Mandamentos de Amor
(Baseado na mensagem “Os 10 Mandamentos: Palavra de Libedade” do Pr.
Ricardo Agreste)
Somos uma sociedade cada vez mais avessa a ideia de se submeter a
imposições religiosas e muitas vezes até mesmo sociais. Possivelmente esta
aversão tem aumentado em decorrência de nosso mundo pluralista e relativista.
Em meio a esta realidade algumas igrejas cristãs tem anulado as leis do
Antigo Testamento por entenderem que vivemos debaixo da graça, de um Novo
Testamento. Para estes Jesus Cristo, na cruz, pôs fim a toda lei.
Tal posicionamento tem gerado alguns problemas na vida de muitos cristãos
e em decorrência disso a toda humanidade. Podemos apontar três problemas:
1.
No contexto cristão, como vimos,
igrejas tem aderido a anulação de todas as leis do Antigo Testamento. Contudo
este é um grande erro teológico que tem gerado dois tipos de grupos de igreja:
a.
Primeiro grupo: os que voltaram aos
velhos rudimentos da Lei, oferecendo novamente sacrificios a Deus, guardando os
dias de festa, etc. e desta forma anulando o sacrificio de Cristo.
b.
Segundo grupo: os que vivem de
forma ilicita, imoral, sendo governados por seus desejos desenfreados; afinal
não existem mais leis a serem observadas.
2.
A geração atual tem vivenciado um
mundo mais corrupto, violento, imoral, o número de divórcio tem aumentado a
cada ano, sexo se tornou objeto de consumo, pois o homem vive sem considerar os
principios de Deus descritos nas leis do Antigo Testamento. A soberba do homem
o levou a acreditar que pode viver sem o manual do seu Criador.
3.
A igreja deixou de ser missional,
perdeu sua identidade. A comunidade de discipulos precisa resgatar a obediência
aos principios e valores do Reino de Deus como parte de sua missão na história.
Estes principios testemunham a sabedoria de Deus. Apontam o caminho para os que
buscam a luz, a verdade que é Jesus.
Ao contrário do que se pensa, os mandamentos de Deus nos levará a uma vida
equilibrada e feliz. Sim! A obediência aos mandamentos nos levará a vida tão
sonhada por todos.
Precisamos tirar de nossos pensamentos a compreensão que as 10 leis de
Deus ou ainda que todas as leis de Deus são pesadas para nós. Temos uma
compreensão equivocada dos mandamentos de Deus.
As leis tinham o objetivo de proporcional uma vida de
equilibrio, de esperança, de harmonia e felicidade para todos. Essa verdade se
revelava nas diversas leis, por exemplo:
·
A lei do jubileu (Lv 25) visava restituir a liberdade de todos a cada 50
anos. Toda dividida deveria ser perdoada e a herança de todo aquele que tinha
sido tomada como parte de pagamento deveria ser devolvida.
·
A lei agrária visava dar descanso a terra (Lv 25:1-7). Se plantava durante
6 anos e no sétimo nada poderia ser plantado. A terra teria um descanso.
·
A lei referente aos grãos que caiam no chão durante a colheita, objetivava prover alimento para os necessitados.
Se é claro que Deus visa nos proporcionar através de seus mandamentos
liberdade, equilibrio, harmonia para todos, por que não fazemos uso dos
principios e valores dados por Deus como “passaporte para uma vida feliz”? Por
que resistimos tanto aos mandamentos de Deus?
A resposta desta pergunta se deve a dois fatos: 1) não conhecemos Deus
como deveríamos a ponto de confiar em suas intenções para conosco; 2) não
compreendemos o verdadeiro significado por trás de seus mandamentos ao ponto de
nos desarmarmos e obedecermos.
João Calvino, reformador, nos ensina que quando estudamos
sobre as leis de Deus precisamos compreender que a lei no Antigo Testamento era
dividida em duas: Lei Cerimonial e Lei
Moral.
A lei cerimonial
compreendia todos os rituais de sacrificios e purificação exigida para
adoração. Todas esses ritos apontavam para Jesus, de tal forma, que eles tem
seu fim em Jesus. Não existe mais necessidade de rituais de sacrificio e de
purificação, uma vez que Jesus se tornou o sacrificio final.
