A Bíblia sem erros
Introdução
Existem debates generalizados ao se tratar
do relacionamento entre o autor divino e os humanos das escrituras . O divino
não pode ser tão enfatizado que elimine o aspecto humano, e o humano não pode ser tão humano que permita erros no texto.
Nos
primeiros séculos da história da Igreja, aconteceu algo similar em ralação à
pessoa de Cristo . O docetismo , uma
heresia do primeiro século, ensinava que Cristo não se tornou verdadeiramente
carne, apenas parecia ser humano, o que não lhe permitia possuir a verdadeira
humanidade.
No
segundo século da era cristã,os Ebionitas
negavam a divindade de Cristo, ao negar seu nascimento virginal e sua
preexistência ,afirmavam que Jesus era filho natural de Jose e Maria, eleito
para ser filho de Deus em seu batismo ,
e não filho eterno de Deus.
Pensavam que Jesus era um grande profeta, maior do que os arcanjos, mas
não divino
O
Docetismo e o Ebionismo eram naturalmente uma heresia Cristologica, mas é
possível ver a analogia com a questão da autoria da bíblia
Existe
uma doutrina ortodoxia a respeito da
pessoa de Cristo e um Doutrina ortodoxia a respeito da bíblia.Ambas envolvem
Deus e o Homem e resultam em um produto final isento de pecado.
A primeira Declaração Doutrinária tem
por título: Escrituras Sagradas e nEle encontramos o seguinte enunciado:
"A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana. É o registro da
revelação que Deus fez de si mesmo aos homens. Sendo Deus seu verdadeiro autor,
foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo. Tem por
finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à Salvação. Seu
conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de
instrução divina. Revela o destino final do mundo e os critérios pelos quais
Deus julgará todos os homens. A Bíblia é a autoridade única em matéria de
religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas a doutrina e a conduta dos
homens. Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus
Cristo."
1.
Salmo
119.89; Hebreus 1.1; Isaías 40.8; Mateus 24.35; Lucas 24.44,45; João 10.35;
Romanos 3.2, 1 Pedro 1.25; 2 Pedro
1.21.
2.
Isaías
40.8; Mateus 22.29; Hebreus 1.1,21; Mateus 24.35; Lucas 24.44,45; 16.29;
Romanos 16.25,26; 2 Pedro 1.25.
3.
Êxodo
24.4; 2 Samuel 23.2; Atos 3.21; 2 Pedro 1.21.
4.
Lucas
16.29; Romanos 1.6; 2 Timóteo 3.16,17; 1 Pedro 2.2; Hebreus 4.12; Efésios 6.17;
Romanos 15.4.
5.
Salmo
19.7-9; Salmo 119.105; Provérbios 30.5; João 10.35; 17.17; Romanos 3.4; 15.4; 2
Timóteo 3.15-17.
6.
João
12.47,48; Romanos 2.12,13.
7.
2
Crônicas 24.19; Salmo 19.7-9; Isaías 34.16; Mateus 5.17,18; Isaías 8.20; Atos
17.11; Gálatas 6.16; Filipenses 3.16; 2 Timóteo 1.13.
8.
Lucas
24.44,45; Mateus 5.22,28, 32, 34, 39; 17.1-5; 11.29,30; João 5.39,40; Hebreus
1.1,2; João 1.1,2,14.
9.
A palavra BÍBLIA é de origem grega, e
significa livros. Embora tenhamos a Bíblia na conta de um só livro, na
realidade é constituída de uma coleção de livros menores. Ao todo, são 66
livros que compõem a Bíblia. Dos 66 livros que a formam, 39 compõem o Velho
Testamento, e 27, o Novo Testamento. Essa coleção é também chamadas “Escrituras
Sagradas" e "A Palavra de Deus". A Bíblia é um livro antigo.
Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, foi escrito cerca de 1.400 anos antes do
nascimento de Jesus. Já o apocalipse, o último livro da Bíblia, foi escrito,
aproximadamente, no final do primeiro século. Assim, a Bíblia foi escrita num
período total de 1500 anos. Mas o interessante é que, apesar da Bíblia ser um
livro muito antigo, a sua mensagem é tão verdadeira e atual, hoje, como no
tempo em que foi escrita. A importância da Bíblia deve-se ao fato de ser a
revelação de Deus aos Homens. Isso a toma um livro diferente de todos os outros
existentes, e explica a razão por que devemos procurar sempre os seus ensinos
para orientar nossa vida.
I - Um livro escrito por homens
inspirados
A Bíblia foi escrita por 40 homens,
aproximadamente. Esses homens eram especiais apenas num sentido: foi ajudado
pelo Espírito Santo a escrever as palavras de Deus. Essa é a razão porque,
apesar de ter sido escrita por homens, a
Bíblia é chamada a "Palavra de Deus". Leia 2 Pedro 1.21, e responda:
Quem motivou os homens a escreverem
as Palavras de Deus? Algumas vezes o Espírito Santo disse ao escritor
exatamente o que ele deveria escrever. Leia, a propósito, Jeremias 36. O verso
2 ordena: "Toma o rolo dum livro, e escreve nele todas as palavras que te hei falado contra
Israel......". Ao ler Lucas 1.3 e Apocalipse 1.1-11, percebe-se que o
escritor foi guiado a buscar e a instruir-se, através do Espírito Santo, de
tudo que deveria escrever. Isso implica dizer que Deus atuou de varias
maneiras, a fim de que a sua mensagem fosse revelada ao Homem.
A Bíblia é a palavra inerrante de Deus.
"O efeito mais excelente da inspiração é a assim chamada inerrância da
Sagrada Escritura. Esta qualidade segue-se necessariamente ao conceito de
Inspiração"(2). Você poderia me explicar o que é inerrante? Inerrante
assim como infalíveis são duas palavras usadas para definir a doutrina da
Inspiração. O que estas palavras comunicam está intimamente ligado ao
pensamento do autor e do leitor(3), ou seja, os conceitos precisos ou os
desajustes sobre inerrância surgem da compreensão do sentido das palavras.
Inerrância denota a liberdade de divagação ou afastamento da verdade(4).
Viertel cita Young que define a inerrância das Escrituras afirmando que
"cada asserção da Bíblia é verdadeira, quer a Bíblia se refira ao que se
deve crer(doutrina) ou como devemos viver(ética), ou se narra acontecimentos
históricos"(5).
O conceito de inerrância que predomina
entre os que discutem este tema nos faz compreender que a "inerrância só é
própria as afirmações, aos juízos, do autor inspirado, e não a tudo que se
encontra de qualquer maneira na Bíblia"(6). Uma vez que a verdade divina na
Bíblia nos é transmitida por homens, os quais, embora estando sob o influxo da
inspiração divina, permaneciam homens de seu tempo; e é somente através desta
realidade humanamente condicionada que nos é possível ter acesso à verdade de
Deus(7). Gosto da definição sobre inerrância do ICBI: "sendo total e
verbalmente dada por Deus, a Escritura é sem erro ou defeito em todo o seu
ensinamento, não o é menos com respeito ao que diz sobre os atos de Deus na
criação, sobre os eventos da História humana, e sobre suas próprias origens
literárias, do que no seu testemunho da graça divina de Deus na vida dos
indivíduos"(8).
