HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 1
Introdução: O interesse pelo Antigo Testamento é universal. Milhões de pessoas examinam suas páginas para descobrir os primórdios do judaísmo, do cristianismo ou do islamismo. Eruditos estudam diligentemente o Antigo Testamento quanto à contribuição arqueológica, histórica, geográfica e lingüística que ele faz em direção de uma compreensão melhor da cultura do Oriente Próximo anterior à era cristã.
Se desejamos conhecer a história de Israel não podemos deixar de ler as Escrituras Sagradas, principalmente os dezessetes primeiros livros do Antigo Testamento (de Gênesis a Ester), pois estes apresentam a narrativa do desenvolvimento histórico de Israel até o final do século V a.C. Outras nações só participam do quadro naquilo que se vinculam à história de Israel. A narrativa histórica se interrompe bem antes dos dias de Cristo, de tal modo que há um intervalo de quatro séculos entre o Antigo e o Novo Testamento. A literatura apócrifa, adotada pela Igreja Católica, se desenvolveu durante esse período, mas jamais foi reconhecida pelos judeus como parte de seus livros sagrados, ou seja, o “cânon”.
1 - AS ORIGENS DE ISRAEL (Gn 1 – 11)
O Antigo Testamento nos traz um breve panorama de acontecimentos que se refere ao surgimento da raça humana e da distribuição dos povos antigos, nos conduzindo até a era patriarcal, onde se conta como se deu o surgimento do povo e da nação israelita.
Vamos olhar de maneira bem sucinta essa introdução relatada nos primeiros capítulos do livro de Gênesis.
• O homem é de pronto distinguido como a mais importante dentre todas as criações de Deus (Gn 2.4b-25).
• Ao homem foi confiada não só a responsabilidade de cuidar dos animais, mas também recebeu a comissão de dar-lhes nome.
• Dentre os filhos nascidos de Adão e Eva, só três são mencionados por nome (Caim, Abel e Sete).
• As experiências de Caim e Abel revelam as condições do homem em seu estado alterado.
• Visto que já havia sido advertido por Deus, Caim exibiu uma atitude de desobediência deliberada e se tornou o primeiro homicida.
• A civilização de Caim e seus descendentes se refletem em uma genealogia que sem dúvida representa um longo período de tempo (Gn 4.17-24). O próprio Caim fundou uma cidade. A comunidade urbana na antiguidade, naturalmente era muito dada à criação de rebanhos de gado vacum e ovino.
• Foi nos dia do filho de Sete, Enos, que os homens começaram a se voltar para Deus.
• Nos dias de Noé a impiedade crescente da civilização atingiu um ponto critico. A atitude de pesar, da parte de Deus, por haver criado o gênero humano se tornou evidente no plano de por fim a vida humana.
• Só Noé achou favor aos olhos do Senhor. Noé era homem obediente, quando lhe foi ordenado que construísse a arca, ele seguiu as instruções recebidas por Deus (Gn 6.11-22). Por cerca de um ano Noé ficou confinado na arca, enquanto o mundo era açoitado pelo juízo divino.
• Tomando o côvado como cerca de 46 cm, a arca teria cerca de 137 m x 22,5 m x 13,5 m, em que os três dados representariam comprimento, largura e altura, respectivamente.
• NOVO COMEÇO DA RAÇA HUMANA, após o dilúvio através de Noé e sua família.
• Por ser uma unidade racial e lingüística, a raça humana permaneceu em uma localização por período indefinido (Gn 11.1-9).
• A distribuição geográfica dos descendentes de Noé é dada na forma de breve sumário (Gn 10.1-32).
o Jafé e seus filhos se estabeleceram nas vizinhanças dos mares Negro e Cáspio, estendendo-se daí para o oeste, até a Espanha (Gn 10.2-5). Mui provavelmente os gregos, os povos indo-germânicos e outros grupos relacionados descendem de Jafé.
o Cão teve quatro filhos. Três filhos desceram e entraram na África (Gn 10.6-14). Subsequentemente, espalharam-se para o norte, pela terra de Sinear e pela Assíria, edificando cidades como Nínive, Cala, Babel, Acade e outras. Canaã, o quarto filho de Cão, se estabeleceu às margens do mar Mediterrâneo, desde Sidom até Gaza, e daí para o oriente. Embora fossem camitas em sua origem étnica, os cananeus usavam um idioma similar às línguas semitas.
Canaã, filho de Cão, recebeu a maldição proferida por Noé (Gn 9.25).
o Sem e seus descendentes ocuparam a área ao norte do golfo Pérsico (Gn 10.21-31). Elão, Assur, Arã e outros nomes locativos estavam associados aos semitas. Após o ano 2000 a.C., cidades como Mari e Naor tornaram-se centros liderantes da cultura semita.
Da descendência de Sem nasce Abrão, filho de Terá.
• O clímax se dá quando da apresentação de Abrão, mais tarde conhecido como Abraão (Gn 17.5), em quem se concentra o início de uma nação escolhida – a nação de Israel.
1.1 A Era Patriarcal (Gn 12 – 50)
Geograficamente, o mundo dos patriarcas é identificado como o Crescente Fértil. Estendendo-se para o norte, desde o golfo Pérsico, ao longo das bacias do Tigre e do Eufrates, e então voltando-se para o sudoeste, através de Canaã até o fértil vale do rio Nilo, essa área foi o berço das civilizações pré-históricas.
O desabrochar da história coincide com o desenvolvimento da escrita, no Egito e na Mesopotâmia (cerca de 3500 – 3000 a.C.). As descobertas arqueológicas nos têm conferido discernimento quanto às culturas que prevaleceram durante o terceiro milênio a.C. o período de 4.000 – 3.000 a.C., ou a era calcolítica, usualmente é reputado com uma civilização pré-alfabetizada, que pouco produziu na forma de matéria escrita.
Mesopotâmia
Os sumérios, um povo não-semítico, controlaram a região do Eufrates inferior, ou Suméria, durante o período Dinástico Antigo, cerca de 2800 – 2400 a.C. Esses sumérios nos doaram a primeira literatura da Ásia. No mundo da escrita cuneiforme o sumério era a língua clássica, tendo florescido em forma escrita por todo o tempo das culturas babilônica e assíria, até cerca do primeiro século d.C., embora tenha sido abandonado como idioma falado em cerca de 1.800 a.C.
A avançada cultura suméria da Primeira Dinastia de Ur, a última fase do período Dinástico Antigo, foi descoberta em um cemitério escavado por C. Leonard Wooley. Esta descoberta nos trouxe a revelação de que este povo já acreditava na vida após a morte.
Acadianos
Entrementes, um povo semita, conhecido como acadianos, fundou a cidade de Agade ou Acade, ao norte de Ur às margens do rio Eufrates. Começando com Sargão, essa dinastia semita se apoderou dos sumérios, e assim se manteve na supremacia durante cerca de dois séculos. Depois de derrubar Lugalzagisi, Sargão nomeou sua própria filha como sumo-sacerdotisa de Ur, em reconhecimento ao deus-lua Nanar.
Os acadianos não tinham qualquer hostilidade cultural, tal fato pode ser assim concluído, porque eles adotaram a cultura dos sumérios. A escrita destes foi adaptada para servir à língua babilônico-semita.
Gutos
A invasão guta, vinda do norte (cerca de 2080 a.C.), pôs fim ao domínio da dinastia acadiana. Embora pouco se saiba acerca desses invasores caucasianos, eles ocuparam a Babilônia durante aproximadamente um século.
Após um século de supremacia ruiu essa dinastia neo-sumeriana, e a terra da Suméria reverteu ao antigo sistema de cidades-estados.
Egito
Quando Abraão chegou ao Egito, esse país podia ufanar-se de uma cultura com mais de mil anos de antiguidade. O começo da história egípcia usualmente retrocede até ao rei Menés (cerca de 3.000 a.C.), o qual uniu dois reinos – um no delta e outro no vale do rio Nilo.
Os túmulos reais, escavados em Abidos têm produzido vasos de pedra, jóias, vasos de cobre e outros objetos enterrados junto com os monarcas, o que refletia um alto nível de civilização durante esse antigo período.
A era clássica da civilização egípcia, conhecida como período do Reino Antigo (cerca de 2700 – 2200 a.C.) e que compreendeu as Dinastias III – IV, testemunhou certo número de notáveis realizações. Imensas pirâmides, maravilhas do séculos seguintes, provêem amplo testemunho sobre a avançada cultura daqueles primeiros governantes.
As cincos dinastias seguintes que governaram o Egito (cerca de 2200 – 2000 a.C.) surgiram durante um período de decadência. O governo centralizado decresceu. A capital foi mudada de Mênfis para Heracleópolis. A literatura clássica desse período reflete um governo fraco e em mudança.
O Reino Médio (cerca de 2000 – 1780 a.C.) assinala o reaparecimento de um poderoso governo centralizado. Embora nativa de Tebas, a Décima Segunda Dinastia estabeleceu sua capital perto de Mênfis. O Reino Médio fez sua contribuição na literatura clássica. Escolas palacianas treinavam oficiais que sabiam ler e escrever, durante os próspero reinados dos Amenemetes e Senusertes da Décima Segunda Dinastia.
Canaã
O nome “Canaã” se aplica às terras que jazem entre Gaza, no sul, e Hamate, no norte, ao longo das Costas orientais do mar Mediterrâneo (ver Gn 10.15-19). Desde o século XV a.C. o nome “Canaã” vinha sendo aplicado, de modo geral, à província egípcia da Síria, ou pelo menos as costas fenícias, o centro da indústria da púrpura. Mais tarde essa área veio a ser conhecida como Síria e Palestina.
Com a migração de Abraão para Canaã, essa terra se torna o centro das atenções nos desenvolvimentos históricos e geográficos dos tempos bíblicos. Estando estrategicamente localizada entre os dois grandes centros que abrigavam as mais antigas civilizações, Canaã servia de ponte natural que vinculava o Egito à Mesopotâmia. Em resultado disso, não é de surpreender que fosse mista a população da região. Cidades de Canaã, como Jericó, Dotã e outras, já vinham sendo ocupadas desde séculos antes dos tempos patriarcais.
Estendendo-se por 250 km de comprimento desde Berseba, ao norte, até Dã, a Palestina tem uma área de 9654 km quadrados, entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão. A largura média é de 64 km, com um máximo de 87 km desde Gaza até o mar Morto, estreitando-se para 45 km no mar da Galiléia. Com a adição de 6436 km quadrados, a leste de Jordão, área essa com freqüência denominada Transjordânia, essa região envolve cerca de 16.090 km quadrados, isto é, ligeiramente maior que o estado brasileiro de Sergipe.
A erudição moderna concorda em atribuir aos patriarcas um lugar na história do Crescente Fértil, na primeira metade do segundo milênio a.C. A assertiva de que a narrativa bíblica consiste tão somente de lendas fabricadas tem sido substituída pelo respeito geral pela qualidade histórica de Gn 12-50. Grandemente responsável por essa mudança revolucionária foi a descoberta e publicação dos tabletes de Nuzu (ou Nuzi), além de outras informações arqueológicas que vieram à luz desde 1925.
A cronologia dos patriarcas continua um ponto debatido. Dentro desse período geral, a data advogada para Abraão varia do século XXI ao século XV a.C. Visto que as cronologias relativas a esse período estão em estado de fluxo, convém dar atenção a vários pontos de vista quando se fixam as datas sobre os patriarcas.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 2
2. OS PATRIARCAS
Abraão
A Mesopotâmia, a terra entre os dois rios, era a terra natal de Abraão (veja Gn 12.6; 24.10 e At 7.2). Localizada às margens do Balique, um tributário do rio Eufrates, Harã constituía o cento da cultura onde ele vivia com seus parentes.
Nome da gente de Abraão – Terá, Naor, Pelegue, Serugue, além de outros – são confirmados nos documentos de Mari e dos assírios como nomes de cidades daquela área. Em obediência à ordem divina de deixar sua terra natal e sua parentela, Abraão deixou Harã a fim de fixar nova residência na terra de Canaã.
Abraão vivera em Ur dos caldeus antes de ter vinda para Harã (ver Gn 11.28-31).
Referências freqüentes indicam que Abraão era homem de considerável riqueza e prestigio. Longe de ser um nômade vagabundo, no sentido beduíno, ele demonstrou ter atividades mercantis. Os chefes tribais da palestina reconheciam em Abraão um príncipe com quem estabeleceram alianças e firmaram tratados (Gn 14.13; 21.22 e 23.6).
Do ponto de vista das instituições sociais, a narrativa do Gênesis sobre Abraão forma um estudo fascinante. Os planos de Abraão para que Eliezer fosse o herdeiro de suas possessões, porquanto não tinha filhos (Gn 15.2), refletem as leis de Nuzu, que determinavam que um casal sem filhos poderia adotar como filho um servo fiel, o qual teria plenos direitos legais e seria recompensado com a herança, em troca do cuidado constante e de um sepultamento condigno, quando da morte daqueles. Os costumes maritais provenientes de Nuzu, bem como o código de Hamurabi, estabeleciam que se a esposa de um homem não lhe desse filhos, então um filho de uma criada poderia ser reconhecido como herdeiro legal. O relacionamento de Hagar com Abraão e Sara tipifica os costumes que prevaleciam na Mesopotâmia. A preocupação de Abraão pelo bem estar de Hagar também pode ser explicado pelo fato que, legalmente, uma criada que desse um filho a um homem não podia ser vendida como escrava.
Sua vida de fé e seu relacionamento com Deus nos levam a compreender muitos fatos históricos. Abraão teve seu nome “engrandecido” não somente como pai dos israelitas e islamitas, mas também como o grande exemplo de fé para os crentes cristãos, nos escritos neotestamentarios das epístolas aos Romanos, aos Gálatas, aos Hebreus e de Tiago.
A promessa de que Abraão seria uma benção foi literalmente cumprida durante sua vida, bem como em tempos subseqüentes. Finalmente, a promessa de que seriam abençoadas todas as famílias da terra se desdobra em escopo mundial, quando Mateus inicia seu relato sobre a vida de Jesus Cristo, ao declarar se ele “filho de Abraão”.
O pacto desempenhou importante papel na experiência de Abraão. Notemos as sucessivas revelações de Deus, depois da promessa inicial à qual Abraão respondeu obedientemente. na medida em que Deus foi ampliando essa promessa, Abraão foi exercendo fé, o que lhe era lançado na conta como justiça (Gn 15). Nesse pacto, a terra de Canaã foi especificamente prometida à descendência de Abraão. Com a promessa de um filho, a circuncisão se tornou o sinal do pacto (Gn 17). Esse pacto-promessa foi finalmente selado quando do ato de obediência de Abraão, ao mostrar ele sua disposição em sacrificar seu filho único, Isaque (Gn 22).
Abraão descendia de uma cultura politeísta, onde o deus-lua Nanar era reconhecido como principal divindade da cultura babilônica. Abraão rompe com o politeísmo para iniciar uma relação com um único Deus, dando início a uma cultura monoteísta.
Isaque
Isaque, o filho prometido, foi herdeiro de tudo quanto Abraão possuía. Outros filhos de Abraão, como Ismael, de quem descendem os árabes; Midiã, pai dos midianitas; e os demais filhos receberam presentes, ao se despedirem da terra de Canaã (Gn 25), deixando este território para Isaque.
Antes de sua morte, Abraão proveu para seu filho Isaque uma esposa, Rebeca. Abraão também comprou a caverna de Macpela, que se tornou lugar de sepultamento para Abraão, Isaque, Jacó e suas respectivas esposas.
O caráter de Isaque, retratado no livro de Gênesis, é um tanto obscurecido pela vidas movimentadas tanto de seu pai quanto de seu filho.
Embora Isaque tivesse herdado as riquezas de seu pai e tivesse prosseguido no mesmo padrão de vida, é interessante observar que ele se ocupou da agricultura, perto de Gerar (Gn 26.12). De certa feita, Abraão estivera em Gerar, no território filisteu, mas passava a maior parte de seu tempo nas cercanias de Hebrom. Quando Isaque começou a cultivar o solo, colheu safras que produziram a cem por um. Esse sucesso incomum no plantio excitou a inveja dos filisteus, em Gerar, pelo que Isaque viu ser mister mudar-se para Berseba, a fim de poder manter relações pacificas.
Jacó
De comportamento belicioso, Jacó emergiu como herdeiro do pacto. De acordo com os costumes de Nuzu ele negociou com Esaú, para adquirir os direitos de herança. Em adição a isso, Jacó obteve a benção final de Isaque, mediante truques e engodos instigados por sua mãe, Rebeca. A significação dessa aquisição pode ser melhor compreendida quando se faz confronto com as leis contemporâneas, que tornavam essas bênçãos orais obrigatoriamente legais. Digno de atenção, entretanto, é o fato de que a narrativa bíblica salienta o lugar da liderança acima das bênçãos materiais.
