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terça-feira, 8 de março de 2022

SERMÕES 151 - FÉ E IDENTIDADE

 FÉ E IDENTIDADE

 

Hoje estamos lançando o tema do ano 2022 – CRÊ-SER. Este tema irá nos conduzir em nossas séries de mensagens deste ano. Queremos crescer na fé e em nossa identidade humana, por isso estamos unindo a palavra “crê” e a palavra “ser” de tal forma que ao lermos as palavras juntas temos a ideia de crescimento.

Desejamos juntos crescer em todas as dimensões de nossas vidas, nos tornando mais parecidos com o ser humano criado por Deus. Entendemos que este crescimento só é possível para nós cristãos quando crescemos na compreensão de nossa fé, uma vez que esta afeta o crescimento de nosso ser.  Durante a jornada deste ano, a cada lição aprendida, você deve sempre se perguntar: “Eu sou o que creio?” “Eu vivo o que creio?” A busca pelas respostas destas duas perguntas deve levar você a um movimento de crescimento de sua compreensão de Deus e de seu ser como indivíduo de fé.

A vida cristã não é estática neste tempo presente, ela não está em repouso, você e eu precisamos desenvolvê-la. Não podemos nos acomodar no nível de fé que chegamos, e nem mesmo no ser humano que somos hoje. Podemos crescer ainda mais. Quero convidar você a se engajar neste desenvolvimento de sua fé e de seu ser.

Para que eu e você possamos nos desenvolver espiritualmente e humanamente Jesus deixou para nós um caminho de desenvolvimento. Ele criou um meio para que possamos crescer em nossa fé e em nossa identidade. Este caminho está descrito na carta de Paulo à Igreja de Éfeso (Efésios 4.11-17).

11 E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, 12 com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, 13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. 14 O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. 15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 16 Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. 17 Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. (Efésios 4.11-17)

Você deve ter percebido que este texto está falando de crescimento. Vamos olhar atentamente para o que Deus está nos ensinando através das Palavras do apóstolo Paulo, analisando versículo por versículo deste texto.

 

1 – JESUS DESIGNOU ALGUNS

11 E ele designou (ἔδωκεν - edōken) alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, (Efésios 4.11)

A palavra designou (ἔδωκεν - edōken) neste texto significa que Jesus deu a Sua Igreja alguns homens para exercerem algumas funções especificas nela. A ideia do texto é que Jesus deu como um dom, como um presente a igreja estes homens.

Este primeiro verso nos ensina duas coisas muito importante.

Primeiro Ensino – Não é a igreja que designa para si homens para ocuparem estes ministérios. A igreja pode colaborar com o estudo teológico, mas não tem o poder de conceder aos homens o chamado e o dom para exercerem estes ministérios. A igreja tem o poder de reconhecer aqueles que possuem este chamado e que receberam de Jesus a capacitação para exercerem estes ministérios. Mas somente Jesus tem o poder de chamar e dar como um presente a Sua Igreja, homens para servirem através destes ministérios.

Segundo Ensino – Todos nós somos servos de Deus, mas nem todos receberam o chamado para estes ministérios. Somente alguns receberam este privilégio, carregado de responsabilidade e autoridade. Por isso aqueles que foram chamados devem ser respeitados e honrados pelos demais, independentes de que sejam mais novos em idade biológica ou em idade espiritual que os demais líderes ou membros da igreja onde Jesus os colocou.

12 Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza. (1 Timóteo 4.12)

 

2 – DESIGNADOS COM O FIM DE PREPARAR OS SANTOS

12 com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, (Efésios 4.12)

O texto está nos dizendo que os designados, isso inclui os pastores, foram dados a Igreja por Jesus com o fim de preparar os santos para a obra do ministério. Gosto da tradução da versão Almeida Revista e Atualizada, ela diz que os pastores foram dados a Igreja com vista ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço.

Fica claro que o trabalho do pastor é desenvolver os membros da igreja para que estes possam desempenhar bem o serviço ou o ministério que Cristo entregou a eles. O trabalho do pastor não é visitar os membros da igreja, mas torná-los aptos para desenvolverem o chamado que Deus entregou a cada um deles. É ajudá-los a desenvolverem o seu potencial como cristãos, levando-os a crescerem na fé e viverem sua humanidade como Cristo viveu.

 O resultado do desenvolvimento de cada membro da igreja deve se refletir no crescimento de todos os membros na sua individualidade e na vida em comunidade. Este crescimento torna o testemunho individual mais poderoso, seja em casa, no trabalho, no lazer, como também torna o testemunho da comunidade cristã mais eficiente, seja dentro da própria igreja ou aos de fora da igreja.

