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quinta-feira, 5 de abril de 2012

APOSTILA 17 - TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO

APOSTILA
TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO - 2

CRABTREE, A. R. Teologia do Velho Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1991.


 A ORIGEM HISTÓRICA DA FÉ DE ISRAEL
Várias civilizações se levantaram no Oriente Próximo, séculos antes da origem dos hebreus, deixando elementos permanentes da sua cultura na vida dos povos subsequentes.
Exemplos de alguns deste povos: Sumerianos, acadianos e egípcios.
Estes povo desenvolveram suas literaturas que influenciaram culturalmente os povos sucessivos.

Os hebreus tiveram a sua origem no meio destas sociedades desenvolvidas e herdaram elementos da cultura do povos contemporâneos.
Israel nasceu no ambiente histórico de três mil anos da civilização.
Neste período as civilizações já tinham vencido as crenças baseado no animismo e se tornaram politeísta.
No animismo todos os elementos (cosmo, natureza, os seres vivos e os fenômenos naturais) são passíveis de possuírem: sentimentos, emoções, vontades ou desejos e até mesmo inteligência. Resumidamente, os cultos animistas alegam que: "Todas as coisas são vivas", "Todas as coisas são conscientes", ou "Todas as coisas têm ânima".

Sob a orientação de Moisés, como o profeta de Yahweh ou Javé, a fé de Israel representa um rompimento definitivo com o politeísmo, e não um desenvolvimento que resultou no monoteísmo dos profetas.
A libertação do Egito foi um rompimento com a escravidão e também com toda forma de religião politeísta.
Desde o período patriarcal os hebreus tinham certeza das suas comunicações com o Todo-Poderoso.



O CONCEITO BÍBLICO DA HISTÓRIA
A origem histórica da religião de Israel forneceu aos escritores bíblicos a chave para a interpretação da história.
Os autores, os profetas, interpretaram a história do ponto de vista das atividades divinas na sua vida nacional.
Assim entenderam o propósito do Senhor, não somente na sua própria história, como também na criação do mundo para o serviço e desenvolvimento da humanidade inteira, debaixo da orientação de Deus, de acordo com a Sua vontade soberana na direção da história para o alvo predeterminado.


 A DOUTRINA BÍBLICA DA REVELAÇÃO DE DEUS NO VELHO TESTAMENTO
O Velho Testamento apresenta-se como obra de homens inspirados e orientados por Deus na transmissão da mensagem
A palavra revelar significa tirar o véu ou remover a coberta que esconde um objeto para o expor à vista.
O conceito limita-se exclusivamente à revelação do próprio Deus e dos mistérios divino que o homem é incapaz de descobrir.

A PSICOLOGIA DOS HEBREUS
No estudo da revelação temos que reconhecer a sua contraparte, a inspiração.
A inspiração do ponto de vista do profeta hebreu, era a invasão do seu espírito (ruah) pelo Espírito do Senhor.
Este conceito é muito diferente do êxtase do grego. O grego ficava extasiado quando a psyche (alma) deixava o seu corpo e vagava longe dele.
O hebreu não entende o êxtase grego.

As teofanias, os antropomorfismos e as conversas entre Deus e homens nas narrativas bíblicas constituem problemas para intérpretes modernos que não entendem a mentalidade dos escritores.
Nota-se que nos seus antropomorfismos os hebreus nunca atribuíram ao Deus de Israel as fraquezas humanas, as rivalidades e as injustiças que os povos contemporâneos viam nos seus deuses.
Os hebreus não compreendiam que o homem fosse uma réplica física de seu Criador.
Deus era transcendente e espiritual.

A REVELAÇÃO DE DEUS NAS OBRAS DA CRIAÇÃO
O escritor de Genesis expressa sua convicção de que o homem, em virtude da criação, tem afinidade espiritual com Deus, e como ser espiritual, pode gozar comunhão com o seu Criador.

O Velho Testamento não faz distinção entre a revelação geral e especial.
A revelação bíblica é histórica – se relaciona com uma série de pessoas e eventos históricos de Israel.
Não há no hebraico a palavra natureza, mas as obras do mundo físico, segundo os escritores bíblicos, dependem absolutamente de Deus o seu Criador e Sustentador. As operações do mundo físico eram obras de Deus.

Outras religiões reconheceram elementos e forças da natureza com deuses.
Os israelitas viram atrás do mundo físico o Criador.
Os hebreus jamais afirmaram que o homem, sem qualquer orientação divina, é capaz de descobrir, nas obras da natureza, provas satisfatórias da existência de Deus.


DEUS SE REVELA DIRETAMENTE AOS ESCRITORES BÍBLICOS
Não foram os homens que criaram o Deus da Bíblia, o próprio Deus se revelou a estes homens de maneira racional.
A revelação é baseada na fé, mas Deus se apresentou ao homem de maneira compreensível.
O homem não recebe, no processo da revelação, doutrinas teológicas acerca de Deus, mas recebe conhecimento pessoal do Senhor, da sua majestade, santidade e glória.
Recebe também conhecimento da justiça do Senhor, do seu propósito e da sua vontade para com o seu povo.

A revelação de Deus se dá progressivamente ao seu povo.
Deus se revela por suas atividades na vida e na história do seu povo, escolhido para ser a sua possessão peculiar dentre todos os povos do mundo (Êx 19.4, 5; 20.2).

Deus chega aos homens por meio das suas ações benignas e por intermédio dos seus mensageiros.
No seu concerto Deus entra em relações pessoais com Israel.
O Criador do homem não fica escondido.

A REVELAÇÃO DA PESSOA DE DEUS NO VELHO TESTAMENTO
Não há em qualquer parte do AT a mínima sugestão de que Deus tenha revelado aos profetas o conhecimento completo da sua Pessoa.
A mensagem de cada um dos escritores era limitada pela capacidade do autor, e pelas circunstâncias religiosas do povo da época.
Os escritores do VT apresentaram alguns ensinos de valor temporário para o seu povo contemporâneo, e que têm importância apenas histórica tanto para judeus como para cristãos.
Todavia, também apresentaram verdades teológicas que Deus revelou progressivamente por intermédio de seus mensageiros. São estas doutrinas que estudaremos com maior interesse.


 A DOUTRINA DE DEUS CONHECIMENTO DE DEUS SEGUNDO O V.T.
Os escritores do V.T. não tinham dúvidas sobre a existência de Deus e não julgaram necessária a apresentação de argumentos para estabelecer a prova da existência de Deus.
A declaração “Não há Deus” (Sl 14.1) é feita pelo insensato. Ela quer dizer somente que Deus não se manifesta, mas não ataca a existência de Deus.
No A.T. Deus se apresenta nas experiências religiosas dos homens, e não nas suas especulações filosóficas.
Os ensinos dos profetas estão baseados em sua comunicação pessoal com Deus.
Os profetas ofereceram ensinos importantes sobre a possibilidade de conhecer a Deus, e também explicaram os meios pelos quais Deus transmite aos homens o conhecimento de Sua pessoa e da sua vontade.
O conhecimento de Deus revelado aos homens é justamente aquele que satisfaz à fome da sua natureza espiritual.
A palavra hebraica Yadha’ significa “conhecer pessoalmente” (Gn 12.11) ou “conhecer por experiência” (Js 23.14).
Por outro lado as Escrituras ensinam que Deus não pode ser conhecido.
Estas várias declarações contraditórias entendem-se facilmente como antinomias.
A Bíblia não nos explica em que sentido Deus pode ou não ser visto; como pode ou não ser conhecido.
É perfeitamente claro que os homens do V.T. entenderam a impossibilidade de conhecer a Deus na glória da sua transcendência.
Para os hebreus o conhecimento de Deus não era a especulação sobre o Ser Eterno ou Princípio Transcendente, mas era o reconhecimento e entendimento do Senhor, que atua sabiamente, com plano e propósitos, e exige obediência aos seus mandamentos por causa da Sua própria natureza, como
A finalidade da Bíblia é a de fazer Deus conhecido por suas atividades na história e nas experiências que homens fiéis tenham com Ele. Pois o conhecimento mais importante de Deus segundo a Bíblia, é esta comunhão pessoal com Ele.




O NOME DE DEUS
No mundo antigo o nome de uma pessoa usava-se não somente para distingui-la de outras pessoas, mas também para indicar ou descrever a sua própria natureza. Os hebreus tinham esse costume.
O nome era mudado quando a pessoa tinha uma nova experiência que já não condizia com seu nome.
Entre os politeistas o nome de seus deuses expressava o seu caráter ou seu poder ou a função da sua divindade.
No V.T. aparece muito as expressões “o nome do Senhor” e “o nome de Deus”. Estas expressões estão associados ao conceito:
§Da soberania de Deus.
§Ao culto que a Ele deve ser prestado.
§Para indicar o próprio Deus.
Elohim – usa-se muito para apresentar a Deus como Criador de todas as coisas. Elohim é o plural da palavra “El” (Deus).
El – Era o nome usado na língua semítica para designar os espíritos ou demônios que, na crença popular, se associavam com objetos tais como árvores, pedras e lugares.
Javé (Yahweh) – Nome usado quando se tratava da relação do Senhor com o povo.
Outros nomes de Deus relacionados com El.
Elyon – Descreve Deus como Altíssimo. El Elyon é o Deus Altíssimo (Gn 14.20).
El Shaddai – Deus Todo-Poderoso (Êx 6.3).
Eloach – Deriva do aramaico Élah que expressa a idéia de força ou poder.

