FÉ E IDENTIDADE
Hoje estamos
lançando o tema do ano 2022 – CRÊ-SER. Este tema irá nos conduzir em nossas
séries de mensagens deste ano. Queremos crescer
na fé e em nossa identidade humana,
por isso estamos unindo a palavra “crê” e a palavra “ser” de tal forma que ao
lermos as palavras juntas temos a ideia de crescimento.
Desejamos juntos
crescer em todas as dimensões de nossas vidas, nos tornando mais parecidos com
o ser humano criado por Deus. Entendemos que este crescimento só é possível
para nós cristãos quando crescemos na compreensão de nossa fé, uma vez que esta
afeta o crescimento de nosso ser. Durante
a jornada deste ano, a cada lição aprendida, você deve sempre se perguntar: “Eu
sou o que creio?” “Eu vivo o que creio?” A busca pelas respostas destas duas
perguntas deve levar você a um movimento de crescimento de sua compreensão de
Deus e de seu ser como indivíduo de fé.
A vida cristã
não é estática neste tempo presente, ela não está em repouso, você e eu
precisamos desenvolvê-la. Não podemos nos acomodar no nível de fé que chegamos,
e nem mesmo no ser humano que somos hoje. Podemos crescer ainda mais. Quero
convidar você a se engajar neste desenvolvimento de sua fé e de seu ser.
Para que eu e você possamos nos desenvolver espiritualmente e humanamente Jesus deixou para nós um caminho de desenvolvimento. Ele criou um meio para que possamos crescer em nossa fé e em nossa identidade. Este caminho está descrito na carta de Paulo à Igreja de Éfeso (Efésios 4.11-17).
11 E ele designou alguns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres, 12 com o fim de
preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja
edificado, 13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo. 14 O propósito é que não sejamos mais como crianças,
levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por
todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao
erro. 15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo
naquele que é a cabeça, Cristo. 16
Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo
auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida
em que cada parte realiza a sua função. 17 Assim, eu lhes digo,
e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na
futilidade dos seus pensamentos. (Efésios 4.11-17)
Você deve ter
percebido que este texto está falando de crescimento. Vamos olhar atentamente
para o que Deus está nos ensinando através das Palavras do apóstolo Paulo,
analisando versículo por versículo deste texto.
1 – JESUS DESIGNOU ALGUNS
11 E ele designou (ἔδωκεν - edōken) alguns para apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, (Efésios 4.11)
A palavra
designou (ἔδωκεν - edōken)
neste texto significa que Jesus deu a Sua Igreja alguns homens para exercerem
algumas funções especificas nela. A ideia do texto é que Jesus deu como um dom,
como um presente a igreja estes homens.
Este primeiro
verso nos ensina duas coisas muito importante.
Primeiro Ensino – Não é a igreja que designa para
si homens para ocuparem estes ministérios. A igreja pode colaborar com o estudo
teológico, mas não tem o poder de conceder aos homens o chamado e o dom para
exercerem estes ministérios. A igreja tem o poder de reconhecer aqueles que
possuem este chamado e que receberam de Jesus a capacitação para exercerem estes
ministérios. Mas somente Jesus tem o poder de chamar e dar como um presente a
Sua Igreja, homens para servirem através destes ministérios.
Segundo Ensino – Todos nós somos servos de Deus,
mas nem todos receberam o chamado para estes ministérios. Somente alguns
receberam este privilégio, carregado de responsabilidade e autoridade. Por isso
aqueles que foram chamados devem ser respeitados e honrados pelos demais,
independentes de que sejam mais novos em idade biológica ou em idade espiritual
que os demais líderes ou membros da igreja onde Jesus os colocou.
12 Ninguém o despreze pelo fato de
você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento,
no amor, na fé e na pureza. (1 Timóteo 4.12)
2 – DESIGNADOS COM O FIM DE PREPARAR OS
SANTOS
12 com o fim de preparar os santos
para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, (Efésios 4.12)
O texto está nos dizendo que os designados, isso inclui os
pastores, foram dados a Igreja por Jesus com o fim de preparar os santos para a
obra do ministério. Gosto da tradução da versão Almeida Revista e Atualizada, ela
diz que os pastores foram dados a Igreja com vista ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço.
Fica claro que o trabalho do pastor é desenvolver os
membros da igreja para que estes possam desempenhar bem o serviço ou o
ministério que Cristo entregou a eles. O trabalho do pastor não é visitar os
membros da igreja, mas torná-los aptos para desenvolverem o chamado que Deus
entregou a cada um deles. É ajudá-los a desenvolverem o seu potencial como
cristãos, levando-os a crescerem na fé e viverem sua humanidade como Cristo
viveu.
O resultado do
desenvolvimento de cada membro da igreja deve se refletir no crescimento de
todos os membros na sua individualidade e na vida em comunidade. Este
crescimento torna o testemunho individual mais poderoso, seja em casa, no
trabalho, no lazer, como também torna o testemunho da comunidade cristã mais
eficiente, seja dentro da própria igreja ou aos de fora da igreja.