Temendo o provável casamento de Jacó com mulheres hetéias, como também a vingança de Esaú, Rebeca traçou um plano para enviar seu filho favorito a Padã-Arã. Tendo recebido acolhida na terra de seus antepassados, Jacó entra em acordo com Labão, o irmão de Rebeca.
Diante do fato de ter que reencontrar com seu irmão Esaú, Jacó ora a Deus e durante a solidão da noite, lutou contra um certo homem. Nessa estranha experiência, que ele reconheceu como um encontro divino, o seu nome foi mudado de “Jacó” para “Israel”.
Na rota para Hebrom, Jacó acampou em Siquém, Batel e Belém.
Quando foi instruído por Deus para mudar-se para Betel, Jacó preparou-se para seu retorno a esse lugar sagrado, removendo a idolatria de sua casa. Em Betel ele erigiu um altar. Ali Deus renovou seu pacto, dando a certeza que não só uma nação, mas um conjunto de nações e reis emanaria de Israel (Gn 35.9-15).
Esaú
Esaú gerou a Edom. Os edomitas evidentemente tiveram uma história ilustre. Pouco se sabe sobre eles fora dessa narrativa sumária (Gn 36.1-43), que indica que eles tiveram vários reis, antes mesmo que qualquer rei tivesse reinado em Israel. Dessa maneira, a narrativa do Gênesis expõe de modo final a linhagem colateral, antes de reiniciar a narrativa patriarcal.
José
Em uma das mais dramáticas narrativas na literatura mundial, as experiências de José entrelaçaram a vida patriarcal com o Egito. Se os contatos anteriores haviam sido primariamente com o meio ambiente mesopotâmico, a transição para o Egito resultou numa mescla de costumes derivados desses dois centros máximos da civilização.
José, filho de Raquel, era o orgulho e a alegria de Jacó. Para mostrar seu favoritismo, Jacó o enfeitou com uma túnica que aparentemente era sinal distintivo de um chefe tribal. Seus irmãos, que já se ressentiam dos maus relatórios de Jacó a respeito deles, foram incitados por isso a um ódio mais profundo. A questão chegou a um ponto critico quando José lhes contou dois sonhos que previam sua exaltação pessoal. Os irmãos mais velhos deram vazão a seus sentimentos ao venderem José como escravo a traficantes midianitas e ismaelitas, que o venderam para Potifar, no Egito.
Diante uma forte seca que atingiu toda Canaã, Jacó e seus filhos foram obrigados a se refugiar no Egito. Neste período José, era o principal administrador do Egito podendo dessa forma prover salvação para toda sua família e familiares. A posição e o prestigio de José possibilitaram-lhe separar a terra de Gôsen para ser ocupada pelos israelitas.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 3
3. DO ÊXODO À CONQUISTA DE CANAÃ
Moisés
O grande líder e legislador por meio de quem Deus tirou os hebreus para fora do Egito, que os constituiu como nação para servi-Lo, e que os levou às fronteiras da terra prometida aos seus antepassados.
Em Êx 2:10 é dito que "Esta lhe chamou Moisés, e disse: Porque das águas o tirei”. A maioria dos interpretes identifica a palavra esta com a filha de faraó, e isso tem levados muitos a suporem uma origem egípcia para o nome de Moisés, em egípcio Ms, "criança" ou "nascido" sendo a melhor possibilidade. Não obstante alguns identificam o antecedente de "esta" com a mãe de Moisés, e, isto significaria, que a própria mãe de Moisés é quem deu seu nome. Moisés (Mõsheh – raiz mãshâ "retirar"), tal como se encontra, é um particípio ativo que significa "alguém que retira", e pode ser uma elipse de alguma frase mais longa.
Moisés pertencia a tribo de Levi, ao clã de Coate, e a casa e família de Anrão (Êx 6:16 e segs.)
Para salvar seu bebê do edito faraônico que ordenava a destruição de todas as crianças recém-nascidas do sexo masculino entre os hebreus, a mãe de Moisés o pôs numa cestinha de juncos ou de papiro recoberta de piche, entre as canas que havia à beira do Nilo, e ordenou que sua irmã, Miriã, vigiasse. Pouco depois a filha de faraó veio com suas criadas a fim de banhar-se no rio, encontrou a criança, e se encheu de compaixão por ela. Miriã discretamente se ofereceu para encontrar uma ama para o bebê (de fato sua mãe) e assim a vida de Moisés foi poupada. Ao ser desmamado foi entregue a sua mãe adotiva, a princesa egípcia (Êx 2:1-10). Sobre sua juventude nada se fala, mas é muito provável que um jovem em sua posição, no período do Novo Reino, criado nos círculos palacianos, não podia deixar de ter recebido um treinamento básico substancial naquela "ciência dos egípcios" que Estevão lhe credita (At 7:22).
O líder
Na qualidade de líder de seu povo, Moisés estava não apenas tecnicamente equipado, mediante sua educação e treinamento egípcios, mas igualmente era, num nível muito mais fundamental, um líder supremo por ser tão aconchegado servidor de seu Deus, mediante a fé (Hb 11:23-29; At 7:23-37).
Grande, realmente, era a mansidão e longanimidade de Moisés, que em meio a rebeldia do povo a Deus e a sua pessoa, a rebeldia de sua própria família (Êx 32:1 e segs.), ele intercedia constantemente a favor de Israel, que pecava (Nm 14:13 e segs.; Nm 16:46) e pleiteava perante Israel que fosse fiel a seu Deus que a libertara. A maravilha disso tudo não é que Moisés tenha pecado apenas uma vez (Nm 20:10 e segs.), mas que ele não se tivesse desesperado perante aquele povo "rebelde de dura cerviz" e perante tanta sobrecarga não tenha falhado muitas outras vezes. Que ele era um homem de fé duradoura no Deus invisível (Hb 11:27b) e portanto, zeloso pela honra do nome de Deus (Nm 14:13 e segs.) são as únicas coisas que podem explicar suas realizações.
A ocupação de Canaã
Chegara o dia a muito esperado. Tendo morrido Moisés, Josué foi comissionado a conduzir a nação de Israel na conquista da Palestina.
O povo de Canaã não apresentava uma organização que apresentasse fortes unidades políticas. Fatores geográficos, tanto quanto a pressão de nações circunvizinhas, no Crescente Fértil, que se utilizavam de Canaã como território tampão, explicam o fato de que os cananeus jamais formaram um império forte e integrado. Numerosas cidades-estados controlavam tanto território quanto possível, com a cidade fortificada de forma a resistir a possíveis ataques inimigos. Quando Canaã era atravessada por exércitos, essas cidades com freqüência evitavam ser atacadas mediante o pagamento de um tributo.
Canaã era cobiçada pelas nações mais fortes por estar localizada entre os dois grandes centros da civilização (Egito e Síria) e por seus vales férteis.
A religião de Canaã era politeísta. El era reputado como principal divindade Cananéia, era conhecido como “pai toro” Visto que as divindades dos cananeus não teriam caráter moral, não é de se surpreender que a moralidade daquele povo fosse extremamente baixa.
A experiência e o treinamento haviam preparado Josué para a exaustiva tarefa de conquistar Canaã. Em Refidim, ele dirigiu o exército israelita na derrota imposta a Amaleque (Êx 17.8-16). Tendo sido espia, ele obtivera conhecimento em primeira mão sobre as condições vigentes na Palestina (Nm 13-14).
Sob a tutela de Moisés, Josué foi treinado para a liderança, tendo sido preparado para dirigir a conquista e a ocupação da terra prometida.
Durante o período da vida de Josué a terra de Canaã foi tomada pelos israelitas, mas de modo algum foram expulsos todos os seus habitantes.
Josué passou 40 anos no deserto (Js 5.6). Faleceu com a idade de 110 anos (Js 24.29). Calebe tinha quarenta anos de idade quando Moisés enviou Josué e Calebe como espias (Js 14.7-10). Supondo-se que Josué fosse da idade de Calebe, os eventos registrados no livro de Josué ocorreram durante um período de vinte e cinco a trinta anos.
A era das conquistas
Acampado em Gilgal, o povo de Israel foi preparado para viver em Canaã, como nação escolhida por Deus. Durante quarenta anos, enquanto a geração incrédula morria no deserto, a circuncisão, que servia de sinal de relação de pacto (Gn 17.1-27), não fora observada. Por meio dessa rito a nova geração foi dolorosamente relembrada do pacto e da promessa de Deus de que os introduziria na terra que “mana leite e mel”. A entrada na terra também foi assinalada pela observância da Páscoa e pela cessação da provisão do maná. O povo remido, doravante, consumiria os frutos da terra.
Josué tinha a consciência de que a conquista da terra não dependia somente dele, mas que ele fora divinamente comissionado e dotado. Embora fosse o líder responsável por Israel, Josué era apenas um servo, sujeito ao comandante do exército do Senhor (Js 5.13-15).
A conquista de Jericó foi uma vitória que serviu de exemplo. Israel não atacou a cidade de acordo com a estratégia militar regular, mas simplesmente seguiu as instruções dadas pelo Senhor.
A derrota para Ai também serviu de exemplo para demonstrar que o sucesso de cada batalha dependia de uma vida de dependência, obediência e santidade para com Deus.
Quando se espalharam por Canaã as noticias da conquistas de Jericó e Ai, os povos de várias localidades organizaram resistências contra a ocupação israelita (Js 9.1,2). Os habitantes de Gibeom, cidade localizada a doze quilômetros e meio ao norte de Jerusalém, traçaram astutamente um plano de engodo levando Josué a fazer uma aliança com eles.
De forma sumária, o trecho de Js 11.16-12.24 relata a conquista de toda a terra de Canaã por parte de Israel. O território coberto pelas forças de ocupação se espraiou desde Cades-Barnéia, ou seja, nos extremos do Neguebe, até ao norte quanto o vale do Líbano, abaixo do Monte Hermon. No lado oriental da fenda do Jordão, a área que previamente fora conquistada por Moisés se estendeu desde o Monte Hermon, no norte, até o vale do rio Arnom, a leste do mar Morto.
Trinta e um reis são alistados entre os derrotados por Josué. Havendo tantas cidades-estados, cada qual com seu próprio rei, em país tão pequeno, foi possível a Josué e aos israelitas derrotarem esses governantes locais em pequenas federações. Embora os reis tivessem sido derrotados, nem todas as cidades foram realmente capturadas ou ocupadas.
Apesar dos principais reis terem sido derrotados e que então prevaleceu um período de paz, restavam ainda muitas áreas não ocupadas na terra (Js 13.1-7). Josué foi divinamente comissionado para dividir o território conquistado entre as nove tribos e meia. Rúben, Gade e metade da tribo de Manassés tinham recebido seus quinhões a leste do rio Jordão, sob Moisés e Eleazar (Js 13.8-33 e Nm 32).
Durante o período de conquista o acampamento de Israel ficava localizado em Gilgal, ligeiramente para nordeste de Jericó, perto do Jordão.
A tribo de Levi não recebeu quinhão na forma de território, porquanto eram responsáveis pelos serviços religiosos por toda a nação. As diversas tribos foram encarregadas da obrigação de selecionarem cidades para os levitas. Terras de pasto, em redor de cada uma das quarentas e oito cidades, foram igualmente providenciadas, pelo que os levitas podiam dar pasto a seu gado vacum e ovino.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 4
TRABALHO EM SALA
1) Qual o significado da palavra páscoa?
2) O que significa a páscoa para o povo de Israel?
3) Quais são os rituais que a nação de Israel deve realizar na páscoa conforme Deuteronômio 16? (O que deveriam comer? Por quê? Etc.).
4) Em que mês é celebrado a páscoa pelos israelitas?
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 5
4. A ERA DOS JUÍZES
Israel não contava com qualquer capital política nos dias dos juízes. Silo, que fora estabelecida como centro religioso, nos dias de Josué (Js 18.1), continuou nessa categoria nos dias de Eli (1 Sm 1.3). Visto que Israel não tinha rei, não havia localidade central de onde um juiz pudesse oficiar. Esses juízes subiram a liderança conforme o exigiam as condições locais ou nacionais. A influência e reconhecimento de muito deles, não há que duvidar, se limitava às suas comunidades ou tribos locais.
A ocupação parcial da terra deixou Israel em continuas dificuldades. O ciclo de acontecimentos se repetia interminavelmente.
Israel pecava o juízo vinha na forma de opressão o arrependimento Deus levantava um juiz (um campeão para desafiar aos opressores) Israel era liberta Israel pecava ...
PECADO TRISTEZA SUPLICA SALVAÇÃO RELAXAMENTO PECADO...
Podemos dizer que este período abrange aproximadamente os primeiros 350 anos da história de Israel em Canaã. Este é o período do regime teocrático, em que o próprio Senhor é o “Rei invisível” de Israel.
O título “juízes” (Shophetim) é devido aos líderes levantados intermitentemente por Deus, para que houvesse liderança em época de emergência durante o período que vai de Josué até o reinado de Saul. O nome “Juízes” descreve duas funções desses líderes:
A – Livrar o povo dos seus opressores, na função de líder militar.
B – Resolver disputas e defender a justiça, na função de líder civil.
Os períodos de 400 anos da história de Israel são dignos de nota; observemo-los no quadro:
Desde o nascimento de Abrão até a
morte de José no Egito (o período familiar) cerca de 400 anos
Desde a morte de José até o êxodo do
Egito (o período tribal) cerca de 400 anos
Desde o Êxodo até Saul, o primeiro rei
(o período teocrático) cerca de 400 anos
Desde Saul até Zedequias e o exílio
(o período monárquico) cerca de 400 anos
O período dos juízes encontra-se no terceiro desses períodos de 400 anos, ou seja, o teocrático. A teocracia foi uma gloriosa experiência com possibilidades superlativas; e o fracasso de Israel é mais trágico ainda.
Estado da Nação
1. Após a morte de Josué, Israel ficou sem um líder nacional por mais de 300 anos. As tribos mostravam-se independentes e cada indivíduo era uma lei perante si próprio. Durante esse tempo o Senhor levantou juízes principalmente nas emergências para livrá-los dos inimigos invasores e defender a justiça civil.
2. Esse foi um período em que o Senhor testou a nação para ver como ela guardaria a sua aliança num ambiente pagão e idólatra (3:1-5). Os israelitas caíram e uma condição crônica de apostasia. Aceitavam entusiasticamente os livramentos do Senhor, mas quando lhes faltava uma forte liderança, retornavam rapidamente às praticas pagãs que o rodeavam.
3. O estado espiritual da nação contrasta vivamente com o da época de Josué. Seu livro apresenta uma história de obediência, fé e vitória sob a liderança teocrática desse grande homem de Deus. Juízes, porém, é um livro que apresenta uma história de contínuo fracasso: “cada qual fazia o que parecia direito aos seus próprios olhos” (17:6). Se não fosse pelas misericordiosas operações de livramento do Senhor durante esse período, a nação teria afundado numa idolatria pagã irrecuperável.
Doze juízes são citados sucessivamente: Otniel, Eúde, Sangar, Débora (com Baraque), Gideão, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elom, Abdom e Sansão. Seis deles se destacam mais – pois toda a história concentra-se em seis apostasias e períodos de cativeiro de Israel e nos seis libertadores ou juízes que conseguiram libertar o povo. São eles: Otniel, Eúde, Débora, Gideão, Jefté e Sansão. As seis principais apostasias são assinaladas em cada caso pelas palavras: “Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor”. Elas ocorrem no corpo do livro apenas essas seis vezes, e em cada caso sobrevém o juízo com a conseqüente servidão. Os cativeiros de Israel não foram simples acidentes, mas castigos.
O pecado e o sofrimento sempre andam juntos. É também verdade que a súplica e a salvação igualmente estão ligadas. Deus se enternecerá com uma súplica sincera em que o mal é abandonado. Ele mostrará então Sua salvação.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 6
TRANSIÇÃO PARA MONARQUIA
Nos séculos XI e X a.C. Israel estabeleceu e manteve a mais poderosa monarquia (Saul, Davi e Salomão) de toda a sua história. Nem antes e nem depois aquela nação teve fronteiras tão amplas e mereceu tanto respeito internacional. Alguns fatos contribuíram para esta expansão:
• O Egito declinara a uma posição muito debilitada, já não era um grande inimigo.
• Os assírios, sob Tiglate-Pileser (1113-1704 a.C.), ampliaram sua influência para oeste, incluindo a Síria e a Fenícia.
• O arquiinimigo que ameaçava seriamente o soerguimento de Israel como potencia era a Filístia. Repelidos em sua tentativa de entrar no Egito, os filisteus se estabeleceram em grande números, na planície marítima da Palestina, pouco depois de 1200 a.C. Cinco cidades foram transformadas em fortalezas dos filisteus: Asquelom, Asdode, Ecrom, Gaza e Gate (1 Sm 6:17).
