APOSTILA DE HERMENÊUTICA
Professor: Cornélio Póvoa de Oliveira
www.semeandoabiblia.blogspot.com
DATA
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AULA
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HERMENÊUTICA
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04/08
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1
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Apresentação
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Conhecendo
os alunos
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1.
Objetivos
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2.
Introdução
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18/08
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2
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3.
Definições
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4.
Origem
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5.
Hermenêutica Bíblica
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6.
Divisões da Hermenêutica Bíblica
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25/08
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3
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7.
A Necessidade da Hermenêutica
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8.
Características Necessárias Para Estudar as Escrituras
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01/09
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4
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9.
Pressuposições Gerais da Hermenêutica
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10.
Fatores Que Influenciam o Processo de Interpretação Bíblica
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10.1 As Diversas Posições Sobre a Bíblia
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08/09
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5
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10.
Fatores Que Influenciam o Processo de Interpretação Bíblica
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10.2 As Diversas Teologias
Formuladas a Partir da Bíblia
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10.3 As Diversas
Teorias Formadas a Partir da Bíblia
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15/09
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6
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11.
Métodos da Hermenêutica
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11.1
Método Analítico
·
Estudo
do texto de 1 Timóteo 2 (alunos)
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22/09
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7
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1ª
PROVA HERMENÊUTICA 1
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29/09
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Estudo
do texto de 1 Timóteo 2 (alunos
e professor)
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06/10
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11.
Métodos da Hermenêutica
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11.2
Método Sintético
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11.3
Método Temático
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11.4
Método Biográfico - Estudo de um
personagem bíblico (livre)
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13/10
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12.
Exegese
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Exercícios
de exegese: Lucas 13:18-21
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20/10
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13.
Figuras Retóricas
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27/10
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13.
Figuras Retóricas
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03/11
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14.
Regras Fundamentais de Interpretação
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10/11
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17/11
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2ª
PROVA HERMENÊUTICA 1
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24/11
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2ª
PROVA PANORAMA ANT. TESTAMENTO
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·
Recuperação
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Bibliografia: OSBORNE, Grant R. Espiral
hermenêutica: A uma nova abordagem à interpretação bíblica; Editora
Vida, São Paulo,
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AULA 1
Ø Dinâmica
com o fim de conhecer os alunos
1 – OBJETIVOS
·
1.1. Nossa proposta com este estudo é levar os nossos alunos
do Curso de Teologia e aos estudantes da Bíblia em geral a melhor interpretação
da Bíblia possível.
·
1.2. Nosso alvo é alcançar tanto a intelectualidade como a
espiritualidade do aluno, convidando-o à pesquisa, expondo a matéria de uma maneira
simples e inteligível.
2 – INTRODUÇÃO
Os
homens se diferem entre si economicamente, sexualmente, fisicamente,
intelectualmente, historicamente, psicologicamente, espiritualmente,
eticamente, politicamente, etc., e esse fato, naturalmente, faz com que eles
distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade intelectual, no gosto
estético, na qualidade moral e etc. Todas estas diferenças provocam
divergências de interpretação de textos, de fatos e acontecimentos gerais.
Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os mesmos e
este está revelado na Bíblia Sagrada. Este plano de Deus traça um mesmo caminho
para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a unificação dos povos sem
distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, condições social e econômica. (Gl
3.28; Cl 3.11). Diante deste quadro a aplicação da hermenêutica se torna
imprescindível a unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos
os homens da terra.
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AULA 2
3 – DEFINIÇÕES
Hermenêutica
é a ciência e arte de interpretar textos.
A
hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de
interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da interpretação de sinais,
símbolos e leis de uma cultura.
·
Hermenêutica
é considerada ciência porque ela tem normas, ou regras, e essas podem ser
classificadas num sistema ordenado.
·
Hermenêutica
é considerada arte porque a comunicação é flexível e, portanto, uma aplicação
mecânica e rígida das regras, às vezes, distorcerá o verdadeiro sentido de uma
comunicação.
·
Hermenêutica
é um ato de caráter espiritual, quando se trata da interpretação da Bíblia,
pois deve ser realizada na dependência do Espírito Santo.
·
Exige-se
do bom intérprete que ele aprenda as regras da hermenêutica bem como a arte de
aplicá-las e que tenha uma vida piedosa.
Interpretar um texto implica em duas vertentes:
·
É
tornar o autor bíblico contemporâneo do leitor (nós), aproximando-nos à
compreensão da mesma época do autor.
·
É
comentá-lo de forma a alcançar a capacidade de compreensão das pessoas a quem
se deseja comunicar a sua mensagem.
Ao
interpretar devemos partir de três perguntas básicas:
·
O
que o texto diz ou qual seu significado? (exegese);
·
O
ele diz para mim ou qual seu significado para mim? (devocional);
·
Como
compartilhar com você o que o texto diz ou seu significado para nós? (homilética).
4 – ORIGEM
A palavra
HERMENÊUTICA é derivada do termo grego HERMENEUTIKE e o primeiro homem a
empregá-la como termo técnico foi o filósofo Platão.
Uma das
primeiras ciências que o pregador deve conhecer é certamente a hermenêutica.
Porém, quantos pregadores há que nem de nome a conhecem! Que é, pois, a
hermenêutica? "A arte de interpretar textos", responde o dicionário.
Porém a hermenêutica (do grego hermenevein, interpretar), da qual nos
ocuparemos, forma parte da Teologia exegética, ou seja, a que trata da reta
inteligência e interpretação das Escrituras bíblicas.
5 – HERMENÊUTICA BÍBLICA
Esta
é uma disciplina do curso de teologia da mais alta importância por ser o ponto
de convergência de todo conhecimento bíblico, teológico e geral. Todo
conhecimento será importante no momento da exegese.
Através
das regras da Hermenêutica, o estudante é capaz de organizar, compreender,
comentar e aplicar o material bibliográfico à sua disposição.
A
hermenêutica é importante porque capacita a pessoa a se movimentar do texto
para o contexto, para que o significado inspirado por Deus na Bíblia fale hoje
com uma relevância tão nova e dinâmica quanto em seu ambiente original. Além
disso, pregadores ou professores devem anunciar a Palavra de Deus em vez de
suas opiniões religiosas repletas de subjetividade. Só uma hermenêutica bem
definida pode manter alguém atrelado ao texto.
6 – DIVISÕES DA HERMENÊUTICA BÍBLICA
A
Hermenêutica Bíblica pode ser divida em geral e especial.
·
Hermenêutica Geral cuida das regras gerais de
interpretação da Bíblia, se aplica à interpretação de qualquer obra escrita. Aqui olhamos para o
contexto mais amplo dentro do qual uma passagem se encontra. Por exemplo:
Imagine que você ouça alguém mencionar a palavra “certo”. O que a pessoa está
dizendo? Certo porque não houve erro algum na tarefa que fez; certo porque
estava convencida do que o outro disse; certo conforme o que havia sido
acordado anteriormente. O contexto histórico e lógico nos ajudam a compreender
o contexto fornecendo os alicerces para a interpretação do texto.
o Contexto
histórico nos apresenta a autoria, data, a quem é dirigido e seu propósito.
o Contexto lógico é o mapeamento do
livro e da passagem que está sendo lida. Lembro que um verso deve ser lido no
contexto de seu paragrafo.
·
Hermenêutica Especial cuida das formas especiais de
interpretação, como: símbolos, tipos, figuras de linguagem e profecias. Esta
forma de interpretação se aplica a determinados tipos de produção literais tais como: Leis,
histórias, profecias, poesias, etc.