Na medida em que cada crente desenvolve sua fé e sua identidade humana, o resultado é mais vidas se convertendo a Cristo, mais pessoas sendo acolhidas pela comunidade de Cristo, mais instituições sendo ajudadas pela igreja, mais missionários sendo sustentados, mais casamentos sendo restaurados, mais jovens e adolescentes vivendo compromissados com o projeto de Deus, mais crianças refletindo a glória de Deus e mais idosos sendo cuidados pela igreja. Dessa forma a igreja vai sendo edificada, criando um circulo continuo de crescimento.  

 

3 – EDIFICANDO ATÉ QUE TODOS CHEGUEM A MEDIDA DA PLENITUDE DE CRISTO

13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. (Efésios 4.13)

Paulo está dizendo que precisamos continuar edificando até que todos os membros do corpo cheguem ao destino final. Ele define dois destinos finais que precisamos alcançar.

Primeiro Destino Final: “a unidade da fé” – Começamos a trilhar este caminho quando reconhecemos a Jesus Cristo como Senhor. Isto acontece com todas as pessoas das mais diferentes raças, cultura, sexo, classe social e conhecimento acadêmico. A unidade da fé se inicia com a compreensão de que existe somente um Senhor e uma só esperança, e que, portanto estamos todos nós sujeitos e unidos por este mesmo Senhor. Não é apenas uma questão de viver sob o mesmo dogma, embora isto seja importante, mas de nos vermos conectados as demais pessoas; sendo nós participantes de suas vidas e responsáveis pela manutenção dessa unidade.

Segundo Destino Final: “a unidade do conhecimento do Filho de Deus” – Assim como “a unidade da fé” começamos a trilhar este caminho quando reconhecemos a Jesus Cristo como Senhor. Ao iniciarmos uma comunhão com Jesus, o Filho de Deus, devemos buscar conhecê-lo com todo nosso entendimento e coração; aplicando-nos a conhecê-lo profundamente por meio de seus ensinos e ações concretas na história humana, de forma a encarnarmos a vida de Cristo em nossos dias.

Parece-me que o apóstolo Paulo está dizendo que ao chegarmos no destino final da unidade da fé e da unidade do conhecimento do Filho de Deus alcançaremos a maturidade, atingiremos a plenitude de Cristo ou ele está dizendo que ao chegarmos no destino final da unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus estaremos avançando em direção a maturidade. Que Deus nos ajude a chegarmos ao final destes destinos nos tornando “um com Cristo” e “um com nossos irmãos” e assim alcançarmos a medida da plenitude de Cristo.

Paulo nos adverte a não pararmos de edificar a Igreja até que todos alcancemos a unidade da fé e a unidade do conhecimento do Filho de Deus. Mesmo que alguns de nós já tenhamos alcançado a maturidade de Cristo, sempre haverá entre nós novos convertidos. Por isso estou enfatizando a palavra “unidade”, porque Paulo é enfático “até que todos” – é um crescer em unidade, não é um crescer individual somente.

Não se vive o cristianismo de forma individualizada! O cristianismo é vivido em comunidade, por meio do compartilhamento, da solidariedade e do pastoreio mútuo. Tudo isso só é possível se estivermos imersos no amor.

 

4 – O PROPÓSITO DE NOSSO CRESCIMENTO É DEIXARMOS DE SER CRIANÇAS

14 O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. (Efésios 4.14)

Paulo afirma algo bem óbvio, todo o trabalho para edificar a Igreja, levando seus membros a maturidade de Cristo é para que estes não vivam mais como crianças. Ele faz essa afirmação com o fim de apresentar algumas características encontradas na vida de alguns crentes adultos pertencentes a uma criança.

O apóstolo Paulo está chamando de crianças aqueles que são levados de um lado para outro pelas ondas, isto é, aqueles que não possuem estabilidade na vida, que não são íntegros. Ora agem de uma forma e ora agem de outra forma. Fazem escolhas na vida conforme suas necessidades e interesses pessoais. Defendem certas posições enquanto elas lhes favorecem ou favorecem aos seus. Possuem dois pesos e duas medidas. Assim como as crianças, elas trocam de lado rapidamente.

Ele também chama de crianças aqueles que são jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina, isto é, aqueles que seguem os impulsos de seus desejos. Estes são aqueles que correm atrás de movimentos espirituais, que estão sempre abertos a todo tipo de doutrina ou de experiências, pois querem provar todas as coisas. Assim como as crianças, estes estão abertos a novas experiências, sem conseguir discernir os perigos por trás delas.

As crianças não erram somente movidas por seus desejos internos, mas também erram enganadas pela astúcia e esperteza de outros homens. Segundo Paulo, o mesmo acontece com os crentes infantis, são seduzidos pela astúcia e esperteza de homens, sendo manipulados por eles. Muitas pessoas no Brasil que se dizem cristãs vivem no engano por causa de líderes astutos que os induzem ao erro.