• A real explicação da superioridade dos filisteus sobre os israelitas se acha no fato de que os filisteus conservavam o segredo da fundição do ferro. Os hititas da Ásia Menor contavam com oficinas de fundação de ferro desde antes de 1200 a.C., mas os filisteus tornaram-se os primeiros a usar este processo na Palestina. Resguardando cuidadosamente este monopólio, mantiveram Israel à sua mercê. Isso é claramente referido em 1 Sm 13.19-22.
1. Fonte Histórica
O primeiro e o segundo livro de Samuel são as fontes da qual baseamos nosso estudo sobre a transição de Israel para Monarquia. 1 e 2 Samuel eram originalmente um único livro, tendo sido a atual divisão estabelecida na Septuaginta.
Datas do período histórico do livro de 1 e 2 Samuel – 1100 a 970 a.C. aproximadamente.
. Os acontecimentos relatados nos dois livros cobrem o período do nascimento de Samuel até o fim do reinado de Davi. Supondo que Samuel tivesse 30 anos aproximadamente quando começou a sua liderança em 1070 (cinco anos após a morte de Eli), ele deve ter nascido em 1100 a.C., aproximadamente. Visto que o reinado de Davi estendeu-se de 1010 a 970, o período de tempo para os livros de Samuel é de cerca de 130 anos.
. Antes da magistratura de Samuel, diversos juízes governaram Israel. Eli o sacerdote e juiz foi quem educou Samuel na cidade de Silo.
. O LIVRO (1 e 2 Samuel) foi escrito aproximadamente no ano 930 a.C.
2. Samuel o líder da Transição do Estado de Anarquia Para Monarquia Teocrática
Samuel, palavra que significa "nome de Deus" ou possivelmente uma abreviatura de "pedido a Deus".
Poucos se igualam a Samuel em termos de caráter, e como agente no desenvolvimento inicial da nação só Moisés pode ser comparado a ele. O ministério de Samuel marca a instituição da monarquia. A partir de agora veremos Israel sob o governo de reis.
Além disso, o aparecimento de Samuel assinala a instituição do cargo de profeta. Havia alguns homens em Israel, mesmo antes do tempo de Samuel, sobre quem o manto da profecia havia caído (Nm 11:25; Jz 6:8). O próprio Moisés é chamado de profeta (Dt 18:18). Mas não havia um oficio profético organizado. Samuel fundou as escolas de profetas e deu origem à ordem profética. É muito provável que Natã, Gade e outros profetas ativos na época de Davi tenham passado por sua escola. Num sentido muito real, portanto, ele é "o primeiro dos profetas", e tal distinção está no Novo Testamento, conforme mostram os seguintes versículos:
"E todos os profetas, a começar com Samuel, assim como todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias" (At 3:24).
"Depois disto lhes deu (Deus) juízes até o profeta Samuel" (At 13:20).
"E que mais direi ainda? Certamente me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão... de Samuel e dos profetas" (Hb 11:32).
Samuel é, pois, uma figura marcante. Ele termina o período dos juízes, encabeça a ordem dos profetas, dá origem ao primeiro grande movimento educacional na nação; coloca o primeiro rei de Israel no trono e, mais tarde, unge Davi, o maior de todos os reis de Israel.
Sua obra educacional
Samuel dedicou-se à tarefa de dar à nação cultura mental e um governo ordeiro. Estas eram as necessidades mais urgentes. A base de toda a sua reforma foi a restauração da vida moral e religiosa do povo. É preciso começar sempre nesse ponto. Além do mais, Samuel era demasiadamente sábio para confiar apenas em sua influência pessoal. Muitos homens de grande influência em sua época nada deixaram de duradouro. Se Israel tivesse que ser salvo, seria através de instituições que exercessem pressão contínua, empurrando o povo para cima, para um nível superior. O meio que ele empregou para este crescimento interno da nação foi a fundação de escolas. Estas, além de elevar Israel a um nível mental mais alto, auxiliaram na adoração do Senhor, ao transmitir idéias verdadeiras sobre a natureza divina.
3. Estado religioso em que se achava a nação
O período começou com a idolatria e a imoralidade ainda predominando em Israel (1 Sm 7:3). Embora Eli fosse fiel como sacerdote, ele deixou de honrar a Deus por não disciplinar os seus filhos (1 Sm 2:29) que serviam no tabernáculo de Silo com flagrante imoralidade e cobiça. Por esse motivo o Senhor proferiu julgamento contra a casa de Eli, dizendo que seria afastada do sacerdócio (1 Sm 2:33).
A história de Eli serve de peno de fundo do ministério de Samuel. Na posição de sumo sacerdote, Eli estava encarregado da adoração e dos sacrifícios no tabernáculo de Silo. Os israelitas esperavam dele a liderança e a orientação, nas questões religiosas e civis.
A religião de Israel se encontrava no nível mais baixo que já se registrara, nos dias de Eli.
Esse estado de religião superficial e de práticas imorais era evidentemente comum em todo Israel e fez com que o Senhor, para disciplinar o seu povo, permitisse a invasão dos filisteus.
Foi nessa atmosfera abominável que Samuel foi criado na infância, sob os cuidados de Eli como fora entregue.
4. Estado político da União
1. Divisões internas. No começo do século 11 a.C. o fraco estado espiritual de Israel combinava com o seu fraco estado político. Foi uma época de lideranças dividas e anarquia geral. Desde a morte de Josué, a nação vinha sem liderança central, mas nas emergências as tribos eram julgadas por juízes indicados por Deus e, às vezes, por governantes sacerdotes (Finéias e Eli).
2. Opressões externas. Os filisteus do sudoeste fizeram nessa época a maior oposição externa a Israel, embora Israel fosse também atacada esporadicamente pelos seus vizinhos consangüíneos que lhe ficavam a leste, e pela Síria ao norte. Os filisteus tomaram-lhe não somente a arca; toda a Jordânia ocidental foi várias vezes quase tomada por eles. Muitas campanhas de guerra foram empreendidas contra os filisteus no século onze.
3. A religião: Esta chegara a um nível tão baixo que o povo acreditava que a Arca que representava a própria presença de Deus, poderia salvá-los. Transformaram a Arca do senhor em amuleto. Será que existe alguma semelhança com a religiosidade de nossos dias?
4. Sob o reinado de Davi, os problemas de anarquia interna e opressão externa foram resolvidos aos poucos. A partir de um grupo de tribos rivais, a nação tornou-se uma força política unida e respeitada por todas as nações da região. Sob a liderança do salmista os filisteus foram expulsos; Edom, Moabe, Amom e Síria tornaram-se vassalos de Israel, e concluiu-se um tratado de paz com a Fenícia.
5. A transição dos juízes para os reis
O pedido
A mudança aconteceu devido à insistência do próprio povo, como vemos no capitulo 8, que marca o ponto critico. (Ler os versículos 4 e 5).
Não se tratava de um impulso momentâneo, mas sim do resultado de deliberação e conferências prévias, pois os anciãos foram a Ramá com o propósito de apresentar o assunto ao profeta. Sem dúvida alguma, eles se reuniram e consideraram a questão muito bem, antes de darem um passo com tanta resolução.
Sua aproximação de Samuel foi marcada pelo respeito. Eles não estavam descontentes com o profeta em si; mas em vista de sua idade avançada e do comportamento insatisfatório dos filhos dele, queriam insistir que o governo passasse a ser uma monarquia, enquanto Samuel ainda se achava entre eles e com a aprovação de sua autoridade.
Os anciãos realizaram uma reunião de comissão e não de oração! Agora estavam determinados a dar um passo para trás, em vez de avançar com Deus. Quantas vezes a incredulidade é revestida com a sabedoria corporativa das comissões!
Duas razões se destacam neste pedido:
Primeiro: Acreditavam que um rei poderia criar uma resistência aos filisteus. Os filisteus organizaram exércitos fortes com carros e cavalos e estabeleceram guarnições militares nas montanhas para recolher tributos dos israelitas. A defesa dos israelitas com exército de voluntários teve dificuldades em fazer frente à força dos filisteus. Esta pressão externa juntou-se às forças internas para criar um clima favorável à centralização política.
Segundo: Salientavam que Samuel era um homem idoso e seus filhos eram moralmente ineptos para assumir seu lugar. A corrupção dos juízes na administração da justiça foi um dos problemas internos (1 Sm 8.5).
A resposta
Devemos notar três coisas sobre esta exigência de um rei:
Primeira, sua razão externa era a depravação dos filhos de Samuel.
Segunda, o motivo interior era que o povo fosse como as outras nações.
Terceira, o significado mais profundo era que Israel rejeitara a teocracia, sendo esta a questão mais séria de todas, enfatizada na resposta divina: "Pois não te rejeitaram a ti, mas a MIM, para eu não reinar sobre eles".
Diante o pedido do povo, Deus, concede por meio de Samuel o rei tão desejado pelo povo. Se inicia o período da MONARQUIA TEOCRÁTICA.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 7
SAUL, o primeiro rei de Israel
Saul, o primeiro rei de Israel, é uma das figuras mais notáveis e trágicas do Antigo Testamento. Saul começou a reinar com grande firmeza, mas em breve decaiu, decepcionando a todos, e terminou de maneira tão lamentável que o processo de decadência que o arruinou se torna monumental para todos que prestam atenção. Notemos as três fases principais de sua carreira:
1. O início promissor (9-12): Jamais um jovem mostrou-se tão promissor ou teve possibilidade tão brilhante em sua juventude. Para começar, ele se distinguia por uma superioridade física surpreendente. Saul é descrito como "moço, tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo" (9:2).
Em segundo lugar, o jovem Saul demonstrava certas qualidades de caráter altamente recomendáveis. Lemos sobre sua modéstia (9:21; 10:22), discrição (10:27) e espírito generoso (11:13). Havia também outras excelentes qualidades – o respeito pelo pai (9:5), sua valentia e bravura (11:6, 11), sua capacidade para amar intensamente (16:21), sua oposição enérgica a males como o espiritismo (28:3) e sua evidente pureza moral nas relações sociais.
Em terceiro lugar, Deus lhe dera instrumentos especiais quando ele se tornou rei. Lemos: "Deus lhe mudou o coração", de modo que passou a ser "outro homem" (10:6,9). Outro sim, "o Espírito de Deus se apossou de Saul, e ele profetizou" (10:10). Essas expressões indicam que Saul sofreu uma renovação interior e se achava sob a orientação especial do Espírito Santo. Saul tinha também um conselheiro de confiança junto de si, o inspirado Samuel.
Este era o jovem e promissor Saul. Extraordinariamente rico em talentos naturais e preparado de modo especial por meio de dons sobrenaturais, seu futuro parecia de fato brilhante. O chamado para ser rei foi uma oportunidade ímpar, dada a um homem em um milhão. Quanta chance para uma gloriosa colaboração com Deus! Que oportunidade para abençoar os homens! Sua ascensão ao trono de Israel sem dúvida foi uma manhã de promessas.
2. A decadência posterior (13-27): A promessa inicial de Saul infelizmente provou ser uma alvorada logo encoberta por nuvens sombrias. Apostasia, decadência, degeneração, desastre – esta é a escala funesta e decrescente que logo se estabelece, até que este herói-gigante morre de modo ignóbil, cometendo suicídio devido à sua perturbação mental.
A primeira apostasia ocorreu logo no início. Veja o capítulo 13. Tratava-se de um ato de orgulho irreverente. Os filisteus estavam prontos para pelejar contra Israel. Saul recebeu ordens para aguardar Samuel em Gilgal. Quando parecia que o profeta não viria antes de expirar o prazo combinado, Saul, impaciente, violou a prerrogativa do sacerdote e insensatamente ousou oferecer ao Senhor, com suas próprias mãos, os sacrifícios pré-estabelecidos. Podemos aceitar a impaciência de Saul, mas não sua violação a lei de Deus. Saul usurpou o lugar do sacerdote, por ser rei achou que poderia exercer o oficio do sacerdote. Samuel repreendeu-o: "Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou".
A próxima falha vem a seguir. Veja o capitulo 14. Foi um ato de obstinação temerária. Mais uma vez Saul se impacienta e não aguarda uma resposta de Deus, e, age imprudentemente após Jônatas ter provocado a ira dos filisteus,e coloca todos os seus homens em pecado ao sentenciar uma ordem para que ninguém se alimentasse naquele dia.
No capitulo 15 surge uma falha ainda mais grave. É uma mistura de desobediência e engano, uma manifestação de que Saul se achava agora um "rei" diante de Deus e não mais um servo. Saul já não se preocupava em agradar a Deus, mas ao povo e a si mesmo. Saul recebeu um governo teocrático, onde Deus reinaria através de sua vida, contudo Saul decidiu reinar sozinho. Saul recebe uma ordem para destruir completamente os amalequitas, mas poupa o rei e a melhor parte do gado. A seguir mente a Samuel, culpando o povo pelos despojos. A reprovação de Samuel começa assim: "Porventura, sendo tu pequeno ao teus olhos..." A humildade fora infelizmente substituída pela arrogância e o mesmo é advertido de que Deus se agrada mais da obediência do que de sacrifícios.
A partir deste ponto a decadência se acelera. "Tendo-se retirado de Saul o Espírito do Senhor" (16:14).
3. O fracasso final (28-31): Sua carreira em declínio finalmente o leva a feiticeira de En-Dor. Este destroço de homem, que antes gozara do conselho direto do céu, trata agora com o submundo. Feitiçaria e suicídio! Saul não existe mais. Jaz morto, juntamente com o bondoso Jônatas. Como os poderosos caem! Como esse filho da manhã foi levado à ruína? Sim, Saul – você que teve um início promissor, mas depois veio a decair e se destruiu, você procedeu definitivamente "como um louco" (26:21)!
Os dois pecados principais de Saul foram a arrogância e a desobediência a Deus. Por trás de ambas jazia a vontade própria impulsiva, indisciplinada. Saul vivia no culto ao "eu". Buscava satisfazer sua vontade, se auto-afirmar e conseguiu se autodestruir.
Características do reinado de Saul
• Não tinha um sacerdócio oficial como era comum dos demais reis.
• Não tinha um aparelho civil (organização) para cobrar impostos.
• Não organizou uma capital para a nação, continuo vivendo em Gabaá de Benjamim, seu povoado, que nem sequer possuía uma muralha. A falta de uma capital segura o impediu de organizar tudo que o estado precisava para se tornar forte.
• Seu exército era mantido em grande parte pelos despojos de suas conquistas.
• Os cidadãos pagavam tributos mais ao exército do que ao próprio rei enviando seus filhos para se alistarem.
Organograma de Israel no tempo de Saul
Deus rei (Saul)
exército
Profeta
Aldeias organizadas
por tribos
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 8
DAVI, o segundo rei de Israel
Davi inicia sua vida pública como militar no exército de Saul. A derrota do gigante filisteu foi o marco para que este caísse na graça do povo e se tornasse um herói nacional. Sem dúvida, no entanto, foram muitas outras façanhas em campo de batalha que levaram o povo a cantar: “Saul matou mil mas Davi matou dez mil” (1 Sm 18.7). Casou-se com Mical uma das filhas de Saul, por ter derrotado o gigante Golias.
Entretanto Saul passa a desejar a sua morte e Davi se torna um fugitivo. Por um tempo se esconde nas terras dos filisteus, mas o rei Aquis, rei de Gate, não lhe dá refugio. Davi então se esconde nas cavernas de Adulão, onde se une a ele quatrocentos homens, incluindo sua família e o profeta Gade.
Davi e seus homens passam a prestar serviço de proteção aos residentes da região, livrando-os de ladrões assaltantes, em troca recebiam alimentos e dinheiro. Foi neste período que Nabal resistiu a Davi chamando-o de fugitivo. Abigail sua esposa para não ver seu marido morto e nem sua casa saqueada pede a Davi misericórdia e lhe oferece presentes. Quando Nabal vem a falecer, Abigail se torna esposa de Davi.
O número de homens que acompanhavam a Davi vai se tornando maior rapidamente.
Com a morte de Saul, seu filho Isbaal (Isboset) passou a ser o rei, contudo a tribo de Judá seguiu a Davi. Isboset reinou dois anos. Por um período curto Israel teve dois reis.
Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; e reinou quarenta anos. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá.
2 Samuel é o livro dos quarenta anos do reinado de Davi. Como já foi mencionado, 1 e 2 Samuel eram originalmente um único livro, tendo sido a atual divisão estabelecida na Septuaginta.
O reinado memorável de Davi é destacado e apresentado como objeto de grande relevância, merecendo um estudo especial. Uma vez que Davi foi o verdadeiro fundador da monarquia, o reorganizador da adoração religiosa de Israel, o herói proeminente, o rei e poeta de seu povo, e como sua dinastia continuou no trono de Judá até o cativeiro, assim como o Messias prometido deveria ser da linhagem davídica, não é surpreendente que lhe fosse conferida tanta relevância.
Davi em Hebrom (2 Sm 1-5)
Perguntamos: Por que Abner e Israel a principio rejeitaram Davi? Uma razão pode ter sido um temor ciumento da parte de Abner, receoso de não conseguir manter sua posição de suprema liderança sob um rei como Davi, que já tinha os seus próprios "valentes" de renome ao seu redor.