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AULA 3
7 – A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA
A
necessidade se dá pela razão que mencionamos em nossa introdução, isto é, pela
diversidade de diferença que existe de um homem para outro e podemos ainda
acrescentar a razão primária da necessidade da hermenêutica que é o pecado. Dessa forma podemos dizer que a necessidade da
hermenêutica se faz:
·
Por causa do
pecado que obscureceu
o entendimento do homem e exerce influência perniciosa em sua mente e torna
necessário o esforço especial para evitar erros (2Pd 3.16 e Dt 7.10).
·
Por causa do bloqueio histórico. Há um abismo histórico que nos separa dos escritores bíblicos e das
culturas primitivas. Precisamos transpor este bloqueio, se quisermos
compreender o significado da revelação. A antipatia de Jonas pelos ninivitas,
por exemplo assume maior significado, quando compreendermos os motivos
históricos, que fizeram Jonas desprezar os ninivitas.
·
Por causa do bloqueio cultural. O bloqueio Cultural. Cada um de nós vê
a realidade, através de olhos condicionados pela cultura. O conjunto de valores
culturais, científicos e ideológicos de uma cultura é o que chamamos de cosmovisão.
A cosmovisão da cultura bíblica é diferente em muitos pontos da cultura
atual. Para entendermos algumas passagens da Bíblia precisamos compreender, a cosmovisão
das culturas bíblicas. Como entender, por exemplo, I Coríntios 14:34? Será que
está recomendação se aplica nos mesmos termos aos dias de hoje? Como, era a
visão primitiva do universo? Como eram os relacionamentos sociais? A forma de
se vestir? De Comercializar? De se educar?
·
Por causa do bloqueio linguístico. A Bíblia foi escrita em hebraico,
aramaico e grego — três línguas que possuem estruturas e expressões idiomáticas
muito diferentes da nossa própria língua. Estamos habituados a escrever e
pensar com frases em nossa língua na sequência sujeito, verbo, predicado. Esta
forma de raciocínio e escrita não existe nas línguas primitivas. No grego, não
existe a sequência sujeito, verbo, predicado. Existem ainda diferenças nas
estruturas verbais, na forma de se organizar as frases, etc... A língua é um
grande obstáculo para a interpretação bíblica.
Precisamos considerar também que, as línguas evoluem. O português de
hoje, possui expressões irreconhecíveis para o português do século XV. E vice
versa. A língua é dinâmica e constitue-se como um obstáculo a ser vencido na interpretação
das escrituras.
·
Por causa do bloqueio filosófico. Cada cultura tem uma forma específica
de teorizar a realidade, o sagrado, o divino, etc... É importante nós
compreendermos a filosofia de cada cultura para que possamos entender parte de
seus comportamentos sociais e religiosos. A filosofia de uma cultura influencia
profundamente seus comportamentos, sociais, políticos, econômicos e religiosos.
8 – CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA ESTUDAR AS ESCRITURAS
Assim
como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido
especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito
filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial para o estudo
proveitoso da Sagrada Escritura.
A Bíblia é
um livro singular. Em suas páginas encontramos riquezas de conhecimentos de
teologia, psicologia, história, geografia, sociologia, antropologia, biologia,
etc.
Não existe
outro livro que, como a Bíblia, tenha sido escrito no decorrer de
aproximadamente 1500 anos, por cerca de quarenta escritores, em três
continentes diferentes, em meio ao calor do deserto e no frescor de um palácio,
em tempo de guerra e em tempo de paz. Seus escritores variam de homens simples
do povo a grandes sábios e doutores.
Por tudo
isso e muito mais, se fazem necessárias, além do conhecimento hermenêutico,
qualidades vocacionais e espirituais ao intérprete da Palavra de Deus.
·
Necessita de fé
Está
escrito: “Sem fé é impossível agradar a Deus, por que é necessário que aquele
que Dele se aproxima, creia que Ele existe e que é galardoador dos que o
buscam.”(Hb 11.6). Aquele que ainda não tem fé não está apto para interpretar a
Palavra de um Deus em quem não crê, no entanto, deve lê-la e ouvi-la para
adquirir fé, como também está escrito: “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela
Palavra de Deus.”(Rm 10.17).
·
Necessita comunhão com Deus
Deus
disse ao profeta: “Clama a mim e responder-te-ei e te mostrarei coisas grandes
e ocultas que ainda não sabes.”(Jr 33.3). Quem pretende entender a Revelação
Escrita de Deus deve viver em constante oração, louvor e meditação em sua
Palavra.
·
Necessita de um espírito dócil.
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação
divina. É preciso receber a Palavra de Deus com mansidão (Tg 1.21).
·
Necessita de um espírito amante da verdade.
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21).
·
Necessita de um espírito paciente.
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o
metal precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve pacientemente,
buscar as revelações que Deus propôs e que em algumas partes é bastante
profunda e de difícil interpretação.
·
Necessita gosto pela leitura e escrita
Na
lida exegética é preciso ler muito. Pessoas que não têm prazer na leitura
enfrentarão sérias dificuldades para interpretar textos.
Também
não se admite num interpretador de textos a preguiça de escrever. Tudo o que se
faz deve ser anotado, sob pena de ter que se fazer de novo. A memória falha,
mas a escrita não.
·
Necessita senso de organização
Terá
sem dúvida maior sucesso na interpretação quem for organizado. O arquivamento
de anotações, ou o backup de um arquivo, pode livrar o estudante de um duplo
trabalho. Manter os livros de pesquisa organizados e em local próprio facilita
sua consulta quando necessário. Arquive suas anotações por assunto. Isso vai
ser muito útil quando precisar delas novamente.
Uma
tarefa grande deverá sempre ser realizada em etapas para evitar o desânimo. As
tarefas mais fáceis devem ser concretizadas primeiro, a menos que uma outra
ordem seja inevitável.
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AULA 4
9. PRESSUPOSIÇÕES GERAIS DA HERMENÊUTICA
9.1- O que é uma
pressuposição?
O
filósofo Hilton Japiassu[1]
define o termo da seguinte forma: "Algo que se toma como previamente
estabelecido, como base ou ponto de partida para um raciocínio ou argumento".
Uma pressuposição não é demonstrada por meios de argumentos, é apenas aceita.
9.2 – Toda Ciência tem pressuposições
Quais as principais pressuposições da hermenêutica?
·
Pressuposição I: A BÍBLIA TEM
AUTORIDADE ESPIRITUAL E NORMATIVA
A Bíblia tem um inerente senso de autoridade
que se vê no constante uso da expressão “diz o Senhor”, no Antigo Testamento, e
na aura de uma autoridade apostólica divinamente conferida no Novo Testamento.
Quanto mais nos afastamos do significado
pretendido da Palavra, mais aumenta o descompasso com a autoridade.
Fontes autoridade existentes:
Ø
A fonte das Instituições e Tradições Cristãs (Igreja).
Ø
A fonte da Razão (conhecimento teológico e filosófico).
Ø
A fonte das Experiências (pessoal, empírico)
Ø
A fonte Bíblica
·
Pressuposição
II: A
Bíblia é inspirada
Cada escritor se expressa de formas distintas, com diferentes ênfases e
diversas figuras de linguagem. Por exemplo, João usa a linguagem do “novo
nascimento” para expressar o conceito da conversão, enquanto Paulo prefere a
linguagem da adoção. Paulo dá destaque a fé que pode levar a conversão,
enquanto Tiago destaca as obras que demonstram a fé.
