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quinta-feira, 15 de abril de 2021

SERMÕES 175 - JUNTOS COM CRISTO EM SUA MORTE

JUNTOS COM CRISTO EM SUA MORTE

Série: Juntos Com Cristo (2 parte)

 

Neste mês de Abril estamos refletindo na série: “Juntos Com Cristo”. No último domingo refletimos no significado de estarmos “Juntos Com Cristo Em Sua Mesa”, hoje iremos refletir no tema “Juntos Com Cristo Em Sua Morte”.

Pretendemos olhar para a morte não como o fim, mas como o inicio de uma nova realidade para nós que morremos com Cristo.

Não quero diminuir a morte, nem a dor que ela proporciona a todos nós. Sei que até este momento 360 mil brasileiros morreram por causa da pandemia e 3 milhões de vidas vieram a óbito em todo o planeta. Me solidarizo com todas as famílias que estão enlutadas. Oro para que Deus possa consolá-las nestes dias tão difíceis que vivemos. (orar pelas famílias)

Reconheço que a morte não é nossa amiga, nem algo que devemos desejar. Ela não constava no plano original de Deus. Não estava inclusa no Éden. A morte entrou em nossa história por causa do pecado. Ela é consequência do pecado. O caos em que vivemos hoje por causa da pandemia é uma consequência do pecado originado no Éden. Contudo a morte pode ser vista por nós, não como o fim da vida, mas como o começo de uma nova vida.

A morte de Cristo na cruz é para nós cristãos libertadora. Quando Cristo morreu na cruz, morremos com Ele também, pela fé. Isso é muito importante para nós porque morrer com Cristo é o caminho para uma nova vida. Morrer com Cristo é a porta para a construção de uma nova sociedade. Morrer com Cristo é recebermos um livro com as páginas em branco para escrevermos uma nova história a partir de nossas próprias vidas.

Hoje iremos mostrar nessa reflexão por que morrermos com Cristo é para nós cristãos libertador. Primeiro vamos começar essa reflexão apresentando o embasamento bíblico para a realidade de que morremos com Cristo quando este morreu na cruz.

 

1 – EMBASAMENTO BÍBLICO: MORREMOS COM CRISTO NA CRUZ

A afirmação de que morremos com Cristo na cruz é apresentada a nós em diversos textos bíblicos e se refere a uma morte espiritual, a uma morte que experimentamos por meio da fé. Embora tenhamos vários textos vou me deter apenas no texto de Romanos 6.1-11.

Após afirmar no final do capítulo cinco que onde abundou o pecado, superabundou à graça, o apóstolo Paulo inicia o capítulo seis combatendo qualquer pensamento que viesse tentar justificar uma vida no pecado. O próprio apóstolo levanta uma pergunta possível com o fim de destruir qualquer possibilidade de usarem suas palavras de forma indevida. Assim ele inicia o capítulo seis.

1 Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? 2 De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado (Paulo se refere a todos que se consideravam pela fé mortos com Cristo na cruz), como podemos continuar vivendo nele? 3 Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte? 4 Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. 5 Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição. 6 Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; 7 pois quem morreu, foi justificado do pecado. 8 Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. 9 Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele. 10 Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus. 11 Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. (Romanos 6.1-11)

Acredito que após a leitura deste texto não temos dúvida nenhuma de que morremos com Cristo quando ele na cruz morreu. 

Quando Jesus Cristo morreu na cruz, morreu por toda humanidade. O texto que lemos foi escrito aos irmãos que viviam em Roma, por isso ele fala aos que já haviam crido. Entretanto o próprio Senhor Jesus afirmou que na cruz atrairia todos os homens, se referindo a todo ser humano, tornando dessa forma todos participantes de sua morte, conforme João 12.32, 33.

32 Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim. 33 Ele disse isso para indicar o tipo de morte que haveria de sofrer. (João 12.32,33)

Portanto todos nós morremos com Cristo quando ele na cruz morreu. Jesus morreu por você na cruz, morreu a sua morte. Creia você ou não Ele morreu por você. Se você crer nessa verdade, você se tornará participante da morte dele na cruz e também de sua ressurreição.

Para que possamos compreender melhor a libertação que a morte de Jesus proporciona a nós seres humanos precisamos entender primeiro o caos em que nos encontramos. Neste segundo ponto veremos a origem do caos e o seu dano sobre toda criação.

 

2 – A ORIGEM DO CAOS E O SEU DANO SOBRE TODA CRIAÇÃO

A Bíblia nos relata que no sexto dia ao terminar toda criação, Deus achou tudo muito bom. Tudo estava harmonizado, perfeito, em ordem, belo, por isso o universo, o mundo criado recebe o nome de “Kosmos”. Não existia caos, conforme lemos em Gn 1.31.