Mas pode ter havido outra razão para Israel rejeitar o novo rei: a confiança em Davi tinha se abalado por causa de sua recente estadia entre os principais inimigos da nação, os filisteus, a fim de escapar de Saul.
É louvável o comportamento adotado por Davi perante a delicada situação criada pela rejeição de Israel. Ele não tentou subir ao trono mediante o poder de seu exército. Davi sabia que Deus o indicara para o trono, e sua experiência com Ele durante a disciplina dos anos precedentes lhe ensinara a esperar pelo tempo de Deus. O Senhor não havia falhado. Davi não agiria sem orientação divina (2:1). Somente depois do pronunciamento abaixo de todo Israel representado por um grupo de anciãos, Davi se torna rei de toda nação israelita.
"Somos do mesmo povo de que tu és. Outrora, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu que fazias entradas e saídas militares com Israel; também o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e serás chefe sobre Israel" (5:1,2).
Vemos que o reconhecimento do direito de Davi ao trono apoiava-se numa base tríplice:
1. Seu parentesco humano: "Somos do mesmo povo de que tu és".
2. Seu mérito comprovado: "Tu fazias entradas e saídas militares com Israel".
3. Sua autorização divina: "O Senhor te disse: ...serás chefe sobre Israel".
Não é este um sermão em si mesmo, falando do direito de Cristo de reinar sobre nossas vidas? Ele é nosso parente – "osso de nossos ossos e carne da nossa carne". Ele é nosso salvador, cujo mérito já foi comprovado, que esposou nossa causa e lutou contra nosso inimigo, trazendo-nos libertação da culpa e tirania do pecado. Ele é também rei por permissão divina, o príncipe e Senhor de Seu povo, aquele a quem foi entregue toda autoridade no céu e na terra. "O governo está sobre os seus ombros" (Is 9:6). Será que cada um de nós pode dizer: "O governo de minha vida está sobre os ombros dEle"?
A aliança davídica
Vamos agora para o capitulo 7, onde passamos a conhecer a aliança davídica (ler 7:11-16).
A partir da época em que esta aliança foi anunciada, os judeus sempre creram que o Messias procederia da linhagem davídica. Eles criam nisso nos dias do Senhor e continuam crendo hoje. Os profetas confirmaram tal fato mais tarde, em passagens como Isaías 11:1; Jeremias 23:5 e Ezequiel 37:25. Foi de acordo com tais profecias que o anjo Gabriel anunciou Jesus a Maria: "Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim" (Lc 1:32,33).
Nota-se muito bem que as duas alianças, a abrâmica e a davídica, são incondicionais. Isto se deve ao fato de ambas encontrarem seu cumprimento final em Cristo, pois sabemos que não pode haver falhas por parte dEle.
O grande pecado de Davi
Com relação ao pecado de Davi devemos considerar quatro coisas:
1) Devemos observar a vida de Davi como um todo – não é justo nem honesto enfatizar esta mancha no registro de Davi a fim de fazê-lo parecer o maior fato na vida dele. Devemos ver sua fé e obediência para com Deus por vários anos, sua retidão geral e generosidade, sua conduta baseada em princípios elevados e aspirações espirituais ardentes, qualidades que o caracterizaram quase sempre em toda sua carreira.
2) Devemos levar em consideração o arrependimento de Davi – jamais houve alguém mais abatido e envergonhado pela autocondenação e arrependimento santo do que Davi depois de seu pecado. O Salmo 51 é a expressão de sua penitência depois da visita de Nata para repreendê-lo.
3) Devemos julgar o caráter de Davi de acordo com sua época – o evangelho cristão e a ética do Novo Testamento não haviam ainda sido entregues aos homens naquele tempo.
4) Devemos observar a vida interior de Davi revelada nos salmos davídicos – Nos livros de Samuel e Crônicas vemos a vida exterior de Davi. Nos Salmos davídicos vemos a vida interior.
A história da vida de Davi em seu todo, apoiada pelo nobre testemunho de seus salmos, mostra decididamente que, apesar de algumas derrotas e de uma queda notória e triste, o resultado final veio a justificar o pronunciamento de que ele era um homem que agradava a Deus.
Lições notáveis com relação ao seu pecado
1) A honestidade e a fidelidade da Bíblia – Se a tarefa de escrever a Bíblia tivesse sido deixada em mãos humanas, ela não conteria um capitulo desse tipo. A culpa de Davi é exposta sem o menor esforço para atenuá-la e muito menos retirá-la. (Nota: o Talmude nega o adultério de Davi com base na idéia de que todo guerreiro tinha de se divorciar da mulher antes de partir para o campo de batalha. Bate-Seba seria então livre).
2) A queda de Davi ocorreu quando ele se achava em conforto e ociosidade – Todos os seus inimigos haviam sido esmagados. A pressão dos perigos que o mantiveram em espírito de oração havia desaparecido. A prosperidade e o conforto são sempre perigosos, e jamais ficamos tão expostos à tentação do que quando estamos inativos.
3) Davi dera lugar a sensualidade, convivendo com muitas mulheres (2 Sm 5:13). Não devemos dar lugar a carne (leia Dt 17:17).
4) Se cairmos no pecado, a única medida segura é a confissão e a restituição (1 Jo 1:9).
5) O pecado é perdoado, mas pode trazer conseqüências terríveis para nossas vidas (12:11).
"Por que fiz isso? Como pude agir desse modo? Essas podem ser as perguntas mais amargas e trágicas que homens e mulheres fazem a si mesmos. Algo feito que não pode ser desfeito, algo final e irrevogável, e o homem olha para aquilo e não pode acreditar que o tenha cometido, não pode ver-se ali e, no entanto, sabe que o praticou e que a culpa será sua para sempre".
Organograma de Israel no tempo de Davi
Deus rei (Davi) sacerdócio
Exército administração
Profeta
Aldeias organizadas
por tribos
Características do reinado de Davi
• Político Davi construiu um império. Possivelmente porque desta forma poderia sustentar um significativo aparelho de Estado sem impor pesados tributos às tribos de Israel. Mantendo sob seu domínio os edomitas, os moabitas, os filisteus, os amonitas e os arameus e cobrando-lhes tributos, Davi podia manter seus palácios, seu exército e sua capital, aliviando assim as tribos de Israel deste grande peso.
o Criou uma capital para seu reino. Jerusalém foi a cidade escolhida. Seus habitantes eram jebuseus. Estes não aceitaram unir-se às tribos de Israel e nem essas puderam submetê-los. No tempo de Davi era um enclave monárquico no interior das montanhas controladas pelas tribos de Israel, constituindo assim um obstáculo às comunicações entre Judá ao sul e as demais tribos do norte. Com a conquista de Davi e seu exercito a cidade passou a ser chamada como “cidade de Davi” (2 Sm 5.6-12).
• Religioso Davi introduziu algumas novidades que mudaram a natureza da religião de Jeová (Javé). A primeira foi trazer a arca da aliança para a sua nova capital. A segunda foi a nomeação do sacerdote-chefe como funcionário da Coroa, caminho este dos demais reis das nações, instituindo um culto controlado pelo rei.
• Sob muitos aspectos o Estado davídico era similar aos estados cananeus. Existia, como entre os cananeus, um exército, um sacerdócio e uma administração civil que dependia diretamente da vontade do rei e de seu apoio econômico.
• A nação de Israel nascida como sociedade revolucionária (se rebelou contra o reino do Egito) voltou a ser, sob o reinado de Davi, uma sociedade de classes. Seu governo porém, não foi opressivo. Podia viver em grande parte, com os tributos pagos pelos povos conquistados.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 9
O REI SALOMÃO
Numa visão histórica, seu interesse especial está no fato de ele representar o período de maior prosperidade de Israel como reino. Seu reinado marca a época mais esplêndida e rica da história dos hebreus. Também foi o último a governar sobre o reino unido.
Num aspecto pessoal, Salomão é sem dúvida uma figura notável, embora não seja fácil avaliar realmente seu caráter. Sua sabedoria acima do normal fez dele um prodígio para todos os povos vizinhos. Sua oração quando o templo foi dedicado revela uma elevada capacidade espiritual. Sua administração bem sucedida no governo mostra sua habilidade mental superior. No que se refere à santidade pessoal, porém, há certa hesitação, uma falta de vigor moral. Sentimos que não existe aquele esplendor de paixão altruísta que caracterizava a piedade de Davi. Apesar de Salomão jamais ter cedido à desobediência impetuosa e arrogante como fez Saul, ele não demonstrou também uma devoção fervorosa a Deus como Davi demonstrara. Se escapa parcialmente da condenação de Saul, não chega a receber a aprovação concedida a Davi.
A ascensão de Salomão (1-2) – Salomão era muito jovem quando subiu ao trono. Ele próprio disse: "Não passo de uma criança" (3:7). Sua ascensão precoce foi precipitada por uma conspiração de Adonias, o filho mais velho de Davi, ainda vivo, e que aspirava ao trono. Adonias aparentemente julgou poder aplicar seu golpe de estado com base em três coisas: o enfraquecimento de Davi, por causa da idade, a desqualificação de Salomão, em vista de sua imaturidade, e sua própria qualificação como filho favorito de Davi e dono de uma personalidade atraente (1:6). Ele foi apoiado por Joabe, comandante do exército, e por Abiatar, chefe dos sacerdotes, ambos provavelmente procurando servir seus próprios interesses – Joabe para se manter no comando do exército como acontecerá com Davi, e Abiatar para expulsar seu rival, Zadoque.
O estratagema, porém, não surtiu efeito devido às providencias imediatas tomadas pelo profeta Natã. A culpa de Adonias é vista em sua confissão, ocorrida logo depois, de que ele sabia que o reino era de Salomão, da parte "do Senhor" (2:15).
A sabedoria de Salomão (3-4) – A oração de Salomão pedindo sabedoria, em vez de riqueza, poder e longevidade, é uma passagem belíssima (3:1-5). Ela revela que o jovem rei já possuía um bom grau de maturidade, pois o fato de ter pedido sabedoria acima de tudo já era um sinal de sabedoria.
A sabedoria buscada por Salomão – e que lhe foi concedida sobrenaturalmente – foi critério administrativo, julgamento perspicaz, conhecimento intelectual, aptidão para adquirir tal conhecimento, sabedoria pratica no controle dos assuntos do reino. Neste tipo de sabedoria ele ultrapassou até mesmo os renomados filósofos de sua época, como lemos em 4:29-34.
O fracasso de Salomão (11) – As seguintes frases encontradas no capítulo 11, contam a história de seu fracasso: "...amou Salomão muitas mulheres estrangeiras" (v.1); "a estas se apegou Salomão pelo amor" (v.2); "...suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses" (v.4); "assim fez Salomão o que era mau perante o Senhor" (v.6); "pelo que o Senhor se indignou contra Salomão" (v.9); "por isso disse o Senhor a Salomão: ... tirarei de ti este reino” (v.11). Esta infidelidade de Salomão precipitou a divisão do reino em dois.
O mais sábio dos homens tornara-se o maior dos insensatos, pois pecara contra Deus (construiu templos a Camos ou Baal-Peor o ídolo de Moabe; Moloque, o deus de Amon; e a Astarote deusa dos sidônios).
Sua própria grandeza o traiu. Os tesouros, mulheres e carros eram todos contrários ao espírito e preceitos da lei (Dt 17:16,17).
Observamos em Salomão que a mais elevada dose de sabedoria humana é inferior à verdadeira piedade. "O temor do Senhor é início da sabedoria", então, com certeza, a maior sabedoria é obedecer a Deus em todas as coisas e andar diante dEle com um coração perfeito.
Se alguém poderia sentir-se satisfeito por ter obtido tudo quanto desejava, esse alguém era Salomão; todavia, ele deixou escrito que tudo sob o sol é vaidade e aflição de espírito (Eclesiastes). A vida de Salomão é a vida do "eu" em sua plenitude, que acaba se tornando triste e saturada de tudo.
Organograma de Israel no tempo de Salomão
Deus rei (Salomão) sacerdócio
exército
administração
Governadores
opressores
Camponeses
oprimidos
Características do reinado de Salomão
• Durante seu reinado Israel não fez guerra (portanto não tinha despojos de outros povos).
• A nomeação de governadores sobre os territórios tradicionais das tribos é uma novidade significativa.
o Cada governador era responsável pelo levantamento de tributos suficientes para a manutenção do aparelho do Estado pelo período de um mês por ano.
• Além dos tributos em bens materiais Salomão introduziu o tributo em trabalhos forçados.
• À riqueza era em parte derivada da exploração da população de Israel.
• Salomão obteve lucro do comércio por ele estimulado.
• Construção do Templo, algo desejado por seu pai.
1) Reino dividido em 931 a.C. (1 Rs 12) – Após oitenta anos de construção e estabelecimento do reino, sob Davi e Salomão, ele foi dividido definitivamente em dois reinos logo depois da morte deste último. Dez tribos reuniram-se sob Jeroboão e as duas restantes sob Roboão, com o nome de Israel e Judá. Três foram os motivos da divisão do reino de Israel: espiritual, econômico e político.
A. Espiritualmente – aconteceu como o Senhor havia predito, devido a idolatria de Salomão causada por suas muitas esposas, o que em si já era violação (1 Rs 11:11).
B. Economicamente – foi o resultado da tirania de Salomão e dos pesados impostos. Ele estabeleceu um trono magnífico, mas o povo estava pobre e oprimido (1 Rs 12).
C. Politicamente – havia antiga rivalidade entre Judá e Efraim, a qual foi explorada por Jeroboão, que era efraimita. Essa tribo relutou muitas vezes a inclinar-se à liderança de Judá.
O primeiro Livro dos Reis pode ser memorizado por nós como o livro da "ruptura", indicando com isso que ele registra a divisão em dois do reino unido – sobre o qual Saul, Davi e Salomão governaram – que serão daqui por diante conhecidos como "Israel" e "Judá". O reino de Israel, compreendendo dez tribos, torna-se o reino do norte, enquanto o de Judá, abrangendo Judá e Benjamin, torna-se o reino do sul. No reino do norte (Israel), a capital passa a ser Samaria. No reino do sul (Judá), Jerusalém continua sendo a capital.
Este primeiro Livro dos Reis dividi-se e duas partes principais tão evidentes que não precisariam ser indicadas. Há 22 capítulos. Os onze primeiros são dedicados a Salomão e seu esplendido reinado de 40 anos. Os últimos onze capítulos cobrem aproximadamente os primeiros 80 anos dos reinos de Israel e Judá depois da separação.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 10
REVOLTA DAS TRIBOS CONTRA A DINASTIA DAVÍDICA
Antes da morte de Salomão, houve um levante das tribos encabeçado por Jeroboão de Efraim. Jeroboão era um alto funcionário encarregado do recrutamento da “casa de José”, provavelmente nos distritos de Efraim e Benjamim (1 Rs 11,26-28). Com o fracasso da rebelião, Jeroboão refugiou-se no Egito junto ao rei Sesac de quem recebeu asilo (1 Rs 11.40).
A morte de Salomão no ano 931 a.C. e o descontentamento das tribos ofereciam ótima oportunidade a Jeroboão. Este voltou e organizou uma assembléia das tribos em Siquém, antiga e importante cidade de Efraim. As tribos convocaram o jovem rei Roboão, filho de Salomão, “para proclamá-lo rei” (1 Rs 12.1). Antes, porém, de proclamá-lo rei ofereceram ao jovem algumas condições: “... agora, alivia a dura servidão de teu pai e o jugo pesado que ele nos impôs e nós te serviremos” (1 Rs 12.4).
Pois bem, parece que depois de Jeroboão e seus seguidores haverem feito suas exigências, Roboão mandou consultar os anciãos das tribos que Salomão destituíra substituindo-os pelos governadores. Estes repetiram as exigências de Jeroboão (1 Rs 12.24).
Reunido depois com os seus próprios conselheiros, “que comiam na mesa com ele”, concordaram em manter a linha dura, pensando que de outro modo os pedidos não acabariam nunca (1 Rs 12.24).
Diante da recusa de Roboão em atender seus pedidos, o povo recusou-se a proclamá-lo rei. Roboão permaneceu rei somente sobre as tribos de Judá e a maior parte de Benjamim (1 Rs 12.21). Estas duas tribos passaram a ser conhecidas como Reino do Sul ou Reino de Judá.
As demais tribos de Israel, enquanto isso, proclamaram rei Jeroboão que fez de Siquém sua capital provisória (1 Rs 12.20,25). Mais tarde Jeroboão transferiu sua capital para Tersa, cidade localizada dentro da jurisdição dos anciãos de Manassés. Este reino passou a ser chamado de Reino do Norte ou Reino de Israel ou ainda “Efraim”.
De todos os modos é significativa a resposta dos profetas ao gemido das tribos de Israel frente à apostasia e a opressão. O levante das tribos contra a casa de Davi teve o apoio de Deus e seus profetas.