O crescimento visa libertar o crente deste estado de infância e assim poder dominar os seus desejos, avaliar com sabedoria as suas escolhas e aqueles a quem ouve. Desta forma, poderem agir e falar, como Cristo agiria e falaria se estivesse em seus lugares.

 

5 – REFORÇANDO O ABANDONO DE UMA VIDA INFANTIL

15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. (Efésios 4.15)

Paulo está apresentando o ideal da maturidade cristã: Seguir a verdade em amor - ao mesmo tempo em que reforça novamente o abandono da vida infantil por meio da expressão “Antes”. Somos convocados como cristãos a crescermos em Cristo.

 

6- O CRESCIMENTO É RESULTADO DE UMA VIDA COMPARTILHADA

16 Dele (Jesus) todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. (Efésios 4.16)

Paulo está nos dizendo que Jesus como cabeça da Igreja faz com que o seu corpo, a Igreja, cresça e viva harmoniosamente. O apóstolo está enfatizando que todo o crescimento da Igreja, provém de Jesus.

Como Jesus realiza o crescimento de sua Igreja? Segundo o texto, na medida em que cada um de nós cumpre o seu papel no Corpo de Cristo. Somos novamente lançados aos versos onze e doze que já mencionamos. Os pastores desenvolvem os membros e estes realizam os seus ministérios dentro de uma igreja local e fora dela.

Eu quero destacar neste verso a ênfase da dependência que temos de Cristo e dos demais membros do corpo de Cristo. Viver a unidade da fé é compreender esta dependência – é descobrir o seu valor e o valor do seu próximo no Corpo de Cristo. Conhecer o Filho de Deus é perceber o Filho nessa unidade e sua responsabilidade para que o Filho seja visto nessa unidade. Eu cresço espiritualmente na medida em que eu me vejo menos como um ser individual e mais como um indivíduo da comunidade de Cristo. Eu passo a viver menos para mim e mais para o bem da comunidade de Cristo. Os interesses da comunidade se tornam maiores que os meus interesses pessoais. O bem-estar da comunidade se torna maior que o meu bem-estar pessoal. Conforme todos nós desenvolvemos esta mentalidade, todos nós desfrutaremos dela.

Infelizmente a falta dessa visão é a razão de assistirmos a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Enquanto os homens não se verem como um só, continuarão lutando pelas reservas de matéria prima, pela extensão geográfica de seus territórios, pelo domínio das mídias, pela hegemonia de sua raça. A falta de compreensão de que Jesus nos fez um, levam homens a fazerem guerras. As guerras produzem crianças órfãs, mulheres sem maridos, idosos sem casas, pessoas amputadas, mortos. Quando compreendermos o que Cristo fez na cruz não haverá mais fronteiras geográficas, sociais, raciais, culturais e religiosas só haverá um povo em comunhão plena com Deus.

 

7 – VIVER NA INDIVIDUALIDADE É VIVER NA FUTILIDADE

17 Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. (Efésios 4.17)

Ao iniciar o verso com a palavra “Assim” ou “Portanto” conforme a versão bíblica que você esteja lendo, o apóstolo está amarrando sua exortação a tudo que ele falou anteriormente. Ele está dizendo: “Cresçam na unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus e não vivam mais na futilidade de seus pensamentos, assim como os gentios vivem”.

Viver na futilidade de seus pensamentos é viver seguindo seus desejos, dominados por suas vaidades, pensando sempre em si mesmo ou nos interesses de seu grupinho. Viver na futilidade é não priorizar o bem-estar do Corpo de Cristo. É não se entregar plenamente pelo crescimento e pela manutenção da paz do Corpo de Cristo.  

Somos chamados para vivermos para Cristo e só podemos crescer em Cristo se nós vivermos a vida voltada para o bem maior do reino de Deus.

 

REFLEXÃO FINAL

Uma igreja local é composta de crentes maduros e crentes recém-nascidos e como processo do nosso crescimento em direção à maturidade devemos suportar em amor os mais fracos na fé, ensinando a eles os princípios fundamentais de nossa fé e suportando suas debilidades espirituais – dando a eles suporte para vencê-las, assim também como tolerando suas fraquezas.

Neste ano o nosso desafio como igreja é crescermos juntos. Primeiramente na unidade da fé – compreendermos mais das verdades bíblicas e do significado de compartilharmos a mesma fé. Em segundo lugar na unidade do conhecimento do Filho de Deus – compreendermos mais quem Jesus é e tudo o que nos revelou para que possamos ser mais humanos como Ele foi; refletindo assim a sua glória.

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

06/03/2022 (noite)

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