Não estou preocupado nesta abordagem
com as informações técnicas, quero abrir o meu coração e dizer que creio na
Bíblia como a Palavra de Deus que não falha, que transforma, que edifica, que
corrige, que instrui para a salvação. Uma vez que a palavra de Deus
(Escrituras) é perfeita o seu papel na capacitação do homem perfeito é central.
Meu desejo é destacar algumas implicações desta perfeição das Escrituras na
construção do homem de Deus preparado para toda a boa obra à luz do raciocínio
do apóstolo Paulo em 2 Timóteo 3.4-17. Como seria se Deus não falasse? Creio
que muitas das dúvidas que tinha antes de conhecer a Bíblia ainda permaneceriam
me incomodando. Aprendi a ler com cinco anos e já nesse período tive acesso às
informações contidas nas Sagradas Escrituras. O cristianismo existe por causa
das verdades reveladas na Bíblia. Neste livro Deus comunica todas as revelações
necessárias para se alcançar a salvação e a maturidade cristã.
1. A Palavra na Formação do
Caráter (v.14-15).
De posse destes versos diga-me quais
foram as fontes de influência na formação do caráter de Timóteo? Os filhos
necessariamente não se convertem só porque aprendem as Escrituras. É necessário
andar próximo do Deus da Palavra; é necessário cultivar o hábito de valorizar e
amar o Senhor; é necessário praticar os ensinos bíblicos. O valor da palavra
foi sedimentado na vida do jovem Timóteo pelo modelo de cristão marcado na vida
de sua mãe. O caráter do Jovem Timóteo deveria ser marcado por que tipo de fé?
Daí para que o caráter cristão seja formado em nos faz-se necessário constante
perseverança e aplicação.
A fonte de formação divina no caráter
cristão deve-se ao fato de que o autor das Escrituras é Deus e elas estão
impregnadas de conceitos e ensinos que marcam o caráter divino. Como é o
caráter de Deus? Este Deus reto e santo pretende conduzir-nos a obediência pois
sabe que em obedecê-lo recuperaremos o tempo e as oportunidades perdidas em
conseqüência do pecado. Você sabe o significado do nome Timóteo? Este nome
significa "que honra a Deus" e a vida deste irmão nos mostra que ele
fez jus ao nome. O conselho dado é de que a formação do caráter está
intimamente ligada ao permanecer no padrão estabelecido na Palavra de Deus. A
palavra padrão(hupotupósis) denota um esboço geral ou planta usada por um
artista, ou, na literatura, o rascunho que forma a base de uma exposição mais
plena. A orientação recebida era que Timóteo deveria agarrar-se firmemente ao
modelo da verdade que tanto Paulo quanto a sua avó e sua mãe lhe haviam
ensinado, especialmente no tocante à fé e o amor que Jesus Cristo lhe oferece.
O cristão que reconhecendo o valor da
inerrância das Escrituras desejar ter o seu caráter bem formado por ela não
pode abrir mão da Iluminação produzida pelo Espírito Santo e ao estudá-la deve
contar com esta parceria espiritual, além do que deve também desenvolver um
constante trabalho de análise do seu próprio viver de modo que sua vida não se
desvie do perfil desejado por Deus. E esta análise demanda coerência,
concordância, esforço, zelo, cuidado, daquele que tem o propósito de honrar ao
Senhor na totalidade da sua existência. "Paulo refere-se ao Antigo
Testamento, uma vez que o Novo Testamento recém começava a ser escrito, e
somente no final do primeiro século da era cristã começaria a ser reconhecido
como Escritura. Mas, ainda que Paulo faça estas colocações em relação ao Antigo
Testamento, elas também valem para o Novo Testamento, pois os apóstolos falaram
movidos pela mesma submissão ao Espírito de Deus"(2 Coríntios 2.17; 4.1; 2
Pedro 1.16-21)(9).
2. A Natureza das Escrituras(v.16).
O que diz o verso 16 sobre a natureza
das Escrituras? Se por um lado o verso em questão ao mencionar a expressão
"toda Escritura" faz alusão aos livros do Antigo Testamento. O
Cânon(10) nos permite, pela graça de Deus, considerar também os preceitos dos
livros do Novo Testamento. O Cânon é fundamental para a nossa fé. Inspiração =
Autoridade = Proclamação Autorizada. Se o homem não é capaz de crer na natureza
divina das Escrituras, como se submeterá aos seus ensinos? Ainda que Deus tenha
utilizado homens para o registro de sua revelação isto não diminui o valor nem
a autoridade da mesma. Os que argumentam contra a inerrância defendem que o
"homem é falível, logo o que ele escreve é falível"(11); não vejo
dificuldades no fato de homens(aproximadamente 40)terem sido instrumentos na
transmissão das verdades e vontade eterna de Deus.
A inspiração sugere que a Bíblia é a
mensagem de Deus para todas as pessoas. A humanidade pode experimentar a
benéfica realidade da transformação oferecida por Deus através da aplicação dos
princípios bíblicos no viver cotidiano. Então, homens e mulheres, jovens e
crianças estão ao alcance das Escrituras assim como elas estão ao alcance deles
também. Uma vez que a Bíblia é a mensagem de Deus para a humanidade aplica-se
sobre os que a conhecem a responsabilidade de conduzir outros ao mesmo
conhecimento. Você está envolvido em algum programa de ensino da palavra a
alguém? Que método você está usando? Qual semeadores de esperança devemos
espalhar a boa notícia que Deus tem preparado para a humanidade. A Bíblia
distingue-se de todas as demais obras literárias por ser transparente e
preciosa: sua denúncia desmascara indistintamente a todos, inclusive os
próprios escritores bíblicos(12).
3. A Utilidade das Escrituras
(v.16).
Qual é a utilidade das Escrituras em
sua vida? A utilidade das Escrituras é desenvolvida neste verso em pelo menos
quatro dimensões que veremos mais adiante. "A escritura é tal baliza para
a salvação, porque sua procedência é peculiar. Paulo afirma que toda Escritura
é inspirada por Deus"(13). Mais uma vez quero destacar que a utilidade das
Escrituras está intimamente ligada ao conceito de inerrância. Se o leitor crê
de fato que a Bíblia é a palavra infalível de Deus está apto então a desfrutar
ou submeter-se ao crivo da utilidade das Escrituras em sua vida. Você crê que a
Bíblia é a palavra infalível de Deus? No meu modo de avaliar este verso a
utilidade das Escrituras no permite considerá-la como agente de transformação:
No ensino da verdade = didaskalia
= o ensino só acontece quando há uma mudança de comportamento. Tanto o Antigo
quanto o Novo Testamentos são pastoravelmente úteis para o ensino, como fonte
positiva da doutrina cristã. Na Grande Comissão temos uma tarefa. Leia Mateus
28.18-20 e descreva esta tarefa. Sim a tarefa consiste em ensinar os novos
discípulos de Jesus a guardar tudo o que os discípulos já maduros têm aprendido
do Mestre. O ministério pastoral deve ter a finalidade de ensinar a viver a
vida.