A lei moral, como: não matarás, não adulterarás, shabat
(descanso), jubileu, cidade de refúgio, etc. – continuam em vigor. Jesus
cumpriu as leis morais, por meio do amor. Jesus não anulou as leis morais, pelo
contrário, ele espera que a cumpramos com maior desenvoltura, uma vez que somos
chamados a amar a todos, como ele amou.
A lei moral cumpre 3 objetivos:
1.
Revela a nossa natureza pecaminosa. Aponta o que está
dentro de nós.
2.
Contem o mal da sociedade. Através dela se detém
parcialmente a ação do pecado em nós.
3.
Orienta o povo de Deus. Aponta o caminho que devemos
seguir.
A verdade é que não conseguimos cumprir as leis morais, contudo não somos
mais condenados por isso, pois Jesus pagou o preço de nossa incapacidade, de
nossos pecados. Entretanto Ele deseja que nos esforcemos o máximo para
vivê-las.
O povo de Israel não chamavam as leis de Deus de 10 mandamentos, mas de
“decálago”, isto é, as “dez palavras de Deus”.
O decálago não são palavras impositivas, de um Deus carrasco, com o fim de
por um peso sobre os homens, mas pelo contrário, são orientações de um Pai
gentil que deseja proteger seus filhos e conduzi-los ao cumprimento de sua
missão.
Vejamos o que diz Êxodo 19:5-6.
5Agora, se me obedecerem fielmente e
guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as
nações. Embora toda a terra seja minha,
6vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’. Essas são as palavras que você dirá aos israelitas".
6vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’. Essas são as palavras que você dirá aos israelitas".
Neste texto está revelado o desejo de Deus em proteger os
israelitas (serão o meu tesouro pessoal)
e a missão (um reino de sacerdotes)
que desejava para eles ao anunciar as dez palavras.
O povo de Israel tinha e tem a perspectiva correta da lei –
Deus os amava e desejava protege-los e exaltá-los -, mas não compreenderam a
sua missão. Eles vivem ainda hoje desprovidos da dimensão missional.
Vejamos o que diz o
primeiro mandamento ou a primeira palavra de Deus ao povo de Israel.
1E Deus falou todas estas palavras:
2"Eu
sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão.
3"Não
terás outros deuses além de mim.
Devemos recordar
o contexto em que se encontrava o povo de Israel antes de Deus libertá-los.
Israel era um povo oprimido pelos egípcios e por seus deuses. O sofrimento de
Israel era tanto que eles clamavam constantemente para que Deus os libertasse.
Deus ouviu o clamor de Israel e levantou Moisés para tirá-los do Egito. Através
de Moisés, Deus enviou 10 pragas sobre o Egito, demonstrando dessa forma seu
poder sobre todos os deuses egípcios e afirmando dessa forma ser o único e
verdadeiro Deus.
Faraó que era
reconhecido como filho de um deus egípcio, e por isso mesmo, se achava um deus,
subjugava os israelitas a serviços pesados, quando não sacrificava seus filhos
aos seus deuses.
O texto diz que
Deus libertou Israel das mãos dos egípcios, e o fez não para oprimi-los, mas
para que tivessem liberdade. Deus teve misericórdia do povo. Deus amou a Israel
e por isso, a primeira palavra de Deus (o primeiro mandamento) é que eles não
tivessem outros deuses além Dele, uma vez que isto os tornaria novamente
escravos de seus ídolos.
Todo ídolo leva
seu adorador a ser devorado, até que a morte o destrua. O ídolo, nada mais é
que instrumento para que demônios destruam nossos relacionamentos pessoais,
nossa saúde, nosso emocional e nos levem por fim a morte eterna, ao inferno,
isto é, a uma vida eterna sem Deus.
Deus age como
todo pai que deseja o bem do filho e por isso manda que o mesmo não coloque a
mão no fogo, o orienta a não subir na cadeira para não cair, a não atravessar a
rua para não ser atropelado por um veículo. Deus entrega não um mandamento com
o fim de punir, de proibir por proibir ou ainda por egoísmo. Não! Deus diz uma
palavra com o fim de proteger aqueles a quem libertou.