EVENTOS SIMULTÂNEOS (SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento, págs. 158-162)
O Reino da Síria
O reino de Arã, cuja capital era Damasco, é melhor conhecido pelo nome de Síria. Durante cerca de dois séculos desfrutou de poder e prosperidade às expensas de Israel. Quando Davi expandiu seu reino, derrotou Hadadezer, governante de Zobá, e firmou amizade com Toi, rei de Hamate. Salomão ampliou as fronteiras de seu reino até mais de 160 km além de Damasco e Zobá, conquistando Hamate, às margens do Orontes, e estabelecendo cidades-armazéns naquela região. Durante a porção final de seu reinado, Rezom, que fora jovem oficial militar sob Hadadezer, em Zobá, antes de haver sido derrotado por Davi, apossou-se de Damasco e lançou os alicerces para o reino arameu ou sírio. Durante os dois séculos seguintes a Síria se tornou um dos contendores à cata de poder, na área da Síria-Palestina.
A guerra que houve entre Judá e o reino do Norte, cujos governantes respectivos foram Asa e Baasa, forneceu à Síria, governada por Ben-Hadade, a oportunidade de emergir como a nação mais poderosa da terra de Canaã, perto dos fins do século IX a.C. (...)
O Grande Império Assírio
Na extremidade norte do Crescente Fértil, espraiando-se por cerca de 560 km ao longo do rio Tigre, e com uma largura aproximada de 320 km, ficava a terra conhecida como Assíria. Tal designação provavelmente se originou na divindade conhecida como Assur, de cujo nome se deriva a designação de uma de suas principais cidades. A importância da Assíria durante o período do reino dividido se torna evidente de pronto diante do fato de que, no auge, de seu poder, absorveu os reinos da Síria, de Israel, de Judá, e até do Egito, até Tebas. Durante aproximadamente dois séculos e meio exerceu tremenda influência sobre os acontecimentos na terra de Canaã, razão pela qual com freqüência figurava nos registros bíblicos.(...)
Estes dois reinos tiveram grandes influência nos acontecimentos vividos pelo Reino do Norte e do Sul.
DINASTIA DE JEROBOÃO (Reino do Norte – Israel)
1°) Jeroboão - Jeroboão se transformou numa liderança militar do tipo de Saul. Era responsável pelo exército de Israel, porém não controlava um sistema de arrecadação de tributos com sua respectiva burocracia civil. Tampouco mantinha um templo e os sacerdócios dependentes da coroa.
A guerra civil prevaleceu durante os vinte e dois anos do reinado de Jeroboão, embora as escrituras não indiquem a extensão do levante. Sem dúvida a agressividade de Roboão foi temperada pela ameaça de invasão egípcia, mas 2 Cr 12.15 registra guerras contínuas. Até mesmo cidades do reino do Norte foram atacadas por Sisaque. Após a morte de Roboão, Jeroboão lançou um ataque contra Judá, cujo novo rei, Abias, repelira Israel ao ponto de assumir controle sobre Betel e outras cidades israelitas (2 Cr 13.13-20). Talvez isso tenha afetado a escolha de uma capital, por parte de Jeroboão.
Jeroboão tomou iniciativa quanto às questões religiosas. Naturalmente, ele não desejava que o seu povo freqüentasse as festividades sagradas de Jerusalém para que não se tornassem leais a Roboão. Erigindo bezerros de ouro em Dã e Betel, ele instituiu a idolatria em Israel (2 Cr 11.13-15). Nomeou sacerdotes livremente, ignorando as restrições mosaicas e permitindo que os israelitas oferecessem sacrifícios em vários lugares.
Deus o advertiu por meio de um profeta que não é mencionado o nome, e mais tarde também o advertiu por meio do profeta Aiás por meio de quem condenou toda sua casa a morte. Dentro de poucos anos, a detestável advertência do profeta se cumpriu.
2°) Nadabe - Nadabe, filho de Jeroboão, governou por menos de dois anos. Quando assediava a cidade filistéia de Gibetom, foi assassinado por Baasa.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 11
A DINASTIA DE BAASA – (909 - 884 a.C)
3°) Baasa - Da tribo de Issacar, estabeleceu-se como rei de Israel, em Tirza. Embora uma guerra crônica com Judá tivesse prevalecido por todo o decurso de seu reinado, ocorreu uma crise notável quando ele procurava fortificar Ramá. Aparentemente um grande número de Israelitas desertara para Judá nos anos de 896-895 a.C. (2 Cr 15.9). A fim de contrabalançar esse estado de coisas, Baasa fez avançar suas fronteiras até Ramá, a 8 km ao norte de Jerusalém. Ocupando essa importante cidade, ele podia controlar as estradas principais procedentes do norte, pois convergiam em Ramá e levavam a Jerusalém. Em retaliação contra esse ato agressivo, Asa, rei de Judá, assinalou um tento no campo da diplomacia, ao renovar aliança com Ben-Hadade I, de Damasco. Em resultado, Ben-Hadade anulou sua aliança com Israel e invadiu o reino do Norte, passando a controlar várias cidades do reino de Israel. Também adquiriu a rica e fértil região a oeste do lago da Galiléia, além das planícies a ocidente do monte Hermon. Isso outorgou a Síria o controle sobre as lucrativas rotas comerciais de caravanas até Aco, nas costas marítimas da Fenícia. Em face dessa pressão vinda do norte, Baasa abandonou a fortificação de Ramá, assim sendo aliviada a ameaça contra a Jerusalém.
Nos dias de Baasa, o profeta Jeú, filho de Hanani, proclamava ativamente a mensagem do Senhor. Admoestou Baasa para que servisse ao Senhor.
4°) Elá – Foi o sucessor de seu pai, Baasa, tendo reinado menos de dois anos (886-885 a.C.). Tendo sido achado embriagado na casa de seu mordomo-mor, Elá foi assassinado por Zinri, o qual estava a frente da metade dos carros de guerra do rei. Em poucos dias se cumpriu a palavra de Jeú, quando Zinri tirou a vida de todos os parentes e amigos da família de Baasa e Elá.
5°) Zinri ou Zambri – O reinado de Zinri em Israel foi apressadamente estabelecido e terminou abruptamente – tudo dentro de sete dias. Sem dúvida ele deixou de aclarar seus planos com Onri, que estava encarregado das tropas israelitas acampadas defronte de Gibetom. É óbvio que Zinri não contava com o apoio de Onri, porquanto este último fez suas tropas marcharem contra Tirza. Em desespero, Zinri se abrigou a portas trancadas no palácio real, enquanto este era reduzido a cinzas. Visto que teve um reinado de apenas sete dias, Zinri dificilmente merece ser mencionado como cabeça de uma dinastia reinante.
DINASTIA DE ONRI OU AMRI – (884-841 a.C.)
Este é um período negro da história de Israel. É um tempo em que os reis quiseram, por razões de estado, separar o povo de sua fidelidade exclusiva ao Deus de Abraão Surgiram os grandes profetas Elias e Eliseu para fazer frente à crise.
6°) Onri – Fundador da mais notória dinastia do reino do Norte. Embora a narrativa bíblica sobre seu reinado de doze anos se limite a oito versículos (1 Rs 16.21-28). Onri estabeleceu o prestígio internacional do reino do norte.
Quando comandava o exército, sob Elá (e talvez, igualmente, sob Baasa), Onri obteve valiosa experiência militar. Com o apoio das forças armadas, ele dominou o reino dos sete dias depois do assassinato de Elá. Aparentemente sofreu a oposição de Tibni, o qual morreu seis anos mais tarde, deixando Onri como único governante em Israel.
Samaria foi escolhida como novo sítio para sua capital. Sob suas ordens, ela foi estabelecida como a cidade mais bem fortificada de todo o Israel. Estratégicamente localizada, a 12 km a noroeste de Siquém, na estrada que conduzia à Fenícia, à Galiléia e a Esdrelom. Samaria ficou com o lugar garantido de capital inexpugnável de Israel por mais de um século e meio, até que foi conquistada pelos assírios, no ano de 722 a.C. Samaria foi fortificada e cercada por muralhas.
Onri conseguiu firmar bem sucedidas relações estrangeiras. Os moabitas se tornaram sujeitos a Israel no período de Onri. Controlando o comércio e cobrando tributos, Israel acumulou grandes riquezas. Onri estabeleceu relações amistosas com a Fenícia, o que foi selado mediante o casamento de Acabe, seu filho, e Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios (1 Rs 16.31). Isso foi vitalmente significativo para a expansão comercial de Israel, e por certo deu início a uma política de sincretismo religioso, que floresceu nos dias de Acabe e Jezabel. Esse sincretismo religioso parece ficar subentendido em 1 Rs 16.25, onde Onri é acusado de maiores perversidades que as praticadas por todos os reis antes dele.
Embora tivesse prevalecido a guerra civil entre Judá e Israel, nos dias de Baasa, não há qualquer indício, nas Escrituras, de que esse estado de coisas tenha continuado na época de Onri. É bem possível que a guerra foi substituída por atitudes de amizade para com o reino do Sul, o que culminou em casamentos mistos entre as famílias reais de Israel e Judá. Atalia, filha de Acabe, foi dada em casamento a Jorão de Judá, filho de Josafá, para cimentar as novas e boas relações entre dois países que tiveram um mesmo passado na época tribal de Israel.
Quando Onri morreu em 874 a.C., a cidade de Samaria se tornou um monumento duradouro de seu governo.
No aspecto religioso fez construir um templo consagrado ao deus Baal (1 Rs 16.32). Isto é surpreendente, porém se pode entender pela “necessidade” de um sacerdócio que exalte a figura do rei para fortificá-lo politicamente. Era impossível domesticar a Jeová que já deixará suas leis estabelecidas e que já anunciará sua bênção a família de Davi.
7°) Acabe (874-853 a.C.) – Foi o mais destacado monarca da dinastia de Onri. Herdeiro de um reino que tinha favoráveis relações políticas com as nações circunvizinhas, Acabe expandiu com êxito os interesses políticos e comerciais de Israel, durante os vinte e dois anos de seu reinado.
Tendo contraído matrimônio com Jezabel, de Sidom, Acabe fomentou relações favoráveis com os fenícios. O crescente comércio entre esses dois países representava uma ameaça séria aos lucrativos interesses comerciais da Síria.
Por toda a nação de Israel Acabe construiu e fortificou a muitas cidades, incluindo Jericó (1 Rs 16.34 e 22.39). Além disso, ele impôs pesado tributo a Moabe, na forma de gado (2 Rs 3.4), o que lhe conferiu favorável balança comercial com a Síria e com a Fenícia. Assegurou uma política de amizade com Judá, por meio do casamento de sua filha, Atalia, com Jeorão, filho de Josafá (cerca de 865 a.C.). O apoio dado por Judá fortaleceu Israel contra a Síria. Mantendo a paz e desenvolvendo um comércio lucrativo, Acabe pôde dar prosseguimento ao programa de construção, em Samaria.
Por meio de uma diplomacia eficaz e de tratados favoráveis, Acabe foi capaz de manter relações pacificas com os países ao redor, até a porção final de seu reinado. O motivo por detrás do ataque sírio contra o reino israelita que se soerguia não é esclarecido (1 Rs 20.1-43). Talvez o rei sírio quisesse tirar vantagem de Israel, depois que este país sofrera sob a fome. Também é possível que a ameaça assíria tenha impelido Ben-Hadade a uma ação agressiva, naquela oportunidade. Apoiado por trinta e dois reis vassalos, o exército sírio assediou Samaria. Aconselhado por um profeta, Acabe empregou seus governadores distritais para reunirem uma força de sete mil homens, que desfechasse um ataque de surpresa. E com o apoio de tropas regulares, os israelitas puseram os sírios em fuga, os quais sofreram grandes perdas na forma de homens, cavalos e carros de guerra.
O encontro final de Elias e Acabe teve lugar na vinha de Nabote (1 Rs 21.1-29). Frustrado em sua tentativa de comprar essa vinha, o desapontamento não pôde ser ocultado perante Jezabel, sua esposa. A violenta Jezabel não demonstrava respeito pelas leis de Israel, e não deu ouvidos à recusa escrupulosa de Nabote em vender sua herdade – mesmo que fosse para o rei. Acusado por falsas testemunhas, Nabote foi condenado pelos anciãos e foi apedrejado. Acabe teve pouca oportunidade de desfrutar da possessão cobiçada, antes de ter-se encontrado com Elias. O porta-voz de Deus corajosamente acusou Acabe de haver derramado sangue inocente. Devido a essa grosseira injustiça, a dinastia de Onri foi condenada à destruição. Embora Acabe tivesse se arrependido, o juízo foi suavizado somente por meio do adiamento de sua execução para depois da morte do rei.
A famosa batalha de Carcar (835 a.C.) levou os Assírios a atacarem a Síria. Acabe ajuda Ben-Hadade a deter o avanço dos assírios.
Evitado o perigo imediato de uma invasão assíria, chegou o fim o período de três anos de tréguas entre Israel e a Síria, quando Acabe tentou recuperar Ramote de Gileade (1 Rs 22.1-40).
Josafá deu seu apoio a Acabe nessa aventura, mas se preocupou genuinamente com a orientação divina. Os 400 profetas de Acabe asseguraram aos reis a vitória, contudo Micaías assegurou que Acabe seria morto durante a batalha. Em resultado disso Micaías foi aprisionado sob ordens reais de que só seria solto quando Acabe regressasse em paz.
Sabendo da previsão, Acabe se disfarçou, enquanto Israel e Judá desfechavam seu ataque contra Ramote de Gileade. Reconhecendo em Acabe um bem sucedido e hábil líder de Israel, o rei da Síria baixou ordens para que ele fosse morto. Quando os sírios perseguiram o carro real e reconheceram que seu ocupante era Josafá, afrouxaram a perseguição. Mas sem que os sírios tivessem tomado conhecimento, uma flecha perdida atravessou Acabe, ferindo-o mortamente.
No aspecto religioso – Embora Onri, talvez, tenha introduzido em Israel a adoração a Baal, Acabe promoveu a adoração a esse ídolo. Na grande capital de Samaria ele erigiu um templo dedicado a Baal (1 Rs 16.30-33). Centenas de profetas falsos foram levados a Israel, para que o baalismo se tornasse a religião do povo governado por Acabe.
Elias é o profeta de Deus que se levanta contra a apostasia promovida por Acabe. O grande problema de Onri e Acabe estava no aspecto espiritual. Viveram de maneira desagradável aos olhos do Deus de Israel.
8°) Acazias (853 – 852 a.C.) – Este sucedeu Acabe, e reinou por aproximadamente um ano. Duas coisas devem ser relembradas acerca de suas relações exteriores. Não somente Acazias foi mal sucedido em suas reivindicações sobre Moabe, para que viesse a pertencer a dinastia de Onri (2 Rs 3.5), mas sua expedição naval, em conjunto com Josafá, no golfo de Ácaba, também terminou em fracasso (2 Cr 20.35). Quando Acazias propôs outra aventura, Josafá tendo sido repreendido por causa dessa aliança pelo profeta Eliezer, recusou-se a cooperar (1 Rs 22.47-49).
No aspecto religioso – Quando Acazias caiu da grade de um quarto alto e adoeceu, ele ignorou a presença de Elias e enviou mensageiros que consultassem Baalzebube , em Ecrom. Elias interceptou esses mensageiros com a solene advertência de que Acazias não se recuperaria. Elias advertiu pessoalmente a Acazias de que o juízo divino lhe sobreviria, porquanto ele prestara honras a deuses pagãos e ignorara o Deus de Israel.
Elias e Eliseu haviam cooperado no estabelecimento de escolas de profetas.
9°) Jorão (852 – 841 a.C.) – outro filho de Acabe e Jezabel, tornou-se rei de Israel após a morte de Acazias, em 852 a.C. Durante os doze anos desse último rei da dinastia de Onri, Eliseu se associou a Jorão. Em conseqüência a narrativa acerca desse período (2 Rs 3.1-9.26) se devota principalmente ao útil ministério desse grande profeta.
A rebelião dos moabitas foi um dos primeiros problemas com que Jorão teve de ver-se a braços ao tornar-se rei de Israel. Obtendo o apoio de Josafá, Jorão conduziu os exércitos unidos de Israel e de Judá em uma marcha de sete dias ao redor da extremidade sul do mar Morto, onde os edomitas se uniram à aliança. Eliseu assegurou que haveria água para os três reis por causa da presença de Josafá. Jorão unidos ao exército de Josafá e dos edomitas triunfa sobre o exército dos moabitas, e seu rei Mesa desesperado sacrifica seu filho mais velho ao deus moabita, Quemós.
