CONFLITOS
Série: Juntos Com os Nossos Heróis
Nesta série “Juntos Com os Nossos Heróis” nós queremos
olhar para os nossos heróis da Bíblia e ver como eles viveram a experiência do
viver juntos, do viver comunidade, do viver unidade. Hoje eu vou olhar para a
experiência da dupla Paulo e Barnabé.
4 Enviados pelo Espírito Santo,
desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. 5 Chegando em Salamina, proclamaram a palavra de Deus
nas sinagogas judaicas. João estava com eles como
auxiliar. 6a Viajaram por toda a ilha, até que chegaram a Pafos. 13 De Pafos, Paulo e seus companheiros navegaram para
Perge, na Panfília. João os deixou ali e
voltou para Jerusalém. (Atos 13.4-6a,13)
João Marcos estava com Paulo e Barnabé na primeira
viagem missionária deles. Entretanto ele os deixou no meio da viagem.
35 Mas Paulo e Barnabé
permaneceram em Antioquia, onde, com muitos outros ensinavam e pregavam a
palavra do Senhor. 36 Algum tempo depois,
Paulo disse a Barnabé: "Voltemos para visitar os irmãos em todas as
cidades onde pregamos a palavra do Senhor, para ver como estão indo".
37 Barnabé queria levar João,
também chamado Marcos. 38 Mas Paulo não achava
prudente levá-lo, pois ele, abandonando-os na Panfília, não permanecerá
com eles no trabalho. 39 Tiveram um desentendimento tão sério que
se separaram. Barnabé, levando consigo
Marcos, navegou para Chipre, 40
mas Paulo escolheu Silas e partiu, encomendado
pelos irmãos à graça do Senhor. (Atos 15.35-40)
Estamos diante a história de dois grandes homens de Deus, Barnabé e Paulo. Ambos foram reconhecidos pela igreja primitiva como apóstolos (Atos 14.14).
O apóstolo Barnabé era conhecido por ser um homem que acreditava no
melhor dos outros. Barnabé sempre buscava dar às pessoas a oportunidade de
mostrarem o seu melhor, de mostrarem que verdadeiramente foram transformadas
pelo Evangelho de Cristo. Foi ele quem bancou a conversão de Paulo, pois os
outros apóstolos não acreditavam em Paulo, pensavam que ele estava se fazendo
de cristão para poder se aproximar deles e matá-los e assim por fim a pregação
do Evangelho de Cristo. Barnabé era conhecido por todos como um homem bom,
cheio de fé e do Espírito Santo. Assim como Paulo, ele pregava aos gentios e
juntamente com Paulo esteve presente no primeiro Concílio da Igreja registrado
no livro de Atos (At 15). Este concílio visava por fim a um conflito existente
na igreja primitiva entre gentios e judeus.
O apóstolo Paulo também era um homem bom, cheio de fé e do Espírito
Santo. Seu conhecimento teológico e sua personalidade forte possivelmente
contribuíram grandemente para que se tornasse o grande líder dos gentios.
Mesmo sendo ambos os apóstolos homens bons, cheios de fé e do Espírito
Santo não puderam evitar o conflito entre eles. Conflitos são inevitáveis, mas não
podemos deixar que os conflitos produzam morte e divisões entre nós.
Tudo estava bem entre
eles. Barnabé não se importava de que Paulo tivesse maior reconhecimento do que
ele e que se tornasse o líder da missão. Ele sabia do seu valor e do seu papel
dentro do grupo e de que junto com Paulo estava servindo a Deus. Mas tudo mudou no dia em que Paulo resolveu
voltar às cidades onde ele, Barnabé e João Marcos haviam pregado o evangelho,
durante a primeira viagem missionária deles.
Barnabé julgou ser
justo convidar João Marcos para voltar com eles, pois este havia participado de
uma parte da primeira viagem deles. Contudo Paulo julgou não ser justo convidar
João Marcos, pois este os havia abandonado durante a primeira viagem.
