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terça-feira, 17 de agosto de 2010

CURA 2 - O MINISTÉRIO DA CURA 2 - O PODER DA PRESSÃO

O MINISTÉRIO DA CURA 2 - O PODER DA PRESSÃO
Gl 5:1

Tenho me preocupado nestes dias com a saúde mental de nossa igreja.
Nós cristãos vivemos debaixo de muita pressão. Em nossa ênfase pela santidade e compromisso com Cristo em meio a um mundo cruel e maligno temos nos transformados em pessoas neuróticas ou mesmo psicopatas. Estamos nos tornando prisioneiros (escravos) de um sistema perverso que nos impede de vivermos a vida que Deus nos deu.
Gostaria de ver com vocês quatro tipos de pressões que nos atinge como cristãos:

1) Pressão do pecado (Gl 5:13): é uma pressão constante na vida de todo crente.
Este texto nos coloca diante de uma grande luta – liberdade e autocontrole.
O que você faz com o pecado? A pressão aumenta e acumula quando a nossa posição diante do pecado é de indignação. A pressão não virá se você se acomodar com o pecado, mas quando você decidir não viver mais escravo dele.
A liberdade completa do pecado acontece quando você confessa e se entrega a Deus confiantemente. Além de chegar diante de Deus reconhecendo que você não consegue, o que você tem que fazer é decidir depender d´Ele.
Inimigos da pressão do pecado: acostumar-se com um padrão baixo de vida cristã.
Contudo não podemos nos esquecer que se errarmos Deus é fiel para nos perdoar os pecados, uma vez que estes sejam confessados. Portanto não devemos viver assustados por causa do pecado. Devemos fugir do pecado, mas não enxergar o pecado como o fim de tudo. Deus continuará te amando mesmo que você venha a cair. Deus somente perderá a comunhão com você, caso você não abandone o pecado.

2) Pressão da necessidade / consumo / mídia (Mt 6:25): Todos temos necessidades.
Este verso mostra que Jesus reconhece que temos necessidades básicas em nossa vida que precisam ser atendidas.
* O grande ensinamento deste texto é não vivermos ansiosos pelo que havemos de vestir ou comer, isto é, devemos confiar em Deus, crer que Ele nos ajudará em nossas necessidades básicas da vida.
* O texto não nos ensina a sermos preguiçosos, a ficarmos olhando a vida passar, esperando Deus nos enviar do céu o que necessitamos.
Se a necessidade básica da vida não move você, não o leva a trabalhar e a estudar para que você possa alcançá-las, ela não irá mover Deus (Pv 13:4; 21:25; Ec 10:18). Não fique esperando Deus enviar do céu o que você necessita. Deus só envia do céu para aqueles que verdadeiramente não tem condições de conseguir suprir suas próprias necessidades, por diversos fatores: econômicos, sócias, raciais, etc.
Deus ajuda e reconhece como valoroso aquele que é esforçado, que corre atrás do trabalho, que não rejeita as pequenas portas que se abrem, que valoriza o pouco e consegue ver nisto oportunidade para crescer.
Todos os homens que Deus chamou de valorosos eram trabalhadores, homens esforçados e tementes a Ele (Gideão, Davi, Pedro, etc.).
Em fim todos temos necessidade de nos mantermos vivos. Para isso precisamos comer, beber, de moradia e nos vestirmos. Diante disto vivemos uma pressão dia após dia de conseguirmos dinheiro para nos mantermos vivos; e muitas vezes vivemos numa pressão tremenda, simplesmente para mantermos um padrão de vida que não corresponde com nosso salário, com nossa realidade, apenas para satisfazer as pessoas que estão ao nosso redor.
Contudo não podemos nos esquecer que Jesus nos ensina a não vivermos ansiosos pelas coisas terrenas, Ele nos diz: “... não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?... Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? ou: Com que vestiremos? Porque os gentios é que se procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:25b, 31-33).
Jesus está dizendo em outras palavras: “Não fiquem correndo atrás de coisas passageiras. Os incrédulos é quem fazem isto. Dêem prioridade na vida de vocês a Deus e aos Seus mandamentos; e quanto as suas necessidades básicas (comida e roupa) Ele te dará” ou ainda poderíamos interpretar que Jesus está nos aconselhando a vivermos o hoje, a curtimos o agora; e não deixarmos que as pressões das necessidades do amanhã nos roubem a felicidade presente (Mt 6:34).

