JUNTOS COM CRISTO EM SUA MORTE
Série: Juntos Com Cristo (2 parte)
Neste mês de
Abril estamos refletindo na série: “Juntos Com Cristo”. No último domingo
refletimos no significado de estarmos “Juntos Com Cristo Em Sua Mesa”, hoje
iremos refletir no tema “Juntos Com Cristo Em Sua Morte”.
Pretendemos
olhar para a morte não como o fim, mas como o inicio de uma nova realidade para
nós que morremos com Cristo.
Não quero
diminuir a morte, nem a dor que ela proporciona a todos nós. Sei que até este
momento 360 mil brasileiros morreram por causa da pandemia e 3 milhões de vidas
vieram a óbito em todo o planeta. Me solidarizo com todas as famílias que estão
enlutadas. Oro para que Deus possa consolá-las nestes dias tão difíceis que
vivemos. (orar pelas famílias)
Reconheço que a morte
não é nossa amiga, nem algo que devemos desejar. Ela não constava no plano
original de Deus. Não estava inclusa no Éden. A morte entrou em nossa história
por causa do pecado. Ela é consequência do pecado. O caos em que vivemos hoje
por causa da pandemia é uma consequência do pecado originado no Éden. Contudo a
morte pode ser vista por nós, não como o fim da vida, mas como o começo de uma
nova vida.
A morte de
Cristo na cruz é para nós cristãos libertadora. Quando Cristo morreu na cruz,
morremos com Ele também, pela fé. Isso é muito importante para nós porque
morrer com Cristo é o caminho para uma nova vida. Morrer com Cristo é a porta
para a construção de uma nova sociedade. Morrer com Cristo é recebermos um
livro com as páginas em branco para escrevermos uma nova história a partir de
nossas próprias vidas.
Hoje iremos mostrar nessa reflexão por que morrermos com Cristo é para nós cristãos libertador. Primeiro vamos começar essa reflexão apresentando o embasamento bíblico para a realidade de que morremos com Cristo quando este morreu na cruz.
1 – EMBASAMENTO BÍBLICO: MORREMOS COM
CRISTO NA CRUZ
A afirmação de
que morremos com Cristo na cruz é apresentada a nós em diversos textos bíblicos
e se refere a uma morte espiritual, a uma morte que experimentamos por meio da
fé. Embora tenhamos vários textos vou me deter apenas no texto de Romanos
6.1-11.
Após afirmar no
final do capítulo cinco que onde abundou o pecado, superabundou à graça, o
apóstolo Paulo inicia o capítulo seis combatendo qualquer pensamento que viesse
tentar justificar uma vida no pecado. O próprio apóstolo levanta uma pergunta
possível com o fim de destruir qualquer possibilidade de usarem suas palavras
de forma indevida. Assim ele inicia o capítulo seis.
1 Que diremos então?
Continuaremos pecando para que a graça aumente? 2 De maneira nenhuma! Nós,
os que morremos para o pecado (Paulo se refere a todos que se consideravam pela fé
mortos com Cristo na cruz), como podemos continuar vivendo nele? 3 Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados
em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte?
4 Portanto,
fomos sepultados com ele na morte por meio
do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos
mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. 5 Se dessa
forma fomos unidos a ele na semelhança da sua
morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição.
6 Pois
sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com
ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos
escravos do pecado; 7 pois quem morreu, foi justificado do pecado. 8 Ora,
se morremos com Cristo, cremos que também
com ele viveremos. 9 Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos,
Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele.
10 Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas
vivendo, vive para Deus. 11 Da mesma forma, considerem-se
mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. (Romanos 6.1-11)
Acredito que após
a leitura deste texto não temos dúvida nenhuma de que morremos com Cristo
quando ele na cruz morreu.