Estabeleceu-se então
um forte conflito entre eles e ambos foram dominados pela ira. Assim como acontece
com o Dr. Banner, o Hulk existente neles despertou. Não houve acordo entre eles.
(Vídeo Hulk/ira)
Para Paulo, João
Marcos era muito novo e lhe faltava paixão pela obra missionária. Paulo não
estava disposto a sofrer novamente a perda de João Marcos. Para Barnabé o jovem
discípulo precisava de uma nova oportunidade para mostrar o quanto crescerá. Não
se poderia estigmatizar alguém por seus erros passados.
Este conflito de
opiniões os levaram a um desentendimento tão sério que decidiram se separar.
Barnabé viajou para Chipre, levando consigo Marcos (At 15.39). Paulo viajou
para a Ásia Menor, passando pela Síria e Cilícia, levando consigo Silas (At
15.41).
Diante desta história eu quero levantar uma pergunta: “O que levou de fato estes homens bons, cheios de fé e do Espírito Santo a se separarem?”
1 – O QUE LEVOU PAULO E BARNABÉ
A SE SEPARAREM?
A resposta simples e
imediata é que eles se separaram por causa de João Marcos. É evidente que João
Marcos foi à razão visível que os levaram ao desentendimento, mas João Marcos
não é razão verdadeira do desentendimento entre eles.
Eu vou levantar
hipóteses sobre a razão que os levaram a se separarem, contudo vou conjecturar
a partir de verdades bíblicas e empíricas.
Primeira Razão: Amor à obra de Deus – Ambos estão decididos
a fazerem o melhor pela obra de Deus. Ambos estão dispostos a darem suas vidas
pela obra de Deus. Ambos acreditam que estão tomando a decisão melhor para à
obra de Deus. Por isso ambos estão decididos a não recuarem diante o caso “João
Marcos”. Ambos estão movidos pelo amor.
Contudo erramos
quando o amor pela obra de Deus se torna maior do que a razão pela qual a
fazemos. Tudo o que fazemos deve ser feito para manifestar a Glória de Deus.
Mas a distorção desse amor nos leva a transformarmos as tarefas referentes à
obra de Deus em ídolo e não percebemos que muitas vezes matamos vidas
emocionalmente e espiritualmente acreditando que estamos fazendo o melhor para
a obra de Deus.
Segunda Razão: Dons e Paixões – Deus dá a cada um de
nós um dom e coloca em nossos corações paixões por algo. Deus pode ter dado a
você o dom de ensino e colocado em seu coração paixão pela terceira idade, isto
levará você a desejar ensinar grupos da terceira idade. A outros, Deus dá o dom
de ensino e coloca em seus corações paixão por crianças, estes serão levados a
ensinar crianças. Paulo tinha um dom e uma paixão que o impulsionava e Barnabé
tinha outro dom e outra paixão que o impulsionava. Diante o caso “João Marcos”
o dom e a paixão de cada um os levaram a julgar aquela situação de formas
diferentes. Por isso nossos dons e paixões precisam ser colocados submissos às
orientações de Jesus, para que nossas diferenças nos completem e nos ajudem na
realização da obra de Deus.
Terceira Razão: Pecado - Ambos se deixaram ser
controlados por seus temperamentos, que estão sujeitos ao pecado, ao invés de
se sujeitarem ao domínio do Espírito. Certamente se estivessem no Espírito o
resultado deste conflito teria sido outro. Acredito que não teria ocorrido uma
divisão da forma como foi, pois Jesus Cristo morreu pela unidade da igreja, e
toda divisão não gerada no amor é contra a unidade do corpo de Cristo. Portanto
precisamos viver no Espírito e andar no Espírito conforme ensina o próprio
apóstolo Paulo, para que possamos vencer o pecado e as obras da carne, e assim,
mantermos a unidade do Corpo de Cristo.