O NOME ESPECIAL DE DEUS
Javé (Yahweh) – Alguns estudiosos afirmam que a origem deste nome vem do verbo hebraico hava (ser ou haver). O substantivo Jeveh, formado da primeira pessoa do singular do imperfeito do verbo ser, significa Eu Sou.
JHVH – Os teológos modernos em sua grande maioria não reconhecem o nome Jeová como pronuncia correta do tetragrama JHVH.
A palavra Jeová resultou no uso das vogais de Adonai (Senhor) com as quatro consoantes do nome sagrado, e foi introduzida no tempo da Reforma, cerca de 1520.
Não se sabe ao certo como era pronunciado o nome de Deus, entretanto a opinião da maioria dos estudiosos e que Yahweh (Iavé ou Javé no português) sejam mais correto.
Quando os israelitas deixaram de pronunciar o nome indizível JHVH, eles o substituiram pelo nome Adonai (Senhor).
A Septuaginta traduziu as quatro letras místicas com as vogais de Adonai por Kúrios (Senhor).

O ESPÍRITO DE DEUS
A palavra ruah (Hebraica) significa vento ou espírito.
A palavra vento é geralmente sinônimo de poder.
O conceito do Espírito do Senhor aparentemente passou por um processo de desenvolvimento no Velho Testamento.
Ruah-adonai (O vento do Senhor – Os 13.15) - tem quase o mesmo sentido de Espírito do Senhor.
Ruah-Javé (O vento de Deus – Ez 8.3; 11.24; 37.1) - As atividades do vento são representadas como a atividade direta do Senhor.
O ruah-Javé inspira e controla os profetas.
Como a palavra ruah frequentemente significa vento forte e poderoso, quando a mesma palavra que dizer espírito leva também o sentido de poder.

ATIVIDADES DO ESPÍRITO DE DEUS
Deus é quem governa todos os movimentos da história, incluindo as vicissitudes da vida nas nações e até na vida dos homens.
Na criação o Espírito de Deus movia-se sobre a face das águas, no processo de transformar o caos na ordem cosmica, segundo o propósito preconcebido do Senhor.
Na esfera da vida, o Espírito de Deus opera a fim de dar ao homem a vitalidade e a força.
A vitalidade espiritual do homem, as suas emoções do amor e gratidão a Deus são resultados da operação do Espírito do Senhor no seu coração.
O Espírito do Senhor é o próprio Senhor em atividade.
Não há no V.T., o desenvolvimento do conceito da personalidade distintiva do Espírito do Senhor.
Há poucos versículos que indicam a tendência de pensar no Espírito do Senhor como Pessoa (Ageu 2.5; Zc 4.6).


 A ESSÊNCIA E OS ATRIBUTOS NATURAIS DE DEUS
Não encontramos no A.T. qualquer declaração que defina a essência do Senhor.
Mas o N.T. ensina que Deus é Espírito (Jo 4.24).
No A.T. a espiritualidade de Deus é subentendida, é verdade básica, em todas as experiências religiosas dos hebreus com Ele (Is 31.3).
Sl 139.7 – Para onde me irei do teu Espírito?
Assim a presença do Espírito de Deus é a presença dele mesmo. Tudo que Deus é, e tudo que possa significar para o homem, é representado pelo ministério do seu Espírito que é vida e poder.

O DEUS VIVO
O Deus espiritual da Bíblia apresenta-se também como o Deus Vivo.
Subentende-se que é um Deus Vivo porque:
§Ele é a fonte de todas as formas de vida. Ele é o Criador (Gn 1).
§Por causa de sua ação na história (Js 3.10). Ex.: Livramento da mão dos inimigos.
§Se comunicava com seu povo. Deus saciava o desejo do homem em conhecer o criador. Respondia suas orações.
Subentende-se que é um Deus Vivo porque:
§Seu poder sobre os demais deuses era notório. Os ídolos não passavam de imagens feitas por homens (2 Sm 22.47).
§Seu amor era frutífero na vida de seu povo. Prometia vida onde houvesse morte, jardins em lugar de desertos, alegria e não tristeza... (Is 35.1; Ez 37.4,5).

O DEUS VIVO É ETERNO
Como Deus Vivo, a fonte e o Criador de todas as formas da vida, o Senhor não teve princípio, e nunca terá fim (Sl 90.1, 2).
O nome Javé (Eu Sou) já dá aos judeus a ideia de existência própria.
Dt 33.27; Is 44.6

O DEUS VIVO É IMUTÁVEL
Há várias declarações no A.T. que, isoladas do seu contexto aparentemente indicam a mutabilidade de Deus.
Às vezes é representado como “arrependimento” de certos atos.
Deus não muda – ponto final!
Pode Ele se arrepender?
A imutabilidade de Deus não significa uniformidade fixa nas atividades do Senhor na história.
Os casos do arrependimento de Deus são antropopatias (atribuições de sentimentos humanos a Deus).
O amor de Deus, desta forma, adapta-se às circunstâncias e à vontade do seu povo. Seu amor não muda – mas a forma do povo olhar e interpretar o amor de Deus muda.
O amor e a justiça divina operam eternamente de acordo com as condições morais das gerações sucessivas.


O DEUS VIVO É SÁBIO
Os escritores do V.T. usam as palavras perceber (bin), conhecer (yadhá) e ser sábio (hakam) para descreverem o conhecimento do Senhor.
Deus é a fonte, o doador de todo o conhecimento, todo o entendimento e toda a sabedoria humana.
Êx 31.6; 1 Rs 4.29; Pv 2.6
Deus revela sua sabedoria na criação – Ele não a criou para o caos, mas para ser habitada (Is 45.18).

O DEUS VIVO É PODEROSO
As atividades do Senhor testificam do seu poder, bem como da sua sabedoria.
Os israelitas experimentaram a operação do poder do Senhor na sua vida pessoal, na vida das suas famílias e na sua vida nacional.
Sl 66.7
O Poder era visto pelo socorro de Deus diante dos inimigos e também por seu domínio sobre a natureza e toda criação.


O DEUS VIVO É O CRIADOR
A doutrina da criação apresenta-se no Velho Testamento (Gn 1; Is 40 e outros).
O mesmo poder que criou o universo é também o poder que criou o homem.
O mesmo poder que tudo criou era o mesmo que tudo sustentava, inclusive dirigindo e sustentando o povo de Israel.
Através da criação Deus revela atributos da sua natureza e da sua relação com o mundo físico e com a humanidade.


O DEUS VIVO É O ÚNICO DEUS
Não se sabe definir com exatidão quando o povo hebreu se tornou monoteísta. Alguns acreditam que em Abraão e outros a partir de Moisés.
Por diversas vezes na história de Israel o povo cultuou outros deuses, chamados pelos profetas ídolos (falsos deuses) e foram duramente condenados pelos profetas de Javé.
As Escrituras afirmam no V.T. que Javé era o único Deus.



As experiências com Deus foram levando o povo de Israel a concluir que Deus era o único Deus, embora Deus já havia se apresentado como o único Deus a quem deviam adorar.
As experiências e não a um processo lógico os levaram ao conceito de que não havia outro Deus além de Javé.


OS ATRIBUTOS REDENTORES DE DEUS
SANTIDADE (qodesh)
§ Não se tem certeza quanto a origem etimológica da palavra.
§ Ela já era usada pelos povos semíticos antes dos hebreus com o sentido de fazer santo ou santificar.
§Entre os semitas qodesh e também a palavra cherem (devotado) sempre se referem às coisas que pertencem aos deuses.
§O que era qodesh para um deus poderia ser anátema para outro.