Na Convicção do pecado = repreensão = elenromai = a Escritura tem a capacidade de convencer-nos de que
somos pecadores. À luz de João 16 compreendemos que o Espírito Santo, agente da
inspiração, exerce um ministério sobre nossas vidas. Que ministério é esse? Sem
a ajuda da Palavra eu não posso ser um bom cristão(Hebreus 3.13). A idéia desta
etapa é que as Escrituras são úteis porque refutam o erro e repreendem o
pecado(14).
Na Correção de Erros = Eis o milagre de corrigir pessoas.
Eis a tarefa de colocar o trem novamente nos trilhos. A correção envolve
reparar, consertar erros, colocando em ordem a nossa casa. A Bíblia nos mostra
como podemos nos corrigir: à luz do verso 14 a idéia é de permanecer ou voltar
ao padrão aprendido com Jesus. Para a correção ocorrer com mais precisão é
necessário aplicar a Bíblia onde há feridas. Correção ocorre e existe
"para convencer os mal orientados dos seus erros e colocá-los no caminho
certo outra vez"(15).
Na Educação da Justiça = Instruir = Educar = paideia. Tornar um filho com as mesmas
qualidades que o pai tem. Você é filho de Deus? As qualidades de Deus são
encontradas na sua vida? A Bíblia existe para que nos melhoremos o nosso
comportamento. A maioria dos cristãos continuam ignorantes da palavra de Deus.
O crescimento no conhecimento da palavra de Deus leva a sabedoria. Aí o homem
amadurece para a salvação e a fé torna-se profunda em Cristo. Depois de
aprendida a palavra repreende e corrige o curso da vida. A Escritura nos
capacita para a obra e nos leva a perfeição: são as instruções de Deus.
4. O Propósito Final das Escrituras
(v.17)
"Esta palavra inspirada por Deus
serve ao seu propósito eterno, ela ensina, repreende e corrige, auxiliando-nos
a nadar contra a correnteza deste mundo. Ela é um instrumento pedagógico de
Deus que quer educar na justiça, capacitar o homem de Deus, a fim de que seja
apto para toda boa obra"(16). Qual é na sua opinião a função específica da
palavra de Deus? A função específica das Escrituras envolve a produção de um
servo de Deus capacitado, útil, habilitado, treinado para toda boa obra que
Deus quer que façamos. Por que muitos irmãos não trabalham na obra de Deus?
Respostas: A Bíblia não está chegando no seu alvo. O milagre não está
acontecendo. O crente não cresceu nas Escrituras.
A Bíblia tem como propósito tornar o
cristão uma pessoa perfeita, madura. Ela equipa e adequa o homem para que
enfrente todas as situações e seja vitorioso. A firmeza é uma operação
constante que emana da natureza da sua experiência e de seu caráter espiritual
em ser equipado mediante as Escrituras. As Escrituras são o meio pelo qual Deus
comunica tanto a salvação como também a santificação. Leitura, ensino, pregação
e meditação sobre as escrituras deve produzir líderes hábeis para operar boas
obras.
Ao concluir desejo afirmar que optei
por abrir o coração e a Bíblia porque creio na inspiração e utilidade das
Escrituras. Não ignoro os questionamentos que circundam a questão da inerrância
e a opção por esta abordagem não consiste numa fuga da realidade ligada a
mesma. No meu entender o fato de crer na inerrância das Escrituras produziu um
estímulo maior no desenvolvimento das idéias aqui expostas. Valho-me da afirmação
de Wesley para dar termo esta etapa: "Pois, se houvesse qualquer erro na
Bíblia, poderia haver mil. Se houver algum engano nesse livro, ele não veio do
Deus da verdade"(17).
II
- Como Argumentar a Favor da Inspiração da Bíblia.
Você encontrará pessoas que lhe
perguntarão: como podemos ter certeza que o Espírito Santo auxiliou os homens a
escreverem a palavra de Deus? Para responder, é necessário que estejamos bem
apoiados na palavra de Deus. Eis alguns argumentos que você deve usar:
1. Os próprios autores da Bíblia
declaram que escreveram por revelação divina.
"Meus
irmãos e minhas irmãs, eu afirmo a vocês que o evangelho que eu anuncio não é
uma invenção humana. Eu não o recebi de ninguém, e ninguém o ensinou a mim, mas
foi o próprio Jesus Cristo que o revelou para mim"(Gálatas 1.11,12).
"Sem
nenhuma dúvida, é grandiosa a verdade revelada da nossa religião. Essa verdade
é a seguinte: "Ele se tornou um ser humano, foi aprovado pelo Espírito de
Deus, 3 foi visto pelos anjos, foi anunciado entre as nações, foi aceito com fé
por muitos no mundo inteiro 3 e foi levado para a glória"(l Timóteo 3.16).
2. Os livros da Bíblia formam uma
unidade.
Cerca de 40 homens cooperaram com Deus, como veículos. Através deles o
Espírito Santo atuou para revelar a sua Pessoa. Interessante é notar que alguns
desses homens exerceram as mais diferentes funções em sua vida. Por exemplo:
Amos foi pastor de gado; Davi era Rei; Lucas foi médico, além de intelectual;
Paulo tinha o ofício de fabricante de tendas; João e Pedro eram pescadores.
Alguns desses homens escreveram apenas um livro da Bíblia. Outros, no entanto,
escreveram vários, como Paulo, que escreveu 13. O fato central é que, por meio
do Espírito Santo, Deus falou a cada um dos escritores. Os livros se harmonizam
entre si, justamente porque o Espírito Santo ajudou o escritor de cada livro da
Bíblia.
3. A Bíblia contém verdades que os
homens não poderiam ter descoberto por si mesmos.
Ninguém poderia ter escrito sobre a
criação do Universo sem que Deus lho houvesse
revelado. Sabemos, através da historia, que certos fatos aconteceram. Mas ao
lermos a Bíblia, verificamos que vários desses acontecimentos foram
profetizados muitos anos antes(ler Lucas 4.21). Deus ajudar-nos-á a reconhecer
que a Bíblia é a verdade, se desejarmos sinceramente seguir os seus caminhos.
Em João 7.17 há uma maravilhosa
promessa a esse respeito:
"Quem
quiser fazer a vontade de Deus saberá se o meu ensino vem de Deus ou se falo em
meu próprio nome".
4. Jesus deu testemunho a respeito
da inspiração da Bíblia.
"E
começou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele,
iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os Profetas"(Lucas 24.27).
5. A influência da Bíblia na
transformação de vidas.