Qual o método da inspiração?
Ø Inspiração
mecânica ou teoria do ditado verbal[2]
Ø Inspiração de
conceitos ou ideias[3]
Ø Inspiração plena
e verbal[4]
Ø
Inspiração parcial[5]
·
Pressuposição
III: Há
muitas questões tratadas na Bíblia, que são explicadas e provadas pela fé, e
não por via racional.
Exemplo: A existência de Deus, a dual natureza de Cristo, a Trindade, os
milagres, o método da criação, previsões proféticas..., etc...
·
Pressuposição
IV: É
necessário influência espiritual para uma correta compreensão das escrituras. Cremos
há uma influência do Espírito Santo no ato da interpretação dos textos bíblicos.
Todo leitor traz consigo um conjunto de “pré-conhecimentos”, isto é,
crenças e ideias que compõem a herança de seus antecedentes e da comunidade que
lhe serve de paradigma. Raramente lemos a Bíblia em busca da verdade: o que
mais acontece é querermos harmonizá-la com nosso sistema de crenças e ver seu
significado sob a perspectiva de nosso sistema teológico preconcebido.
10 – FATORES NO
CAMPO RELIGIOSO QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
A
pergunta fundamental feita na análise teológica é: Como essa passagem se
enquadra no padrão total da revelação de Deus? Antes de respondermos a esta
pergunta, devemos Ter uma compreensão do padrão da história da revelação.
Há,
neste momento uma necessidade de conhecimento dos conceitos de graça, lei,
salvação e o ministério do Espírito Santo.
"O
ministro também deve compreender e explicar um texto teológicamente. Não
somente deve estar inteirado do que esse texto está dizendo em primeiro plano,
mas também da teologia que elucida o texto."
Isto
significa que o pregador deve conhecer as tradições, a filosofia, a maneira de
pensar, a "Cosmovisão", as ideias acerca de Deus e da religião na
época em que aquela mensagem foi escrita.
As
divisões naturais incluem as grandes doutrinas a serem estudadas na análise
teológica: A Doutrina da Criação; a Doutrina de Deus; a Doutrina do Homem e do
Pecado; a Doutrina da Salvação.
É
preciso ter este conhecimento para não se deixar levar cegamente por livros,
comentários e outros materiais que não estão isento do pensar teológico do
autor.
O quanto sabemos, o
primeiro intérprete da Palavra de Deus foi o diabo, dando à palavra divina um
sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade. Mais tarde, o mesmo
inimigo, falseia o sentido da Palavra escrita, truncando-a, isto é, citando a
parte que lhe convinha e omitindo a outra.
Vamos
olhar rapidamente para alguns destes fatores que influenciam a interpretação
bíblica de um texto.
10.1 – As
Diversas POSIÇÕES SOBRE a Bíblia
A – O Modernismo
Teológico[6]
·
Os teólogos modernistas acreditam que a Bíblia contêm a palavra de Deus.
·
Algumas partes são inspiradas e outras não.
·
É um ponto de vista perigoso, pois é arriscado julgar determinadas
partes como inspiradas e outras não.
B – A Teologia Liberal[7]
·
Os liberais não creêm na doutrina da inspiração sobrenatural.
Transformam inspiração em um processo natural retirando dela o caráter
sobrenatural.
·
Acreditam que os autores relataram ideias culturais primitivas sobre
Deus.
C – A Posição Néo-ortodoxa[8]
·
Os néo-ortodoxos creêm que a Bíblia torna-se palavra de Deus.
·
A Bíblia torna-se a palavra de Deus quando os indivíduos a leêm e as
palavras adquirem para eles significado pessoal, existencial, ou quando há um
encontro pessoal entre Deus e o Homem.
·
Portanto, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não porém, de
maneira preposicional, isto é, nas frases e citações bíblicas.
D – A posição
Ortodoxa[9]
·
A bíblia é a palavra de Deus.
·
A posição ortodoxa é que Deus operou por meio das personalidades dos
·
escritores bíblicos de tal modo que, sem suspender seus estilos pessoais
de interpretação ou liberdade, o que eles produziram foi literalmente,
"soprado por Deus“, ou palavra de Deus.
·
II Tm 3:16 afirma: "Toda escritura é divinamente inspirada por
Deus...". A palavra grega para o termo "inspirada" é
theopneustos. Estamos falando aqui de uma inspiração de caráter sobrenatural,
em que Deus guia os autores bíblicos de tal modo que seus escritos trazem o
selo da inspiração divina.
·
Outro fato a destacar é que "toda escritura é divinamente
inspirada...", e não apenas partes, como alguns defendem. Se admitimos tal
possibilidade então abrimos uma lacuna perigosa: Como julgar se uma determinada
passagem bíblica é inspirada ou não? Ou como saber se estamos diante de uma passagem
inspirada?
·
Portanto, a inspiração Bíblica, segundo o ponto de vista ortodoxo,
abrange toda a revelação bíblica.
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AULA 5
10.2 – As Diversas
TEOLOGIAS FORMULADAS a Partir da Bíblia
A – Teologia Luterana
·
Duas verdades presentes em toda Bíblia: a lei e o evangelho.
·
A Lei é vista como manifestação do ódio ao pecado, trazendo juízo e a
ira de Deus.
·
O Evangelho é visto como
manifestação da graça, amor e salvação de Deus.
·
Segundo esse critério, passagens do V.T. como Gn.7:1 são consideradas
“evangelho” enquanto Mt.22:37 “Lei”.
·
A posição luterana acentua a “continuidade” no sentido de que a Lei e a
Graça (Evangelho) continuam presentes desde o início da história humana.
·
Assim, Lei e Graça não são duas épocas, mas partes integrantes do seu
relacionamento com o homem.
B – A Teologia Calvinista
O termo
Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante, exposto e defendido
por João Calvino (1509-1564). Seu sistema de interpretação bíblica pode ser resumido
em cinco pontos, conhecidos como "os 5 pontos do Calvinismo" (TULIP
em inglês):
1. Depravação total: Todos os homens nascem totalmente depravados, incapazes de se salvar
ou de escolher o bem em questões espirituais;
2. Eleição incondicional: Deus escolheu dentre todos os seres humanos decaídos um grande número
de pecadores por graça pura, sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé
prevista neles;
3. Expiação limitada: Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do resgate somente dos
eleitos;
4. Graça Irresistível: A Graça de Deus é irresistível para os eleitos, isto é, o Espírito
Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora neles;
5. Perseverança dos Santos: Todos os eleitos vão perseverar na fé até o fim e chegar ao céu. Nenhum
perderá a salvação.
C – A Teologia Arminista
O
Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius
(1560-1609), teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de
Calvino. Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos:
1. Capacidade humana, Livre-arbítrio: Todos os homens embora sejam
pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus
oferece;
2. Eleição condicional: Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo;
3. Expiação ilimitada: Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;
4. Graça resistível: Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;
5. Decair da Graça: Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o
fim.
O
sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 na Holanda,
por ser considerado anti-bíblico. Por incrível que possa parecer, hoje o Arminianismo
é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejas evangélicas. As
seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o Calvinismo.
D –
Teologia da Libertação
Teologia
da Libertação é uma corrente
teológica cristã nascida na América Latina, depois do Concílio Vaticano II e daConferência de
Medellín (Colômbia,
1968), que parte da premissa de que o Evangelho exige a opção preferencial pelos pobres[1] e de especificar que a teologia, para
concretar essa opção, deve usar também as ciências humanas e sociais.