SANTIDADE - IDEIAS PRIMITIVAS DE SANTIDADE
Originalmente o conceito de santidade não tinha qualquer conceito moral.
Entre os hebreus a santidade se referia ao mysterium tremendum, ao numinous, ou aos característicos da Divindade que a separa de tudo que é comum.
Com esta ideia de “otherness”, separação de Deus, o termo santo aplicava-se às coisas e aos homens separados para o Senhor.
Nestas manifestações da mentalidade primitiva, quanto aos poderes sobrenaturais, havia o conceito daquilo que é distintivamente sagrado e inteiramente separado da vida secular.
Na variedade de experiências religiosas os homens ficavam cheios de medo e temor, enquanto sentiam atraídos aos deuses para receberem, nas suas fraquezas, o socorro sobre-humano que só eles lhes poderiam oferecer quando devidamente apaziguados.
Os povos tinham medo de lidar com as coisas de Deus
A parábola do filho pródigo
§Como o filho mais novo lidou com a herança (dons e bens) que o pai (Pai Celestial) lhe deu?
§Como o filho mais velho lidou com a herança?
Santidade para os hebreus, no início, era a mesma compreensão dos semitas:
§Quando citada em relação aos homens ou às coisas, a palavra significava que estes pertenciam a Deus.
§Quando citada em relação a Deus descrevia o que Deus era em relação aos homens (sua transcendência).
Este conceito se desenvolveu para um uso mais pessoal.
A santidade não é propriamente um atributo de Deus. Descreve antes a própria natureza de Deus.
Isto significa que todos os atributos de Deus estão envoltos por Sua santidade.
Os profetas entenderam cada vez mais a pureza moral do caráter de Deus.
Portanto homens separados para o serviço do Senhor deviam ser aptos e idôneos, santificados para servir ao Deus Santo.


JUSTIÇA (Tsedeq)
§A justiça do Senhor é o atributo de perfeição moral que caracteriza a sua Santidade, a sua própria Natureza e a sua Divindade.
§Os seus pensamentos, os seus propósitos, os seus motivos e todos os seus atos são absolutamente retos e perfeitos.
§O padrão divino da justiça é tão eterno como o próprio Deus.
§Ele não pode mentir, nem fazer qualquer outra injustiça.


DEUS JUSTO
As duas palavras hebraicas, tsedeq e tsedaqah designam a justiça segundo a norma ou padrão divino da justiça. No português não temos uma palavra para expressar essa verdade.
Existe diferença entre justiça divina e a justiça secular. Elas possuem éticas diferentes.
A ética bíblica se baseia no próprio caráter de Deus. Deus exige santidade do seu povo em seus relacionamentos, porque Ele é santo.
O adjetivo tsadiq descreve o que é reto e justo em Deus ou no homem.
As atividades judiciais do Senhor são geralmente representadas pela palavra mishpat (juízo, justiça, retidão, ordenança).
Mishpat significa direitos iguais a todos. Traduzida normalmente por juízo.
As atividades judiciais de Deus, no castigo de Israel, por exemplo, concordam perfeitamente com a Santidade do Senhor, e neste sentido mishpat é sinônimo de tsedeq ou tsedaqah. Portanto Deus é justo na punição do seu povo.
Quando o castigo produz arrependimento, Deus é igualmente justo em perdoar os pecados de seu povo, e restaurá-lo à comunhão com ele.
A palavra yashar quando se refere a Deus, significa reto, justo ou perfeito.
No período dos juízes e por algum tempo depois, Israel ainda não tinha o conhecimento da justiça de Deus que os profetas tiveram depois. Vejamos exemplos:
A comparação de 2 Sm 24.1 e 1 Cr 21.1 – no tempo dos juízes Israel atribui ao Senhor motivos que não concordam com a perfeita justiça divina.
O profeta Oséias (1.4) condena a brutalidade de Jeú que tinha recebido o apoio dos profetas, e até a bênção atribuída ao Senhor em 2 Rs 10.30.
Deus sendo justo era visto como o Deus redentor de Israel.
Alguns salmistas e profetas pleiteavam a sua justiça nas petições que dirigiam a Deus, buscando o socorro do Deus justo.
Precisamos compreender que estes não afirmavam serem perfeitamente justos, mas se consideravam mais justos que seus opressores.
O Rei Messiânico apresenta-se como justo e justificador de Israel.
Essa verdade foi compreendida politicamente. O Messias exaltaria a nação de Israel.


O AMOR DE DEUS
Há muitas palavras hebraicas que significam qualidades diferentes do amor humano e divino, mas o amor de Deus exemplificado nas suas atividades e relações é supremo.
O amor de Deus é a fonte do amor humano nas suas mais nobres manifestações.
A palavra hebraica ‘aheb é muito usada, e, como verbo, pode significar todas as qualidades de amor e de gosto, mas o que mais nos interessa é o seu uso no sentido religioso.
A palavra hashaq (Dt 7.7; 10.15) refere-se ao amor de Deus, no sentido de ter afeição a Israel.
A palavra raham é poucas vezes traduzidas como amor, normalmente significa compaixão, misericórdia ou piedade.
Hesed se refere ao amor persistente de Deus, condicionado pelo concerto entre Ele e o povo que escolheu.

O AMOR ELETIVO DE DEUS
Os escritores bíblicos se maravilhavam-se da eleição de Israel, mas não tentavam explicar. Por que Deus escolheu o povo de Israel e não outro? Por que Abraão e não outro?
Contudo precisamos compreender que ao escolher um e não o outro, o texto hebraico não está querendo dizer que Deus odiava o outro.
O termo sane’ nem sempre representa ódio ativo e violento. Quando se diz em Gênesis 29.31 que “Léia era odiada” ou como descreve Deut. 21.15-17. A preferida é a amada escolhida. A “odiada” é simplesmente a não preferida.
O que temos aqui é uma antropopatia – o escritor atribui sentimentos humanos a Deus.
O amor de Israel para com Deus é o amor condicionado, submisso, ele é demonstrado no cumprimento das exigências apresentadas na aliança (Berith).
Israel deve obedecer ao Senhor motivado pelo seu próprio amor (Dt 6.4, 5).
O amor do Senhor para com Israel não foi devido a qualquer mérito deste povo.
A exclusividade do amor eletivo de Deus tem sido “ofensa” para alguns, mas as palavras “eleger” e “escolher” são colocadas nas Escrituras, como característicos do amor soberano do Senhor.


 A ORIGEM, A NATUREZA E O DESTINO DO HOMEM
O VT ensina muitas coisas a respeito do homem. Por exemplo:
Ensina a unidade da raça.
Como o povo de Israel se originou de Abraão.
Como todas as nações do mundo são de um só sangue. Todos somos descendentes de Noé.
Como a multiplicação de línguas separou a humanidade, e dessa forma criando desentendimento e inimizades.

A CRIAÇÃO DO HOMEM
O Livro de Gênesis apresenta duas explicações da criação do homem (1.26-30; 2.4-7, 18-22).
De acordo com a segunda narrativa, carregada de antropormofismo, o homem foi criado do pó da terra e Deus soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem se tornou alma vivente.
Nesta segunda narrativa os animais também são alma viventes (Gn 2.19).
Contudo o homem se diferencia pela sua natureza moral.
O homem foi colocado no jardim para lavrar e o guardar. Para um cuidar responsável.
Junto a tarefa recebeu também uma ordem direta de Deus – não comer da árvore da ciência do bem e do mal.
Deus lhe criou uma companheira, auxiliadora, uma mulher que andaria lado a lado com ele.
Existem diferenças pequenas entre as duas narrativas, mas elas acabam se completando e concordando na verdade essencial:
De que o homem foi criado por Deus.
De que o homem é superior às outras criaturas com relação a sua natureza moral.
De que é possui uma responsabilidade maior perante o seu Criador pelo mundo criado e por seus atos.

A ênfase bíblica concorda com a ciência moderna quanto à relação do homem com a natureza. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que torne à terra; pois tu és pó, e em pó te tornarás” (Gn 3.19).
Homem e natureza na luta pela sobrevivência acabam se ferindo. A harmonia entre eles acaba com a queda do homem.
A outra narrativa da criação (Gn 1.26-30) é livre de antropomorfismo e apresenta o alto conceito do homem criado à imagem e a semelhança de Deus.
Nesta passagem o termo homem, ou Adão, abrange homem e a mulher.
A mulher foi criada juntamente com o homem, como seu igual, e não depois dele, para ser a sua adjutora ou auxiliadora.
Os textos não se contradizem, apenas enfatizam aspectos diferentes e se completam um ao outro.
Gn 1.26-31 à Visa o homem no seu aperfeiçoamento espiritual.
O homem é apresentado como a mais honrada das criaturas.
Dotado com característicos morais que o habilitam para a vida feliz de comunhão com o seu Criador.
Gn 2.4-7, 18-22 à Antecipa as consequências do abuso de sua liberdade.


A RELAÇÃO DO HOMEM COM O SEU GRUPO
A palavra Adão significa o homem na sua coletividade (Gn 1.26), ou ser humano (Gn 2.5).
A entidade social, como a família, a tribo e a nação, tem um lugar importante no pensamento dos escritores do VT.
Deus fez o seu concerto no Monte Sinai, com o povo de Israel, que passou a se chamar povo de Deus.
No período da história de Israel, quando as tribos lutavam com os cananeus, pela sua própria sobrevivência, a solidariedade do povo era mais necessária, mais importante para o grupo inteiro, e recebeu mais ênfase.
Contudo não significa que Israel não se preocupava com o individuo.
O individuo existe dentro do grupo e é responsável pela manutenção do grupo.
Grupo x Individuo à uma relação sempre complicada de se estudar.
Eu, o Senhor, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas ... (Êx 20.5, 6).
Texto usado pelos defensores da maldição hereditária.
O texto de Êx 20.5, 6 não defende maldição hereditária.
1.É uma palavra ao povo – coletivo. Mesmo o justo sofria o pecado da coletividade. Assim como o ímpio poderia ser beneficiado pela fidelidade do grupo.
2.O sofrimento das gerações futuras se davam pelas consequências dos erros dos pais.
Jeremias 31.29, 30 afirma que os filhos sofriam por causa de seus pecados também. Eles eram responsáveis pela continuidade do pecado em suas vidas.