Na medida em que cada crente desenvolve sua fé e sua
identidade humana, o resultado é mais vidas se convertendo a Cristo, mais
pessoas sendo acolhidas pela comunidade de Cristo, mais instituições sendo
ajudadas pela igreja, mais missionários sendo sustentados, mais casamentos
sendo restaurados, mais jovens e adolescentes vivendo compromissados com o
projeto de Deus, mais crianças refletindo a glória de Deus e mais idosos sendo cuidados
pela igreja. Dessa forma a igreja vai sendo edificada, criando um circulo
continuo de crescimento.
3 – EDIFICANDO
ATÉ QUE TODOS CHEGUEM A MEDIDA DA PLENITUDE DE CRISTO
13 até que todos alcancemos a
unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade,
atingindo a medida da plenitude de Cristo. (Efésios
4.13)
Paulo está dizendo que precisamos continuar edificando
até que todos os membros do corpo cheguem ao destino final. Ele define dois
destinos finais que precisamos alcançar.
Primeiro
Destino Final: “a unidade da fé” – Começamos
a trilhar este caminho quando reconhecemos a Jesus Cristo como Senhor. Isto
acontece com todas as pessoas das mais diferentes raças, cultura, sexo, classe
social e conhecimento acadêmico. A unidade da fé se inicia com a compreensão de
que existe somente um Senhor e uma só esperança, e que, portanto estamos todos nós
sujeitos e unidos por este mesmo Senhor. Não é apenas uma questão de viver sob
o mesmo dogma, embora isto seja importante, mas de nos vermos conectados as
demais pessoas; sendo nós participantes de suas vidas e responsáveis pela manutenção
dessa unidade.
Segundo Destino
Final: “a unidade do conhecimento do Filho de Deus” – Assim como “a unidade da fé” começamos a trilhar este
caminho quando reconhecemos a Jesus Cristo como Senhor. Ao iniciarmos uma
comunhão com Jesus, o Filho de Deus, devemos buscar conhecê-lo com todo nosso
entendimento e coração; aplicando-nos a conhecê-lo profundamente por meio de
seus ensinos e ações concretas na história humana, de forma a encarnarmos a
vida de Cristo em nossos dias.
Parece-me que o apóstolo Paulo está dizendo que ao
chegarmos no destino final da unidade da fé e da unidade do conhecimento do
Filho de Deus alcançaremos a maturidade, atingiremos a plenitude de Cristo ou
ele está dizendo que ao chegarmos no destino final da unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus estaremos avançando em direção a maturidade. Que
Deus nos ajude a chegarmos ao final destes destinos nos tornando “um com
Cristo” e “um com nossos irmãos” e assim alcançarmos a medida da plenitude de
Cristo.
Paulo nos adverte a não pararmos de edificar a Igreja
até que todos alcancemos a unidade da fé e a unidade do conhecimento do Filho
de Deus. Mesmo que alguns de nós já tenhamos alcançado a maturidade de Cristo,
sempre haverá entre nós novos convertidos. Por isso estou enfatizando a palavra
“unidade”, porque Paulo é enfático “até que todos” – é um crescer em unidade,
não é um crescer individual somente.
Não se vive o cristianismo de forma individualizada! O
cristianismo é vivido em comunidade, por meio do compartilhamento, da
solidariedade e do pastoreio mútuo. Tudo isso só é possível se estivermos
imersos no amor.
4 – O
PROPÓSITO DE NOSSO CRESCIMENTO É DEIXARMOS DE SER CRIANÇAS
14 O propósito é que não sejamos
mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para
cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens
que induzem ao erro. (Efésios 4.14)
Paulo afirma algo bem óbvio, todo o trabalho para edificar a Igreja,
levando seus membros a maturidade de Cristo é para que estes não vivam mais
como crianças. Ele faz essa afirmação com o fim de apresentar algumas
características encontradas na vida de alguns crentes adultos pertencentes a
uma criança.
O apóstolo Paulo está chamando de crianças aqueles que são levados de um
lado para outro pelas ondas, isto é, aqueles que não possuem estabilidade na
vida, que não são íntegros. Ora agem de uma forma e ora agem de outra forma.
Fazem escolhas na vida conforme suas necessidades e interesses pessoais.
Defendem certas posições enquanto elas lhes favorecem ou favorecem aos seus. Possuem
dois pesos e duas medidas. Assim como as crianças, elas trocam de lado
rapidamente.
Ele também chama de crianças aqueles que são jogados para cá e para lá
por todo vento de doutrina, isto é, aqueles que seguem os impulsos de seus
desejos. Estes são aqueles que correm atrás de movimentos espirituais, que
estão sempre abertos a todo tipo de doutrina ou de experiências, pois querem
provar todas as coisas. Assim como as crianças, estes estão abertos a novas
experiências, sem conseguir discernir os perigos por trás delas.
As crianças não erram somente movidas por seus desejos internos, mas
também erram enganadas pela astúcia e esperteza de outros homens. Segundo
Paulo, o mesmo acontece com os crentes infantis, são seduzidos pela astúcia e
esperteza de homens, sendo manipulados por eles. Muitas pessoas no Brasil que
se dizem cristãs vivem no engano por causa de líderes astutos que os induzem ao
erro.