A mensagem da Bíblia transforma o
homem. Muitos tiveram a sua vida totalmente transformada pela leitura da
Bíblia. Nações têm sido mudadas. Pode-se sentir pessoalmente a sua influência
transformadora todos os dias: quando estamos tristes, a sua leitura dá
conforto; quando estamos com medo, inspira confiança; quando estamos em
desespero, infunde esperança. A Bíblia contém o bálsamo, a palavra certa para a
necessidade de cada indivíduo.
6. A atualidade da mensagem da
Bíblia.
Esse é outro fator que corrobora a
inspiração da Bíblia. Certos livros de ciência, escritos há pouco mais de dez anos, encontram-se desatualizados. A Bíblia
entretanto, é sempre atual. Os problemas de que a Bíblia trata são problemas de
cada geração. É por isso que em Isaías 40.8 encontra-se a expressão: "Seca-se a erva e murcha a flor, mas a
palavra de nosso Deus subsiste eternamente".
III
- A Finalidade da Bíblia.
Podemos dizer que a finalidade da
Bíblia é a salvação de todos os homens. Para
dar conseqüência a essa finalidade, ela principia por revelar Deus ao homem. Essa revelação é feita por iniciativa
do próprio Deus e, ao recebê-lo, o homem
recebe também a revelação do plano que
Deus tem para a sua salvação(João 20.30,31). Mas, uma vez salvo, é necessário
crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo(2 Pedro 3.18). Aqui a Bíblia
cumpre sua segunda função a de edificar os que vão se salvando para que cresçam
na comunhão, na sabedoria e no poder(2 Timóteo 3.14-17). Faça uma lista das
coisas que Paulo descreveu ao falar
a respeito da utilidade da Bíblia:
Há cinco sugestões práticas sobre como
podemos e devemos utilizar a Bíblia num programa de crescimento espiritual.
1. Ouça a Palavra de Deus(Leia Romanos
10.17). De que modo alguém pode ter fé em seu coração? Ouvir é importante.
"E as sementes que caíram em terra
boa são aquelas pessoas que ouvem e guardam a mensagem no seu coração bom e
obediente; e, porque são fiéis, produzem frutos"(Lucas 8.15). Nesta
passagem Jesus menciona duas condições, para que alguém dê fruto, com
perseverança. Quais são essas duas condições?
“Quem aceita e obedece aos meus mandamentos prova que me ama. O meu Pai
amará aquele que me ama, e eu também o amarei e lhe mostrarei quem sou. Então
Judas, não o Judas Iscariotes, perguntou: Senhor, como será possível que o
senhor mostre somente a nós e não ao mundo quem o senhor é?(João 14.21,22)”.
Que promessa fez Jesus ao que
ouve(obedece) à sua palavra?
2. Leia a Palavra de Deus. "Ele deverá ficar com essa cópia e todos os
dias da sua vida lerá a lei, para que aprenda a temer o Eterno, o nosso Deus, e
para que sempre obedeça fielmente a todas as leis e a todos os
mandamentos"(Deuteronômio 17.19). Medite nesta passagem e depois cite
duas razões pelas quais devemos ler a Bíblia diariamente:
3. Estude a Palavra de Deus. Além de ouvir
e ler a Bíblia, é necessário que a estudemos. O estudo conscientiza mais,
faz-nos participantes da Palavra. Por isso, gravamos mais quando a estudamos
com persistência. "Faça todo o
possível para conseguir a completa aprovação de Deus, como um trabalhador que
não se envergonha do seu trabalho, mas ensina corretamente a verdade do
evangelho"( 2 Timóteo 2.15).
Segundo esta passagem mencione os
objetivos que devemos procurar alcançar através do estudo da Bíblia:
Examine bem o texto a seguir e
responda. "As pessoas dali eram mais
bem educadas do que as de Tessalônica e ouviam a mensagem com muito interesse.
Todos os dias estudavam as Escrituras Sagradas para saberem se o que Paulo
dizia era mesmo verdade"(Atos 17.11). O que está implícito no estudo da Bíblia? Quando deve ser feito o
estudo bíblico?
4. Memorize a Palavra de Deus. Somos incentivados
a memorizar a Palavra de Deus, para melhor aplicá-la em nosso viver. Escreva,
com suas próprias palavras, o que Deus deseja que façamos com a sua Palavra, de
acordo com as seguintes passagens:
"Lembrem
desses mandamentos e os guardem no seu coração..." (Deuteronômio 11. l8a).
"Guarde
sempre os meus ensinamentos bem gravados no coração" (Provérbios 7.3).
De acordo com a Palavra de Deus, de que
modo devemos agir para alcançar a vitória sobre o pecado?
"Guardo
a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti" (Salmos 119.11).
Quando Jesus foi tentado no deserto,
não possuía um exemplar da Bíblia consigo. Mas deu evidências de conhecer de
cor a Palavra de Deus(Mateus 4.1-11). Verifique como Jesus conhecia as
Escrituras Sagradas.
5. Medite na Palavra de Deus. Faça um
pequeno exercício. Compare as diferenças entre a vida de um homem piedoso e
temente a Deus e a de um ímpio, segundo Salmo 1. Qual o segredo da vida frutífera
e significativa daquele que teme o Senhor? Qual a ordem dada em Josué 1.8? Leia
Filipenses 4.8 e Colossenses 3.1-5. Agora pense: Qual o segredo da vitória na vida cristã?
IV
- A Única Regra de Fé e Prática.
1. É princípio fundamental dos Batistas
que a Bíblia é a única regra de fé e prática.
2. Regra de Fé:
a) Não cremos em outra fonte de
informação que contradiga ou substitua a Bíblia.
b) "A
fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus" Romanos 10.17.
c) Todas as implicações da nossa fé
estão fundamentadas na Bíblia.
3. Regra de Prática:
a) Nosso modelo de culto está
fundamentado nos princípios bíblicos.
b) Nosso modelo de conduta também é
fundamentada na Bíblia.
c) Nossa ética é construída a partir da
Bíblia.
d) Nosso sistema denominacional e
eclesiástico está montado em bases bíblicas.
V
- A Bíblia Como Livro de Deus.
1. Deus escreveu - Êxodo 31.18
2. Deus mandou alguém escrever - Êxodo 34.27
3. Deus determinou que os profetas
escrevessem - Jeremias 30.2.
4. O que Deus mandou escrever previa o
Seu plano global para a humanidade, culminando
em Jesus - João 5.46; 20.30,31.
5. Outras passagens - Apocalipse 1.11;
2.1; 2.18; 3.1,7; 3.14.
6. Homens que falaram inspirados pelo Espírito Santo - 2 Pedro 1.21; 2 Timóteo 3.16
7. Tudo quanto está escrito é
constatável - Mateus 24.35.
a. Informações geográficas = Ex.
Sodoma, Egito, etc.
b. Informações Cronológicas = Isaías
6.1 "no ano em que morreu o Rei Uzias"; Lucas 2.1-2; 3.1-4
c. Informações Históricas = São muitas,
como por exemplo, as relativas aos Assírios, Sírios, Babilônicos, Persas,
Egípcios, etc.
d. Profecias que se cumpriram = O cativeiro Babilônico profetizado, o
cativeiro cumprido, a volta dos cativos. Ex. A vinda de Cristo, o Messias, a
destruição de Jerusalém.