A história tem
demonstrado que homens de mentes privilegiadas e de boas intenções podem se
tornar os maiores empecilhos para a paz da igreja. Os concílios eclesiásticos
ao longo da história são provas da força exercida por alguns líderes, tanto
para a unidade, quanto para a divisão da igreja de Cristo. Muitas pessoas
abandonaram a fé por causa dos concílios, das assembleias realizadas pelas
igrejas, onde Cristo é envergonhado nas discussões acaloradas entre aqueles que
se dizem irmãos. O melhor de nós, usado sem submissão ao Espírito Santo, pode
causar muitos danos à igreja de Jesus. Uma liderança forte tanto pode alavancar
o trabalho de Deus como pode destruí-lo.
Em nosso segundo
ponto veremos que para não destruirmos o que Deus deseja realizar por meio de
nós, diante os conflitos precisamos lembrar o que nos une.
2 – DIANTE OS CONFLITOS PRECISAMOS
LEMBRAR O QUE NOS UNE
Vou apresentar quatro
valores que nos une e que precisamos trazer a nossa memória diante os
conflitos.
·
Primeiro Valor: O
amor de Deus Por Nós
16 Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito,
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16)
A palavra “mundo” neste verso se refere a você, a mim e a todo ser
humano. Todos nós somos amados por Deus igualmente. Deus não ama você mais do
que ama a mim ou qualquer outra pessoa. Deus nos ama tanto que deu o seu Filho
Jesus para morrer na cruz por nós. Jesus nos ama tanto que enviou o Espírito
Santo para habitar em nós e nos fazer um com Ele e com o Pai. Portanto qualquer
conflito entre nós é ferir o próprio Deus que tanto nos ama.
Ferir um filho de Deus diretamente ou indiretamente é ferir o próprio
Deus. Não podemos nos tornar tropeço para a fé de nossos irmãos, isso é
provocar o amor de Deus e se colocar debaixo de sua ira (Lc 17.1).
1 Jesus disse aos seus
discípulos: "É inevitável que aconteçam coisas que levem o povo a
tropeçar, mas ai da pessoa por meio de quem
elas acontecem". (Lucas 17.1)
·
Segundo Valor: Nosso
Amor Por Deus
Diante o desafio dado por Jesus a nós e do seu amor demonstrado na cruz
por nós é impossível não nos engajarmos em sua obra. Quem ama a Deus demonstra
seu amor por meio de atitudes que lhe engrandeçam. Quem ama a Deus obedece os seus
mandamentos.
·
Terceiro Valor: Nossa
Visão
Uma das razões que nos reunimos aqui é com o fim de tornarmos real a
visão de Deus para nossa igreja local: “Sermos uma comunidade onde cada membro
seja uma expressão do amor de Deus onde estiver”.
Nós desejamos viver esta unidade desejada e realizada por Jesus na cruz
aqui e juntos sairmos das quatro paredes e tornarmos o amor de Deus visível em
nossa cidade.
·
Quarto Valor: Nossa
Missão
A outra razão de nos reunirmos aqui neste templo é para cumprirmos nossa
missão: “Conectarmos as pessoas a Deus”.
Essa é a missão que Jesus deixou a todos nós (Mc 16.15):
15
E
disse-lhes: "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as
pessoas". (Marcos 16.15)
Acredito que Paulo e
Barnabé tinham estes valores firmes em seus corações e por isso venceram o
conflito existente entre eles e juntos alcançaram muitas vidas para Deus, por
meio da pregação do Evangelho de Jesus Cristo e nos deixaram grandes lições que
nos inspiram ainda hoje.
Neste terceiro ponto
veremos os feitos que Paulo e Barnabé fizeram juntos.