A NATUREZA DO HOMEM NO VT
Termos hebraicos de interesse especial:
Bassar = corpo, carne
Nephesh = alma, alma vivente
Ruah = espírito
Leb, Lebab = coração
Kelayoth = rins
Ruah quando se refere ao espírito do homem, pode designar o temperamento, o impulso ou a disposição, como: “o espírito de ciúmes” (Nm 5.14); “angústia do espírito” (Jó 7.11, 14); “espírito quebrantado (Sl 51.17); e outros vários sentidos.
Em Eclesiastes 3.18-21, ruah tem quase o mesmo sentido de nephesh (alma).
Em Isaías 26.9 e Jó 7.11, ruah e nephesh são sinônimos.

A NATUREZA DO HOMEM NO VT
Os hebreus faziam uma distinção clara entre o espírito e a carne (bassar) do homem.
O homem é carne, animado pelo espírito, assim tornando uma alma ou ser vivente.
O espírito que o homem recebe de Deus é o fôlego de vida (nishmath hayim).
Nephesh também pode significar ser vivente, vida, alma, pessoa, paixão, emoção, desejo, apetite. Pode ainda significa a vida de qualquer animal (Dt 12.23-24).
Leb ou lebab pode significar coração, mente, inteligência, vontade, consciência, íntimo.
O coração é geralmente considerado a sede da inteligência e da vontade (Is 10.7).
Para o hebreu o homem é alma vivente, mas possui um espírito (ruah) e um coração (lab).
Na visão hebraica o poder, a força e a vida são características do espírito do homem, mas todos os poderes do homem vêm de Deus.
O Espírito do Senhor é representado como o poder especial que desperta e habilita o homem para fazer a vontade de Deus.
Os rins (kelayoth), as entranhas (mayim), e uma vez o fígado (kabad) são representados como órgãos da emoção ou dos sentimentos.
O coração é o órgão de todas as qualidades de pensamento e de emoções que revelam o caráter deo homem.
Não é fácil provar que o homem bíblico é apenas corpo e espírito (dicotomia). Os hebreus não fizeram essa afirmação.
A partir da nossa visão de corpo (contendo coração e entranhas) e espírito o homem pode ser um alma/ser vivente completo. Essa perspectiva faz com que alguns teólogos afirmem a crença na dicotomia.
Porém com o uso da palavra grega psique (alma = emoções), no NT o homem passou a ser visto como um ser tricotomico.


A NATUREZA RELIGIOSA DO HOMEM
O espírito é o elemento humano que está mais aliado com Deus, e que tem o poder ou a capacidade de receber a orientação divina e as influências do Espírito do Senhor.
Apesar de sua ignorância cientifica do corpo do homem, é inegável que os escritores bíblicos tinham profundo conhecimento da sua natureza espiritual.
O Espírito de Deus, que é Deus mesmo, transmitido ao homem, dá-lhe a vida intelectual, moral e religiosa. É este espírito invisível que distingue o homem das outras criaturas de Deus.
O antropomorfismo do escritor bíblico representa Deus como possuindo fôlego, o principio da vida, que soprou nos narizes do homem, com o resultado de que este se tornou alma vivente.
Na sua natureza espiritual o homem é muito diferente de Deus, e está muito longe de Deus, mas como criatura espiritual, ele é capaz de gozar comunhão com Deus, porque o seu espírito tem afinidade com o Espírito do Deus Criador.


CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO DO HOMEM DO VT
1.Criam que forças de fora podiam invadir o espírito humano. Acreditavam poder reconhecer a operação do Espírito de Deus no seu coração e na sua vida.
2.O modo de pensar do hebreu era totalmente teocêntrico – Deus era o centro realizador de todas as coisas.
3.Não existia causas secundárias tudo era reconhecido como atividades diretas do Senhor. Este pensamento sofreu mudanças com a crença da existência de um ser maligno (Satanas)
4.Reconheciam que Deus podia assumir forma de anjo ou de homem, e assim se apresentar aos patriarcas e outros.
5.Davam mais importância a mensagem entregue do que a forma dos mensageiros.
6.Reconheciam a impossibilidade de adquirir ou receber conhecimento perfeito ou completo da natureza de Deus.
7.Para os israelitas a verdadeira justiça é de Deus.
8.Não se esforçava para analisar a sua natureza, mas reconhecia a interdependência do corpo e da inteligência, sem se envolver em problemas de psicologia. Esta interdependência era um fator complicador no destino depois da morte.
9.A prática da justiça nos seus negócios com o próximo e na vida social era uma obrigação ética baseada nos padrões divino.

O HOMEM CRIADO À IMAGEM E À SEMELHANÇA DE DEUS
Pelas Escrituras Deus e o homem possui as seguintes características em comum:
Ø A faculdade de sentir (emoções)
ØA faculdade de raciocinar (inteligência)
ØA faculdade de querer (liberdade de escolha)


 A DOUTRINA DO PECADO
Entre os povos primitivos o pecado era considerado simplesmente como ofensa contra Deus, e por algum tempo alguns israelitas tiveram esta mesma opinião.
Mais tarde os israelitas passaram a considerar como uma violação ética ou moral do homem.
Não apenas se pecava contra Deus, mas o pecado passa a ser entendido como quebra de princípios que sustentava a sociedade.
Princípios estes estabelecidos pelo próprio Deus.
A natureza ética e moral da religião dos hebreus estabelecida por Moisés sempre lutou contra a imoralidade dos cananeus.
A lei moral associava-se muitas vezes com o costume do povo.
Com o entendimento cada vez mais claro da justiça absoluta de Deus, o povo compreendia mais perfeitamente que o Senhor, como o Juiz supremo, exigia a justiça do home nas relações com o seu próximo.
Nas lei civil, os juízes representavam a justiça divina, e se sentiam responsáveis perante Deus na administração da justiça (Dt 1.17).
Os profetas ensinaram com clareza e com ênfase que qualquer injustiça praticada contra o próximo é pecado contra Deus.
Condenaram severamente todas as formas do pecado social: o adultério, a opressão do pobre, opressão do operário, o suborno, a fraude, etc.
O que perturbava os profetas mais do que o pecado era a natureza corrupta do pecador.

A adoração a outros deuses e o culto prestado aos ídolos fabricados pelos homens minavam as bases religiosas da ética.
A adoração a outros deuses fazia com que o povo deixasse de obedecer ao Senhor.


PALAVRAS HEBRAICAS QUE DESCREVEM A NATUREZA DO PECADO
Iremos dividir em grupos as diversas palavras hebraicas que traduzem “pecado”.

1.Pecado como sendo o desvio do caminho reto.
§O verbo Hata’ significa errar o alvo – indicava uma falha na responsabilidade ou propósito.
ØHamartia (pecado no grego – se origina do verbo hata’)
§A palavra Avon significa errar o caminho, torcer, perverter, desviar – indica a natureza perversa do homem.
§Os verbos shagag e shag significam virar, desviar, afastar, abandonar, revoltar – o substantivo sara significa deserção, apostasia.
§O verbo ‘avel significa desviar do caminho, praticar a iniquidade e perversidade – os substantivos são ‘vel ou ‘avelah.
§O verbo ta’ah significa vagar, andar à toa, extraviar-se, caminhar a esmo.

2.Grupo de palavras indicam a mudança no estado moral ou religioso do homem.
§O verbo rasha’ significa ser provado ímpio, culpado, pecaminoso.
§A palavra ‘asham significa culpa de pecado cometido por ignorância contra a lei cerimonial.

3.O pecado no sentido mais profundo da palavra é representado:
§Pelo verbo pasha’ e o substantivo pesha’ que significa rebelar-se ou revoltar-se.
ØO pecado é revolta da vonta do homem contra a vontade de Deus.

4.Há também um grupo de palavras hebraicas que descrevem a perversidade da natureza humana.
§As palavras ra’ e roa’ significam malvadez, vileza, miséria.
§Os sinônimos hebraicos, rum, gabal, halal descrevem a soberba, a arrogância, o orgulho e a altivez do homem.

