja, ao líder da igreja. Desta forma acredita-se que a carta é direcionada àquele que é responsável pelo rebanho de Cristo na cidade de Laodicéia. Segundo os historiadores o provável fundador desta igreja foi Epafras.
Quando se diz a igreja em Laodicéia, em Corinto, em Éfeso, não se trata de uma igreja com endereço, com CEP, pois essas igrejas não tinham um lugar fixo de encontro como nós temos hoje. Trata-se de todos aqueles que professavam a fé em Cristo nestas cidades e que se reuniam de casa em casa, muitas vezes escondidos em cavernas ou em locais ermos. Não existiam ainda templos e organizações como temos em nossos dias. Entretanto nos parece que eles conseguiam se organizar e se ajudarem mesmo não tendo templos como os nossos.
Nos últimos dias devido ao coronavírus nós temos vivenciado a fé cristã sem templos. Hoje temos o recurso da internet que no passado nossos irmãos não tinham e que nos facilita em nossa comunicação. Penso que estamos iniciando uma nova era para a vida da igreja. Logo voltaremos a nos reunirmos em nossos templos, mas acredito que estamos entrando em uma nova ordem mundial e que tudo que estamos vivendo hoje é uma preparação para um maior controle do estado sobre nós e sobre nossos encontros nos templos. Talvez num futuro breve tenhamos que reaprender a nos reunirmos fora dos templos.
Uma vez que Jesus dirige sua carta “ao anjo da igreja” ele se apresenta da seguinte forma:
Estas são as palavras do Amém Jesus se apresenta para o “anjo da igreja” como o “Amém”. Esta palavra vem de origem hebraica e traz a ideia de finalização, assim como também daquilo que é verdadeiro. Jesus está reivindicando para si a palavra final e a autoridade absoluta sobre tudo. Depois Jesus diz ser...
A testemunha fiel e verdadeiraEle está afirmando ser a testemunha fiel e verdadeira do Pai. Ele traz o verdadeiro testemunho de Deus. Jesus tornou o Pai conhecido de todos. E por fim termina sua apresentação afirmando ser...
O soberano da criação de DeusCom isso ele está dizendo ser o criador de todas as coisas. Como afirma João em seu evangelho, “todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele nada do que existe teria sido feito” (João 1.3).
Após sua apresentação, no verso seguinte, Jesus passa a falar a respeito da situação espiritual da igreja de Laodicéia. Jesus afirma conhecer sua mornidão.

2 – CONHEÇO SUA MORNIDÃO
15 Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! (Apocalipse 3.15)
Jesus usa uma metáfora para descrever um problema espiritual. Ele usa da água morna para que os cristãos de Laodicéia pudessem entender claramente o que ele sentia com relação a eles, uma vez, que eles mesmos viviam a experiência de beberem água morna todos os dias.
Jesus sabia que tipo de vida levava os membros dessa igreja. Esta era uma igreja nem fria, nem quente, isto é, não era cheia de vida, mas também não era morta. Como disse anteriormente, Jesus não está tratando de uma mornidão no sentido de que algumas vezes eles não sentiam vontade de ir ao culto, ou de orarem. Não é desse tipo de mornidão. Jesus se refere a algo pior, eles iam aos cultos, eles oravam, eles se ajudavam uns aos outros, eles chamavam Jesus de Senhor, pareciam crentes fervorosos, mas não davam lugar para Jesus em seus corações. Jesus estava do lado de fora na vida da igreja de Laodicéia.
Viviam no ambiente da igreja, falavam entre si como crentes, vestiam-se como crentes, mas não eram cristãos de fato. E por serem crentes de aparência, mornos segundo a palavra de Jesus, que não produziam frutos para a eternidade, cristãos apáticos à realidade em que estavam vivendo, são duramente repreendidos por Jesus.

3 – JESUS SENTE ÂNSIA DE VOMITO POR CAUSA DE SUA MORNIDÃO
16 Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. (Apocalipse 3.16)
As águas quentes de Hierápolis ajudavam pessoas no tratamento de alguns problemas de saúde. As águas frias de Colossos eram boas para refrescarem aqueles que tinham sede. Mas as águas mornas de Laodicéia basicamente não serviam para nada. Só causavam ânsia de vómito naqueles que a bebiam! Era isso que Jesus sentia com relação a essa igreja. Ela não servia para nada, embora parecesse que faziam muitas coisas.
Que palavra dura, talvez a mais dura já recebida por uma igreja. Falar de vomito é algo repulsivo, entretanto Jesus usa essa expressão porque quer chamar a atenção da igreja de Laodicéia. Essa palavra é para eles, contudo é para nos chocar também.
Até quando você vai ficar em cima do muro vivendo uma vida politicamente correta? Até quando você vai ficar se escondendo de sua responsabilidade para com Deus em nome do respeito ao outro? Até quando você vai se calar diante as injustiças e imoralidades deste mundo? Até quando você vai ignorar as necessidades e direitos de seu irmão? Até quando você vai viver para si mesmo buscando o que tão somente lhe satisfaz?
Quando você deixará Jesus viver através de sua vida? Quando você deixará Jesus comandar de verdade sua vida? Quando você permitirá Jesus dirigir sua igreja, seus negócios e sua família? Jesus está te perguntando: Quando você se tornará de fato minha igreja?
Estou a ponto de vomitá-lo da minha bocaGosto dessa palavra. Ela me traz conforto, sabe por quê? Porque Jesus ainda não nos vomitou. Ele está nos dando uma oportunidade, há uma esperança para mim e para você. Há uma esperança para nós igreja brasileira nestas palavras. Jesus ainda nos dá uma chance.
Portanto precisamos entender qual a acusação que está sobre nós para que possamos mudar nosso proceder. Jesus aponta o pecado de Laodicéia e creio que seja o nosso pecado de hoje também. Este pecado é a razão pela qual ele estava a ponto de vomitar aquela igreja. E é contra essa maré que causou a mornidão daquela igreja e que tem causado a mornidão de nossas igrejas que temos que remar contra. Vejamos então o pecado que causou e que causa a mornidão de nossos dias.

