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terça-feira, 24 de maio de 2011

CRISES 1 - A REAÇÃO DA COMUNIDADE DIANTE VIDAS QUE ESTÃO EM CRISES

A REAÇÃO DA COMUNIDADE DIANTE VIDAS QUE ESTÃO EM CRISE

Jo 20:19-31


Quem que já não passou por uma crise? Quem sabe você se encontra em crise? Muitos sofrem de crise existencial, crise financeira, psicológica, emocional, familiar. No fim quase todos nos encontramos em crise ou no meio de uma crise; porque temos parentes ou amigos que estão em crise.
Contudo manifestamos um asco desumano com as pessoas que vivem crises e passam por dúvidas, nos fazemos solidários, mas no fundo repugnamos as pessoas que se encontram em crise. Saímos do encontra com elas e dizemos para nós mesmos: “Como ele pode estar assim, só porque perdeu a namorada?” No fundo gostamos que as pessoas que se aproximam de nós estejam bem, porque temos dificuldade de ser um ajudador, conselheiro, amigo para todas as horas. Convivemos melhor quando os que nos cercam demonstram segurança no que falam e vivem, mesmo que esta segurança seja enganosa.
No nosso dia a dia dentro de nossas comunidades não é diferente. Temos a tendência de sermos pessoas comprometidas com a verdade, mesmo que essa verdade não resista aos nossos próprios questionamentos ou às questões levantadas pelas ciências do nosso tempo. Nós simplesmente dogmatizamos e sacralizamos conceitos de tal maneira, que se alguém duvidar das “santas” e “sacras” doutrinas torna-se um herege e certamente será excluído da igreja.
Se alguém traz uma idéia nova para dentro da igreja já é visto com olhares de repreensão pelos demais membros. Se demonstrar não concordar com alguma doutrina da igreja já o acusam de estar endemoniado.
Tomé um dos discípulos de Jesus entrou em crise após a morte de Jesus. Tomé viveu um intenso conflito com a morte de seu mestre.

Tomé era um homem corajoso que vivia um grande conflito (v. 25) – Tomé teve coragem para admitir aos demais discípulos que não cria na ressurreição de Jesus. Tomé também demonstrou coragem ao se dispor a ir até as últimas conseqüências por Jesus (Jo 11:16). Isso demonstra que embora Tomé fosse um homem questionador, era um homem suficientemente corajoso para caminhar e morrer com Jesus aonde quer que fosse.
Tomé teve coragem para expor seu interior, para mostrar sua duvida, sua angustia. Quantos perambulam pelas nossas igrejas com desejo de expor suas dúvidas, mas não tem espaço? Ficam dominados pelo medo do grupo censura-lo? Tomé era corajoso por ser transparente.
A Bíblia mostra que quando Jesus veio para aquele primeiro encontro com os discípulos, Tomé estava ausente (Jo 20:24). Quem sabe Tomé estava ausente porque vivia uma grande crise de existência, vivia uma grande decepção ao perder Jesus. Os projetos do Reino de Deus pareciam ter se desintegrado diante a morte de Jesus.
Quando entramos em crise, em conflito, em dúvidas, ou sofremos decepções e perdas, temos a tendência de buscar a solidão.
Na própria vida de Jesus encontramos momentos em que ele buscava a solidão. Às vezes ele deixava a multidão ou os discípulos e buscava um lugar à parte para descansar e orar (Mc 6:31). Na Bíblia encontramos expressões que nos falam a esse respeito: “... achou-se Jesus sozinho...” (Lc 9:36) ou “...subiu ao monte a fim de orar sozinho” (Mt 14:23). A solidão de Jesus era uma solidão necessária. Solidão para descansar, orar, recompor as forças.
Há solidão que é desesperadora como a dos carentes que não se completam nunca (vivem uma ausência de si mesmos). É terrível e dolorosa.
Existe a solidão provocada pela ausência de alguém e que nos desanima a buscar os outros. Talvez esta tenha sido a solidão de Tomé. A ausência e a saudade do Mestre o levaram a ficar só.
Sua coragem o levou a descobrir a verdade da ressurreição de Jesus Cristo.
Precisamos aprender que não existe cristianismo sem conflitos. Como viver sem conflito entre carne e espírito? Como viver sem conflito da sexualidade? Como o jovem pode entender seus desejos biológicos e controla-los a luz da Palavra de Deus. Como viver sem conflitos conceituais e doutrinários diante da fome, miséria e injustiça que atingem o nosso mundo? Como não ter conflitos com relação a forma de se conduzir a família diante tantos ensinos distorcidos referente a família? Como acreditar na proposta bíblica do amor ao próximo diante de tanta hipocrisia e falsidade que varrem a nossas próprias comunidades?
A duvida, o conflito e a crise são parte do nosso crescimento espiritual.
Reação da Comunidade diante a crise de Tomé (v.25) - Somente através da transparência quanto aos sentimentos interiores, torna-se possível a cura do individuo e a atuação efetiva da comunidade no sentido de ajudar neste processo de cura. Para isso é necessário que a Igreja ou a comunidade esteja preparada para ouvir sem discriminar e sem acusar.
Tomé estava sofrendo pela perda de Jesus. Vejamos como os discípulos reagiram diante a crise vivida por Tomé:
Primeiro os discípulos lhe contaram da ressurreição do Mestre (anunciar a Palavra de Deus) esperando que aquelas palavras lhe trouxessem alento, esperança, vida. Tomé não conseguiu crer naquelas palavras.
Segundo a comunidade não o chamou de incrédulo, não o condenou, apenas o receberam no seu meio. Nada falaram não insistiram com Tomé, sabiam que sua dúvida tinha razões concretas e fortes afinal ele não viu Jesus ressurreto.
Seres humanos em crise não necessitam muito de palavras, mas de ouvidos abertos para ouvir, sensíveis, empáticos e pacientes.
Jesus volta para quem está em crise (v.27)
Uma das maiores tentações que sofremos é tentar convencer as pessoas da verdade que experimentamos. Geralmente travamos uma guerra de palavras no sentido de querer convencer o outro. Precisamos nos lembrar que devemos testemunhar nossas experiências com Jesus, devemos proclamar seu amor, seu evangelho, entretanto é o Espírito Santo que convence o homem da verdade.
A fé que Jesus propõe é a fé que é capaz de aceitar a intervenção do sobrenatural na nossa mente e emoções. É a fé do impossível, onde a razão não consegue explicar, é a fé dos que não viram e creram (Jo 20:29).
Com isso, Jesus acaba com a dúvida de Tomé, alivia o seu coração e promove sua saúde emocional. Jesus não abandonou Tomé voltou para um incrédulo. Acredito que Jesus voltou porque Tomé era sincero e corajoso.




Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

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