3 – JUNTOS PAULO E BARNABÉ
Juntos Paulo e
Barnabé viajaram como missionários levando o Evangelho de Jesus Cristo, nosso
Salvador, a muitas cidades de seus dias. Nesta viagem que é chamada pelos teólogos
como a primeira viajem missionária de Paulo, juntos eles enfrentaram a morte,
foram expulsos de algumas cidades, foram confundidos com deuses gregos, levaram
ajuda financeira para os cristãos da Judéia que estavam passando fome, estabeleceram
pastores nas igrejas por onde passaram e também estavam juntos no primeiro
concílio da história da igreja defendendo a pregação do evangelho aos gentios.
Tudo isso vivenciaram juntos.
Embora após a
separação por causa do conflito “João Marcos”, tudo nos leva a crer que Paulo e
Barnabé continuaram juntos, não fisicamente, não mais como uma dupla, mas
juntos no mesmo Espírito, unidos na mesma fé e colaborando como podiam no
trabalho que o Senhor realizava através do outro.
Paulo
em sua carta aos irmãos da cidade de Corinto faz uma alusão a Barnabé, de uma
forma carinhosa, reconhecendo o seu trabalho e mostrando que ele não tinha
qualquer ressentimento com relação a Barnabé (1Co 9.6).
6 Ou será que apenas eu e Barnabé não temos o direito de deixar de
trabalhar para termos sustento? (1 Coríntios 9.6)
O
apóstolo Paulo escreveu aos irmãos defendendo o direito que ele e Barnabé
tinham de serem sustentados pela igreja. Isso nos mostra que ele considerava o
trabalho de Barnabé valioso.
Paulo
mais tarde e mais maduro percebe que João Marcos também tinha seu valor no
corpo de Cristo. Por isso escrevendo de sua prisão, ao jovem pastor Timóteo,
ele diz as seguintes palavras:
11 Só Lucas está comigo. Traga Marcos (João
Marcos) com você,
porque ele me é útil para o ministério. (2 Timóteo 4.11)
Marcos
o repudiado, possivelmente considerado por Paulo um covarde, se torna o Marcos
útil para o ministério. A dedicação de Barnabé ao jovem desertor é reconhecida
por Paulo ao chamar João Marcos para participar do ministério com ele, a quem
Paulo passa a chamar de cooperador e companheiro de ministério em sua carta aos
Colossenses.
As
falhas não devem determinar o fim do ministério de Jesus Cristo na vida de uma
pessoa. Com amor e dedicação vidas podem ser reconstruídas e ministérios
restaurados.
REFLEXÃO
FINAL
Eu quero
concluir dizendo que Barnabé foi enviado pelos
demais apóstolos para a cidade de Antioquia da Síria, cidade esta que atualmente
faz parte do sul da Turquia; depois de algum tempo naquele local, ele viu a oportunidade
de investir na vida de Paulo, um recém-convertido, enquanto ele ensinava na
igreja que se iniciava em Antioquia. A busca por Paulo o levou a cidade de
Tarso. Juntos Paulo e Barnabé partiram para a cidade de Antioquia.
Barnabé e Paulo ficaram
um ano inteiro ensinando a Palavra de Deus em Antioquia. Ali foi o início de
uma grande dupla de heróis da fé que deixaram suas marcas na história da igreja
e de sua obra missionária.
Hoje eu te
convido a se engajar conosco na obra de Deus. Vamos juntos deixar nossas marcas
na história de nossa igreja. Vamos juntos evangelizar Itapevi com a mesma
determinação de Paulo e vamos juntos acolher e investir na vida dos novos
convertidos e de nossos irmãos em Cristo com o fim de torná-los aptos para a obra
de Deus como Barnabé tornou Paulo e João Marcos aptos. Vamos juntos seguir os
passos de nossos heróis não permitindo que os conflitos nos impeçam de seguir
adiante no projeto de Deus para nós. Vamos juntos no poder do Espírito,
mortificando as obras da carne, sermos sal e luz para nossa cidade. Vamos
juntos!
Pr. Cornélio Póvoa de
Oliveira
10/10/2021 (manhã)
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