3) A pressão da igreja / obra de Deus (Mt 11:28-30; Lc 10:38-48): Temos dado uma grande ênfase no fazer a obra de Deus, em atender as necessidades das pessoas, em frutificar e em ver o mover de Deus.
Devemos dar ênfase a estas coisas, pois é nosso dever levar o evangelho a toda criatura, socorrer aos que estão necessitados. Não devemos ignorar a ordem que nos foi dada por Cristo.
Somos cobrados na igreja conforme a posição que assumimos dentro dela. Diante destas cobranças a igreja deixa de ser um lugar prazeroso de cura para se tornar um “inferno”.
Contudo esquecemos de enfatizar também que Deus quer que cuidemos de nós, que tenhamos descanso; e ao nos esquecermos disto fazemos com que a igreja e obra de Deus se torne um fardo pesado para nós.
Muitas vezes por causa da igreja não conseguimos honrar nossos pais, dar atenção aos nossos filhos, cuidar de nossas esposas ou as esposas do marido.
Nos preocupamos tanto no crescer que nos esquecemos de que a igreja deve promover paz ao individuo. Nos esquecemos que a igreja deve promover relacionamentos, ao invés de megas eventos. Deve servir como local terapêutica para seus membros, onde estes possam encontrar felicidade, sensação de bem-estar. A igreja deve ser refugio, manifestação solidárias do Corpo de Cristo que expressa preocupação pelo outro e não local de buscas egoístas pelas bênçãos especiais e imediatas, as quais normalmente são entendidas como bem-estar emocional e prosperidade maternal.
Este é o local para ouvir a Palavra de Deus, para ter momento de ser ouvido. Não é tanto o que fazemos, mas é como fazemos que importa a Deus.
Precisamos como igreja tirar a pressão de sobre os líderes de ministério, de sobre os irmãos e transformarmos nossa igreja em local de descanso, onde tenhamos prazer em vir adorar a Deus. Precisamos parar de cobrar dos irmãos aquilo que não fazemos, jogando a culpa sobre os outros de nossos próprios fracassos e decepções. Precisamos aprender a ouvir mais a Deus e deixar que Ele salve o mundo, pois não somos os salvadores da pátria, mas instrumentos de Deus para a salvação. Não precisamos sair correndo desesperado tentando salvar a todos, mas devemos deixar Deus nos orientar a fazermos o que Ele deseja que façamos, da forma que Ele deseja.
Somente desta forma equilibrada é que sentiremos a paz de Deus sobre nós. O jugo do Senhor é leve, mas nós em nossa ânsia de fazermos tudo o tornamos pesado demais para nós e para aqueles que nos cercam.
Tome hoje a decisão de fazer apenas uma coisa, assuma apenas aquilo que Deus te deu como dom e paixão.

4) Pressão da família e amigos (Ef 5:22-6:4): a família e os amigos nos cobram.
Vivemos todos os dias debaixo dessa pressão: tenho que ser um bom filho (fazer o que meus pais esperam de mim – honrar e obedecer meus pais), tenho que ser um bom marido (minha esposa espera isso de mim), tenho que ser boa mãe (meu marido e meus filhos me cobram isso). Essas são as pressões que sofremos em nossas casas.
Se você descansar um pouco, relaxar um pouco a cobrança já vem. Por que você não foi trabalhar? Já lavou os copos? Já levou o lixo para fora? Já deu banho nas crianças? O jantar esta pronto? Não tem o que fazer só fica na frente da televisão?
Não estou dizendo que não devamos cumprir nossos deveres e nem que não devamos colocar limites para nossos filhos. Filhos sem limites terão grandes chances de serem futuros delinqüentes.
Devemos fazer o melhor de nós em tudo para glória de Deus. Devemos ser bons amigos, bons filhos, bons pais, cônjuges para que Deus seja honrado.
Contudo devemos reconhecer que necessitamos de descanso, de elogios, de carinho, de abraço.
A pressão da necessidade, do pecado e da igreja já trazem sobre nós um peso grande e quando chegamos em casa, em nosso “doce lar” tudo que queremos é relaxar um pouco, experimentar um pouco de amor e afeto, receber uns elogios; pois passamos o dia tentando vencer o pecado que habita em nós, guardando os ensinamentos de Deus, mantendo a honra de nossos pais limpa e não nos entregando ao poder avassalador da mídia nos tentando a gastar o que não temos, a fazer contas quando já não podemos.

Conclusão: Gostaria de dizer para concluir que a Igreja de Cristo, o Corpo de Cristo deve ser lugar terapêutico, lugar onde as pessoas possam ser curadas, possam sentir prazer em estar, que sejam valorizadas por aquilo que são e não por aquilo que possuem.
Vivemos em um sistema competitivo, consumista, utilitarista, onde os valores absolutos estão sendo perdidos. A conseqüência disto é que temos gerado cada vez mais pessoas individualistas, competitivas, que não valorizam o outro pelo que é, mas pelo que tem. Somos uma sociedade com comportamentos morais errados, em fim somos pessoas carregadas de feridas, de traumas diante de um sistema que nos sufoca e nos leva a morte.
Somos uma sociedade enferma que desaprendeu a amar; estabeleceu a desconfiança como condição “sine qua non” na relação pessoal; não sabe mais desenvolver relacionamentos saudáveis e profundos; vive deprimida e agustiada e que deu lugar a um estilo de vida egoísta.
Portanto espero que nossa igreja se caracterize como uma comunidade ajudadora, que otimiza o potencial de crescimento de seus membros, proporcionando às pessoas libertação de muitas questões que as impedem de crescer.
Creio que a igreja do futuro terá que ter como filosofia de seu ministério o objetivo de se desenvolverem como comunidade terapêutica, como parte de sua missão integral.


Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

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