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sexta-feira, 27 de maio de 2011

CEIA DO SENHOR 1 - CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR NA IGREJA DE CORINTO

CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR NA IGREJA DE CORINTO

1 Co 11: 17-34


INTRODUÇÃO: Corinto era uma cidade portuária e um rico centro comercial. A cidade ostentava um teatro ao ar livre com capacidade para 20.000 espectadores. Corinto possuía uma população que incluía gregos, romanos e orientais e exibia, com orgulho, o templo de Afrodite com suas 1.000 prostitutas. A condição imoral de Corinto é vividamente percebida no fato de que o termo grego “Korintianizomai” (lit. agir como um coríntio) adquiriu o sentido de “cometer fornicação”. Corinto era notória por tudo que era pecaminoso.
O evangelho foi pregado em Corinto pela primeira vez por Paulo (At 18), em sua segunda viagem missionária (A.D. 50). Enquanto morava e trabalhava com Áquila e Priscila, ele pregou na sinagoga até que a oposição o forçou a mudar-se para a casa ao lado, a casa de Tício Justo. Os judeus o acusaram perante o governador Gálio, mas as acusações foram rejeitadas, e Paulo permaneceu 18 meses na cidade. Depois de partir escreveu à igreja uma carta que se perdeu (1 Co 5:9), mas várias perguntas foram levantadas pelos membros da igreja de Corinto, o que levou Paulo a escrever esta primeira epistola aos coríntios.
Os problemas aparecidos no culto daquela igreja têm semelhanças extraordinárias com os problemas litúrgicos que a igreja do século XX, ou pelo menos boa parte dela, enfrenta. A igreja de Corinto vivia um momento de grande efervescência espiritual. Porém a igreja de Corinto não era conhecida somente pela riqueza dos seus dons, mas também pela abundância dos seus problemas. Ela não ficava atrás de nenhuma outra igreja neotestamentária quanto à presença e manifestações dos dons espirituais, porém, a todas adiantava-se em carnalidade e infantilidade. Comparada com igrejas como a de Tessalônica ou de Filipos, a de Corinto estava bastante atrás em pureza moral e maturidade. Seus membros não tinham a mesma maturidade espiritual e caráter moral dos crentes dessas outras igrejas embora tivessem os mesmos recursos.
Havia problemas de ordem moral, doutrinária e litúrgica. Havia divisões na igreja (1 Co 1:11-14), frouxidão na disciplina (5:1), um irmão processando outro em tribunal secular (6:1), imoralidade(6:15), havia um movimento feminista na igreja (cap. 7), os “fracos” e os “fortes” divididos quanto a comer carne sacrificada aos ídolos (cap. 8-10). Tudo isso tinha reflexos no culto, onde, aparentemente, reinava desordem e confusão.
Tudo isto justifica as palavras de Paulo com relação à igreja de Corinto: 1Co 3:1-4 – “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais; e, sim, como a carnais, como a crianças em Cristo...”
O espírito faccioso que permeava a comunidade havia afetado profundamente as suas reuniões. Em nenhuma parte do culto isso ficava mais evidente do que na celebração da Ceia do Senhor.