É
considerada como um movimento supradenominacional, apartidário e inclusivista
de teologia política,
que engloba várias correntes de pensamento que interpretam os ensinamentos de
Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas condições econômicas,
políticas ou sociais. Ela foi descrita, pelos seus proponentes como
reinterpretação analítica e antropológica da fé cristã, em vista dos problemas
sociais, mas, seus oponentes a descrevem como marxismo, relativismo e materialismo cristianizado.
E –
Teologia da Prosperidade
Teologia
da prosperidade (também conhecida como Evangelho da prosperidade) é
uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira é
o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios
cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em
interpretações não-tradicionais da Bíblia, geralmente com ênfase no Livro de Malaquias,
a doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os humanos; se os
humanos tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e
prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um
ato de fé, o que Deus irá honrar.
Seus
defensores ensinam que a doutrina é um aspecto do caminho à dominação cristã da
sociedade, argumentando que a promessa divina de dominação sobre as Tribos de Israel se aplica aos cristãos de hoje. A
doutrina enfatiza a importância do empoderamentopessoal, propondo que é da
vontade de Deus ver seu povo feliz. A expiação (reconciliação com Deus) é
interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são
vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso
através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente professado
em termos contratuais e mecânicos.
10.3 – As Diversas TEORIAS FORMADAS a Partir da Bíblia
A – Teoria Dispensacionalista[10]
O dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que afirma que a segunda vinda de Jesus
Cristo será um acontecimento
no mundo físico, envolvendo o arrebatamento e um período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá
a batalha do Armagedon e o estabelecimento do reino de Deus na Terra.
A teologia dispensacionalista acredita que há dois povos
distintos de Deus: Israel e a Igreja. Os dispensacionalistas acreditam que a
salvação foi sempre pela fé (Em Deus no Velho Testamento; especificamente em
Deus o Filho no Novo Testamento). Os dispensacionalistas afirmam que a Igreja
não substituiu Israel no programa de Deus e que as promessas do Velho
Testamento a Israel não foram transferidas para a Igreja. Eles creem que as promessas que Deus fez a Israel no Velho
Testamento serão cumpridas no período de 1000 anos de que fala Apocalipse 20.
Eles creem que da mesma forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta
era, Ele novamente, no futuro, concentrará Sua atenção em Israel (Romanos
9-11). A maioria dos Dispensacionalistas são contra acordos de paz, pois
segundo eles, só adiaria o inevitável que é a volta de Jesus.
O que é uma Dispensação?
Período
em que o homem é provado com respeito à alguma revelação de Deus
·
Processo:
o Deus dá ao homem
um conjunto específico de responsabilidades ou padrão de obediência;
o O homem não
consegue viver à altura desse conjunto de responsabilidades;
o
Deus reage com misericórdia concedendo um novo conjunto de
responsabilidades – uma nova dispensação.
As principais
dispensações identificadas pelos dispensacionalistas:
Os dispensacionalistas acreditam que há uma série de
dispensações cronologicamente sucessivas, mas variam nas ordens desses eventos.
Ordem dos capítulos
|
||||||||
Esquemas
|
Gênesis 1-3
|
Gênesis 3-8
|
Gênesis 9-11
|
Gênesis 12
a Êxodo 19 |
Êxodo 20 a
Atos 1 |
Atos 2 a
Apocalipse 20 |
Apocalipse 20:4-6
|
Apocalipse 20-22
|
7 ou 8 esquema de
dispensação |
Inocência
ou Edênico |
Consciência
ou Antediluviano |
Governo Humano
|
Patriarcal
ou Promessa |
Mosaico
ou Lei |
Graça
ou Igreja |
Reino Milenal
|
Estado Eterno
ou Final |
4 esquema de
dispensação |
Patriarcal
|
Mosaico
|
Eclesial
|
Sionista
|
||||
3 esquema de
dispensação (minimalista) |
Lei
|
Graça
|
Reino
|
Das
sete dispensações, cinco já foram concluídas: inocência consciência, governo
humano, patriarcal e lei, e estaríamos vivendo a dispensação da graça que dará
lugar a milenial. Dois grandes eventos marcarão o fim desta dispensação: o
arrebatamento da igreja e a volta visível de Jesus para inaugurar o milênio.
B – Modelo
Epigenético[11]
• Compara
a revelação divina ao crescimento de uma planta: Uma árvore pequenininha é uma
árvore perfeita, mas ainda pequena, imatura e frágil.
• Assim,
os conceitos de Deus, de Cristo, da salvação e da natureza do homem crescem à
medida que a revelação de Deus progride.
=================================================================
AULA 6
11 – MÉTODOS DA HERMENÊUTICA
Método é
a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento seguido passo a
passo com o objetivo de alcançar um resultado.
Durante
séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos possíveis para desvendar
os tesouros da Bíblia e arquitetar meios de descobrir os seus segredos.
11.1 – Método Analítico
É o
método utilizado nos estudos pormenorizados com anotações de detalhes, por
insignificantes que pareçam com a finalidade de descrevê-los e estudá-los em
todas as suas formas. Os passos básicos deste método são:
A.
Observação – É o passo que
nos leva a extrair do texto o que realmente descreve os fatos, levando também
em conta a importância das declarações e o contexto;
B.
Interpretação – É o passo que
nos leva a buscar a explicação e o significado (tanto para o autor quanto para
o leitor) para entender a mensagem central do texto lido. A interpretação
deverá ser conduzida dentro do contexto textual e histórico com oração e
dependência total do Espírito Santo, analisando o significado das palavras e
frases chaves, avaliando os fatos, investigando os pontos difíceis ou incertos,
resumindo a mensagem do autor a seus leitores originais e fazer a
contextualização (trazer a mensagem a nossa época ou ao nosso contexto);
C.
Correlação – É o passo que
nos leva a comparar narrativas ou mensagem de um fato escrito por vários
autores, em épocas distintas em que cada um narra o fato, em ângulos não
coincidentes como por exemplo a mesma narrativa descrita em Mc 10.46 e Lc 18.35,
onde o primeiro descreve "saindo de Jericó" e o segundo
"chegando em Jericó";
D.
Aplicação – É o passo que
nos leva a buscar mudanças de atitudes e de ações em função da verdade
descoberta. É a resposta através da ação prática daquilo que se aprendeu.
Um exemplo de
aplicação é o de pedir perdão e reconciliar-se com alguém ou mesmo o de
adoração à Deus.
Exercício: 1 Timóteo 2 e 3 (dividir a sala em dois grupos
e cada um trabalhará o método analítico de um capítulo).
11.2 – Método Sintético (Procura o tema que amarra todo livro)
É o
método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma unidade inteira e
procura o seu sentido como um todo, de forma global (é a busca de sintetizar o que leu em uma palavra). Neste caso
determina-se as ênfases principais do livro ou seja, as palavras repetidas em
todo o livro, mesmo em sinônimo e com isto a palavra-chave desenvolve o tema do
livro estudado. Outra maneira de determinar a ênfase ou característica de um
livro é observar o espaço dedicado a certo assunto. Como por exemplo, o
capítulo 11 da Epístola aos Hebreus enfatiza a fé e em todos os demais
capítulos ela enfatiza a palavra SUPERIOR. (De acordo com a versão Almeida
Revista e Atualizada – ARA).
SUPERIOR:
A.