VI
- Versões da Bíblia.
1. A Bíblia foi escrita originalmente
em Hebraico e Grego - em Hebraico o Velho Testamento, em Grego o Novo Testamento. Há algumas pequenas porções em
Aramaico.
2. O que temos hoje nas nossas mãos,
são as chamadas Versões Bíblicas, isto é, traduções feitas a partir dos
originais.
3. Não cabe, no nosso estudo, ver as
chamadas Versões Antigas, como por exemplo, a Vulgata, a Septuaginta, e outras.
4. Versões em Português:
a) João Ferreira de Almeida
- revisões da Imprensa Bíblica
Brasileira.
- revisões da Sociedade Bíblica
Brasileira.
b) Versão Brasileira:
- editada pela Sociedades Bíblicas
Unidas.
5. Versões Católicas:
a) Antônio Pereira Figueiredo editada
por Edições Paulinas uma das mais usadas é a oferecida pela Enciclopédia Barsa.
b) Pe. Matos Soares - é a mais usada
pelos católicos, traduzida a partir da Vulgata latina.
c) Todas as versões trazem os clamados
Livros Apócrifos, acrescentados na parte do Velho Testamento por determinação
do Concílio de Trento, em 1546. São eles: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico,
Baruque, I Macabeus, II Macabeus - acréscimos no Livro de Ester e no Livro de Daniel. Esses livros são procedentes da versão em grego, chamada
Septuaginta, e não são considerados inspirados nem pelos Judeus, nem pelos evangélicos no Brasil.
6. Versões em Linguagem de Hoje:
a. Devem ser vistas com muito cuidado.
b. Geralmente são traduções
interpretativas e em vários casos chegam a esvaziar o sentido original do
texto.
c. Os evangélicos usam indiferentemente
as versões tradicionais da Imprensa Bíblica Brasileira ou da Sociedade Bíblica
do Brasil.
7. Algumas igrejas podem se esforçar no
sentido de levar o povo a adotar urna só versão para facilitar o proveitoso
método de leituras responsivas e em uníssono.
Para nós, os Batistas, a Bíblia é a
Palavra de Deus. Isto não quer dizer: 1) Que a tradução seja a Palavra de Deus
absoluta, porque pode haver diferentes versões; 2) Que Deus tenha ditado
palavra por palavra(inspiração verbal), porque vemos claramente que cada autor
usa o seu próprio estilo e características pessoais naquilo que escreveu. Mas a
Bíblia é a Palavra de Deus no sentido
de que o que nEle está escrito é o que Deus quis nos dizer.
Para tirar melhor proveito do estudo da
Bíblia é bom ter horário e lugar definidos para estudá-la. Mas procure observar
esses princípios, ao estudar a Palavra de Deus:
1. Leia um versículo, localizando-o no seu contexto, isto é, os versos que
lhe antecedem ou sucedem.
2. Escreva-o com suas próprias
palavras, meditando no que aprendeu
com esse versículo.
3. Procure destacar as palavras mais
imponentes do versículo e, em seguida, compreender o seu significado.
Faça uma aplicação pessoal e imediata
da verdade contida no versículo em estudo. Continue lendo e estudando sempre a Palavra de Deus. Não se esqueça de que
a Bíblia é viva, porque fala de um Deus vivo(leia Hebreus 4.12). O caráter
dinâmico da Bíblia reflete-se na firmeza com que fala das necessidades
específicas de cada indivíduo, em qualquer época da história. Deixe Deus
falar-lhe através da sua Palavra!
VII
- O Processo de Canonização da Bíblia.
Nesta etapa procuraremos explicar como
os livros que temos em nossa Bíblia foram considerados a Palavra de Deus. E o
faremos em duas etapas: na primeira observaremos a formação do Cânon do Antigo
Testamento e na segunda a formação do Cânon do Novo Testamento.
1.
A Formação do Cânon do Antigo Testamento.
Os livros do Antigo Testamento que
compõe o cânon foram escritos entre 1400 e 400 antes de Cristo. Esses livros
foram inspirados por Deus e cremos que o mesmo Deus iluminou o seu povo para
reconhecimento dos livros inspirados entre outros livros religiosos antigos
(João 7.17; 1 Coríntios 2.12-13 ). Portanto, "se reconhece o papel da providência
de Deus quanto à origem, seleção e coleção destes escritos. É por esta razão que
os livros do Antigo Testamento existem em número de 39, como temos, nem mais
nem menos. Esta tem sido a convicção dos crentes protestantes de modo geral,
embora tivesse havido dúvidas levantadas a respeito de alguns livros, como, por
exemplo, Cantares de Salomão e Eclesiastes. A providência de Deus operante na
vida da igreja, entretanto, tem feito com que todos os 39 fossem
aceitos"(18).
A seguir cito Harbin integralmente
sobre os aspectos históricos da formação do Cânon:
a. O texto hebraico, ou seja, a Bíblia
Hebraica, ou seja, o Texto Massorético não contém os chamados livros apócrifos.
É basicamente o mesmo cânon reconhecido pelos rabinos em Jamnia, em 90 d. C.
b. O mais antigo manuscrito completo da
Septuaginta (LXX) é de proveniência cristã no quarto século depois de Cristo e
contém "os apócrifos" da Bíblia Católica Romana.
c. Todavia, as listas cristãs do cânon,
que são mais anteriores, seguem principalmente o cânon hebraico da palestina,
por exemplo, a lista de Melito de Sardo, cerca de 160 d.C.(A LXX originou-se
fora da Palestina em Alexandria no Egito em cerca de 275-100 antes de Cristo)
Entretanto, os cristãos geralmente usavam a LXX desde a época primitiva, embora
não haja evidências de que nem os cristãos primitivos, nem os judeus da Palestina
sequer consideravam seriamente a inclusão no cânon de quaisquer dos livros que
hoje chamamos de "os apócrifos" e os
"pseudo-epígrafos"(outra coleção de livros judaicos relacionados ao
Antigo Testamento, assim denominados porque os seus autores empregaram disfarçadamente
os nomes de notáveis homens do Antigo Testamento como sendo os autores,
dependendo do livro em questão, a fim de ganhar aceitação dos livros).
d. Embora a LXX contenha os apócrifos,
não se pode provar que a mesma autoridade fosse atribuída a todos os livros. O
fato da sua inclusão, entretanto, parece mostrar uma tal tendência da parte de
alguns judeus, embora possa refletir somente o desejo de traduzir, preservar e
circular todos os livros incluídos sem pensar em valorizar todos do mesmo modo.
e. A lista da LXX conseguiu aprovação
da maioria nos Sínodos de 393 d.C e seguintes embora contra o voto de certos
líderes notáveis como Jerônimo. Agostinho estava a favor, mas os seus escritos
posteriores mostram uma ambigüidade a respeito.
f. Os reformadores do século dezesseis
depois de Cristo voltaram para o cânon hebraico. Calvino, por exemplo,
apontando o fato de não existir tradição unânime a respeito do
"apócrifos" como livros que devem ser considerados como inspirados.
g. O Concílio de Trento, em 1546 d.C.,
aceitou pela primeira vez como canônicos os seguintes 13 "apócrifos":
Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, 1 e 2 Macabeus e
as adições dos livros de Ester, Baruque(a carta de Jeremias) e Daniel(o cântico
dos três mancebos, a História de Susana, Bel e o Dragão, e a Oração de
Azarias); a Vulgata, edição publicada em 1592 d.C., mas autorizada pelo
Concílio de Trento em 1546 d.C., incluiu também 1 e 2 Esdras e A Oração de
Manassés, porém, depois o Novo Testamento na sua seqüência bíblica.