1 – Quando era celebrada a Ceia do Senhor:
Ao que tudo indica, os cristãos do período apostólico que participavam de uma mesma igreja local tinham o costume de reunir-se, pelo menos uma vez por semana, para comerem juntos e durante a refeição celebrarem a Ceia do Senhor. Eventualmente, essas refeições comunais vieram a ser conhecidas como “ágape”, da palavra grega “amor”, tornaram-se uma prática regular nas igrejas cristãs espalhadas pelo mundo. Judas se refere-se a elas um sua carta como “festa do amor ou fraternidade” (Jd 12).
Aparentemente, o alvo dos “ágapes” era a comunhão cristã, o compartilhar de alimentos entre os mais pobres e, especialmente, lembrar-se do Senhor Jesus e participar espiritualmente da sua morte e ressurreição pelo pão e pelo vinho.
2 – A Ceia era celebrada de forma indigna
Paulo ao referir-se a celebração da Ceia do Senhor diz que nisso não podia louvá-los. Na verdade Paulo está descontente pela maneira com que eles estavam realizando seus cultos em geral. A insatisfação do apóstolo era provocada pela atitude amotinada das mulheres “espirituais” nos cultos (11:3-16), pela falta de fraternidade e reverência na celebração da Ceia (11:17,22) e pelo uso impróprio dos dons espirituais (cap. 12-14). Paulo chega, até mesmo, a dizer que as suas reuniões faziam mais mal do que bem (11:17), visto produzirem um resultado negativo. Em vez de serem para edificação, instrução e conforto de suas almas, eram para pior, isto é, para estimular e encorajar a glutonaria, a embriagues, as divisões e a carnalidade em geral. Como resultado, a participação na Ceia, que deveria trazer benção, estava trazendo maldição, juízo e castigo (11:29).
Quando se reuniam para o “ágape”, havia divisões na igreja, entre ricos e pobres, entre os que tinham dons extraordinários e os que não tinham e possivelmente entre judeus, que só comiam KOSHER (comida cerimonialmente limpa) e os gentios que comiam comida sacrificada. Para piorar havia ainda glutonaria e bebedeiras (11:21). Os ricos avançam gulosamente na abundância do que haviam trazido e não compartilhavam com os pobres. O resultado era um ambiente mesclado de espírito faccioso, egoísmo, ressentimento, invejas, embriagues e glutonaria. Talvez alguns pensassem no “ágape” primeiramente como uma ocasião para matar sua fome (11:34).
 A Ceia do Senhor era um alvo secundário nessas reuniões. O comer do pão e o beber do vinho não passava de um rito fisiológico.
 A falta de dignidade e discernimento espiritual que essas atitudes causavam levou a igreja debaixo do julgamento de Deus. Muitos estavam doentes e fracos, outros já haviam morrido em decorrência do castigo divino (11:30). Isso nos deveria alertar para a seriedade com que Deus requer que participemos do culto de modo apropriado.
Por causa de abusos a festa do “ágape” foi separada da celebração da Ceia do Senhor a partir do século II. A festa do “Ágape” desapareceu ao final do século VII da Igreja Cristã, ao ser proibido pelo Concílio de Cartago.
Precisamos discernir o verdadeiro significado da celebração da Ceia do Senhor.
3 – Celebrar a Ceia de forma digna
Um culto verdadeiramente espiritual, entre outras coisas, é o que promove condições para que os crentes se aproximem da mesa do Senhor lúcidos, sóbrios, aptos para discernir o que estão fazendo, devidamente instruídos quanto ao sentido da Ceia e capazes de dela participar de forma digna. Celebrar a Ceia no Espírito é discernir o significado (alteração minha) dos elementos. Uma Ceia “no Espírito” exalta a Cristo e fala do seu sacrifício pelos nossos pecados.
Quem come o pão e bebe o vinho sem discernir o que está fazendo peca contra o corpo e o sangue do Senhor (11:27). Com essas palavras, o apóstolo nos ensina que há uma relação íntima entre o símbolo (pão e vinho) e a coisa significada (Cristo) a ponto de, se profanarmos os símbolos, pecamos contra o que é simbolizado, isto é, o corpo e o sangue de Cristo.

CONCLUSÃO: Diante disso examine-se a si mesmo (11:28), faça um exame de consciência, assegure-se que sua atitude está correta e de que está consciente do que estará fazendo, para que possa participar dignamente da mesa do Senhor.
Notemos que as advertências de Paulo são contra o indiferente, o descuidado e o profano – não contra o tímido ou contra o que sente sua fé abalada por dúvidas e tentações.



Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
(O CULTO ESPIRITUAL – Dr. Augustus Nicodemus)

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