Aos anjos – 1.4; f) Ao sacrifício – 9.23; l) Ao sacerdócio – 5 a 7;
B.
A aliança – 7.22; g) Ao patrimônio – 10.34;
C.
A bênção – 7.7.; h) A ressurreição – 11.35;
D.
A esperança – 7.19; i) A pátria – 11.16;
E. A promessa –
8.6; j) A Moisés – 3.1 a 4;
11.3 – Método Temático (Busca no livro o tema desejado)
É o método
utilizado para estudar um livro com um assunto específico, ou seja, no estudo
do livro terá um tema específico definido (a leitura de um livro a partir de um
tema). Como exemplo temos a FÉ:
A.
Salvadora – Ef. 2.8; D. Grande – Mt 15.21 a 28;
B.
Comum – Tt 1.4; Jd 3; E. Vencedora – I Jo 5.4;
C. Pequena – Mt
14.28 a 31; F. Crescente – II Ts 1.3.
11.4 – Método Biográfico de Estudo da Bíblia (Estuda a vida de um personagem)
Esta
espécie de estudo bíblico é divertida, pois você tem a oportunidade de sondar o
caráter das pessoas que o Espírito Santo colocou na Bíblia, e de aprender de
suas vidas (Escolhe um personagem bíblico para estudar).
Sobre
alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda pessoas como
Jesus, Abraão e Moisés, pode precisar restringir o estudo a áreas como, "A
vida de Jesus como nos é revelada no Evangelho de João", "Moisés
durante o Êxodo", ou "Que diz o Novo Testamento sobre Abraão".
Lute sempre para manter os seus estudos bíblicos em tamanho manejável.
Estudo Biográfico Básico.
PASSO UM – Escolha a
pessoa que você quer estudar e estabeleça os limites do estudo (por exemplo,
"Vida de Davi, antes de tornar-se rei"). Usando uma concordância ou
um índice enciclopédico, localize as referências que têm relação com a pessoa
do estudo. Leia as várias vezes e faça resumo de cada uma delas.
1. Observações – Anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa pessoa. Quem era?
O que fazia? Onde morava? Quando viveu? Por que fez o que fez? Como levou a
efeito? Anote minúcias sobre ela e seu caráter.
2. Dificuldades – Escreva o que você não entende acerca dessa pessoa e de
acontecimentos de sua vida.
3. Aplicações possíveis – Anote várias destas durante o transcurso do seu estudo, e escreva um
"A" na margem. Ao concluir o seu estudo, você voltará a estas
aplicações possíveis e escolherá aquela que o Espírito Santo destacar.
PASSO DOIS – Com divisão
em parágrafos, escreva um breve esboço da vida da pessoa. Inclua os
acontecimentos e características importantes, declarando os fatos, sem
interpretação. Quando possível, mantenha o material em ordem cronológica.
Estudo Biográfico Avançado.
Os
seguintes passos podem ser acrescentados quando você achar que o ajudarão em
seus estudos biográficos. São facultativos e só devem ser incluídos
progressivamente, à medida que você ganhe confiança e prática.
Trace o
fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para ampliar este passo somente
quando necessário. As seguintes
perguntas
haverão de estimular o seu pensamento.
1. Quando viveu a
pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais, religiosas e econômicas da
sua época?
2. Onde a pessoa
nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de incomum em torno do seu
nascimento e da sua infância?
3. Qual a sua
vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra ocupação? Isto
influenciou o seu ministério posterior? Como?
4. Quem foi seu
cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou estorvaram a sua vida e o
seu ministério?
5. Faça um gráfico
das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez?
6. Como a pessoa
morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua vida?
11.5 – Método de Estudo Indutivo.
A.
O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo ilumina
a quem examina as escrituras com sinceridade, e que a maior parte da Bíblia não
é tão complicada que quem saiba ler não possa entendê-la. Os Judeus da Bereia
foram elogiados por examinarem cada dia as escrituras "se estas coisas
eram assim". (At 17.10,11)
B.
É óbvio que obras literárias tem "partes" que se formam no
"todo". Existe uma ordem crescente de partes, de unidades simples e
complexas, até se formarem na obra completa.
C.
A unidade literária menor, que o Estudo Bíblico Indutivo (EBI) emprega,
é a palavra. Organizam-se palavras em frases, frases em períodos, períodos em
parágrafos, parágrafos em seções, seções em divisões, e por fim, a obra
completa.
PALAVRA – Unidade menor;
FRASES – Reunião de palavras que formam um sentido completo;
PERÍODO – Reunião de frases ou orações que formam sentido completo;
PARÁGRAFOS – Um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e que
usualmente se inicia com mudança de linha.
SEÇÃO – Parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado,
estudo.
=================================================================
12 – EXEGESE
Exegese
é o estudo cuidadoso e sistemático de um texto para comentários, visando o
esclarecimento ou interpretação do mesmo. É o estudo objetivando subsidiar o passo
da interpretação do método analítico da hermenêutica. Este estudo é
desenvolvido sob as indagações de um contexto histórico e literário.
Segundo o Dicionário
Teológico: Exegese: do Grego: ek + egnomai = ek + egéomai à penso, interpreto, arranco para fora do texto. É a
prática da hermenêutica sagrada que busca a real interpretação dos textos que
formam o Antigo e o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento das línguas
originais (hebraico, aramaico e grego), da confrontação dos diversos textos
bíblicos e das técnicas aplicadas na linguística e na filosofia.
É
a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do texto.
Do
ponto de vista etimológico hermenêutica e exegese são sinônimos, mas hoje os
especialistas costumam fazer a seguinte diferença: Hermenêutica é a ciência das
normas que permitem descobrir e explicar o verdadeiro sentido do texto,
enquanto a exegese é a arte de aplicar essas normas.
12.1 – Pré-requisitos
para uma boa exegese
A.
Tenha uma vida afinada com o Espírito Santo, pois Ele é o melhor
interprete da Bíblia – (Jo 16.13; 14.26; I Cor 2.9 e 10; I Jo 2.20 e 27);
B.
Vá você mesmo diretamente ao texto não permitindo que alguém pense por
você, evitando assim a dependência de outra pessoa para que você desenvolva ao
máximo o seu potencial próprio.
C.
Procure o significado de cada palavra dentro do seu contexto. Deve ser
tomado conforme o sentido da frase nas Escrituras, porque as palavras variam
muito em suas significações. Aqui você deve fazer uma analise léxico-sintática[12].
12.2 – Aplicação da exegese.
A
aplicação da exegese é realizada a partir das indagações básicas sobre o
contexto e o conteúdo do texto em exame.
A.
Texto – O capítulo,
parágrafo ou porção bíblica que encerra uma idéia completa, que se pretende
estudar. Ex.: Mateus 5.1-12; ICoríntios 11.1-3; João 14,6, etc.
B.
Contexto – A parte que
antecede o texto e a parte que é precedida pelo texto. Ex.: Texto João 14.6,
Contexto Gênesis 1.1 a João 14.5 e João 14.7 a Apocalipse 22.21.
Obs.: As vezes
tomando-se o contexto próximo do texto, é o suficiente para uma interpretação
correta. Outras vezes será necessário lançar mão do capítulo inteiro, ou do
livro inteiro, ou ainda da Bíblia toda.
12.3 – Biblioteca Básica
do Estudante da Bíblia
·
1 - Bíblias em várias versões.
·
2 - Dicionário Bíblico.
·
3 - Dicionário do Vernáculo.