Na Septuaginta o Cânon do Antigo
Testamento tem o seguinte arranjo:
a. Livros da Lei(o nome
"Pentateuco" é de origem grega e sabemos do seu uso desde o primeiro
século de nossa era) = Os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
b. Livros de História = Josué, Juízes,
Rute I e II Samuel, I e II Reis(considerados Samuel e Reis como I, II, III e IV
reinados), 1 e 2 Crônicas, 1 e 2 Esdras(o primeiro sendo apócrifo e o segundo o
canônico), Neemias, Tobias, Judite e Ester(com as adições).
c. Livros de Poesia e Sabedoria = Jó,
Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico(ou
Sabedoria de Siraque).
d. Livros Proféticos = Os Profetas
Menores(em termos de tamanho e não de importância): Oséias, Amós, Miquéias,
Joel, Obadias, Jonas, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Os
Profetas Maiores: Isaías, Jeremia, Baruque, Lamentações, A Carta de
Jeremias, Ezequiel, e Daniel( incluindo Susana, Bel e o Dragão,
e O Cântico dos Três Varões ).
e. Livros Suplementares de História = 1
e 2 Macabeus.
f. A tradução do Pentateuco foi
completa em cerca de 250 antes de Cristo, a dos Profetas em cerca de 200 antes
de Cristo e a dos Escritos em cerca de 100 antes de Cristo.
O arranjo da Bíblia Hebraica (Cânon Hebraico,
Judaico ou TM ) é composto assim:
a. A Torá ( A Lei ) = Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números, Deuteronômio.
b. Os Profetas = Os Anteriores:
Josué, Juízes, Samuel(1 e 2 considerados em conjunto), Reis(1 e 2 em conjunto).
Os Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e o Rolo dos Doze(Oséias,
Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,
Zacarias, Malaquias).
c. Os Escritos = Poesia e Sabedoria:
Salmos, Provérbios, Jó. Os Rolos (Megilot) cada um usado na ocasião de
uma festa específica: Cantares na Páscoa; Rute no Pentecostes; Lamentações no
dia 9 do mês Abibe; Eclesiastes na Festa dos Tabernáculos; Ester na Festa de
Purim. História: Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas(1 e 2 em conjunto).
Observações: são 24 livros, sendo
tomados como um só livro os seguintes conjuntos: Samuel, Crônicas, Reis, Os
Doze, Esdras e Neemias. Josefo, por achar mais dois conjuntos Juízes e Rute,
Jeremias e Lamentações, falou em 22 livros. O Novo Testamento menciona uma
divisão tripla do Antigo Testamento: "A
Lei, os Profetas e os Salmos"(Lucas 24.44). O livro de Eclesiástico
(apócrifo), escrito em cerca de 130 antes de Cristo fala de "a lei, os
profetas e os outros escritos". Confira Mateus 23.35 e Lucas 11.51 que
refletem o arranjo da Bíblia Hebraica.
O arranjo da Vulgata(versão latina oficial da
Igreja católica romana, completa em 450 antes de Cristo, mas aceita plenamente
em cerca de 650 antes de Cristo). Em geral, segue a LXX, só que 1 e 2 Esdras
são iguais a Esdras e Neemias, e as partes apócrifas(3 e 4 Esdras), tanto como
a Oração de Manassés, são colocados no fim do Novo Testamento. Os Profetas
Maiores são colocados antes dos Profetas Menores. "Desta lista percebe-se
que a Bíblia protestante segue a mesma ordem tópica do arranjo da Vulgata, só
que omite todas as partes apócrifas... Na ordem, a Bíblia protestante segue a
Vulgata, no conteúdo, segue a Hebraica"(19).
Uma avaliação do livros apócrifos
indica que eles têm certos valores históricos e religiosos. Confira Judas 14,15
cita 1 Enoque 1.9 e Atos 17.28; 1 Coríntios 15.33 citam uma linha do drama
grego Taís de Alexandre. De um modo geral os apócrifos não têm: a qualidade
histórica, ética, teológica e espiritual dos canônicos.
2.
A Formação do Cânon do Novo Testamento
Os vinte e sete livros do Novo Testamento
provavelmente só foram preservados por se acharem em conexão com as coleções
eclesiásticas, e não por terem sido copiados diretamente de originais
isolados(20). A história do cânon tenta entender de que modo tais coleções e,
finalmente a coleção do Novo Testamento tomaram a forma que possuem(21). Embora
os livros do Novo Testamento só tenham chegado até nós como parte de uma
coleção aprovada pela igreja, nenhum deles foi incorporado a tal coleção.
"Mesmo que já houvesse uma coleção das epístolas paulinas no fim do I
século, ela não eram encaradas como ‘’Sagrada Escritura’"(22). Mas Jesus e
o cristianismo primitivo nunca dispensaram a Sagrada Escritura: eles
consideravam o Antigo Testamento como as "escrituras", que provinham
do judaísmo e que eram citadas em todas as partes do Cânon
Vetero-Testamentário. A revelação de Deus fora conservada de forma escrita,
como se mostrava evidente para a igreja primitiva bem no início de sua
existência.
A história da formação daquilo que é
conhecido como o cânon do Novo Testamento é a história da exigência de uma
autoridade(23). No final do século I os livros já haviam chegado ao seu
destino. Nem todos se tornaram conhecidos por todos os cristãos logo de início.
Pelo contrário, é muito provável que alguns dos cristãos primitivos não
tivessem visto todos os evangelhos, nem todas as epístolas antes do fim do
século. Além disso, muitos evangelhos, atos e epístolas apócrifas circulavam
durante o segundo século e foram aceitos por alguns grupos, senão não teriam
sequer sobrevivido. A valiosa literatura dos cristãos primitivos que
expressavam sua fé e dedicação era preservada pelas congregações em todo o
império romano. Esta autoridade canônica repousava sobre o testemunho ocular de
doze homens(24).