Quando Jesus
Cristo morreu na cruz, morreu por toda humanidade. O texto que lemos foi
escrito aos irmãos que viviam em Roma, por isso ele fala aos que já haviam
crido. Entretanto o próprio Senhor Jesus afirmou que na cruz atrairia todos os
homens, se referindo a todo ser humano, tornando dessa forma todos
participantes de sua morte, conforme João 12.32, 33.
32 Mas eu, quando for levantado da
terra, atrairei todos a mim. 33 Ele disse isso para indicar o tipo de morte que
haveria de sofrer. (João 12.32,33)
Portanto todos
nós morremos com Cristo quando ele na cruz morreu. Jesus morreu por você na
cruz, morreu a sua morte. Creia você ou não Ele morreu por você. Se você crer
nessa verdade, você se tornará participante da morte dele na cruz e também de
sua ressurreição.
Para que
possamos compreender melhor a libertação que a morte de Jesus proporciona a nós
seres humanos precisamos entender primeiro o caos em que nos encontramos. Neste
segundo ponto veremos a origem do caos e o seu dano sobre toda criação.
2 – A ORIGEM DO CAOS E O SEU DANO SOBRE
TODA CRIAÇÃO
A Bíblia nos relata que no sexto dia ao terminar toda
criação, Deus achou tudo muito bom. Tudo estava harmonizado, perfeito, em
ordem, belo, por isso o universo, o mundo criado recebe o nome de “Kosmos”. Não
existia caos, conforme lemos em Gn 1.31.
31 E Deus viu tudo o que havia
feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o
sexto dia. (Gênesis 1.31)
A palavra
“cosmético”, bem conhecida pelas mulheres, se origina de “kosmos”. Cosmético é
o nome dado a produtos que visam restabelecer a ordem, a beleza, a harmonia.
O ser humano,
ainda no Éden, desejou ser como Deus, isto é, viver independente de Deus. Homem
e mulher acreditaram que podiam viver sem Deus e ao fazerem essa escolha se
lançaram na morte, pois Deus é a fonte de toda vida. Mas eles não só se
lançaram na morte, como se tornaram escravos de seus próprios desejos, vivendo
a partir de então dominados pelo egoísmo. A má escolha no Éden condenou toda
raça humana e toda criação a uma vida subjugada pelo poder do pecado e da morte.
O caos se instalou sobre toda criação.
O ser humano
passou a ter vergonha de si mesmo, passou a olhar para o seu semelhante como um
estranho, passou a ter medo de Deus devido à culpa que carregava por tê-lo rejeitado
e não obedecido a sua orientação, passou a se relacionar de forma conflitante
com todo o resto da criação e passou a experimentar a morte física como
consequência da morte espiritual.
Isto
explica muito da vida humana: trancamos nossas portas, precisamos de polícia e
temos senhas em nossos computadores e celulares, pois do contrário, nos roubamos
e nos matamos uns aos outros. Assistimos esta realidade todos os dias nos
jornais. A cada dia somos surpreendidos por um mal maior que o ser humano é
capaz de fazer ao outro. Ficamos chocados, estarrecidos, mas no outro dia somos
surpreendidos por um mal ainda maior.
Construímos
sociedades que diante o egoísmo insaciável de muitos se tornam um sistema
manipulado pelas forças espirituais do mal, é isso que diz João, quando afirma
que o mundo jaz no maligno. Está tudo dominado pelo mal. Vivemos sujeitos a uma
sociedade endemonizada.
É por isso que as culturas têm se deteriorado
e se distanciado do projeto original de Deus. É por isso que todas as formas de
governo e sistemas econômicos desmoronam, pois no fim todos os sistemas servem
aos interesses daqueles que detém o poder. A lei do pecado e da morte domina
cada ser humano impedindo-os de serem o que deveriam ser, humanos plenos, como
Cristo foi.
Agora que
entendemos melhor o caos em que nos encontramos, neste terceiro ponto veremos
como a nossa morte com Jesus proporciona a nós seres humanos libertação.