31 E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia. (Gênesis 1.31)

A palavra “cosmético”, bem conhecida pelas mulheres, se origina de “kosmos”. Cosmético é o nome dado a produtos que visam restabelecer a ordem, a beleza, a harmonia.

O ser humano, ainda no Éden, desejou ser como Deus, isto é, viver independente de Deus. Homem e mulher acreditaram que podiam viver sem Deus e ao fazerem essa escolha se lançaram na morte, pois Deus é a fonte de toda vida. Mas eles não só se lançaram na morte, como se tornaram escravos de seus próprios desejos, vivendo a partir de então dominados pelo egoísmo. A má escolha no Éden condenou toda raça humana e toda criação a uma vida subjugada pelo poder do pecado e da morte. O caos se instalou sobre toda criação.

O ser humano passou a ter vergonha de si mesmo, passou a olhar para o seu semelhante como um estranho, passou a ter medo de Deus devido à culpa que carregava por tê-lo rejeitado e não obedecido a sua orientação, passou a se relacionar de forma conflitante com todo o resto da criação e passou a experimentar a morte física como consequência da morte espiritual.

Isto explica muito da vida humana: trancamos nossas portas, precisamos de polícia e temos senhas em nossos computadores e celulares, pois do contrário, nos roubamos e nos matamos uns aos outros. Assistimos esta realidade todos os dias nos jornais. A cada dia somos surpreendidos por um mal maior que o ser humano é capaz de fazer ao outro. Ficamos chocados, estarrecidos, mas no outro dia somos surpreendidos por um mal ainda maior.

Construímos sociedades que diante o egoísmo insaciável de muitos se tornam um sistema manipulado pelas forças espirituais do mal, é isso que diz João, quando afirma que o mundo jaz no maligno. Está tudo dominado pelo mal. Vivemos sujeitos a uma sociedade endemonizada.

 É por isso que as culturas têm se deteriorado e se distanciado do projeto original de Deus. É por isso que todas as formas de governo e sistemas econômicos desmoronam, pois no fim todos os sistemas servem aos interesses daqueles que detém o poder. A lei do pecado e da morte domina cada ser humano impedindo-os de serem o que deveriam ser, humanos plenos, como Cristo foi.

Agora que entendemos melhor o caos em que nos encontramos, neste terceiro ponto veremos como a nossa morte com Jesus proporciona a nós seres humanos libertação. Podemos dizer que na morte de Cristo fomos libertos do caos.

 

3 – NA MORTE DE CRISTO FOMOS LIBERTOS DO CAOS

Quando pela fé nos vemos mortos com Cristo na cruz, estamos afirmando e considerando que uma vida cessou em nós, que morremos para o pecado, para o egoísmo, para a vaidade, para o orgulho, para uma vida dominada pelos desejos carnais e prazeres oferecidos por este mundo.

Certamente que a morte deste homem pecaminoso nos possibilitará sermos mais altruístas, solidários, amigos do bem e mais amigos de Deus.

A bíblia afirma que todas as coisas foram reconciliadas na cruz, por isso podemos afirmar que através da morte de Cristo fomos libertados do caos em que estávamos para a vida.

20 e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz. 21 Antes vocês estavam separados de Deus (morte espiritual – consequência do pecado) e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês (sentimento de culpa). 22 Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis (que não se pode culpar) e livres de qualquer acusação, (Colossenses 1.20-22)

A morte de Jesus na cruz põe fim a todos os conflitos gerados pelo pecado original. Sua morte reconcilia todas as coisas, isso é, restaura a ordem e a beleza onde havia caos. Ao morrermos com Cristo somos libertos para podermos viver uma nova vida, somos libertos para nascermos do Espírito e vivermos o projeto original de Deus, livres de qualquer acusação.

Na morte de Cristo somos libertos do caos existente em nosso homem interior. Paro de lutar comigo mesmo. Passo a me aceitar e não mais a ter vergonha do que sou e nem medo de Deus. Deixo de fugir da presença de Deus. Na morte de Cristo o meu velho homem morre, com suas deformidades, taras, medos, vergonha, porque o pecado e o caos que ele gerou em meu interior deixam de reinar sobre mim. Na morte de Cristo sou perdoado e diante de mim se abre a oportunidade de começar uma nova relação comigo mesmo. Me torno capaz de olhar para mim e reconhecer minhas falhas, meus fracassos, minhas deformidades, sem que elas me destruam mais. Encaro meus pecados sem me sentir culpado e atormentado pelo passado, pois na cruz minha vida é passada a limpo. Na cruz o passado já não mais me aprisiona e o futuro se torna promissor. Na morte de Cristo fui reconciliado comigo mesmo e agora posso escrever uma nova história nas páginas da minha vida que ainda estão em branco, pois em Cristo e por meio de sua morte, posso vencer o pecado e viver em novidade de vida.

Na cruz, Cristo te reconciliou consigo mesmo. Portanto viva bem consigo mesmo! Não carregue mais o peso dos seus pecados e fracassos, pois na morte de Cristo você foi perdoado.