Deus havia
prometido leva-los a terra de Canaã. O povo canaanita possuía vários deuses:
para sexualidade, prosperidade, sabedoria, fertilidade, riquezas, animais, etc.
A lei visava
prevenir Israel de não cair na tentação de servirem aos diversos deuses que
encontrariam na terra de Canaã, pois se viessem a servirem estes deuses, eles
se tornariam como os egípcios, iriam oprimir aos estrangeiros, sacrificariam
seus filhos para apaziguar a ira destes falsos deuses, viveriam em busca de
seus prazeres pessoais sem se importarem com a dor do seu próximo, valorizariam
mais as riquezas do que uma vida.
Nossa sociedade
hoje não é muito diferente dos egípcios ou dos povos que habitavam Canaã, mudou
o modus operante, mas Mamon continua
sendo adorado, pessoas matam umas as outras por riqueza e poder. Moloque
continua sendo servido através de pais que sacrificam o futuro de seus filhos
em busca de “sucesso” profissional, ainda outros sacrificam os filhos através
da violência física ou emocional. Apolo é cultuado como o deus da masculinidade,
do corpo perfeito, nas academias, onde jovens e adultos são capazes de
colocarem a saúde em risco para terem o corpo perfeito. O culto a Apolo, o deus
da beleza masculina, se encontro no culto ao corpo. Pessoa obcecadas medindo
cada centímetro alcançado no bíceps, na panturrilha. Dedicam horas e mais horas
para ganharem 1cm de massa muscular, entretanto não fazem esforço algum para
melhorarem o relacionamento com Deus. Mulheres cultuam a Afrodite, a deusa da
beleza feminina e da sensualidade, em busca também de um corpo perfeito. Elas
se sujeitam a pagarem altos valores para uma cirurgia plástica, para alcançarem
uma estética perfeita, assim como muitos homens passam horas malhando, se
sujeitam a tomarem coquetéis para moldar o corpo. A sociedade de hoje
inconscientemente continuam adorando a estes ídolos, falsos deuses, que os
levam a um caminho de destruição e morte.
A verdade é que
estes deuses não passam de demônios agindo por trás destes ídolos. Hoje eles
não se apresentam por trás de um poste-ídolo, de uma escultura feita de gesso
ou madeira, mas se apresentam por trás de conceitos propagados pelas mídias.
Deus pede para
que os israelitas não servissem a outros deuses porque Ele sabia que estes
deuses iriam aprisiona-los novamente e mata-los.
Segundo Ricardo
Agreste a essência da idolatria se mostra “quando fazemos de algo a razão de
nossa existência, nossa fonte primária de felicidade (nossos filhos, nosso
trabalho, etc.), a base de nossa identidade e a força que nos orienta (eu não
sou o que faço – não sou pastor – eu sou o Ricardo. O que serei se não puder
mais pastorear?)”.
A pergunta que
você deve fazer e responder com sinceridade: “Quem é meu o deus?” São os bens
materiais, sucesso profissional, beleza física, prazer, meu cônjuge, meu filho.
Nada disso é errado, mas o amor fora de ordem é pecado, segundo Santo
Agostinho.
1)
Deus;
2) Conjuge; 3) Filhos; 4) Carreira profissional; 5) Igreja
Se você inverter
a escala irá criar um ídolo ou no mínimo estará agindo fora da orientação de
Deus.
Ø David Foster escritor americano e ateu convicto. Nascido
no ano de 1962. Em 12
de setembro de 2008, David Foster Wallace foi encontrado
enforcado. Segundo seu pai, ele sofria de depressão há mais de 20 anos, mas esta vinha se
tornando mais severa nos meses que precederam seu suicídio.
Ø David Foster afirmou “que não existe
ateísmo, que não existe a não adoração. Todo mundo adora algo. A única
alternativa que temos é o que adorar”.
A única forma de
sermos livres e permanecermos livres é adorando a Jesus, nosso Deus, acima de
todas as coisas. Essa é única forma de você ser livre, mantendo Deus no lugar
Dele, porque somente Ele te ama verdadeiramente e deseja seu bem. Por isso Ele
te diz: “não adorarás a outros deuses”.
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
01/06/2016
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