A Síria era a nação a ser temida por Jorão, seu crescimento e suas investidas a Israel em outros tempos, sempre o deixavam preocupados. É neste clima tenso que Naamã desce a Israel em busca de cura para a lepra que o atormentava. Quando Naamã chega ao rei solicitando que o mesmo pudesse curá-lo, Jorão pensou ser uma estratégia de Ben-Hadade, rei da Síria, para começar uma guerra contra Israel. Eliseu salvou o dia, relembrando muito apropriadamente a Jorão de que havia profeta em Israel.
Houve guerra intermitente entre a Síria e Israel, durante o reinado de Jorão (2 Rs 6.8-17.20). Quando Ben-Hadade se deu conta de que seus movimentos militares em território de Israel eram antecipados por Jorão, suspeitou de que algum sírio se tivesse tornado traidor. Mas não era isso que sucedia; antes, era Eliseu, em seu ministério profético, que vinha dando avisos ao rei de Israel.
Mediante ao ministério de Eliseu, Israel por várias vezes se livrou dos ataques do reino da Síria e de seu rei Ben-Hadade. O ministério de Eliseu foi reconhecido até mesmo pelos sírios, que o chamavam de “homem de Deus”.
Perto do fim do reinado de Jorão (cerca de 843 ou 842 a.C.), Eliseu visitou Damasco (2 Rs 8.7-15). Quando Ben-Hadade ouviu a respeito, enviou ser servo, Hazael, à presença de Eliseu. Distribuindo presentes de modo impressionante, à testa de uma caravana de quarenta camelos, segundo os costumes orientais, Hazael fez inquirição ao profeta, perguntando se Ben-Hadade, rei da Síria, se recuperaria de sua atual enfermidade. Eliseu retratou dramaticamente a Hazael as devastações e os sofrimentos que aguardavam seus compatriotas israelitas. Então o profeta cumpriu parte da comissão dada a Elias, no monte Horebe (1 Rs 19.15), ao informar a Hazael que ele seria o próximo monarca da Síria. Quando Hazael retornou a Ben-Hadade, entregou a mensagem de Eliseu e sufocou o débil monarca com uma toalha molhada, no dia seguinte, Então Hazael se apossou do trono da Síria, em Damasco.
Tendo havido troca de monarcas no trono sírio, Jorão fez a tentativa de recuperar Ramote de Gileade, no último ano de seu reinado (2 Rs 8.28,29). Nesse esforço foi apoiado por seu sobrinho, Acazias, que vinha governando em Jerusalém por cerca de um ano (2 Cr 22.5). Embora Jorão houvesse capturado essa fortaleza estratégica, foi ferido na batalha. Enquanto se recuperava do ferimento em Jezreel, Acazias, rei de Judá, foi visitá-lo. E Jeú foi deixado encarregado do exército israelita estacionado em Ramote de Gileade, a leste do rio Jordão.
Eliseu voltou uma vez mais ao centro das atenções nacionais quando realizou outra missão, dada a Elias no monte Horebe, e que fora deixada sem cumprimento (1 Rs 19.15,16). Nessa oportunidade, Eliseu não foi pessoalmente, mas enviou um dos seminaristas a Ramote de Gileade, para que ungisse Jeú rei de Israel (2 Rs 9.1ss.). Jeú foi incumbido da responsabilidade de vingar-se do sangue dos profetas e servos do Senhor. A família de Acabe e Jezabel teria de ser exterminada, tal como as dinastias de Jeroboão e Baasa o tinham sido, antes de Onri.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 12
A DINASTIA DE JEÚ (841 – 753 a.C.)
A Dinastia de Onri teve seu ocaso no ano de 841 a.C. provocado por uma rebelião do exército, como acontecerá anteriormente com as dinastias de Jeroboão e Baasa. O setor do exército, protagonista do golpe de estado, como nos outros dois casos era sensível ao povo defraudado de Israel. Sua intenção era acabar com a tirania dos reis que não consideravam o bem-estar do povo, nem respeitavam as tradições legais populares que defendiam os direitos dos pobres.
O golpe foi dirigido por um certo Jeú, oficial do exército, que combatia contra Aram na Transjordânia. Foi um golpe extraordinariamente sangrento. Jorão foi assassinado (2 Rs 10.1-11). Acazias, rei de Judá, encontrando-se em Israel, possivelmente para participar na guerra contra Aram, também morreu (2 Rs 9.27-29). Ele era filho de Atalia, a filha de Acabe que se casara com o rei de Judá. Morreu também um grupo da família real de Judá (2 Rs 10.12-14).
A religião, da mesma maneira que exercera um papel importante no fortalecimento do Estado no tempo de Amri e sua casa, desempenhou um papel não menos importante na sua derrocada. O texto bíblico sublinha que o levante de Jeú foi incitado pelo profeta Eliseu (2 Rs 9.1-10) e é considerado a culminância das profecias de Elias contra Acabe (2 Rs 9.25-26, 36). Pelas razões estudadas podemos assegurar que a hostilidade dos profetas de Jeová (Javé) contra os amridas era muito profunda.
10°) Jeú
No aspecto religioso - O livro de 2 Reis ressalta a importância das medidas religiosas tomadas por Jeú para eliminar de Samaria o culto a Baal (2 Rs 10.18-27). Não só matou seus sacerdotes e profetas, mas também expurgou aqueles que pôde identificar como adeptos de Baal. Contudo é bom ressaltar que Jeú eliminou o culto oficial a Baal na capital e dessacralizou o templo ali construído pelos reis, “porém Jeú não se afastou dos pecados com os quais Jeroboão, filho de Nabot, tinha seduzido os israelitas, isto é, os bezerros de ouro em Betel e Dã” (2 Rs 10.29).
Esta atitude de Jeú em não destruir os bezerros de ouro, nos leva a crer que assim como Jeroboão, ele entendia que tais bezerros não implicavam em um afastamento de Jeová; e colaboraria para o afastamento do povo de Jerusalém.
No aspecto político – As mortes da família real de Judá causadas pelo golpe de estado de Israel provocaram o fim da aliança entre os dois países, como era de se esperar. A guerra só estourou cinquenta anos mais tarde, quando o rei Amasias de Judá atacou o exército de Joás em Israel. Amasias sofreu uma derrota completa e foi levado cativo à Samaria (2 Rs 14.8-14).
Politicamente Jeú foi perturbado por todos os lados. Ao exterminar a dinastia de Onri, ele perdeu as boas graças de Judá e da Fenícia, cujas famílias reais estavam em relação de aliança íntima com Jezabel. Também não se aliou ao novo rei sírio, Hazael, em oposição ao avança assírio para o ocidente. Após Hazael conseguir se livrar dos ataques assírios sozinho, ele se voltou contra o reino de Israel ocupando a terra de Gileade e Basã, a leste do rio Jordão (2 Rs 10.32,33).
11°) Jeoacaz (814 - 798 a.C.) – Filho de Jeú, teve de haver-se com Hazael, monarca sírio, durante todo o seu reinado. Hazael tirou vantagem do novo governante de Israel ampliando os domínios sírios para que incluíssem a região montanhosa de Efraim. O exército de Israel foi reduzido a 50 cavaleiros, 10 carros de combate e 10 mil infantes. Nos dias de Acabe, Israel fornecera 2.000 carros de guerra, na batalha de Carcar.
Hazael avançou para além de Israel, a fim de capturar Gate, e ameaçou conquistar Jerusalém durante o reinado de Jeocaz (2 Rs 12.17).
A gradual absorção de Israel pela Síria enfraqueceu o reino do Norte de maneira tal que Jeoacaz não conseguiu oferecer resistência a outros invasores. As nações circunvizinhas, como Edom, Amom, Filístia e Tiro se aproveitaram da má sorte de Israel. Isso é refletido nos escritos de Amós (1.6-15) e Isaías (9.12).
Debaixo da opressão estrangeira, Jeocaz se voltou para Deus e Israel não foi completamente assolada pelos sírios. A despeito desse alívio, contudo, ele não se afastou da idolatria de Jeroboão, e nem destruiu os postes-ídolos de Samaria (2 Rs 13.1-9).
12°) Jeoás (798 -782 a.C.) – Terceiro monarca da dinastia de Jeú, governou Israel durante dezesseis anos. Com a morte de Hazael, pouco antes da mudança do século, foi possível dar início à restauração das fortunas de Israel, sob a liderança de Jeoás.
O profeta Eliseu ainda vivia quando Jeoás ascendeu ao trono. Quando o profeta já estava em seu leito de morte, Jeoás desceu para visitá-lo. Chorando em sua presença, o rei exprimiu preocupação com a segurança de Israel. Moribundo, Eliseu instruiu dramaticamente ao rei para atirar com o arco, assegurando-lhe que isso significaria a vitória dos israelitas sobre a Síria.
Havendo troca de governantes na Síria, Jeoás se viu capaz de preparar uma forte força combatente. Ben-Hadade II foi definitivamente reduzido a uma posição defensiva, ao passo que Jeoás reconquistou grande parte dos territórios ocupados pela Síria, sob Hazael. A recuperação da área a leste do Jordão talvez não tivesse sido levado a efeito senão nos dias de seu sucessor, mas aquele foi um período de preparação, durante o qual Israel começou a elevar-se em poder e prestígio.
Durante o reinado de Jeoás, Amazias, rei de Judá, contratou uma força combatente israelita (100 mil homens) para ajudá-lo a subjugar os edomitas (2 Cr 25.6); entretanto, por conselho de um profeta, essa força foi dispensada por Amazias. Na volta a Israel, esta força militar, atacou algumas cidades de Judá matando três mil pessoas e tomando para si vários despojos.
Retornando triunfalmente da vitória sobre os edomitas, Amazias que trouxera os deuses de Seir (edomitas), e os estabeleceu como seus próprios deuses, inclinando-se diante deles e queimando lhes incenso; sendo repreendido por um profeta, o rei o ameaçou de morte e o mandou sair de sua presença. Contudo o profeta não saiu antes de dizer que Deus o reprovará por não ter dado ouvido a Sua repreensão e que colocaria fim ao seu reino. Logo após o ocorrido Amazias resolve acertar contas com Jeoás desafiando-o para uma batalha. Este respondeu com uma advertência sobre a sorte do espinheiro que fizera um pedido ao cedro do Líbano. Evidentemente Amazias não compreendeu o espírito da coisa. No encontro militar daí resultante, Jeoás não somente derrotou Amazias, mas também invadiu Judá, derrubando parte das muralhas de Jerusalém, pilhou o palácio e o templo, e levou alguns reféns para Samaria.
Embora Jeoás se tenha sentido perturbado ante a perda de Eliseu, não estava sinceramente interessado em servir a Deus, mas deu prosseguimento a seus caminhos idólatras. Seu breve reinado marcou o ponto decisivo das fortunas de Israel, conforme Eliseu predissera.
13°) Jeroboão II (793 – 753 a.C.) – O quarto monarca da dinastia de Jeú, foi o mais notável rei do reino do Norte. Ele reinou durante quarenta e um anos, incluindo doze anos de co-regência com seu pai.
A semelhança de Onri, o mais poderoso soberano antes dele, a historiografia de Jeroboão é muito breve nas Escrituras (2 Rs 14.23-29). A vasta expansão política e comercial, sob o poderoso rei, é sumariada na profecia de Jonas, filho de Amitai, que bem pode ter sido o profeta do mesmo nome enviado em missão a Nínive (Jn 1.1). Jonas predisse que Jeroboão restauraria Israel desde o mar Morto até às fronteiras de Hamate.
Neste período Ben-Hadade II não pôde reter o reino estabelecido por seu pai, Hazael. Dois ataques contra a Síria, feitos por Adadinirari III (805-802 a.C.) e Salmaneser IV (773 a.C.) debilitaram-na muito às expensas da Assíria.
Depois de 773 a.C., os assírios andavam tão ocupados com problemas locais e nacionais que não pensaram em atacar a Palestina senão depois de época de Jeroboão. Consequentemente, o reino israelita gozou de uma prosperidade pacífica sem igual desde os dias de Salomão.
Amós e Oséias, cujos livros figuram entre os Profetas Menores, refletem a prosperidade desse período. O sucesso militar e comercial de Jeroboão trouxe grande abundância de riquezas para Israel. Juntamente com o luxo veio o declínio moral e a indiferença religiosa que foram acometidos ousadamente por esses profetas. Jeroboão II fizera o que é mau aos olhos do Senhor e levara Israel a pecar, tal como o fizera o primeiro rei de Israel.
14°) Zacarias (753 a.C) – Quando morreu Jeroboão II, em 753 a.C., seu filho, Zacarias, cujo reinado durou apenas seis meses, o substituiu. Foi assassinado por Salum (2 Rs 15.8-12). Isso pôs fim abrupto ao governo da dinastia de Jeú.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 13
OS ÚLTIMOS REIS DO REINO NORTE
15°) Salum (752 a.C.) – Salum teve o mais breve reinado que houve no reino do Norte, com exceção do governo de sete dias de Zinri. Após ter assassinado Zacarias e de ter se apossado do trono, governou durante apenas um mês. Foi assassinado.
16°) Menaém (752 a.C.) – Menaém tinha melhores perspectivas para o futuro. Foi capaz de firmar-se tão bem que permaneceu no trono por aproximadamente uma década. Pouco se sabe sobre sua política doméstica, exceto que ele continuou nos padrões idólatras de Jeroboão I.
O mais sério problema que Menaém teve de enfrentar foi a agressão assíria. Em 745 a.C., Tiglate-Pileser III ou Pul, começou a governar a Assíria como um dos mais poderosos reis daquela nação. Ele aterrorizou as nações introduzindo a norma de transportar povos conquistados para lugares distantes. Cidadãos liderantes, executivos e políticos era substituídos por estrangeiros, a fim de impedir posteriores rebeldias, após a conquista. Nos anos de 743 – 738 a.C., Pul desencadeou uma campanha na direção noroeste que envolveu as nações Palestina. Evidências arqueológicas favorecem a teoria de que Uzias, rei de Judá, liderou as forças da Ásia Ocidental contra o avanço esmagador da Assíria. Nas crônicas assírias, Menaém é citado como quem foi reentronizado, sob a condição de pagar tributo. Embora o tempo exato desse pagamento não possa ser determinado conclusivamente, evidências favorecem a primeira porção dessa campanha para noroeste como algo que coincidiu com o ano final do reinado de Menaém. Pacificado por essa concessão, Pul retornou à Assíria e Menaém faleceu em paz, tendo seu filho assumido a liderança do reino do Norte.
17°) Pecaías (741 – 739 a.C.) – Pecaías seguiu as normas de seu pai. Ao continuar a coleta de impostos, como vassalo da Assíria, Pecaías deve ter tido de enfrentar oposição da parte de seu próprio povo. É bem provável que Peca tenha encabeçado um movimento de revolta contra a Assíria, tendo sido o responsável pelo assassinato de Pecaías.
18°) Peca (739 – 731 a.C.) – Os oito anos do reinado de Peca assinalaram um período de crise tanto nacional quanto internacional. Embora a Síria, com sua capital, Damasco, tivesse sido subjugada por Israel, na época de Jeroboão II; ela se impôs sob a liderança de um novo soberano, Rezim, durante esse período de declínio em Israel. Enfrentando um adversário comum, os assírios, Peca foi fortalecido em sua política anti-assíria, ao colaborar com Rezim.
Em Judá, o partido pró-assírio corrente, aparentemente, obteve sucesso (735 a.C.) ao conduzir Acaz ao controle ativo do reino, embora Jotão ainda estivesse vivo. Em conseqüência disso, ele resistiu a convites da parte de Israel e da Síria para cooperar com eles contra a Assíria. Acaz estava aliançado ou talvez ele já fosse um tributário do rei da Assíria (2 Cr 28.16-21).
A pressão siro-israelita contra Judá terminou num combate real que se tornou conhecido como a guerra síro-efraimita (2 Rs 16.5-9; 2 Cr 28.5-15 e Is 7.1-8;8). Exércitos sírios desceram marchando para Elate a fim de recuperarem aquele porto marítimo de Judá para os edomitas, que sem dúvida davam seu apoio à coligação contra Assíria. Embora Jerusalém tenha sido assediada e tivessem sido levados cativos de Judá para Samaria e Damasco, o reino de Judá não foi subjugado e nem forçado a unir-se a essa aliança anti-assíria.
Dois importantes acontecimentos afetaram a retirada das forças que tinham invadido Judá.
Primeiro: Quando os cativos foram conduzidos a Samaria, um profeta, de nome Obede, declarou ser aquele um juízo divino contra Judá, tendo advertido os israelitas de que estava iminente a demonstração da ira divina. Devido à presença feita pelos príncipes e por uma assembléia do povo israelita, os cativos foram soltos pelos oficiais do exército.
Segundo: Acaz se recusou a ceder ante as exigências síro-efraimitas, mas apelou diretamente a Pul, pedindo-lhe socorro. O soberano Assírio sem dúvida formulara seus planos para subjugar as terras ocidentais. Esse convite o estimulou a uma ação imediata, tendo Damasco se tornado o ponto focal de seu ataque, nas campanhas de 733 e 732 a.C. Pul conquistou 591 cidades da área Síria e em 732 a.C. conquistou Damasco. A Síria foi reduzida a impotência, não mais podendo intervir no avanço da Assíria para o ocidente. Durante o século seguinte, Damasco e suas províncias, que por duzentos anos constituíra o influente reino da Síria, estiveram subordinadas ao controle assírio.