4 – A CAUSA DA MORNIDÃO
17a Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. (Apocalipse 3.17a)
A terrível condenação se devia a autossatisfação que essa igreja possuía - Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Esta autossatisfação a levou a se enfraquecer em sua comunhão com Jesus. Uma igreja que não precisa de recursos provindos diretamente de Jesus, não necessita de Jesus. Ela é independente de Jesus, embora pense servi-lo. Creio que este seja o grande pecado de nossos dias.
Nossas igrejas estão satisfeitas com tudo que adquiriram e com os recursos que hoje possuem através dos grandes coaching e gurus evangélicos. Elas não percebem, mas inconscientemente estão dizendo para si mesmas: “Para que precisamos de Jesus se basta lermos um bom livro sobre liderança ou sobre como estimular nossos voluntários? Para que precisamos orar a Jesus se temos grandes estratégias para alcançarmos o coração de nossos membros e movê-los para aquilo que desejamos realizar? Para que dependermos da ação do Espírito Santo se temos um eficiente ministério de marketing?”.
Muitas igrejas estão crescendo hoje em dia e tendo sucesso entre os homens, assim como a igreja de Laodicéia, contudo Jesus está do lado de fora dessas igrejas. Elas confiam em suas riquezas humanas e materiais já adquiridos. Oração já não é uma prática fervorosa de seus líderes. Muitos deles já nem participam das reuniões de oração de suas igrejas. Alguns deles oram, mas oram como quem lê uma lista de pedidos de mercado. Seus corações estão de fato confiados nas estratégias e experiências de outros homens.
O mais triste da igreja de Laodicéia é que ela era totalmente cega, incapaz de reconhecer suas próprias falhas e de perceber sua vergonha espiritual. Não conseguia se ver realmente como era, assim como muitas de nossas igrejas de hoje. Jesus diz para o pastor desta igreja: 17b Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu. (Apocalipse 3.17b)
Quando Jesus se dirige ao líder da igreja, ele está se dirigindo também a toda igreja, a todos seus membros, pois estes são reflexos de seu líder, e estes se sentem seguros com aquilo que seus líderes lhes apresentam e se acomodam debaixo dessa liderança, muitas vezes servindo-os cegamente. Assim como seus líderes não conseguem ver que estão espiritualmente nus, os membros da igreja também não conseguem ver sua miserabilidade. Acham que estão arrebentando a boca do balão quando na verdade são dignos de compaixão.
O grande pecado desta igreja era sua autossuficiência. A apostasia característica identificada por muitos teólogos ao estudar esta igreja era fruto desta autossuficiência. Na autossuficiência existe uma apostasia velada, uma transferência inconsciente da fé. A fé em Jesus Cristo e dependência total Dele são transferidas para a fé nos recursos adquiridos sejam eles humanos ou materiais, ainda que você continue orando em nome de Jesus. É mais ou menos como orar para que Jesus te cure, mas de fato você está confiando no seu plano de saúde e na palavra de seu médico e não em Jesus. Não é errado usar o plano de saúde e ouvir o que seu médico tem a dizer, pois Jesus os usa como instrumento para abençoá-lo, mas se torna errado quando sua fé está na verdade depositada nestes recursos. Assim são os diversos recursos oferecidos pelos coaching e gurus evangélicos. Você pode usá-los! Jesus pode usá-los para abençoar sua igreja! Mas se tornam ídolos quando você realmente confia plenamente nestes recursos, de tal forma que falar de seus planos com Jesus é apenas um ato religioso de sua parte. Talvez uma forma de tranquilizar sua consciência. No verso dezoito Jesus mostra o caminho para a salvação.