·
4 - Atlas Bíblico.
·
5 - Livro de História Geral das Nações.
·
6 - Concordância Bíblica Exaustiva.
·
7 - Manuais de Doutrinas.
·
8 - Comentários Bíblicos.
·
9 - Atlas Geográfico.
·
10
- Enciclopédia Bíblica.
Obs.: Os Comentários Bíblicos contêm
explanações, informações externas, interpretações e aplicações de textos
bíblicos. São de grande valia para o estudante da Bíblia uma vez que são produzidos
por eruditos que geralmente conhecem as línguas originais em que a Bíblia foi
escrita, além da bagagem de muitos anos de estudo bíblico-teológico e geral.
TIPO DE RECURSO
|
DESCRIÇÃO
|
USE-O PARA SUPERAR...
|
Atlas
|
Coleção
de mapas que mostram lugares mencionados no
texto,
e talvez descrição de sua história e significado.
Contém
mapas e outras informações para quem quer
investigar
o contexto geográfico bíblico.
|
Barreiras
geográficas
|
Dicionários
de
palavras
bíblicas
|
Explicam
origem, significado e uso de palavras e termos
chaves
no texto.
|
Barreiras
linguísticas
|
Manuais
bíblicos
|
Apresentam
informação útil sobre assuntos do texto.
Um
manual bíblico é um tipo de enciclopédia; menciona livro
por
livro de toda a Bíblia, provendo todos os tipos de material
de
pano de fundo.
|
Barreiras
culturais
|
Comentários
bíblicos
|
Apresentam
o estudo de um erudito bíblico.
Um
comentário oferece a você opiniões de um erudito que
passou
sua vida inteira investigando o texto bíblico. As
opiniões
do comentário também podem ajudar você a avaliar
seu
próprio estudo pessoal. Entretanto, você não pode ficar
dependente
dos comentários, ao invés de se familiarizar com o texto bíblico.
|
Barreiras
linguísticas,
culturais
e
literárias
|
Textos
interlineares
|
Traduções
com o texto grego ou hebraico posicionado entre
as
linhas para comparação.
|
Barreiras
linguísticas
|
Concordâncias
(Chave
bíblica)
|
Depois
da Bíblia de estudo, esta é a ferramenta mais essencial
ao
estudo bíblico. Uma concordância é como um índice da
Bíblia.
Ela alista todas as palavras do texto alfabeticamente,
com
as referências de onde aparecem, e algumas palavras ao
redor
delas para prover um pouco do contexto.
|
É
útil para o
estudo
de palavras
e
para localizar
uma
passagem
quando
não se
lembra
da
referência.
|
Recursos
adicionais
|
Sugestões:
História de Israel no Antigo Testamento, de Eugene H. Merrill
(CPAD);
Introdução ao Antigo Testamento, de William Lasor (Edições Vida
Nova);
Introdução
ao Novo Testamento, de D. A. Carson (Edições Vida Nova)
A
Vida Diária nos Tempos de Jesus, de Henri Daniel-Rops (Edições Vida Nova).
|
Consultando
bons comentários bíblicos, o estudante compara a sua interpretação com a de
vários estudiosos da Bíblia podendo tirar conclusões magníficas sobre o texto
em tela, comparar e enriquecer sua exegese, além de auto avaliar-se.
Não
esqueça que todos os comentários e outros materiais não estão isento do pensar
teológico do autor.
12.4 – Exercício exegético
Vamos
exercitar a hermenêutica! Siga as instruções passo a passo.
A - Faça uma oração sincera a Deus
Ore a Deus
desejando de todo o coração compreender a sua Palavra para aplicá-la à sua vida
e também compartilhar com outras pessoas.
B - Escolha o texto a ser estudado
O texto
escolhido não deve ser grande nem complexo. A princípio, não se deve exceder a
cinco versículos. Deve ser tomado um texto que tenha o máximo de sentido
literal por ser de mais fácil interpretação.
Sugestão:
·
18Então
Jesus perguntou: "Com que se parece o Reino de Deus? Com que o compararei?
19É como
um grão de mostarda que um homem semeou em sua horta. Ele cresceu e se tornou
uma árvore, e as aves do céu fizeram ninhos em seus ramos".
·
20Mais
uma vez ele perguntou: "A que compararei o Reino de Deus?
21É como o
fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a
massa ficou fermentada". Lucas 13:18-21
Obs.: No
original temos um verbo a mais nos versos 19 e 21 – verbo tomou ou pegou.
C - Leia o texto várias vezes e em
várias Versões
Ninguém é
capaz de interpretar qualquer texto lendo-o uma só vez. Aconselha-se que o
estudante leia o texto pelo menos dez vezes antes de qualquer outra iniciativa.
Cada vez que se lê a passagem bíblica, mais clara ela se torna para o leitor e
coisas jamais encontradas na mesma passam a emergir de uma maneira
impressionante. Se possível, leia o texto em várias versões.
As línguas
originais devem ser lidas e compreendidas, ou então o estudioso precisa ter acesso
a textos fidedignos, que transmitam fielmente o sentido texto original. O
estudioso também deveria consultar não apenas uma, mas muitas traduções, para
então julgar os seus méritos comparativos, quanto a casos específicos.
D - Leia o Contexto Imediato
É preciso
ler o contexto[13]
imediato, pelo menos, umas três vezes antes de começar a interpretação.
Provavelmente, outras vezes serão necessárias à medida que o estudo for
evoluindo. Não admita a dúvida, nem tenha preguiça de ler. Leia quantas vezes
for necessário.
E - Examine as palavras
desconhecidas no dicionário bíblico
À
medida que se lê o texto, várias palavras[14]
desconhecidas vão aparecendo. O estudante deverá ter à mão lápis e papel e um
bom dicionário bíblico para que escreva o significado das palavras
desconhecidas além de detalhes importantes. Essas informações serão de muita
valia para pesquisas posteriores ou quando da preparação de uma Pregação ou
Estudo Bíblico.
Existem
palavras que julgamos saber o seu significado mas, quando vamos ao dicionário,
descobrimos, atônitos, que o sentido é completamente diferente do que
pensávamos.
Neste
momento é importante estar atento aos verbos e
suas variações de tempo (passado, presente, futuro ou gerúndio) escrita
pelo autor. Muitas vezes a palavra que encontramos no texto é
uma variação da forma radical da palavra. Por exemplo, em português poderíamos
encontrar várias formas do verbo Entregar:
·
Entregou, entregado, entregue,
entregaremos.
F – Pesquise e anote
sobre todo o material disponível, tendo em mente as regras de interpretação
Não
consulte ainda outras exegeses para que a interpretação não seja induzida.
G - Traduza o texto em palavras atuais dando ênfase às lições nele contidas
A essa
altura do labor exegético, e com o texto quase de cor, o estudante deve
traduzi-lo em palavras sinônimas com a ajuda do dicionário bíblico e de outras
versões da Bíblia. Essa tradução deve ser no sentido de simplificar o que está
dito no texto.
H - Ponha os resultados de sua análise
léxico-sintática em palavra não técnicas, de fácil compreensão, que comuniquem
com clareza o significado que o autor tinha em mente.
Sempre existe o perigo de ao fazer a
análise léxico-sintática se envolver de tal maneira com os detalhes técnicos,
que perdemos de vista a finalidade da análise, a saber, comunicar o significado
do autor com a maior clareza possível. Há, também, a tentação de impressionar
os ouvintes com nossa erudição e profundas capacidades exegéticas. As pessoas
precisam ser alimentadas, não impressionadas. O estudo técnico deve ser feito
como parte de qualquer exegese, mas é preciso que seja parte da preparação para
a exposição. A maioria dele não precisa aparecer no produto (exceto no caso de
documentos teológicos acadêmicos ou técnicos).