Para o homem do século vinte e um, o
processo de canonização poderá parecer de lenta evolução; todavia, levando em
consideração a dificuldade de se conseguir livros feitos com cópias manuscritas
e também a morosidade em se fazer viagens, tal processo foi rápido e
extraordinário. O valor, a divina inspiração, a morte das testemunhas oculares,
os ensinos de Jesus, tornaram o processo de preservação dos livros mais
importante. É neste prisma que desejo esboçar algumas idéias a respeito da
formação do cânon do Novo Testamento, não quero promover um tratado sobre o
assunto, e por isso procurarei ser breve e objetivo nas abordagens e
considerações que visam pesquisá-lo histórica e criticamente.
1. Definição
A palavra Kanwn, significava primitivamente vara ou régua de uma maneira
especial era usada para medir algo em linha reta, à semelhança da linha ou
régua dos pedreiros e carpinteiros. Passou a significar metaforicamente um
padrão(25). Em gramática significava uma regra; em cronologia, uma tabela de
datas; em literatura uma lista de obras que podiam ser corretamente atribuídas
a um determinado autor. Assim o cânon de Platão refere-se à lista de tratados
que podem ser atribuídos à Platão como genuinamente de sua autoria. O processo
bíblico pelo qual os livros foram escolhidos é então chamado de canonização.
Os cânones literários são importantes,
porque só as obras literárias genuínas de um autor podem revelar o seu
pensamento. Num embate entre as heresias, as literaturas pagãs e as doutrinas
defendidas pela igreja surgem então a necessidade de serem avaliados os livros
ou escritos que circulavam no contexto clerical. Sendo assim a palavra cânon
passou a denotar o conteúdo das escrituras. "Cânon, finalmente, é o corpo
de escritos havidos por únicos possuídos de autoridade normativa para a fé cristã,
em contraste com escritos que não o são ainda que contemporâneos"(26).
3. O Critério Canônico
Moule nos sugere que: "se
perguntarmos quais os critérios que a igreja, conscientemente, havia aplicado
para provar a autenticidade dos seus escritos, descobriremos que tais critérios
são determinados pela controvérsia com heréticos e incrédulos"(27). A
controvérsia com os grupos heréticos logo após a morte dos apóstolos, foi um
fator que resultou no interesse da igreja em possuir uma literatura autorizada.
Documentos que fossem fidedignos , que estivessem acima das mudanças, isto é,
que fossem incorruptíveis. Pois a igreja que se desenvolvia e se expandia
precisava de uma liderança em questões de fé e de prática. Deus resolveu a
problemática por meio do Espírito Santo, o Espírito da verdade, que guiou os
apóstolos e a igreja em desenvolver e canonizar a palavra inspirada e
autorizada. Em resumos o processo foi o seguinte: os livros que chamamos de
Novo Testamento foram escritos; eles foram amplamente lidos; foram aceitos
pelas igrejas como úteis para a vida e a doutrina; foram introduzidos na
adoração pública da igreja; ganharam aceitação através de toda a igreja e não
apenas das congregações locais; e foram oficialmente aprovados mediante decisão
formal da igreja(28). Porém, a igreja estabeleceu alguns critérios(29) para
selecionar os escritos, dentre os quais destacaremos:
A APOSTOLICIDADE:
O material em consideração pela
comunidade eclesiástica deveria ter sido redigido por um dos doze que
conviveram com Jesus. "O livro deveria ter sido escrito por um apóstolo ou
baseado em seu testemunho ocular. Os apóstolos eram tanto testemunhas oculares
pessoais do ministério de Cristo como os primeiros líderes da Sua
igreja"(30). Assim sendo o testemunho deles tornou-se a primeira
autoridade nesta nova comunidade de fé. Já que estes ficaram com a
responsabilidade de instruir os novos discípulos seu testemunho deveria ser
aceito pela igreja como possuindo a autoridade de Jesus. Logo os seus escritos
deveriam ser aceitos. Se o escrito procedesse de alguém que não estivesse no
grupo dos doze mas que tivesse alguma relação com estes seria aceito.
"Quanto aos evangelhos, estes deveriam manter o padrão apostólico de
doutrinas particularmente com referência à encarnação e ser na realidade um
evangelho e não porções de evangelhos, como tantos que circulavam naquele
tempo"(31).
A CATOLICIDADE.
Este fator envolve a circulação, o uso
e a aceitação do livro. Já que não era fácil comprovar a autenticidade
apostólica, esta característica auxiliou e muito a confecção do Cânon. "Os
autores tinham no geral seguidores em sua igreja e comunidade, mas só os livros
usados pela igreja inteira vieram a ser incluídos no Cânon. Como os pastores e
membros das várias congregações se comunicavam entre si, os livros mais usados
se tornaram obviamente conhecidos"(32). Como nem sempre era fáceis
demonstrar a autenticidade apostólica do documento, nem mesmo sua derivação, o
critério do uso e circulação veio colaborar na aferição canônica. Existe a
probabilidade de que certos escritos foram aceitos e circularam tendo a
autoridade antes mesmo de possuir qualquer tipo de relação com o grupo
apostólico(33).
A ORTODOXIA.
Esta também era um importante fator na
questão da seleção. nos relatos, livros escritos que para serem canonizados
deveriam possuir no seu bojo um conteúdo doutrinário cristalino. Nenhum dos
escritos que concorriam a uma aceitação canônica poderia contrariar àquela
ortodoxia característica das primeiras décadas(34). Isto possibilitou a igreja
a expor e repudiar as grandes heresias dos primeiros séculos e preservar a
pureza do Evangelho. E quando havia erros ou obscuridades nos escritos estes
eram tirados da lista canônica.
INSPIRAÇÃO.
A última prova para canonizar era a
inspiração. Os livros escolhidos davam evidências de serem divinamente
inspirados e autorizados. O Espírito Santo guiou a igreja para que ela
discernisse entre a literatura religiosa genuína e a falsa. Houve a necessidade
de um certo período de tempo para se concretizar.
4. Os Primeiros Escritos
Os doze apóstolos eram o cânon e o
foram enquanto viveram, já que a comunidade cristã dos primórdios preferia a
mensagem proferida oralmente por aquelas pessoas que testificaram, estando
presentes e participantes do ministério de Jesus. "Bem cedo na história da
comunidade cristã, quem sabe ainda dentro da quarta década do primeiro século,
surgiram os primeiros escritos que seriam a semente onde o Novo Testamento
procede. Eram documentos rudimentares, escritos provavelmente em aramaico,
sendo que os testemunhos teriam de ser em hebraico. Esses testemunhos eram
textos do Antigo Testamento catalogados pelos primitivos missionários com a
finalidade de provar o caráter messiânico da encarnação, ministério, morte e
ressurreição de Cristo. Muito destas listas de textos provas serviu à
composição dos evangelhos. O discurso de Estevão em Atos revela a influência
destas listas organizadas. O cânon para a escolha desses textos eram
naturalmente os apóstolos"(35).
A necessidade de se responder as
dúvidas e dificuldades de algumas igrejas e de alguns líderes, promoveu o
surgimento de cartas e tratados dos apóstolos orientando-os na forma de agir.