A queda de Damasco teve repercussões subseqüentes em Samaria. Peca, que subira ao poder como campeão da política anti-assíria, agora estava envergonhado. Estando a Síria prostrada diante do poder assírio, as chances de sobrevivência para Israel tinham desaparecido. Peca foi vitimado por uma conspiração conduzida por Oséias, o rei seguinte. Sem dúvida foi a remoção de Peca que salvou Samaria de ser conquistada nessa ocasião.
19°) Oséias (731 – 722 a.C.) – Quando Oséias se tornou dirigente do reino do Norte, em 731 a.C., tinha bem poucas alternativas em sua política inicial. Era vassalo de Pul, que se jactava de tê-lo posto no trono de Samaria.
Os domínios de Oséias estavam quase todos confinados à região montanhosa de Efraim. A Galiléia e o território a leste do rio Jordão tinham estado sob o controle assírio desde a campanha de 734 a.C. Tiglate-Pileser III ou Pul pode ter conquistado Megido durante essa série de investidas para o ocidente, passando a usá-la como capital administrativa de suas províncias galiléias.
Em 727 a.C., Tiglate-Pileser III, o grande rei da Assíria, faleceu. Na esperança que Salmaneser V não seria capaz de manter controle sobre esse extenso território, Oséias dependia do apoio egípcio quando descontinuou o pagamento do tributo à Assíria. Tal, entretanto, não aconteceu. Salmaneser V marchou com seus exércitos até Israel e assediou a cidade poderosamente fortalecida de Samaria, 725 a.C. Durante três anos Oséias foi capaz de resistir ao assalto do poderoso exército assírio, mas finalmente teve de render-se, em 722 a.C. Isso decretou o fim do reino do Norte. Sob as normas assírias de deportação, os israelitas foram levados às regiões da Pérsia.
Durante dois séculos os israelitas tinham seguido os padrões fixados por Jeroboão I, fundador do reino do Norte. Apesar da troca de dinastia, Israel jamais se divorciou da idolatria que se opunha diametralmente à lei de Deus, segundo as prescrições do decálogo. No decurso de todo esse período profetas fiéis tinham proclamado a mensagem de Deus, advertindo aos monarcas e ao povo comum do juízo iminente. Por causa de sua grosseira idolatria, e por não terem servido a Deus, os israelitas foram sujeitados ao cativeiro às mãos dos governantes assírios.
HISTÓRIA DE ISRAEL 1 – AULA DE Nº 14
O REINO DE JUDÁ (REINO DO SUL)
Ao longo destes dois séculos, desde a rebelião das tribos contra a casa de Davi (931 a.C.), quando se deu a divisão do Reino de Israel, até a destruição da Samaria (722 a.C.), a antiga tribo de Judá manteve-se como um pequeno estado à parte. Jerusalém, a cidade de Davi, não se uniu à rebelião e pôde manter consigo Judá e parte de Benjamim. Com a incorporação dos territórios de Israel ao sistema de províncias da Assíria e a dispersão forçada de seus líderes com a tomada de Samaria, Judá permaneceu como o único representante legítimo do povo israelita.
Os Livros dos Reis dão prioridade a Israel (Reino do Norte) sobre Judá (Reino do Sul), refletindo a realidade de Israel que possuía a maior força política, e o fato de as origens tribais encontrarem maior continuidade ali. Esta história é escrita, no entanto, para preparar a destruição de Samaria e justificar a ação de Jeová em acabar com Israel, deixando somente Judá. O pecado-chave, segundo os historiadores deuteronomístico, é o de Jeroboão em separar Israel do templo de Jeová e introduzindo a idolatria na vida do povo.
Os livros de Crônicas narram a mesma história, com a diferença que começam com Davi para terminar, igualmente, com a destruição de Jerusalém. Quase tudo que diz respeito ao Reino de Israel é omitido. O livro mostra a história do Reino de Judá como o verdadeiro Israel e de Jerusalém como a cidade Santa. O Reino de Israel é considerado como apóstata desde o início por ter-se rebelado contra Davi, o eleito de Jeová (ler o discurso de Abia – 2 Cr 13.4-12). Esta é a história apresentada a partir dos olhos daqueles que permaneceram fiéis a aliança davídica.
Tendo Jerusalém como sua capital, a linhagem real de Davi manteve sucessão ininterrupta, governando o pequeno reino de Judá durante aproximadamente três séculos e meio.
OS REIS DE JUDÁ
1°) Roboão ou Reoboão (931 – 913 a.C.) - Quando as tribos se levantaram contra o jovem rei Roboão, ele pôde refugiar-se em Jerusalém, cidade cercada de muros em que viviam majoritariamente seus próprios “servos”, os administradores do reino. Em Jerusalém ele e seus descendentes puderam implantar um reino diferente de Israel que continuasse as tradições políticas e religiosas de Davi.
Durante os primeiros anos de seu reinado, Roboão mostrou-se muito ativo, construindo e fortificando a muitas cidades por todo o território de Judá e Benjamim.
Roboão desejou guerrear contra Jeroboão I, rei de Israel, entretanto, o profeta Semaías orientou-o para que não fizesse guerra contra Jeroboão I. Roboão obedeceu a ordem de Deus entregue pelo profeta. Contudo mais tarde Roboão e todo o povo deixaram de seguir ao Senhor, voltando a prática da idolatria. Como repreensão Deus permitiu que neste período Sisaque, rei do Egito atacasse o reino de Judá e fizesse de Roboão seu vassalo.
Quando a divisão se tornou uma realidade, os sacerdotes e levitas de várias partes da nação mudaram-se para o reino do sul. Isso promoveu um autêntico fervor religioso por todo o reino do Sul, durante os três primeiros anos do reinado do Roboão.
2°) Abias (913 – 910 a.C.) – Guerreou com Israel buscando alargar suas fronteiras; mais do que isso, Abias desejou unificar o reino novamente. Ele guerreou contra Jeroboão I por entender que a vontade de Deus era que Israel fosse reinada pelos filhos de Davi. Deus concedeu a Abias a vitória e este conquistou várias cidades do reino do Norte, entretanto não conseguiu unificar o reino.
Abias deu prosseguimento à tradição de inclusivismo religioso iniciada por Salomão e promovida por Roboão. Ele não aboliu o culto a Deus, no templo, mas, simultaneamente, permitiu a adoração a divindades estrangeiras.
3°) Asa (910 – 869 a.C.) – “fez o que era bom e reto perante o Senhor seu Deus”.
Assim como Abias viveu em conflito com o Reino de Norte, agora mais motivada por Baasa, rei de Israel.
Os dez primeiros anos de seu reinado foram de paz o que lhe permitiu fazer as reformas religiosas necessárias. Asa inicia suas reformas mandando abolir os altares dos deuses estranhos, e o culto nos altos, quebrou as colunas e cortou os postes-ídolos. Ordenou a Judá que buscasse o Senhor Deus de seus pais, e que observassem os mandamentos (2 Cr 14.3-4).
A paz é interrompida por um ataque de Zerá, rei dos etíopes. Asa defende o seu reino de Zerá que foge diante da intervenção de Deus.
O profeta Azarias, filho de Odede, estimula o rei a continuar sua reforma religiosa. Diante das palavras do profeta, Asa manda lançar fora todas as abominações da terra de Judá, Benjamim e também das cidades que tomara na região montanhosa de Efraim (reino do Norte) e renovou o altar do Senhor (2 Cr 15.8-9). Nestes dias muito de Israel vieram morar nas terras do reino de Judá.
Asa chegou a depor sua mãe, da dignidade de rainha-mãe, porquanto ela havia feito a Aserá uma abominável imagem.
No ano trigésimo sexto do reinado de Asa subia Baasa, rei de Israel, contra Judá, e edificou a Ramá, para que a ninguém fosse permitido sair de junto de Asa, rei de Judá, nem chegar a ele. Diante disso Asa fez aliança com Ben-Hadade I, rei da Síria, e lhe entregou os tesouros da casa do Senhor e da casa do rei. Por ter Asa buscado ajuda do rei da Síria e não ter confiado em Deus este veio a ser repreendido por Hanani. Asa se enfureceu com o profeta e o mandou prender.
Nos últimos anos de seu reinado parece que Asa não viveu uma espiritualidade fervorosa como no início de seu reinado; basta observarmos que mandou prender o profeta de Deus.
No trigésimo nono ano do seu reinado, adoeceu gravemente, contudo na sua enfermidade não recorreu ao Senhor, mas confiou nos médicos . Asa morreu no ano quarenta e um do seu reinado.
4°) Josafá (872 – 848 a.C.) – “O Senhor foi com Josafá, porque andou nos primeiros caminhos de Davi...”
Nos tempos do rei Josafá foi estabelecida a paz com Israel. Esta ficou cimentada com o matrimônio de seu filho Jorão com Atalia, filha de Acabe, rei de Israel.
Josafá promoveu uma nova reforma religiosa, e porque não dizermos um reavivamento, ao ordenar a remoção dos altos e dos postes-ídolos de Judá, e também ordenou que os sacerdotes ensinassem ao povo o que estava no livro da Lei do Senhor.
Árabes e filisteus lhe traziam gado e outros presentes como reconhecimento de sua grandeza.
O rei de Israel, Acabe, fez guerra contra os Sírios e chamou Josafá para guerrear com ele. Josafá aceitou lutar ao lado de Acabe, e por isso foi advertido pelo profeta Jeú, filho de Hanani , por ter lutado ao lado daquele que aborrecia ao Senhor. Josafá diferente de seu pai aceitou a advertência do profeta.
Pouco depois disto os filhos de Moabe e os filhos de Amom vieram pelejar contra Josafá. Diante o grande número de homens que vieram contra Judá, Josafá teve medo e pôs a buscar o Senhor. Deus lhe concedeu a vitória de maneira extraordinária.
Antes de morrer Josafá se uniu agora com o novo rei de Israel, Jorão, para invadir Moabe que havia deixado de pagar impostos ao rei Jorão de Israel. Mais uma vez foi advertido por causa dessa aliança com um reino injusto aos olhos de Deus. Eliseu foi o profeta usado por Deus para advertir e mostrar a Josafá que tinha se unido a reis ímpios.
Josafá foi um grande rei e fez o que era reto perante o Senhor, entretanto não tirou os altos, porque o povo não tinha disposto o coração para com o Deus de seus pais (2 Cr 20.33).
5°) Jeorão (848 – 841 a.C.) – “Fez o que era mau perante o Senhor”.
Ao assumir o trono mandou matar todos os seus irmãos. Jorão seguiu os caminhos de Acabe, rei de Israel. Jeorão fez altos nos montes de Judá e seduziu os habitantes de Judá à idolatria.
Tudo o que Josafá havia feito para implantar uma consciência de adoração ao Deus de Abraão, Isaque, Jacó e Davi, foi desfeito em pouco tempo por seu filho Jeorão.
Elias envia uma carta a Jeorão dizendo que Deus o havia reprovado por este ter escolhido os caminhos de Acabe e não os de seu pai Josafá.
Edom se revoltou contra Jeorão e os edomitas conquistaram sua independência. Logo em seguida os árabes e os filisteus invadiram Judá levando todos os bens reais. Deus ainda o feriu nas suas entranhas com uma doença incurável que o fez sofrer muito até a morte Os efeitos trágicos e chocantes de seu breve reinado se refletem no fato de que ninguém lamentou sua morte.
6°) Acazias (841 a.C.) – “Fez o que era mau perante o Senhor”.
Os moradores de Jerusalém, em lugar de Jeorão, fizeram rei a Acazias, seu filho mais moço, porque a tropa que viera com os árabes ao arraial tinha matado a todos os irmãos mais velhos.
Sua mãe filha de Onri, chamava-se Atalia, e ela era quem o aconselhava a proceder iniquamente, porque não temia a Deus.
Acazias aliou-se a seu tio Jorão que em batalha; que pelejava contra Hazael, rei da Síria. Os sírios feriram a Jorão (filho de Acabe), rei de Israel. Acazias desceu para Jezreel, onde Jorão estava tratando de suas feridas; entretanto Jeú, que tinha sido ungido para reinar em lugar do Jorão, desceu a Jezreel e matou a toda a família real de Israel e acabou matando a Acazias também. Desta forma a paz entre Israel e Judá foi abruptamente quebrada com a morte da família real por Jeú, que assumiu o Reino do Norte, e matou Acazias.
Atalia (841 – 835 a.C.) – A rainha Atalia ficou no trono de Judá, mãe do defunto rei Acazias, assassinado por Jeú em Israel. Para assegurar sua posição como líder, ela ordenou a execução de todos quantos pertencessem à linhagem real, e assim iniciou um reinado de terror. Nenhum dos herdeiros do trono escapara, com exceção de Joás, que foi escondido por sete anos pela irmã do rei Acazias, Jeoseba, no templo.
Atalia foi derrubada por uma coalizão dos sacerdotes, liderado por Joiada (sacerdote que fora testemunha dos reavivamentos religiosos dirigidos por Asa e Josafá), com os principais homens das províncias de Judá. Ela contava com o apoio do pessoal real, mas os sacerdotes lhe faziam oposição, pois queria e de fato colocou um templo de Baal em concorrência com o templo oficial. O movimento levantado pelos sacerdotes tinha o apoio dos principais de Judá e de parte do exército. Atalia foi assassinada e seu neto Joás, a quem ela tentará matar, com 7 anos de idade foi coroado em seu lugar.
7°) Joás (835 – 796 a.C.) – O rei Joás, filho de Acazias, assume o trono, com apenas sete anos de idade tendo o apoio dos sacerdotes. Joiada assume a política do estado até sua morte.
Inicialmente, no reinado de Joás, fora mandado banir toda a adoração a Baal. Altares e templos foram destruídos, e, até os sacerdotes de Baal foram mortos. Por outro lado, Joás, seguindo o conselho de Joiada manda restaurar o culto a Jeová. Para que o culto fosse restaurado plenamente viu que era necessário restaurar o templo. Diante disso, Joás, dá ordem aos sacerdotes que recolhessem fundos pela nação com este propósito.
O apoio popular à verdadeira religião atingiu um novo ponto culminante sob a influência de Joiada, tendo sido restaurado o templo.
Após a morte de Joiada, a apostasia retornou qual varredura, quando os príncipes de Judá persuadiram Joás a reverter aos ídolos e ao culto dos postes-ídolos. Embora alguns profetas advertiram o povo a decisão errada que estavam tomando, este não deram ouvido. Quando Zacarias, filho do sacerdote Joiada, advertiu ao povo de que não prosperariam se continuassem a desobedecer os mandamentos de Deus, estes o apedrejaram no átrio do templo. Joás nem ao menos lembrou-se da bondade de Joiada, e não tentou salvar a vida de Zacarias.
Este veio a ser assassinado por seus servos depois de um longo reinado de quarenta anos (2 Rs 12.21).
8°) Amazias (796 – 767 a.C.) – Com a morte de Joás, seu filho Amazias governou por um período de vinte e nove anos.
Tanto Judá quanto Israel tinham sofrido severamente sob o poder agressor de Hazael, rei da Síria. A morte de Hazael, na volta do século, assinalou um ponto decisivo para o fortalecimento dos reinos hebreus.
Amazias volta a conquistar Edom e os edomitas são colocá-los sob o domínio de Judá novamente. Ao ir lutar contra Edom este havia contratado homens de Israel para lutar ao seu lado. Entretanto orientado por um profeta ele despede estes homens para casa. Ao retornarem para Israel estes homens atacam várias pessoas do reino de Judá. Logo após Amazias voltar vitorioso de sua batalha em Edom, e, de ter trazido as imagens dos deuses de Edom para Judá, com o fim de prestar-lhes culto, ele recebe a notícia do que os homens que havia contratado fizeram. Diante deste fato Amazias empreendeu novamente guerra contra Israel, com resultados desastrosos (2 Rs 14.8-14). Depois disto houve paz durante o século VIII, até a destruição de Samaria.
No ano de 792 a.C. se tornou prisioneiro de Israel, contudo este veio a ser libertado e no ano 767 foi assassinado em Jerusalém.
9°) Uzias (790 – 739 a.C.) – Aos dezesseis anos de idade, Uzias começou a reinar, porque seu pai Amazias se tornou prisioneiro do rei de Israel, Jeoás.
Em 782-781 a.C., após a morte do rei Jeoás, seu filho, Jeroboão II decidiu soltar Amazias, e, este foi restaurado ao trono de Judá, enquanto Uzias continuava sendo co-regente. É muito provável que Uzias tenha continuado a reger Judá neste período, pois Amazias não havia feito um bom governo e não era bem visto pelo povo por causa de sua política desastrosa. Enquanto este esteve preso o jovem Uzias já vinha restaurando a cidade de Jerusalém e recuperando economicamente a nação de Judá. Tudo leva a crer que neste período Uzias e Jeroboão II mantinham uma política de paz e cooperação.