A ORIGEM DO PECADO
Segundo o apóstolo Paulo, o pecado teve origem na transgressão de Adão.
Paulo dá uma interpretação do significado do pecado de Adão que não se encontra no Velho Testamento senão por implicação.
A narrativa de Gn 3 mostra que o propósito do escritor é o de explicar a natureza da tentação, do pecado e das suas consequências.
O homem criado para seguir a orientação de Deus tem a tendência inveterada de ceder à tentação de seguir o seu próprio caminho, e o resultado da rebelião contra o propósito do Senhor é vergonha e sofrimento.
O que levou o homem a pecar? Satanás? Egoísmo? Rebelião?
A história parece nos mostrar que o homem não conhecia a distinção entre bem e mal. Era totalmente inocente, puro.
Se o homem não conhecia o mal – não conhecia o egoísmo propriamente dito.
Sua inocência e confiança em Deus foi tentada, isto é, colocada a prova.
Sua liberdade de escolha o permitiu cair.

O VT não ensina a depravação total do homem, no sentido de que a natureza humana é tão corrompida que nenhuma pessoa pode fazer, ou pode desejar fazer o que é justo, sem o socorro da graça remidora de Deus.
O VT não diz nada sobre a transmissão da culpa do pecado original à humanidade inteira, mas os escritores falam claramente da natureza perversa do homem e da sua inclinação para o mal.
O VT afirma que apesar da sua natureza pecaminosa, o homem retém a liberdade e a responsabilidade de escolher o bem, ao invés do mal. Ex. O Concerto atribuia ao homem o direito de escolha pelo caminho da bênção ou da maldição.
Não há qualquer indicação de que o ato de comer o fruto proibido abriu os olhos do casal à sua natureza sexual e às suas possibilidades. O sexo já era permitido antes da queda.


AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO
A queda gerou o sentimento de culpa para com Deus e para com o outro.
Junto com a culpa, vergonha e a depravação do pecador (Dt 28.15; Os 8.7).
Os israelitas entenderam tão claramente como nós que muito da miséria e do sofrimento humano é resultado direto ou indireto do pecado.

Baseados em Gn 3
1.Morte Física
O pecado trouxe ao homem a morte física, isto é, o fim da existência do seu corpo como matéria. O homem ficou condenado a se separar do seu corpo. O espírito voltará a Deus e o corpo voltará a terra. A esta separação chamamos de morte física.
A morte física implica em uma deterioração do físico, dia após dia, até que o mesmo não suporte mais o peso da existência. O corpo se tornou frágil e limitado.
Após a morte física seremos julgados por Deus e este julgamento determinará nosso futuro eterno.
Se você não nascer de novo, jamais terá vida e isto te levará à morte eterna ou segunda morte; esta é a morte da qual não há oportunidade de escapar. A Bíblia diz “mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Apocalipse 21:8).

2.Morte Psicossomática
Estou chamando de morte psicossomática a separação psicossomática: o homem em si mesmo.
O homem, em função do pecado, sofre da falta de unidade no que tange aos aspectos imateriais do homem. Ou seja, o pecado desestabilizou a harmonia inicial do homem, e devido a isso, não pode portar-se de maneira irrepreensível diante da Lei de Deus, e do próprio Deus (Gn 3.8 – o homem se esconde de Deus – é dominado pelo medo e vergonha). E as conseqüências ainda podem ser claramente observadas: A mulher passa a sofrer as dores do parto (Gn 3.16 – O que lhe é razão de grande alegria, vem por meio de muita dor), o homem a (Gn 3.17 – o homem passa a sentir cansaço por causa do trabalho e condenado a se esforçar pelo alimento).
O homem passa a travar uma batalha para se manter no bom caminho uma vez que suas inclinações, agora, pendem ao pecado, ao erro, a pratica do mal orientado contra Deus.
3.Morte Sociológica: Na Relação do Homem-Homem
A esta morte chamaremos de separação sociológica: o homem do homem.
O homem não perde apenas comunhão com Deus, e harmonia consigo mesmo, mas em função do pecado o homem está separado do homem. Em Gênesis 3 podemos ler a seguinte declaração:
Então disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi (v.12)
O primeiro conflito do homem encontra-se no contexto matrimonial. Ou seja, entre homem e mulher.
Entretanto, o relacionamento homem mulher não é o único prejudicado, mas qualquer espécie de relacionamento, pois em Gn 4.1-8 podemos notar o ciúmes e o homicídio de Caim para com Abel.

4.Morte Na Relação Homem-Natureza
A queda do homem afetou sua relação com a natureza, ocorreu uma separação entre o homem e a natureza.
A terra se tornou maldita por causa do homem (Gn 3.17,18). Passou a ser necessário que o homem viva em constante trabalho para sua sobrevivência (3.18-19). Entretanto, esse trabalho é enfadonho agora, pois a terra precisa ser cuidada para que de fruto. Sem contar que o homem agora teria sua tarefa dificultada pelos espinhos e abrolhos.
Este texto nos indica que o homem trabalhava, mas não se sentia exausto; e seu trabalho não era fadonho e sim algo que lhe fazia se sentir realizado
Homem se torna dividido


 MAL (SOFRIMENTO)
As religiões antigas acreditavam que os deuses eram os causadores de todo o mal sobre os homens.
Para conseguir o “favor” destes deuses ofereciam sacrifícios aos mesmos.

VISÃO DAS RELIGIÕES ANTIGAS SOBRE O SOFRIMENTO
Geradas pelos deuses
Sem razão
Sacrificavam buscando apaziguar os deuses

VISÃO ISRAELITA DO SOFRIMENTO
A religião de Israel rompeu com as religiões cujos deuses eram caprichosos e podiam castigar arbitrariamente o seu povo.
Para os israelitas o SOFRIMENTO era conseqüência do pecado.
Sabendo os israelitas que Deus era justo, Israel sentiu-se diretamente responsável por qualquer sofrimento que lhe sobreviesse.

PECADO à REAÇÃO DIVINA : JUSTIÇA à SOFRIMENTO

ISRAELITAS Pecado à Sofrimento

Visão SACERDOTAL do Sofrimento
Durante muito tempo Israel interpretou todos os sofrimentos humanos, incluindo os desastres da natureza, como punição do pecado.
Não surgiu para eles o problema do sofrimento do justo ou do inocente, porque o sofrimento era prova direta do pecado do sofredor ou dos seus pais.
A mesma leitura para Israel nação ou indivíduo.
Linha literária sacerdotal “P” - (Lv 26, Dt 28).

VISÃO SACERDOTAL Sofrimento à pecado generalizado à punição
Punição / Sofrimento
Pecados dos nossos pais
Nossos pecados

Visão dos PROFETAS do Sofrimento
A experiência dolorosa do exílio questiona o esquema pecado-sofrimento-justiça.
Após o Exílio vão surgir várias tentativas de reformular a interpretação tradicional do sofrimento.

Visão dos PROFETAS do sofrimento
Satanás à A compreensão da existência de um ser sobre-humano (cf. Jó; Gn 3.1-5)..
Os profetas condenaram os ricos e poderosos à o sofrimento era conseqüência do pecado social à mal uso do poder.
Responsabilidade pessoal à Os profetas atacaram as desculpas do povo de que sofriam por causa do pecado dos pais (Jeremias 31.29; Ezequiel 18).

VISÃO DOS PROFETAS PÓS-EXÍLIO
Sofrimento
Satanás
Responsabilidade pessoal Poderosos

Aplicação a partir da visão profética:
Não podemos considerar a prosperidade e a saúde, como provas absolutas da bondade e da justiça do homem. Nem todos que prosperam são justos.
Não podemos considerar a ausência de prosperidade e de saúde como provas de infidelidade a Deus. Nem todos que sofrem são ímpios.

VISÃO DOS SALMISTAS DO SOFRIMENTO
Em geral, os autores representam o ponto de vista tradicional dos sofrimentos (pecado à castigo).
Reconhecem que os ímpios prosperam e os inocentes sofrem.
O grande ensino dos salmistas à FÉ TRIUNFANTE.

Fé triunfante é a certeza de que no fim tudo seria endireitado na vida além da morte (Sl 16.10-11; Sl 17.15, Sl 23.5-6).
O ímpio seria condenado ao sofrimento e o justo receberia os cuidados do Deus Criador.

SOFRIMENTO NA LITERATURA DE SABEDORIA
Provérbios: Deus sempre recompensa os sábios, prudentes, sóbrios, honestos, misericordiosos, etc.
Eclesiastes: Negava que o sofrimento fosse a prova decisiva da iniqüidade do sofredor.
Jó: Apresenta que o sofrimento traz benefícios aos sofredores.

A SALVAÇÃO NO VELHO TESTAMENTO
Yasha’ (verbo) à fazer largo, vivem em abundância, conseguir a vitória, libertar do poder do inimigo, salvar da opressão, do pecado, da aflição, da doença, da morte, etc.
Yesha’ ou Yeshua’ (substantivo) à Pode ser usada para significar a salvação do mal na vida futura, ou no sentido de libertação de todas as qualidades de aflição da vida neste mundo.
A salvação é sempre teocêntrica à é iniciada e efetuada por Deus, em favor do seu povo.
Para efetuar a salvação de seu povo, Deus escolheu homens ao longo da história e os dirigiu para cumprir seu propósito.
Desta forma a história de Israel é a história das atividades do Senhor na vida do povo escolhido.