Tendo como precursor Marcos inicia-se a produção dos Evangelhos canônicos e
série extensas de apócrifos, entre os quais alguns são conhecidos(36). Em
nenhuma das circunstâncias houve a intenção de suplementar o Antigo Testamento
que eram as Escrituras. E as coleções a respeito de Jesus, repleta de parábolas
e narrativas, foram copiadas muitas vezes e entregues às várias congregações
para serem lidas. "Nenhum livro seria admitido para a leitura pública na
igreja se não possuísse características próprias. Muitos outros livros
circulavam quando Mateus começou a ser usado pelos cristãos(37). Estas compilações
acrescentaram o número de material evangélico. No entanto o testemunho vivo dos
apóstolos era o mais preferido.
5. O Surgimento de um Cânon
A coletânea dos textos cristãos
primitivos que estava começando a ser feita trouxe um estímulo à evolução desse
processo. Muito provavelmente, no fim do século I já havia uma coleção das dez
epístolas de Paulo. De concreto sabemos que uma coleção de dez epístolas
paulinas só aparecem claramente confirmada com Marcião, por volta do ano 140,
mas é bem pouco provável que Marcião tenha sido o primeiro a reunir tais
epístolas. O cânon de Marcião foi o primeiro a ser adotado por um grupo de
seguidores de Marcião(38). O cânon de Marcião provocou uma reação violenta no
seio da igreja. "Como é natural, a igreja nunca aceitou o cânon de Marcião
como legítimo, Este falso cânon levantou, porém, duas questões. Primeira, que
livros eram legitimamente a palavra de Deus? E segunda, como a igreja poderia
proteger o uso errado das cartas de Paulo, como aconteceu com Marcião, no
futuro? Para resolver a primeira pergunta os líderes da igreja começaram a
estudar a questão do cânon. Para tratar da segunda, as igrejas começaram a
colocar Atos antes das epístolas de Paulo"(39).
O fato de rejeitar certos livros
mostrava que tinham sido considerados como revestidos de autoridade no tempo de
Marcião e os oponentes deste acorreram em defesa dos livros que ele rejeitava.
Irineu atacou-o(40), e Tertuliano escreveu cinco livros contra os seus erros. A
organização arbitrária de um cânon por Marcião mostrou que: os livros aceitos
deviam ser considerados como autênticos; e que aqueles que rejeitara eram
aceitos como canônicos pelos cristãos em geral. Por volta de 150 A.D. a igreja
não tinha o seu cânon formalmente expresso; contudo, referências prévias mostraram
que a maioria dos livros do Novo Testamento estava praticamente em uso da
Síria, na Ásia Menor e em Roma; já na metade do século II, a força do
cristianismo se havia transferido para Roma, a cidade imperial. Os ensinos
heréticos de Marcião, sua adoção de um cânon e a popularidade dos seus ensinos
poderiam ter forçado a igreja a reconhecer formalmente um Cânon.
O cânon Muratoriano(41) embora seja um
documento fragmentário revela que já havia uma lista do Novo Testamento,
provavelmente em oposição ao cânon herético de Marcião. O Cânon muratoriano
omite Tiago, 1 e 2 Pedro e Hebreus, o próprio manuscrito não é mais antigo do
que o século VII, mas o seu conteúdo pertence provavelmente ao último terço do
século II, cerca de 170 d.C. O fragmento muratoriano representa uma coleção
oficial de livros que difere do Novo Testamento atual apenas pela exclusão de
quatro e a inclusão de um. Nomes como Irineu, Tertuliano e Clemente de
Alexandria são mencionados pela história da igreja como defensores de um Cânon
do Novo Testamento. "Os três grandes teólogos do fim do século II, pois,
reconhecem um Novo Testamento que contém os quatro evangelhos e uma parte
apostólica, a qual pertencem incontestavelmente as 13 epístolas de Paulo, os
Atos dos apóstolos, a 1 carta de Pedro, a 1 carta de João e o Apocalipse, ao
passo que a canonicidade das cartas gerais e Hebreus não estavam determinadas,
e ocasionalmente outros escritos eram encarados e abordados canônicos(42). Vale
salientar que uma outra lista foi preparada por Cirilo de Jerusalém contendo
todos os livros atuais do Novo Testamento com exceção de Apocalipse(43). O
Cânon do Novo Testamento que obteve finalmente a aprovação em toda a igreja foi
estabelecido por Atanásio, bispo de Alexandria, em 367 A.D. que em sua carta
pascal(44) desse ano fez uma declaração importante para a história do Novo
Testamento. Esta lista foi mais tarde aprovada pelos concílios da igreja
reunidos em Hippo Regius em 393 e Cártago em 397, e permanece sendo o cânon do
Novo Testamento hoje. O que os concílios da igreja fizeram não foi impor algo
novo sobre as comunidades cristãs, mas codificar o que já era a prática geral
daquelas comunidades(45). Para Barclay a "Bíblia e os livros da Bíblia
vieram a ser considerados como a palavra inspirada de Deus, não em vista de
qualquer decisão de qualquer Sínodo, Concílio, Comitê ou igreja, mas porque
neles a humanidade encontrou Deus(46).
6. A Conclusão do Cânon do Novo
Testamento
O cânon, lista dos volumes pertencentes
a um livro autorizado, surgiu como um reforço à garantia centralizada no bispo
e à fé expressa num credo. As pessoas, equivocadamente, supõem que o cânon é
uma lista de livros sagrados vindos diretamente dos céus ou, imaginam que o
cânon foi estabelecido pelos concílios eclesiásticos. Não foi assim, pois os
vários concílios que se pronunciaram a respeito do problema do cânon do Novo
Testamento apenas o tornavam públicos, porque já tinham sido aceitos amplamente
pela consciência da igreja. A história do cânon estava concluída no Ocidente no
começo do século quinto, cem anos mais cedo que no Oriente.
É evidente que nem todos os livros do
atual Novos Testamento eram conhecidos ou aceitos por todas as igrejas do
Oriente e do Ocidente durante os primeiros quatro séculos da era cristã. As
variações do cânon eram devidas a condições e interesse locais. O cânon
existente surgiu de um vasto corpo de tradição oral e escrita e de especulação,
e impôs-se às igrejas devido a sua autenticidade e poder dinâmico inerente.
Sendo portanto um fruto do emprego de vários escritos que provavam o seu mérito
e a sua unidade pelo seu dinamismo interno. Alguns foram reconhecidos mais
lentamente do que os outros devido ao seu pouco tamanho ou devido ao caráter
remoto ou particular do seu destino ou até mesmo ao anonimato no tocante a
autoria, ou falta de aplicabilidade as necessidades da igreja naquele período.
Porém, nenhuns desses fatores trabalham contra a inspiração divina destes
livros ou contra o seu direito de possuir um lugar na palavra autorizada do
Deus Todo-Poderoso.
Torno frisar o que disse no começo, Existe uma doutrina
ortodoxia a respeito da pessoa de Cristo
e um Doutrina ortodoxia a respeito da bíblia.Ambas envolvem Deus e o Homem e
resultam em um produto final isento de pecado.
Artur
Bueno
05/06/2006
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