Embora eventos bastante cruciais tivessem sucedido durante seu governo de 52 anos, o relato bíblico é relativamente breve (2 Cr 26.1-23; 2 Rs 14.21,22 e 15.1-7). Digno de nota foi o fato de que, durante esse longo período, Uzias foi governante único por apenas dezessete anos. Tão eficaz se mostrou ele no soerguimento de Judá do estado de vassalagem à posição de forte potência nacional que ele é reconhecido como o mais hábil soberano que o reino do Sul conhecera desde a época de Salomão.
Economicamente, Judá gozou de prosperidade sob Uzias. Interessava-se vitalmente o rei pela agricultura e pela criação animal.
A expansão territorial colocou Judá no controle de importantes cidades e rotas comerciais que conduziram à Arábia, ao Egito e a outros países. Em Elate, no mar Vermelho, as indústrias de mineração de cobre e ferro, que haviam sido florescentes nos dias de Davi e Salomão, foram reconquistadas pelo reino do Sul.
A prosperidade de Uzias se relacionava diretamente à sua dependência de Deus (2 Cr 26.5-7). Zacarias, profeta de outro modo desconhecido, instruía eficazmente ao monarca, o qual, até cerca de 750 a.C., mostrou atitude sã e humilde para com Deus. No auge de seu sucesso, porém, Uzias pôs na cabeça que poderia entrar no templo e queimar incenso. Mesmo sendo advertido pelos sacerdotes, e pelo sumo sacerdote Azarias, que esta era uma prerrogativa exclusiva daqueles que haviam sido consagrados para este serviço; Uzias irado desafiou aos sacerdotes. Como juízo divino, ficou leproso e por causa de sua doença foi lançado fora do palácio e perdeu todos os privilégios que tinha como rei. Uzias passou a morar numa casa fora da cidade.
10°) Jotão (750 – 732 a.C.) – Quando Uzias foi colocado para fora do palácio, seu filho Jotão, assumiu o trono. Jotão esteve intimamente ligado a seu pai de 750 a 740 a.C. Visto que Uzias foi um governante tão forte e firme, Jotão teve posição secundária como regente de Judá. Quando assumiu pleno controle, em 740 a.C., continuou as normas ditadas por seu pai.
Ante a iminência de uma desastrosa invasão assíria, Jotão se defrontou com dificuldades, ao insistir em sua política anti-assíria. Quando os exércitos assírios se mostraram ativos na regiões do monte Nal e Urartu, em 736-735 a.C., o partido pró-assírio de Jerusalém elevou Acaz ao trono davídico, na qualidade de co-regente de Jotão.
11°) Acaz (732 – 716 a.C.) – O reinado de vinte anos de Acaz (2 Cr 28.1-17; 2 Rs 16.1-20) foi eivado de dificuldades. Os monarcas assírios avançavam, em sua tentativa por controlar o Crescente Fértil, e Acaz foi continuamente sujeitado à pressão internacional.
O reino do Norte já havia aceito a política de resistência ditada por Peca. Com a idade de vinte anos, Acaz foi confrontado com o enigmático problema de manter a paz com a Síria e com Israel ou manter a paz com a Assíria. Acaz optou pelo segundo, mantendo a paz com a Assíria.
Foi nessa época de crise angustiante que Isaías se mostrou ativo no ministério profético, por cerca de seis anos.
Neste ano de 732 a Assíria invade Damasco, capital da Síria e põe fim ao reino Sírio. Dez anos depois, em 722, a Assíria invade Samaria e transforma o Reino do Norte em mais uma de suas províncias.
Embora contasse com o grande profeta Isaías como seu contemporâneo, Acaz promoveu as mais esdrúxulas práticas idólatras. De acordo com costumes pagãos, ele fez seu filho para pelo fogo. Não somente retirou muitos tesouros do templo, para satisfazer às exigências do rei assírio, mas também introduziu cultos estrangeiros no lugar onde só Deus era adorado. Não admira que Judá houvesse incorrido na ira de Deus.
12°) Ezequias (716 – 686 a.C.) – Ezequias começou a reinar em 716 a.C. Sua liderança de vinte e nove anos assinala uma extraordinária era religiosa na história de Judá.
Em drástica reação à deliberada idolatria de seu pai, Ezequias começou a reinar impondo a mais extensa reforma que houve na história do reino do Sul. Um novo reavivamento começou na história de Judá através da vida do rei Ezequias.
Não podemos afirmar, mas talvez por ter visto em sua infância o Reino de Israel acabar nas mãos da Assíria, por não terem guardado os mandamentos de Deus e por terem vivido na idolatria, desobedecendo deliberadamente a Deus, tenha feito com que Ezequias temesse a Deus.
De Jerusalém, a reforma se expandiu por todo o território de Judá, Benjamim, Efraim e Manassés. Ezequias chegou a destruir a serpente de cobre que Moisés fundira (Nm 21.4-9), porque o povo a utilizava como objeto de adoração. Inspirado pelo exemplo do monarca, o povo se lançou à tarefa de demolir colunas, postes-ídolos, lugares altos e altares por toda a terra.
Por todo esse registro de reformas religiosas não se faz qualquer menção a Isaías. E nem o notável profeta faz alusão às reformas de Ezequias em seu livro.
Depois de sua notável reforma religiosa, ele concentrou suas atenções em um programa de defesa, aconselhando-se com os principais chefes militares de seu governo. Foram reforçadas as fortificações em torno de Jerusalém. Artífices produziam escudos e armas, ao passo que comandantes de combate treinavam os soldados.
A fim de assegurar água, durante algum cerco prolongado, Ezequias construiu um túnel que ligava o poço de Siloé com a fonte de Giom.
Embora Ezequias houvesse feito tudo quanto estava ao seu alcance para preparar-se para o ataque assírio, ele não dependia exclusivamente dos recursos humanos. Anteriormente, quando o povo se reunira na praça da cidade, Ezequias os encorajava, ao expressar destemidamente a sua confiança em Deus (2 Cr 32.8).
As ameaças de Senaqueribe contra o reino de Judá se tornaram realidade em 701 a.C. Ezequias sobreviveu ao ataque crucial contra Jerusalém.
Diferente de certo número de seus antepassados, Ezequias foi sepultado honrosamente. Dotado de sincera devoção à tarefa, ele conduziu seu povo à maior reforma que houve na história de Judá, atingindo até mesmo o território do Reino do Norte que já não existia mais.
13°) Manassés (696 – 642 a.C.) – A Manassés se atribui o mais longo reinado da história de Judá (2 Rs 21.1-17 e 2 Cr 33.1-20); incluindo a década de co-regência com Ezequias, ele foi rei por cinqüenta e cinco anos (696 – 642 a.C.). Mas seu governo foi a antítese do governo de seu pai. Do pináculo do fervor religioso o reino do Sul foi projetado para dentro da mais negra era de idolatria, sob a liderança de Manassés. Mui provavelmente, Manassés não começou a reverter a política de seu progenitor senão depois da morte deste.
Reconstruindo os lugares altos, erigindo altares a Baal e levantando postes-ídolos, Manassés mergulhou Judá em grosseira idolatria, similar àquela que Acabe e Jezabel tinham promovido no reino do Norte. Sacrifícios humanos eram oferecidos aos deuses pagãos, ocultismo, adivinhações e a astrologia foram sancionadas oficialmente como práticas comuns. Alguns historiadores ligam o martírio do profeta Isaías ao iníquo rei Manassés.
Possivelmente Manassés aderiu a essas práticas religiosas para agradar ao Império Assírio.
Enquanto o império assírio invadia o Egito, um levante acontecia na Babilônia por volta do ano 648 a.C. No meio desta confusão, Manassés é levado como prisioneiro na Babilônia. Durante seu período de cativeiro ele se arrepende de todos os seus atos e busca a Deus. Embora não temos uma data precisa, parece que restou muito pouco tempo para Manassés promover uma reforma religiosa significativa em Judá. Contudo, não podemos deixar de mencionar que ele se esforçou em seus últimos dias para conduzir o povo a servir ao Senhor Deus de Israel.
14°) Amom – (642 – 640 a.C.) – Amom sucedeu a seu pai, Manassés, como rei de Judá. Sem hesitação ele voltou às práticas idólatras que haviam sido iniciadas e promovidas por Manassés, durante a maior parte de seu reinado.
Amom foi assassinado por escravos de seu palácio. Embora seu reinado tenha sido curto, o ímpio exemplo dado durante esses dois anos proveu a oportunidade de Judá voltar a um estado de terrível apostasia.
Um breve resumo dos dois primeiros séculos do reino davídico: No decurso dos dois séculos anteriores, as fortunas do reino do Sul tinham conhecido pontos altos e baixos. Os reinados de Atalia, Acaz e Manassés haviam sido caracterizados por uma idolatria sem freios. A Reforma religiosa começou com Joás, adquiriu ímpeto com Uzias e atingiu um nível sem precedentes com Ezequias. Politicamente falando, Judá chegou ao seu ponto mais baixo nos dias de Amazias, quando Jeoás, do reino do Norte, invadiu Jerusalém. Durante esse período inteiro de dois séculos a prosperidade e o governo autônomo de Judá foram sombreados pelos interesses expansionistas dos reis assírios.
Uma breve introdução ao último século do reino davídico: Durante mais de um século Judá vinha sobrevivendo à expansão irrefreável do império assírio. Desde que Acaz pusera em perigo a liberdade de Judá, mediante um tratado firmado com Tiglate-Pileser III (Pul), esse pequeno reino foi atravessando crise após crise como um vassalo de mais de cinco governantes assírios. Tratados, manobras diplomáticas, resistência e intervenções sobrenaturais tiveram todos um papel vital na existência contínua de um governo semi-autônomo, no qual regentes ímpios e justos ocuparam o trono de Davi. Agora que a Assíria afrouxava a manopla sobre Judá, renasceram uma vez mais as esperanças nacionalistas, durante as três décadas do reinado de Josias. O fim abrupto de sua liderança assinalou o começo do fim do reino do Sul. Antes que tivessem passado vinte e cinco anos, essas esperanças começaram a desaparecer, debaixo do poder crescente do império babilônico. Em 586 a.C., as ruínas de Jerusalém serviam de lembrete realista da predição de Isaías, no sentido de que a dinastia davídica sucumbiria diante da Babilônia.
15°) Josias (640 – 609 a.C.) – Com a tenra idade de oito ano, Josias foi subitamente coroado rei em substituição a seu pai que foi assassinado por seus servos.
A influência assíria, em declínio desde os anos finais de governo de Assurbanipal, que faleceu em cerca de 630 a.C., ofereceu a Judá a oportunidade de ampliar sua influência sobre o território do norte. Com a queda da cidade assíria de Assur perante os medos, em 641 a.C., e com a destruição de Nínive, em 612 a.C., pelas forças aliadas da Média e da Babilônia, as perspectivas judaicas para o futuro se tornaram ainda mais favoráveis. Durante esse período de desassossego político e de rebelião no Oriente, Judá obteve completa liberdade da vassalagem assíria, o que naturalmente, deu origem a um sentimento de nacionalismo.
Quando Josias chegou à idade adulta, reagiu às condições de pecaminosidade que havia em seus dias. Com a idade de dezesseis anos ele já buscava fervorosamente a Deus, ao invés de amoldar-se à práticas idólatras. Em quatro anos sua devoção a Deus se cristalizara a um ponto em que ele deu início à reforma religiosa (628 a.C.). A reforma atingiu seu clímax com a observância da Páscoa em 622 a.C.
Se a reforma efetuada sob Josias representou um reavivamento genuíno entre o povo comum, é algo de que se tem dúvidas. Visto que foi iniciada e executada por ordens reais, a oposição ficou paralisada enquanto Josias continuou vivo. Mas imediatamente depois de seu falecimento o povo retornou à idolatria, sob Jeoaquim.
Jeremias foi chamado ao ministério profético no décimo terceiro ano de Josias (627 a.C.).
Quando passaram a circular em Jerusalém as notícias sobre a queda de Assur (614 a.C.) e sobre a destruição de Nínive (612 a.C.), sem dúvida alguma Josias voltou a atenção para as questões internacionais. Em estado de preparação militar, ele incorreu em seu equívoco fatal. Em 609 a.C., os assírios combatiam uma guerra frouxa com seu governo no exílio, em Harã. Neco, rei do Egito, fez seus exércitos marcharem através da Palestina, para ajudar os assírios. Visto que Josias pouco se importava com a preservação dos assírios, dirigiu precipitadamente as suas tropas Megido acima, no esforço de fazer os egípcios recuarem. Josias foi fatalmente ferido quando os seus exércitos foram postos em fuga. As esperanças nacionais e religiosas de Judá sumiram repentinamente, quando o rei, aos trinta e nove anos de idade, foi sepultado na cidade de Davi. Após dezoito anos de associação íntima com Josias, o grande profeta é destacado por nome, no parágrafo de conclusão: “Jeremias compôs uma lamentação sobre Josias...”.
16°) Jeoacaz (609 a.C.) – O povo de Judá entronizou a Jeoacaz, filho de Josias, em Jerusalém (2 Cr 36.1-4). E o novo rei teve de sofrer as conseqüências da intromissão de Josias nas questões egípcias. Governou por três meses apenas. Tendo derrotado os judeus em Megido, os egípcios marcharam para o norte, até Carquemis, refreando temporariamente o avanço babilônico para o Ocidente. Sob o comando do Faraó Neco, Jeoacaz foi deposto do trono de Judá e levado prisioneiro para o Egito. Ali morreu Jeoacaz, também conhecido pelo nome de Salum, conforme fora predito pelo profeta Jeremias (22.11,12).
17°) Jeoaquim ou Eliaquim (609 – 597 a.C.) – Jeoaquim, um outro filho de Josias, começou a reinar por nomeação de Neco. Não somente o Faraó egípcio mudou seu nome de Eliaquim para Jeoaquim, mas também cobrou pesado tributo de Judá (2 Rs 23.35). Por onze anos ele continuou reinando em Judá. Enquanto os babilônios não desalojaram os egípcios de Carquemis (605 a.C.), Jeoaquim continuou vassalo do rei Neco.
O profeta Jeremias sofreu severa oposição, enquanto reinou Jeoaquim. De pé no átrio do templo, Jeremias predisse o cativeiro babilônico para os habitantes de Jerusalém.
O quarto ano de Jeoaquim (605 a.C.) foi um tempo crucial para Jerusalém. Na decisiva batalha de Carquemis, no começo do verão, os egípcios foram postos em fuga pelos babilônicos. Em agosto, Nabucodonosor já havia avançado o bastante, pelo sul da Palestina, para reivindicar tesouros e reféns em Jerusalém – tendo sido Daniel e seus amigos os mais notáveis dentre os cativos judeus (Dn 1.1).
Embora Nabucodonosor não tenha enviado seus exércitos conquistadores a Jerusalém, pelo espaço de vários anos, ele incitou assaltos contra Judá da parte de bandos de caldeus saqueadores, apoiados por moabitas, amonitas e sírios. No decurso dessa guerra, o reinado de Jeoaquim chegou subitamente ao fim pela morte, deixando nas mãos de seu jovem filho, Joaquim, uma precária política anti-babilônica.
18°) Joaquim ou Jeconias (597 a.C.) – Joaquim, conhecido também pelo nome de Jeconias ou Conias, resistiu apenas por três meses como rei de Jerusalém. Em 597 a.C., os exércitos babilônicos lançaram cerco à cidade. Percebendo ser inútil a resistência, Joaquim rendeu-se a Nabucodonosor. Dessa vez o monarca babilônico não somente levou prisioneiros como também despojou o templo e os tesouros reais. Neste período Ezequiel foi levado ao cativeiro. Matanias, cujo nome Nabucodonosor mudou para Zedequias, foi deixado encarregado do povo que ficou em Jerusalém.
19°) Zedequias (597 – 586 a.C.) – Este era o filho mais jovem de Josias. Visto que Joaquim foi considerado o legítimo herdeiro do trono davídico, Zedequias passou a ser reputado um monarca títere – subordinado à soberania babilônica. Após uma década de política fraca e vacilante, Zedequias perdeu o governo nacional de Judá. Jerusalém foi destruída em 586 a.C.
No verão de 586 a.C., os babilônios entraram na cidade de Jerusalém, através de uma brecha feita nas muralhas. Zedequias tentou escapar, mas foi capturado em Jericó e levado a Ribla. Após terem sido executados os seus filhos, Zedequias, o último rei de Judá, foi cegado e levado em cadeias para Babilônia. O grande templo de Salomão, que fora o orgulho e a glória de Israel durante quase quatro séculos, ficou reduzido a cinzas, ao mesmo tempo que a cidade de Jerusalém jazia arruinada.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
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