5 – JESUS MOSTRA O CAMINHO PARA A SALVAÇÃO
18 Dou-lhe este aconselho: Compre de mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar. (Apocalipse 3.18)
Jesus aponta o caminho para a salvação da igreja de Laodicéia. Era necessário que o “anjo da igreja”, assim também toda a igreja deixasse sua autossuficiência de lado. Era hora de olhar para Jesus, de comprar Dele ouro refinado pelo fogo (ouro se refere a fé. A fé deles precisava ser provada para que se tornasse pura), vestes brancas (eles precisavam se vestir da justiça de Cristo para que seus pecados não ficassem expostos), de colocar colírio nos olhos para enxergar o caminho (estavam cegos em sua autossuficiência e precisavam da ação do Espírito Santo em suas vidas para ver com os olhos de Deus). Jesus estava dizendo para aquela igreja: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim”.
Jesus é o único caminho para o céu. Não confie em suas obras, não confie em seus esforços, não confie nos recursos que você possui, não confie na tecnologia, não confie na sabedoria e experiências de homens, não confie em mim que estou lhe falando agora. É preciso confiar plenamente em Jesus e se tornar inteiramente dependente Dele e de seus recursos. Se lance nos braços de Jesus.
Saiba que ele pode usar homens para falar com você e dirigir sua vida, mas quando você se torna dependente da fala de homens para ouvir Deus, para ter direção em qual caminho andar, você está trilhando um caminho perigoso, o caminho da autossuficiência. Um caminho sem dúvida mais fácil e rápido para alcançar respostas, mas este é o caminho da transferência da fé total em Jesus Cristo para a fé nos recursos humanos e materiais. Aqueles que trilham este caminho tendem a colocar Jesus para fora de suas vidas, contudo continuam acreditando que ainda estão andando com ele.
Não se vive uma espiritualidade sadia quando Jesus não é a única fonte de nossa segurança, quando Jesus não é nossa única voz para as decisões de nossas vidas. Não se vive uma espiritualidade sadia quando Jesus não é o alvo único de nossa fé, não é o único Senhor de nossa adoração. Não se vive uma espiritualidade sadia quando nossos corações estão divididos entre viver dependente inteiramente de Deus, reconhecendo-O como sustentador de toda vida e vivermos confiantes nos recursos oferecidos a nós pelo mundo, ainda que você diga que foi Jesus que te deu estes recursos.
A questão é onde você está colocando sua fé? Em Jesus ou nos recursos que você diz que Jesus te deu? A fé nos recursos não é a mesma coisa que a fé em Jesus.
Jesus diz compre de mim os recursos que você precisa. É preciso buscá-lo primeiramente e deixar que Ele nos dê ou nos direcione aos recursos que necessitamos e não buscarmos os recursos e depois encaixarmos Jesus neles. A ordem de nossas ações demonstra onde está depositada nossa fé.

CONCLUSÃO
Quero concluir com as palavras finais da carta direcionada a Laodicéia.
19 Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se. 20 Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo. 21 Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono. 22 Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. (Apocalipse 3.19-22)
Vimos que a igreja de Laodicéia era rica, seus membros possuíam muitos recursos materiais, portanto a igreja se achava abastecida, se julgava abençoada por causa de sua prosperidade. Ela possuía um belo telão, tinha um ministério de louvor onde todos seus membros recebiam para tocar, eram verdadeiros profissionais na adoração. Tinha muito para doar em bens materiais. Tinha uma estrutura invejável a qualquer mega igreja de nossos dias. Contudo ela confiava em suas obras e em seus recursos. Pensava que possuía a misericórdia de Deus através deles. Diante disso ela foi transferindo aos poucos sua fé em Jesus para fé nos recursos que possuía ou que podia adquirir.
Entretanto Jesus mostra a realidade da igreja: infeliz, miserável, pobre, cega e nua.
Quantos de nós nos achamos autossuficientes. Quantos de nós oramos apenas por dever religioso, pois no fundo confiamos em nossas decisões e nos recursos que possuímos. Confiamos na tecnologia e no que ela nos oferece. Confiamos no que os livros nos ensinam.
Nestes versos finais Jesus mostra o seu amor novamente a sua igreja. Embora Ele estava a ponto de vomitá-la, Ele oferece a ela uma nova oportunidade. Se a igreja se arrependesse de sua autossuficiência e abrisse a porta para Jesus entrar, Ele sentaria a mesa com ela e juntos comeriam.
Que maravilha sabermos que nós temos uma nova chance, não é o fim para mim, não é o fim para você. Se você se perdeu na caminhada da vida, Jesus te chama novamente. Arrependa-se, abra a porta do seu coração, deixe-O entrar na sua vida e governá-la. Jesus quer se tornar Senhor sobre você novamente e sentar a mesa com você. Ele quer cear com você. Você quer cear com ele? Se você está ouvindo sua voz neste momento, abra seu coração. Chame Jesus e apenas diga: “Jesus eis me aqui, toma o controle de minha vida novamente. Aqui estou, livre de toda autossuficiência para te servir”.
Você que se arrependeu, que se entregou novamente a Jesus, ou você que se entregou pela primeira vez a Jesus, saiba que Ele te premiará. Você é um vencedor. Continue firme em sua fé na pessoa de Jesus. Guarde a fé até o dia em que ele voltar quando então ele te conduzirá para sentar-se com ele no seu trono.
Oremos...


Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
26/04/2020

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