O CONCERTO E A SALVAÇÃO NO VT
Berith (hebraico) à concerto ou aliança
Diathêke (grego) à concerto ou aliança
Para cumprir seu propósito de salvar toda humanidade, Deus fez uma aliança com Israel.

AS 6 ALIANÇAS
Adâmica (Adão) à Deu-lhes a terra e pleno domínio sobre os animais. Seu descendente pisaria a cabeça da serpente.
Noética (Noé) à Não destruiria a humanidade através de um dilúvio.
Abraâmica (Abraão) à Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. A terra de Canaã será sua possessão eterna.
Mosaica (Moisés) à As Leis.
Davídica (Davi) à Sua descendência reinará para sempre.
Jesus à Nova Aliança – Salvação de todos os que crerem Nele. Cumpre e põe fim as alianças anteriores.

O CONCERTO (SINAI) – DEVERES E RESPONSABILIDADES
Entre os povos antigos havia uma crença de que um Deus não podia existir sem o seu povo.
Quem chama o povo para o concerto é o próprio Senhor. É o próprio Deus que se coloca debaixo da responsabilidade de cumprir suas promessas (Nm 25.12).
No concerto Deus exige também de Israel o cumprimento de algumas exigências (Êx 19.5).

Reflexão
O concerto nos dá o direito de exigirmos de Deus o cumprimento de suas promessas?
Podemos nós usarmos o concerto para manipularmos Deus aos nossos interesses?

O CONCERTO COM O POVO
O concerto foi estabelecido com o povo e não com indivíduos.
Os israelitas participavam dos benefícios e das maldições como membro do grupo.
A chuva cai para todos fosse ela boa ou má.
Visão sacerdotal – visão geral do povo
Os profetas proclamaram e enfatizaram a aliança com o povo, contudo trouxeram uma nova visão.
Primeiro: Afirmavam se tratar de uma comunidade espiritual (Ez 36.26 e 27; Joel 2.28-32).
Segundo: Desenvolveram o ensino da responsabilidade pessoal. Embora a aliança fosse com o povo, cada pessoa responderia individualmente diante de Deus no julgamento.
Terceiro: Deus cumpriria sua aliança para com os fiéis. Estes seriam chamados de seu povo.

O SISTEMA SACRIFICIAL DOS ISRAELITAS
A salvação pela graça precede o sacrifício.
O sistema sacrificial nunca se apresentou como meio de salvação.
A salvação era baseada na graça de Deus.
O sistema sacrificial contribuía na manutenção da graça de Deus, mas nunca foi a razão da graça de Deus sobre este povo.
O sistema de sacrifícios foi estabelecido para tratar de pecados cometidos dentro do concerto.
O beneficio era o livramento do sentimento de culpa.
Para os pecados de rebelião contra Deus, não havia expiação, o pecador era eliminado.
Com o passar do tempo o sistema sacrificial se tornou um mero rito para os pecadores.
Não se tinha arrependimento e manifestação de fé na graça de Deus.
O sacrifício possuía eficácia própria.
A lei cerimonial servia para ensinar, treinar e preparar o povo para entender o que o Deus santo e justo requer do homem.
O sacrifício de animais não removia na verdade o pecado do homem, mas ensinava ao povo e os preparava para o grande sacrifício que seria oferecido por Deus, através de Jesus, e que removeria os pecados definitivamente de todos os homens.
O sistema sacrificial ensinava aos homens que estes precisavam se arrepender de seus pecados para serem perdoados.

O SISTEMA SACRIFICIAL AJUDAVA:
1.O pecador a se livrar da culpa
2.O pecador a restabelecer sua comunhão com Deus
3.Aprofundava o pecador no conhecimento da santidade e da justiça de Deus
4.Apontava a salvação que Deus realizaria por meio de Cristo Jesus

A PESSOA E A FUNÇÃO DO SACERDOTE
O sacerdote é ministro do Senhor que colaborava no aperfeiçoamento da teocracia, juntamente com o profeta e o rei.
O sacerdote era responsável pelo cumprimento da Lei Cerimonial.
A Lei Cerimonial foi um meio de separar o povo escolhido do mundo para o serviço do Senhor.

UM REINO DE SACERDOTES
A nação de Israel, santificada e assim preparada para o serviço é designada com um reino de sacerdotes.
Todos os homens e mulheres de Israel eram sacerdotes – todos deveriam intermediar entre os demais povos e Deus.
Todos os homens podiam apresentar ofertas ao Senhor, desde que fora do Tabernáculo ou Templo.
Alguns exemplos: Gideão (Jz 6.15); Davi (2 Sm 24.24 e 24; Salomão, etc.


Este privilégio individual não podia interferir no culto nacional e não podia tomar o lugar do culto do conjunto do povo.
Nos cultos nacionais onde todo o povo se reunia somente os sacerdotes levitas, servos do Senhor, separados para este serviço podiam ministrar.

RESULTADOS DO SACRIFÍCIOS
O sistema sacrificial culminava no grande dia de expiação (Festa do Yom Kipur – Dia do Perdão). Este era o dia mais santo e mais importante na vida religiosa do povo de Israel.
Kaphar (substantivo kopher) – Esta palavra hebraica significa resgate, preço da vida, expiar, propiciar, reconciliar e cobrir.
Não podemos nos esquecer que os efeitos destes sacrifícios eram apenas simbólicos.

É importante nos lembrarmos que o resultado maior do sacrifício é a salvação do pecador.
A salvação não era simplesmente o livramento das consequências do pecado, mas a liberdade do poder do pecado.
O verbo yasha’ é usado no sentido de liberar ou salvar de qualquer perigo, ou da morte, mas em Jeremias 17.14 e Ezequiel 36.29 tem o mais profundo sentido de salvar das consequências do pecado e do poder do pecado.

SACRIFÍCIO E O PERDÃO
No sistema sacrificial as ofertas apresentadas ao Senhor representaram apenas o espírito de arrependimento do ofertante, enquanto o amor imutável do Senhor operava no perdão do pecador, que desejava o restabelecimento da comunhão com o seu Deus.
O perdão divino, nunca é incondicional - não existe perdão se não houver arrependimento.
A natureza divina, a santidade que abrange a justiça, não pode deixar de exigir o arrependimento e a fé por parte do pecador, sem o qual nenhum sacrifício e nenhuma oração pode induzir o Senhor a perdoar o pecado.

DEUS E A SALVAÇÃO
Deus era o redentor (que redime do pecado) e o resgatador (go’el - que tinha a responsabilidade de cuidar dos direitos do parente falecido) do povo das mãos do inimigo.
Deus era redentor e resgatador, aquele que dirige a história e liberta seu povo do poder do inimigo; que ensina e guia o seu povo, perdoando a suas transgressões e orientando as suas atividades de acordo com o propósito divino.
Em fim Deus é salvador no mundo físico e também no sentido mais profundo

O MISTÉRIO DA ELEIÇÃO
Por que Deus escolheu Abraão? Por que Israel?
Israel foi eleita e separada do mundo para transmitir a Palavra de redenção às nações.
Nesta escolha, Deus estabelece um concerto ou aliança.
O concerto não impôs ao Senhor quaisquer obrigações. Deus já tinha escolhido a Israel como o seu povo, e já tinha aceito as suas obrigações antes de apresentar o concerto ao povo.
O amor do Senhor para com Israel nunca foi limitado pelo concerto (aliança).


Os profetas condenaram severamente a ingratidão dos israelitas, e a história indica que os obstinados e os infiéis foram cortados da comunidade. Para tais pessoas a eleição não tinha mais valor.
Eleitos para servir a eleição não tinha mais valor.
Os profetas não perderam sua confiança na eleição por parte de Deus de seu povo.
A eleição passou a ser compreendida pelos profetas não mais como todo o povo de Israel, mas os fiéis. Somente os fiéis eram o povo eleito.
Os profetas também conseguiram perceber que a eleição se tratava dos fiéis e que tinham um cunho espiritual. Os fiéis não eram somente os israelitas (Is 14.1; Zc 8.22, 23).


DEUS, COMO PAI, NO V.T.
O amor de Deus, como pai, recebe muito mais ênfase do que a sua autoridade paterna (Sl 103.13; Os 11.1).
Os povos contemporâneos dos israelitas falavam do seu deus como pai deles no sentido físico.
O conceito do Senhor como pai, entre os israelitas, era espiritual, completamente desassociado de qualquer ideia de paternidade física. Para eles, o homem foi criado à imagem de Deus. A filiação divina do povo de Israel foi devido à obra da graça, no seu livramento e na sua eleição como o filho primogênito do Senhor.




 O REINO DE DEUS - CAPÍTULO 10
É profundo o significado bíblico da frase “o reino de Deus”. Examinado à luz do conceito da soberania de Deus, o governo divino do universo é eterno; é também manifestado na direção da vida dos homens, e será realizado na sua perfeição ainda no futuro.
Na escolha de Israel como o seu povo sacerdotal, o Senhor revela o seu propósito de estabelecer o seu reino entre todas as nações do mundo.
Na realização progressiva deste propósito, ele se revela como o diretor da história humana.