Podemos dizer que na morte de Cristo fomos libertos do caos.
3 – NA MORTE DE CRISTO FOMOS LIBERTOS DO
CAOS
Quando pela fé
nos vemos mortos com Cristo na cruz, estamos afirmando e considerando que uma
vida cessou em nós, que morremos para o pecado, para o egoísmo, para a vaidade,
para o orgulho, para uma vida dominada pelos desejos carnais e prazeres
oferecidos por este mundo.
Certamente que a
morte deste homem pecaminoso nos possibilitará sermos mais altruístas,
solidários, amigos do bem e mais amigos de Deus.
A bíblia afirma
que todas as coisas foram reconciliadas na cruz, por isso podemos afirmar que
através da morte de Cristo fomos libertados do caos em que estávamos para a
vida.
20 e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as
que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu
sangue derramado na cruz. 21 Antes vocês estavam
separados de Deus (morte espiritual – consequência do
pecado) e, em suas mentes, eram
inimigos por causa do mau procedimento de vocês (sentimento de culpa). 22 Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de
Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis (que não se pode culpar) e livres de qualquer acusação, (Colossenses 1.20-22)
A morte de Jesus
na cruz põe fim a todos os conflitos gerados pelo pecado original. Sua morte
reconcilia todas as coisas, isso é, restaura a ordem e a beleza onde havia
caos. Ao morrermos com Cristo somos libertos para podermos viver uma nova vida,
somos libertos para nascermos do Espírito e vivermos o projeto original de Deus,
livres de qualquer acusação.
Na morte de Cristo somos libertos do caos existente
em nosso homem interior. Paro de lutar comigo mesmo. Passo a me aceitar e
não mais a ter vergonha do que sou e nem medo de Deus. Deixo de fugir da
presença de Deus. Na morte de Cristo o meu velho homem morre, com suas
deformidades, taras, medos, vergonha, porque o pecado e o caos que ele gerou em
meu interior deixam de reinar sobre mim. Na morte de Cristo sou perdoado e
diante de mim se abre a oportunidade de começar uma nova relação comigo mesmo. Me
torno capaz de olhar para mim e reconhecer minhas falhas, meus fracassos,
minhas deformidades, sem que elas me destruam mais. Encaro meus pecados sem me
sentir culpado e atormentado pelo passado, pois na cruz minha vida é passada a
limpo. Na cruz o passado já não mais me aprisiona e o futuro se torna
promissor. Na morte de Cristo fui reconciliado comigo mesmo e agora posso
escrever uma nova história nas páginas da minha vida que ainda estão em branco,
pois em Cristo e por meio de sua morte, posso vencer o pecado e viver em
novidade de vida.
Na cruz, Cristo te
reconciliou consigo mesmo. Portanto viva bem consigo mesmo! Não carregue mais o
peso dos seus pecados e fracassos, pois na morte de Cristo você foi perdoado.
Na morte de Cristo somos libertos do caos existente
nos relacionamentos com nossos semelhantes. Passo a me relacionar melhor com
minha esposa, com meus filhos, com meus irmãos em Cristo, com meus vizinhos,
amigos, colegas de trabalho, etc. Uma vez que já não vivo em conflito comigo
mesmo, a vida de Cristo pode fluir livremente através de mim. Sou capaz de me
relacionar de forma aberta, transparente, sincera, sem vergonha de quem sou. Passo
a compreender que meus semelhantes são continuidade de minha existência. Neles
me completo e me realizo. A vida não gira mais em torno de mim mesmo, porque
percebo que a vida não cessa em mim, ela passa por mim, me envolve com seu
abraço, perscruta o mais profundo do meu interior, mas se estende além de mim, ela
se estende a todos que estão ao meu redor. Por que Jesus que é a vida não está
aprisionado a mim, mas eu estou aprisionado nele e por meio dele me torno um
com meus semelhantes.