13 – FIGURAS DE RETÓRICA
Exporemos
em seguida uma série de figuras com seus correspondentes exemplos, que precisam
ser estudados detidamente e repetidas vezes.
13.1 – Metáfora.
Esta
figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos,
caracterizando-se um com o que é próprio do outro. É uma comparação não expressa. É a
figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela representa ou simboliza,
ou como que se compara. O sujeito está entrelaçado com a coisa comparada.
Metáfora
é designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro
objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança
(p.ex., ele tem uma vontade de
ferro, para designar uma vontade
forte, como o ferro).
Exemplos
bíblicos:
·
Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus se
caracterizou com o que é próprio e essencial da videira (pé de uva);
·
Ao dizer aos discípulos: "Vós sois as varas", caracterizou-os
com o que é próprio das varas.
·
Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão
Vivo", "Judá é Leãozinho", "Tu és minha Rocha", etc.
Símile – “O reino dos céus é semelhante...”. Ao contrário
da símile que é uma comparação
expressa onde o sujeito está de fora.
13.2 – Sinédoque.
Faz-se
uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o
plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa. É a substituição de uma ideia por
outra que lhe é associada.
Exemplos:
·
- A parte pelo todo (ou o todo pela parte)
Vou sair da casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa)
Vou sair da casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa)
·
- A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe)
Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos)
Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos)
·
- O singular pelo plural (ou o plural pelo singular)
O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. (todos os alunos)
O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. (todos os alunos)
Exemplos
bíblicos:
·
Toma a parte pelo todo: "Minha carne
repousará segura", em vez de dizer: meu corpo. (Sl 16.9).
·
Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de dizer: do cálice, ou seja, parte do que
há no cálice.
·
Gn
6:12 “E viu Deus a terra, e eis que
estava corrompida” – terra=homem do geral pelo particular.
13.3 – Metonímia.
É o emprego
do nome de uma coisa pelo de outra com que tem certa relação. A metonímia se
refere à substituição de palavras com sentidos próximos, ou seja, é utilizada uma palavra em
vez de outra, sendo que ambas partilham uma relação de proximidade de sentido,
de contiguidade. Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal
ou símbolo pela realidade que indica o símbolo.
Exemplos:
·
Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas;
ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas
(Lc 16.29).
·
Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu
não te lavar, não tem parte comigo." Lavar é o símbolo da regeneração.
·
“Falem
os dias e a multidão dos anos ensine...”.
A idade por aqueles que a têm (Jó 32:7).
·
“Duas
nações há no teu ventre”. Os progenitores pelas descendências (Gn 25:23).
13.4 – Prosopopeia.
Esta
figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas, atribuindo-lhes os
feitos e ações das pessoas. É
personificação de coisas ou de seres irracionais.
Exemplos:
·
"Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Cor 15.55) Paulo
trata a morte como se fosse uma pessoa.
·
"Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e
todas as árvores do campo baterão palmas." (Is 55.12)
·
"Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram.
Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar." (Sl
85.10,11)
·
“Todos
os meus ossos dirão: Senhor quem é como tu” (Sl 35:10). Ossos/fala
13.5 – Antropomorfismo (alguns dizem que é sinônimo de prosopopeia)
É
a linguagem que atribui a Deus ações e faculdades humanas.
Exemplo:
·
Gn
8:12 “O Senhor cheirou o suave cheiro, e disse ...”. Cheirar/sentido
13.6 – Ironia.
Faz-se
uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém
sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. É a expressão de um pensamento em
palavras que, literalmente entendidas, exprimiriam o pensamento oposto.
Exemplos:
·
"Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a entender
que chamar por Baal é completamente inútil (1 Rs 18.27).
·
“Clamai
aos deuses que escolhestes, eles que vos livrem no tempo de vosso aperto
(Juízes 10:14).
13.7 – Hipérbole.
É a
figura pela qual se representa uma coisa como muito maior ou menor do que em
realidade é, para apresentá-la viva à imaginação. É um exagero. É a afirmação em que as palavras vão
além da realidade literal das coisas.
Exemplos:
·
"Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos...
as cidades são grandes e fortificadas até aos céus" (Num. 13.33).
·
"Nem no mundo inteiro caberiam os livros que seria, escritos"
(Jo. 21.25).
·
"Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua
lei" (Sl 119.136).
·
Dt
1:28 “As cidades são grandes e fortificadas até os céus”.
13.8 – Alegoria.
É um modo de expressão ou interpretação que consiste em
representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. Podemos dizer
que é uma figura
retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas, representando cada
uma delas realidades correspondentes.
Exemplo:
·
"Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá
eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne... Quem
comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. - Esta
alegoria tem sua interpretação nesta mesma passagem das Escrituras. (Jo
6.51-65)
13.9 – Fábula.
É uma narrativa,
em prosa ou verso, com personagens animais que agem como seres humanos, e que
ilustra um preceito moral.
Exemplo:
·
"O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá
tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no
Líbano, passaram e pisaram o cardo" (2 Rs 14.9). Com esta fábula Jeoás,
rei de Israel, responde a proposta de guerra feita por Amazias, rei de Judá.
13.10 – Enigma.
O enigma também é um tipo de alegoria, porém sua
solução é difícil e abstrusa (obscuro). Enigma é a definição
de algo por suas qualidades ou particularidades, mas difícil de entender.
Exemplo:
·
"Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura" (Jz 14.14).
13.11 – Tipo.
É o estudo
das figuras e símbolos da Bíblia, com os quais Deus procura mostrar, por meio
de coisas terrestres as coisas espirituais. O
tipo é uma classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em
fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no
porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se na Escritura sombra dos bens
vindouros, e se encontram, portanto, no Antigo Testamento.
Exemplos:
·
A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por Jesus como
um tipo para representar sua morte na cruz (Jo 3.14).
·
Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para
representar a sua morte e ressurreição. (Mt 12.40)
·
O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor 15.45)
·
Maná
no desertoà
Alimento espiritual
·
Libertação
do Egito à
Libertação do mundo
·
Marcha
no deserto à
Nossa peregrinação na terra
13.12 – Símbolo
Representa
alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato familiar, que se
considera a propósito para servir de semelhança ou representação.
Exemplos:
·
A majestade pelo leão,
·
a força pelo cavalo,
·
a astúcia pela serpente,
·
o corpo de Cristo pelo pão,
·
o sangue de Cristo pelo cálice.
Ø Números
Simbólicos
A Bíblia
tem uma numerologia própria. À medida que se desenrola a revelação escrita de
Deus ao homem vários números vão aparecendo de uma maneira importante e, muitas
vezes, com um significado conotativo.
Vejamos
alguns números que se destacam:
·
Número quatro
Número
global. Indica o cósmico natural. Fala daquilo que é completo. Não trata
da plenitude, mas do alcance global.
“ Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quanto ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.” (Ap 7.1).
·
Número seis
Fala
do homem, de sua formação, de sua falibilidade.
“ Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gn1.27,31).
“ Aqui
há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é
o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.” (Ap
13.18)
·
Número sete
Indica
perfeição, plenitude, união do céu e terra, o sagrado. É o número de Deus e
também o número dos mistérios.