O crescimento visa libertar o crente deste estado de infância e assim
poder dominar os seus desejos, avaliar com sabedoria as suas escolhas e aqueles
a quem ouve. Desta forma, poderem agir e falar, como Cristo agiria e falaria se
estivesse em seus lugares.
5 – REFORÇANDO O
ABANDONO DE UMA VIDA INFANTIL
15 Antes, seguindo a verdade em
amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. (Efésios 4.15)
Paulo está apresentando o ideal da maturidade cristã: Seguir a verdade em
amor - ao mesmo tempo em que reforça novamente o abandono da vida infantil por
meio da expressão “Antes”. Somos convocados como cristãos a crescermos em
Cristo.
6- O CRESCIMENTO É
RESULTADO DE UMA VIDA COMPARTILHADA
16 Dele (Jesus) todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as
juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte
realiza a sua função. (Efésios 4.16)
Paulo está nos dizendo que Jesus como cabeça da Igreja faz com que o seu
corpo, a Igreja, cresça e viva harmoniosamente. O apóstolo está enfatizando que
todo o crescimento da Igreja, provém de Jesus.
Como Jesus realiza o crescimento de sua Igreja? Segundo o texto, na
medida em que cada um de nós cumpre o seu papel no Corpo de Cristo. Somos
novamente lançados aos versos onze e doze que já mencionamos. Os pastores
desenvolvem os membros e estes realizam os seus ministérios dentro de uma
igreja local e fora dela.
Eu quero destacar neste verso a ênfase da dependência que temos de Cristo
e dos demais membros do corpo de Cristo. Viver a unidade da fé é compreender
esta dependência – é descobrir o seu valor e o valor do seu próximo no Corpo de
Cristo. Conhecer o Filho de Deus é perceber o Filho nessa unidade e sua
responsabilidade para que o Filho seja visto nessa unidade. Eu cresço
espiritualmente na medida em que eu me vejo menos como um ser individual e mais
como um indivíduo da comunidade de Cristo. Eu passo a viver menos para mim e
mais para o bem da comunidade de Cristo. Os interesses da comunidade se tornam
maiores que os meus interesses pessoais. O bem-estar da comunidade se torna
maior que o meu bem-estar pessoal. Conforme todos nós desenvolvemos esta
mentalidade, todos nós desfrutaremos dela.
Infelizmente a falta dessa visão é a razão de assistirmos a guerra da
Rússia contra a Ucrânia. Enquanto os homens não se verem como um só,
continuarão lutando pelas reservas de matéria prima, pela extensão geográfica
de seus territórios, pelo domínio das mídias, pela hegemonia de sua raça. A
falta de compreensão de que Jesus nos fez um, levam homens a fazerem guerras.
As guerras produzem crianças órfãs, mulheres sem maridos, idosos sem casas,
pessoas amputadas, mortos. Quando compreendermos o que Cristo fez na cruz não
haverá mais fronteiras geográficas, sociais, raciais, culturais e religiosas só
haverá um povo em comunhão plena com Deus.
7 – VIVER NA INDIVIDUALIDADE
É VIVER NA FUTILIDADE
17 Assim, eu lhes digo, e no
Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na futilidade dos
seus pensamentos. (Efésios 4.17)
Ao iniciar o verso com a palavra “Assim” ou “Portanto”
conforme a versão bíblica que você esteja lendo, o apóstolo está amarrando sua
exortação a tudo que ele falou anteriormente. Ele está dizendo: “Cresçam na
unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus e não vivam mais na futilidade
de seus pensamentos, assim como os gentios vivem”.
Viver na futilidade de seus pensamentos é viver seguindo
seus desejos, dominados por suas vaidades, pensando sempre em si mesmo ou nos
interesses de seu grupinho. Viver na futilidade é não priorizar o bem-estar do
Corpo de Cristo. É não se entregar plenamente pelo crescimento e pela
manutenção da paz do Corpo de Cristo.
Somos chamados para vivermos para Cristo e só podemos
crescer em Cristo se nós vivermos a vida voltada para o bem maior do reino de
Deus.
REFLEXÃO
FINAL
Uma igreja local é composta de crentes maduros e crentes
recém-nascidos e como processo do nosso crescimento em direção à maturidade
devemos suportar em amor os mais fracos na fé, ensinando a eles os princípios
fundamentais de nossa fé e suportando suas debilidades espirituais – dando a
eles suporte para vencê-las, assim também como tolerando suas fraquezas.
Neste ano o nosso desafio como igreja é crescermos
juntos. Primeiramente na unidade da fé
– compreendermos mais das verdades bíblicas e do significado de compartilharmos
a mesma fé. Em segundo lugar na unidade
do conhecimento do Filho de Deus – compreendermos mais quem Jesus é e tudo
o que nos revelou para que possamos ser mais humanos como Ele foi; refletindo
assim a sua glória.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
06/03/2022 (noite)
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