O POVO DE ISRAEL E O REINO DE DEUS
A religião de Israel foi excepcional, incomparável, não somente na sua origem, como também em suas características fundamentais.
Israel se compreendia como o povo de Deus.
Veremos alguns aspectos deste povo e de sua fé:
Primeiro de tudo, a sua fé foi monoteísta.
Segundo, Israel cria firmemente que o seu Deus era o Controlador dos eventos da história.
Terceiro, escreveram a história de Israel com o fim de registrarem a ação de Deus em sua própria história.
Quarto, a aliança (concerto) feita com Deus gerou um sentimento nacionalista e perigoso.
Quinto, de tribos a uma monarquia.

A NATUREZA DO REINO DE ISRAEL
Dt 17.14-20 - 14 “Quando entrares na terra, que te dá o SENHOR teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Estabelecerei sobre mim um rei, como todas as nações que se acham em redor de mim, estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o SENHOR teu Deus escolher”.
O sistema monárquico, portanto, não era, por si mesmo, fora do plano de Deus apenas precisava esperar a hora certa e a seleção feita por Deus.
O conceito do reino de Israel como teocracia foi mantido, no regime monárquico, apesar das suas falhas e fraquezas.
À primeira vista, a oposição de Samuel parece estranha à luz da promessa de Deuteronômio 17:14-20, onde diretrizes foram dadas sobre como agir na eventualidade de o povo desejar um rei.
A oposição de Samuel, porém, como a de Javé também, era uma condenação do espírito do povo e seus motivos para desejar um rei: os israelitas queriam ser "como todas as nações" em terem um rei (8:5,20). Era também uma tácita declaração de descrença no poder e na presença de Deus: queriam um rei para ir na frente deles e lutar nas suas batalhas (v. 20).

REINO DO NORTE
Rompeu com a política de Salomão, e prosseguiu, adotando o mesmo modo de governar; e o governo dominava a religião estatal com maior rigor do que o de Salomão.
Os profetas de Javé eram vistos como arruaceiros e inimigos da ordem. Ex.: Elias vs. Acabe – luta pela justiça social (Acabe mandou matar a Nabote); Eliseu unge a Jeú que destrói a família de Acabe; Amós que exige do rei justiça para com o povo (Am 5.7, 10-12); Oséias que afirma que a adoração a outros deuses é adultério aos olhos de Deus.
Os profetas reconheciam que o reino de Israel territorial (físico) estava destinado à destruição, entretanto não perdiam a esperança quanto ao futuro de Israel, pois acreditavam que Deus trataria com Israel, mas no fim este seria seu povo, e Ele reinaria para sempre sobre eles.

O REINO DE JUDÁ
Este viveu momentos de altas e baixas em sua relação com Deus. Cinco reis marcaram a história por suas reformas e decisão de andar nos caminhos de Deus, os demais viveram na idolatria. Entretanto o reino de Judá, permaneceu fiel a casa de Davi, e, Deus tinha uma aliança com Davi.
Os profetas também foram rechaçados pelos muitos reis de Judá. O profeta Miquéias denuncia os pecados de Judá quase tão severamente como Amós tinha condenado a corrupção de Israel. Entretanto os profetas Isaías, Jeremias e Ezequiel afirmavam constantemente que Deus enviaria seu servo, descendente de Davi, para reinar sobre Israel e sobre as nações.
O sonho permanecia mesmo no exílio e pós-exilio. Deus levantaria Israel, restauraria sua sorte e o Messias governaria sobre as nações, cumprindo dessa forma o chamado sacerdotal de Israel.

O RESTANTE FIEL DO POVO ESCOLHIDO
Apesar da infidelidade do Estado de Judá, que caiu nos mesmos pecados de Israel, os profetas não creram que a nação seria completamente destruída, como foi destruído o Estado de Israel.
Judá tinha caído num estado tal de corrupção, que não podia mais ser identificado como o reino de Deus.
Mas permaneceram homens fiéis, que não se esqueceram do amor e da fidelidade do Senhor no cumprimento das promessas do concerto, e o profeta tinha a certeza de que o Senhor sempre teria o seu restante fiel e que o propósito final de Deus não podia falhar.
A doutrina do restante fiel do povo de Deus é um dos ensinos característicos de Isaías (4.2-4; 10:20-22; 37.30-32).
Deus salva, purifica e orienta o restante fiel através das guerras, das invasões do estrangeiro, do cativeiro; e estes, por sua parte, confiam em Deus, preservam as Escrituras da revelação divina, mantêm a esperança no Messias vindouro.
A ideia do restante fiel não era exclusiva dos profetas do exílio e pós-exílio. Vejamos alguns exemplos:
§Noé conta a história de um homem fiel, um remanescente.
§Moisés era um restante fiel, desde seu nascimento.
§Josué e Calebe eram remanescentes fiéis.
A doutrina da eleição se liga a do restante fiel.
Os profetas criam que Deus cumpria sua palavra conforme aliança feita com Israel.

O DIA DO SENHOR
O Dia do Senhor é dia de juízo do Senhor.
O termo se refere ao julgamento dos atos dos homens e das nações na história e também no fim da história.
O restante fiel (israelitas e gentios) serão justiçados e tornados justos para sempre.
Os israelitas por muito tempo pensaram que eles eram os justos (justificados), em virtude da sua eleição como povo do Senhor.
Nesta visão todas as nações seriam punidas de suas injustiças e Israel receberia livramento do Senhor.
Nesta visão também se compreendia que o Messias estabeleceria seu governo benéfico sobre o povo escolhido e Israel governaria sobre as nações com Ele.
Entretanto Sofonias (1.15) e Jeremias descrevem o castigo terrível que cairá sobre Judá no dia do Senhor.
Os profetas compreenderam que todas as nações seriam julgadas neste dia e depois seria estabelecido o reino eterno de Deus em todo mundo.

O NOVO CONCERTO
Os reinos de Israel e Judá violaram o concerto do Senhor, e assim fracassaram como estados do povo escolhido.
Os profetas Jeremias e Ezequiel, como mensageiros de Deus, anunciaram fielmente a tragédia do julgamento divino sobre o Estado de Judá, reconhecendo que Deus estava operando na história para a realização do seu propósito moral.
O profeta Jeremias apresenta novas interpretações de verdades espirituais imperfeitamente entendidas na sua época. Ele pôs em relevo a espiritualidade da natureza de Deus.
Para demolir as falsas esperanças do povo, Jeremias tinha que expor a incompatibilidade da injustiça de Judá com a justiça de Deus.

Jeremias entendeu e explicou mais claramente do que seus predecessores que o verdadeiro culto do Senhor é espiritual, e assim não depende do templo, nem de qualquer lugar de Jerusalém.
Jeremias esclarece que o verdadeiro valor do culto a Deus surge do coração sincero do homem individual. O verdadeiro culto é pessoal.
Na condenação severa da infidelidade do Estado de Judá, o profeta condena a futilidade da religião oficial.

Aplicação: Não se é crente porque o Estado se declara crente em Deus. Ninguém nasce crente.

O NOVO CONCERTO
Judá, como Israel tinha violado o concerto, e o tempo da sua salvação tinha passado.
Os profetas Jeremias e Ezequiel esperavam que os sofrimentos amargos dos cativos na Babilônia produzissem neste grupo humilhado o arrependimento, e que o Senhor, por esta prova do cativeiro, pudesse criar um restante puro de fiéis, e que Deus fizesse com este um NOVO CONCERTO.
Um Israel novo e espiritual sairá do forno de aflição, acrisolado, e o Senhor poderá fazer com ele o Novo Concerto, dado pela graça de Deus ao povo arrependido e entregue ao Senhor (Jr 31.31-34).
Assim o reino de Deus será completamente vitorioso no fim da história, segunda a visão dos profetas do V.T.
Nota: Nem todos teólogos creem dessa forma. Alguns acreditam que o novo Israel de Deus é a Igreja. Através da Igreja se cumprirá o reinado do Senhor.




 A ESPERANÇA MESSIÂNICA
O termo Messias significa “o ungido”.
O termo messiânico possui um significado duplo. Pode se referir à idade messiânica ou a vinda pessoal do Messias.
Uma vez que pesado na balança os reinos de Israel e Judá foram achados em falta, toda esperança se voltou ao reino messiânico.
Os vários ramos do cristianismo, com poucas exceções, têm seguido a interpretação apostólica do Velho Testamento.
Na sua forma atual o Velho testamento relaciona-se, do principio ao fim, à esperança messiânica.
§A esperança messiânica se liga à promessa divina, dada a Abraão, representado como descendente de Noé. Esta promessa apresenta o conceito do reino de Deus na terra, e o VT é a história do crescimento desta esperança e, como foi entendida nos períodos sucessivos da história de Israel, do povo escolhido.