Na morte de Cristo somos libertos do caos existente nos relacionamentos com nossos semelhantes. Passo a me relacionar melhor com minha esposa, com meus filhos, com meus irmãos em Cristo, com meus vizinhos, amigos, colegas de trabalho, etc. Uma vez que já não vivo em conflito comigo mesmo, a vida de Cristo pode fluir livremente através de mim. Sou capaz de me relacionar de forma aberta, transparente, sincera, sem vergonha de quem sou. Passo a compreender que meus semelhantes são continuidade de minha existência. Neles me completo e me realizo. A vida não gira mais em torno de mim mesmo, porque percebo que a vida não cessa em mim, ela passa por mim, me envolve com seu abraço, perscruta o mais profundo do meu interior, mas se estende além de mim, ela se estende a todos que estão ao meu redor. Por que Jesus que é a vida não está aprisionado a mim, mas eu estou aprisionado nele e por meio dele me torno um com meus semelhantes.

Na cruz, Cristo te reconciliou com seus semelhantes. Portanto viva bem com seu próximo! Não viva mais centrado(a) em si mesmo! Compartilhe sua vida compartilhando seus dons, seu pão, seus sentimentos e seus conhecimentos. Viver é doar de si mesmo.

Na morte de Cristo somos libertos do caos promovido pelas forças espirituais do mal. O resultado da libertação do poder do pecado sobre mim, além de promover paz comigo mesmo e melhorar meus relacionamentos interpessoais, também me liberta da manipulação exercida pelos principados e potestades que operam neste mundo tenebroso, através da religião, da cultura, da mídia e dos poderes governamentais que regem nosso país.

Ao morrer com Cristo me liberto do poder deste sistema maligno que rege o nosso mundo nos escravizando a partir de nossas necessidades primárias e promovendo em nós novas necessidades diariamente. Me liberto deste mundo endemonizado porque já não me deixo mais ser influenciado pelos valores e princípios ditados pela cultura deste mundo caído. Me liberto porque na minha relação com Deus tenho minhas necessidades supridas e dominadas. Encontro contentamento no pouco e no dividir com meus semelhantes.

Vivo no mundo, mas não pertenço mais ao mundo. Não sou mais guiado pelos conselhos do mundo, não conduzo mais minha vida pelas regras do mundo. Os valores e princípios do reino de Deus se tornam minha bússola para a vida. Faço da Palavra de Deus lâmpada para os meus pés. Guardo no coração a Palavra de Deus para não pecar contra Ele. Vivo sem medo e sem culpa diante de Deus, mas vivo com temor e tremor diante de Deus, pois sei que o meu Deus é santo, santo e santo. Escolho me tornar inimigo do mundo, mas amigo de Deus.

Na cruz, Cristo te libertou do domínio deste mundo. Portanto viva neste mundo com a mente de Cristo. Viva de forma a influenciar e não ser influenciado. Vença o mundo como Cristo venceu, não sendo por ele dominado, não cobiçando o que o mundo oferece.

 

REFLEXÃO FINAL

Concluo afirmando que a morte de Cristo na cruz é libertadora para nós! Ela foi um mal necessário para nossa libertação. A morte de Cristo sepultou a culpa através do perdão oferecido por meio do seu sangue. Sem culpa, nos encontramos livres para vivermos a vida que Cristo nos oferece a partir de sua morte. Precisamos primeiro com ele morrer para sermos libertos de tudo que procede do primeiro Adão, para depois ressuscitarmos com ele em novidade de vida.

A realidade de que morremos com Cristo na cruz nos liberta para sermos humanos plenos novamente, como éramos no Éden, antes da queda, homens e mulheres conectados com o Criador.

A realidade de que morremos com Cristo nos liberta para sermos a imagem e semelhança de Deus perfeita, não mais uma imagem borrada, dominada pelo pecado. Mas perfeita como Jesus Cristo foi e é.

A realidade de que morremos com Cristo nos liberta para vivermos nossa individualidade na unidade plena com as demais pessoas, e assim, vivermos sem medo e sem vergonha uns dos outros e dessa forma compartilharmos a vida de Cristo em nós.

A realidade de que morremos com Cristo nos liberta do poder do maligno que opera em nosso mundo e assim podermos ser sal e luz para o mundo.

Hoje quero te convidar a se unir a Cristo em sua morte para que você possa vencer a lei do pecado e ser liberto para construir um futuro promissor em Cristo Jesus. Que a partir de hoje todos os dias quando acordar considere-se morto para o pecado e vivo para Deus. Não deixe que o velho homem que foi crucificado com Cristo renasça em você. Liberto agora do velho homem comece a escrever uma nova história em sua vida com Cristo Jesus. Deus te abençoe!

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

18/04/2021 (noite)

  

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