Na cruz, Cristo
te reconciliou com seus semelhantes. Portanto viva bem com seu próximo! Não
viva mais centrado(a) em si mesmo! Compartilhe sua vida compartilhando seus
dons, seu pão, seus sentimentos e seus conhecimentos. Viver é doar de si mesmo.
Na morte de Cristo somos libertos do caos promovido
pelas forças espirituais do mal. O resultado da libertação do poder do
pecado sobre mim, além de promover paz comigo mesmo e melhorar meus
relacionamentos interpessoais, também me liberta da manipulação exercida pelos
principados e potestades que operam neste mundo tenebroso, através da religião,
da cultura, da mídia e dos poderes governamentais que regem nosso país.
Ao morrer com
Cristo me liberto do poder deste sistema maligno que rege o nosso mundo nos
escravizando a partir de nossas necessidades primárias e promovendo em nós
novas necessidades diariamente. Me liberto deste mundo endemonizado porque já
não me deixo mais ser influenciado pelos valores e princípios ditados pela
cultura deste mundo caído. Me liberto porque na minha relação com Deus tenho
minhas necessidades supridas e dominadas. Encontro contentamento no pouco e no
dividir com meus semelhantes.
Vivo no mundo,
mas não pertenço mais ao mundo. Não sou mais guiado pelos conselhos do mundo,
não conduzo mais minha vida pelas regras do mundo. Os valores e princípios do
reino de Deus se tornam minha bússola para a vida. Faço da Palavra de Deus
lâmpada para os meus pés. Guardo no coração a Palavra de Deus para não pecar
contra Ele. Vivo sem medo e sem culpa diante de Deus, mas vivo com temor e
tremor diante de Deus, pois sei que o meu Deus é santo, santo e santo. Escolho
me tornar inimigo do mundo, mas amigo de Deus.
Na cruz, Cristo
te libertou do domínio deste mundo. Portanto viva neste mundo com a mente de
Cristo. Viva de forma a influenciar e não ser influenciado. Vença o mundo como
Cristo venceu, não sendo por ele dominado, não cobiçando o que o mundo oferece.
REFLEXÃO FINAL
Concluo
afirmando que a morte de Cristo na cruz é libertadora para nós! Ela foi um mal
necessário para nossa libertação. A morte de Cristo sepultou a culpa através do
perdão oferecido por meio do seu sangue. Sem culpa, nos encontramos livres para
vivermos a vida que Cristo nos oferece a partir de sua morte. Precisamos primeiro
com ele morrer para sermos libertos de tudo que procede do primeiro Adão, para
depois ressuscitarmos com ele em novidade de vida.
A
realidade de que morremos com Cristo na cruz nos liberta para sermos humanos
plenos novamente, como éramos no Éden, antes da queda, homens e mulheres conectados
com o Criador.
A
realidade de que morremos com Cristo nos liberta para sermos a imagem e
semelhança de Deus perfeita, não mais uma imagem borrada, dominada pelo pecado.
Mas perfeita como Jesus Cristo foi e é.
A
realidade de que morremos com Cristo nos liberta para vivermos nossa
individualidade na unidade plena com as demais pessoas, e assim, vivermos sem
medo e sem vergonha uns dos outros e dessa forma compartilharmos a vida de
Cristo em nós.
A
realidade de que morremos com Cristo nos liberta do poder do maligno que opera
em nosso mundo e assim podermos ser sal e luz para o mundo.
Hoje
quero te convidar a se unir a Cristo em sua morte para que você possa vencer a
lei do pecado e ser liberto para construir um futuro promissor em Cristo Jesus.
Que a partir de hoje todos os dias quando acordar considere-se morto para o
pecado e vivo para Deus. Não deixe que o velho homem que foi crucificado com
Cristo renasça em você. Liberto agora do velho homem comece a escrever uma nova
história em sua vida com Cristo Jesus. Deus te abençoe!
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
18/04/2021
(noite)
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