O JUÍZO DIVINO – A LUTA COM O PECADO E A ESPERANÇA DE VITÓRIA
Na revelação progressiva do propósito eterno de Deus, no VT, encontram-se numerosas promessas da vitória final e completa sobre o pecado.
Amós apontava que esse seria um dia terrível para Israel e que Deus colocaria fim a toda injustiça ou pecado social.
Oséias apontava a severidade de Deus contra Israel devido a seu pecado de adultério espiritual.
Isaías apontava o pecado do orgulho e da arrogância do povo de Judá. Estes pecados geravam insensibilidade e indiferentismo para com Deus.
O Juízo viria e a justiça seria estabelecida, e o pecado vencido no reino messiânico.

A REDENÇÃO DE ISRAEL
Juntamente com as denúncias da infidelidade de Israel é proclamada a salvação divina, na condição de arrependimento e fé (Is 1.18).
As promessas de redenção a Israel se cumpriram? Em parte sim!
Algumas características da redenção:

1.A salvação messiânica é eterna – (Ez 16.60)
§Deus promete dar ao povo uma nova natureza para habitá-lo a ser fiel ao seu Deus e ao cumprimento da sua missão.
§O Senhor efetuará a nova salvação por meios espirituais, conforme a natureza espiritual do povo.

2.A salvação messiânica provem da graça livre de Deus e sustenta-se contra todas as forças do mal – (Is 43.1-3; 54.17).
§Mesmo o povo sendo infiel, Deus pela sua livre vontade e graça salva os que permaneceram fiéis.

3.A salvação messiânica é puramente espiritual – (Is 44.3)
§Juntamente com o juízo divino, o Espírito do Senhor será derramado sobre o povo do Senhor.
§O Espírito Santo que transmitia a revelaçao divina aos profetas, e que efetuava a sua relação direta e pessoal com o Senhor, será, na nova dispensação, a possessão comum de todos os homens de Deus.

4.A salvação messiânica removerá as consequências do pecado
§Os escritores do VT reconhecem que todos os males são resultados do pecado.
§A aniquilação do pecado removerá também as consequências que este trouxe a humanidade e a todo planeta (Gn 3.17 e Ez 47.6-12).
§A Paz reinará até entre os animais (Is 11.6-9).

O REINO MESSIÂNICO
Será realizado com a vinda e o governo do Messias, o servo do Senhor.
O conceito do reino messiânico é mais antigo do que sua origem na promessa de Deus a Davi (2 Sm 7.11-16).
Tudo se inicia com a promessa a Abraão. Ele receberia a terra de Canaã, se tornaria uma grande nação, teria um grande nome e a partir de seu serviço exemplar todos seus amigos receberiam o favor de Deus. Ele teria uma posteridade numerosa e por intermédio dele todas as famílias da terra seriam abençoadas. Essa promessa apresenta-se como eterna e universal na aplicação de seus beneficios (Gn 17.7, 19).


A eleição de Israel para o benefício das outras nações é reconhecida como passo importante no cumprimento da promessa patriarcal (Dt 28.9, 10).
A promessa a Davi (2 Sm 7.11-16) é reconhecido como a origem do conceito do reino messiânico e a base das profecias messiânicas.
O Messias, ou o Ungido do Senhor, é reconhecido a partir de então como o filho de Davi.


O reino messiânico não se distingue, no sentido absoluto do reino de Deus. Para o indivíduo, o reino de Deus é a presença do Senhor no seu espírito.
O reino messiânico é também um reino social. Seu fim é trazer o maior número possível de pessoas a salvação para viverem em comunhão e cooperação com o Senhor.
O reino messiânico era também um reino político. Seria a manifestação do governo do Messias sobre toda a terra.


O profeta Daniel dá ênfase ao triunfo do reino messiânico na luta com as forças do mal.
O reino do Senhor será estabelecido por intermédio do seu povo escolhido.
A nação de Israel iniciou com um espírito de humildade e admiração por terem sido escolhidos, mas acabaram se tornando extremamente nacionalista e passaram a ver o reino como o triunfo deles sobre as nações.

O MESSIAS VINDOURO
O conceito do Messias não se originou com Davi, mas por causa da sua maravilhosa carreira.
O Messias é relacionado a descendência de Davi.
Os profetas reconhecem o fracasso do povo escolhido no cumprimento da sua alta missão e transferem ao Messias vindouro as atribuições reais e sacerdotais que o povo messiânico tinha perdido, por sua infidelidade.

Os profetas declaram que o povo apóstata voltará ao Senhor e a Davi, o seu rei (Os 3.5).
O nascimento do Messias é anunciado (Is 7.14) através de uma jovem donzela (há’alma – a virgem).
O profeta, Isaías, na sua visão do futuro, esperava a salvação messiânica logo após a destruição dos reinos de Israel e Judá, sob o governo do filho da donzela, mas não veio tão cedo (Is 9.2).

Is 11.1-5 - Tudo nesta passagem indica que o profeta esperava a realização do reino messiânico na terra, mas o ideal religioso prevalece sobre o político.
Mq 5.2-4 – O Messias de Belém é descendente de Davi e reinará como seu sucessor no trono de Israel.
O FILHO DO HOMEM – Dn 7.13, 14 – refere-se ao Redentor que veio do povo escolhido, da nação sacerdotal.
O SERVO SOFREDOR – Is 42, 49, 50 e 53 – Essa é a figura mais importante da esperança profética.











 A VIDA FUTURA
Há no VT, dois conceitos de escatologia.
§ Um se refere ao aperfeiçoamento futuro do reino de Deus na terra. Nasce da revelação do Senhor na escolha de Israel.
§ O outro trata da vida futura do homem além da morte. Se refere ao Sheol como habitação de todos os mortos. Mais tarde se torna o local de habitação somente dos ímpios.

SHEOL
O Sheol acompanha o esclarecimento do ensino profético sobre a responsabilidade pessoal.
O Sheol trata com o entendimento do homem, como ser individual no desenvolvimento do reino de Deus.
O estudo do Sheol é uma busca da compreensão hebraica a respeito da vida após a morte.

A MORTE FÍSICA
A morte física para o hebreu era a partida da alma do corpo para se unir com outras almas no mundo subterrâneo (sheol).
A alma se separa do corpo, mas ainda continuava a existir, embora num estado de tristeza e esquecimento, pois se julgava que a personalidade sem corpo não podia mais gozar comunhão com Deus.

Com o entendimento de que o pecado impede a comunhão com Deus, os escritores bíblicos reconheceram uma conexão entre o pecado e a morte (Ez 18.20).
O VT em geral não apoia o ensino de que a morte é um benefício humano, de acordo com a ordem da natureza. A morte é um mal, uma amargura, um terror (Dt 30.15; 1 Sm 15.32).
Normalmente a vida é desejável e reconhecida como dom do criador.

Não há no VT qualquer declaração para sugerir que a morte fosse a extinção total de uma pessoa.
Todas as declarações sobre o Sheol e os seus habitantes são vagas.
Não há certeza quanto à origem o conceito de Sheol. Alguns pensam que se originou com os sumerianos e veio aos hebreus por intermédio dos cananeus. A palavra deriva-se provavelmente de uma raiz que significa “ser oco”.

As referências indicam que os escritores pensavam que o sheol era uma grande cavidade nas profundezas da terra, o lugar do encontro e da habitação de todos os mortos.
Inicialmente não expressava um lugar de castigo nem de recompensa.
Os hebreus acreditavam que os homens recebiam seu castigo ou recompensa aqui na terra enquanto ainda estavam vivos. Essa visão era entendida no conceito da solidariedade nacional do povo.
Também acreditavam que no sheol Deus retirava o espírito de vida, a fonte vital de força e energia e deixava apenas a mera existência da pessoa.
Neste lugar os habitantes são chamados de “sombras” (refaim) e o sheol é chamado de “perecendo” (abadom).


Aos poucos alguns conceitos do sheol foram sofrendo alterações. Por exemplo:
§A crença na imortalidade pessoal, isto é, numa vida feliz ao lado do Messias foi desenvolvida quase no fim do período do VT, devido ao novo conceito do reino messiânico formado pelos fiéis.
§A crença na imortalidade pessoal surge da crença da responsabilidade pessoal. Essa crença também faz com que os israelitas passem a compreender que os ímpios seriam punidos por seus atos. Não existia mais a neutralidade moral dos moradores do sheol.
A crença na imortalidade surge devido a comunhão do Senhor com seu povo de fiéis. Essa comunhão se deveu a semelhança entre o espírito do homem e o Espírito de Deus.

A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DO CORPO
A certeza de que Deus desejava manter uma comunhão eterna com seu povo, levou-os a crença da ressurreição do corpo.
§Isso significava que a vida no outro mundo seria mais ou menos igual à vida natural do presente.
Todos os ideais nobres da religião de Israel fundiram-se com a esperança messiânica.
A doutrina da imortalidade pessoal ligou-se também com a esperança


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