“As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa fornalha de barro, purificada sete vezes.” (Sl 12.6).
“A
sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas.” (Pv 9.1).
“ Ao
anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete espíritos de
Deus, e as estrelas: Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás
morto.” (Ap 3.1).
“ E vi
quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres viventes
dizer numa voz como de trovão: Vem!” (Ap 6.1).
·
Número doze
Fala
dos propósitos eletivos de Deus.
“E,
chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos
imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.”
(Mt 10.1).
“ E
levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa cidade de
Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, tendo a glória de Deus; e o seu
brilho era semelhante a uma pedra preciosíssima, como se fosse jaspe
cristalino; e tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze
anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos
de Israel. Ao oriente havia três portas, ao norte três portas, ao sul três
portas, e ao ocidente três portas. O muro da cidade tinha doze fundamentos, e
neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” (Ap 21.10-14).
·
Número quarenta
Fala
das intervenções de Deus na História da humanidade especialmente no que se
refere à salvação do homem. Simboliza provação, santificação.
“ Quando subi ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do pacto que o Senhor fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.” (Dt 9.9).
“ Quando subi ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do pacto que o Senhor fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.” (Dt 9.9).
“ E
quando tiveres cumprido estes dias, deitar-te-ás sobre o teu lado direito, e
levarás a iniqüidade da casa de Judá; quarenta dias te dei, cada dia por um
ano.” (Ez 4.64).
“E
começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e clamava,
dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jn 3.4).
“
Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. (Mt
4.1-2).
“ Fiz
o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e
ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado
mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais também,
depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas provas infalíveis,
aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das coisas
concernentes ao reino de Deus. (At 1.1-3).
·
Número setenta
Fala
da administração de Deus sobre o mundo.
“
Disse então o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel,
que sabes serem os anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda
da revelação, para que estejam ali contigo. Então descerei e ali falarei
contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e
contigo levarão eles o peso do povo para que tu não o leves só.” (Nm 11.15-16).
“ E
toda esta terra virá a ser uma desolação e um espanto; e estas nações servirão
ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que quando se cumprirem os
setenta anos, castigarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor,
castigando a sua iniqüidade, e a terra dos caldeus; farei dela uma desolação
perpetua. (Jr 25.11-12).
“
Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade,
para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e para expiar a
iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para
ungir o santíssimo.” (Dn 9.24).
“
Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de
dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. E dizia-lhes:
Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao
Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Lc 10.1-2).
13.13 – Parábola.
É uma narrativa alegórica que transmite uma mensagem
indireta, por meio de comparação ou analogia, sempre com o objetivo de ilustrar uma
ou várias verdades importantes. É
uma narrativa de acontecimento real ou imaginário em que tanto as pessoas como
as coisas e as ações correspondem a verdades de ordem espiritual e moral
Exemplos:
·
O Semeador (Mt 13.3-8);
·
Ovelha perdida,
·
dracma perdida
·
filho pródigo (Lc. 15), etc.
13.14 – Símile.
A figura de retórica denominada Símile procede
da palavra latina "similis" que significa semelhante ou parecido a
outro. É uma analogia. Comparação de cousas semelhantes.
Exemplos:
·
"Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do mesmo modo)
é grande a sua misericórdia para com os que o temem". (Sl 103.11);
·
"Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o
Senhor se compadece dos que o temem". (Sl 103.13)
13.15 – Interrogação.
A palavra interrogação procede de um vocábulo
latino que significa pergunta. Mas nem todas as perguntas são figuras de
retórica. Somente
quando a pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura literária.
"Interrogação
é uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou adversário,
ou ao público, em tom de pergunta, sabendo de antemão que ninguém vai
responder."
Exemplos:
·
"Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18.25)
·
"Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço,
a favor dos que hão de herdar a salvação?" (Hb 1.14)
·
"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Rm 8.33)
·
"Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc 22.48)
13.16 – Apóstrofe.
Interrupção súbita do discurso que o orador ou o escritor
faz, para dirigir-se a alguém ou a algo, real ou fictício (p.ex.: a seguir, leitor amigo, contarei a
história tal como sucedeu).
A palavra apóstrofe procede do latim apostrophe
e esta do grego apo, que significa de, e strepho, que quer dizer
volver-se. O
vocábulo indica que o orador se volve de seus ouvintes imediatos para
dirigir-se a uma pessoa ou cousa ausente ou imaginária.
O emprego desta figura, na eloqüência, produz
grandes efeitos sobre as paixões que o orador procura transmitir aos
ouvintes."
Exemplos:
A Palavra de Deus é interrompida pela palavra do profeta.
·
"Ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de repousar?" (Jr
47.6)
13.17 – Antítese.
Este vocábulo procede da palavra latina antithesis
e esta de palavras gregas que significam colocar uma coisa contra a outra. "Inclusão,
na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste um
com o outro."
Exemplos:
·
"Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal." (Dt
30.15)
·
"Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho
que conduz a perdição e são muitos os que entram por ela) porque
·
estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são
poucos os que acertam com ela." (Mt 7.13,14)
13.18 – Provérbio.
Este vocábulo procede das palavras latinas pro
que significa antes e verbum que quer dizer palavra. Trata-se de um dito
comum ou adágio.
Exemplos:
·
"Médico cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23);
·
"Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra." (Mt 6.4;
Mt 13.57)
13.19 – Paradoxo.
Denomina-se paradoxo a uma proposição ou
declaração oposta à opinião comum; a uma afirmação contrária a todas as
aparências e à primeira vista absurda, impossível, ou em contraposição ao
sentido comum, porém que, se estudada detidamente, ou meditando nela, torna-se
correta e bem fundamentada.
Exemplos:
·
"Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos". (Mt
8.22)
·
"Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt 23.24)
·
"Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Cor
12.10)
13.20 – Clímax ou Gradação
A palavra clímax ou gradação procede do latim climax e
esta do grego klimax que significa escala, no sentido figurado da
palavra. A Enciclopédia Brasileira Mérito nos proporciona a seguinte definição
da palavra gradação: "Concatenação dos elementos de um período de modo a
fazer com que cada um comece com a última palavra do anterior; amplificação,
apresentação de uma série de idéias em progressão ascendente ou descendente.
Também se diz clímax." O essencial é que exista avanço ou progresso
na oração, parágrafo, tema, livro ou discurso.
Exemplo:
·
O capítulo oitavo de
Romanos é um maravilhoso clímax ou gradação. Começa com os vocábulos
"nenhuma condenação", e termina dizendo que "nenhuma criatura
nos poderá separar".
13.21 – Acróstico
Composição
poética em que o conjunto das letras iniciais, mediais ou finais compõem
verticalmente uma palavra ou frase ou uma sequência alfabética.
Há
uma dificuldade na exemplificação dos acrósticos bíblicos uma vez que foram
escritos originalmente em Hebraico e, portanto, a letra inicial das palavras
não são as mesmas na língua portuguesa. Os textos foram escritos em forma de
acrósticos originalmente.
Exemplos
bíblicos:
·
Salmos
119; 25; 34; 111; 112;
·
Os
últimos 22 versículos de Provérbios;
·
A
maior parte de lamentações de Jeremias.
Exemplos práticos:
Jesus,
Eu sou teu servo.
Sou teu discípulo.
Uni-me a Ti.
Somente a Ti!
14 – REGRAS FUNDAMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO
Não
devemos nos esquecer que a primeira pessoa a interpretar as Escrituras, de
forma distorcida, foi o diabo. Ele deu à palavra divina um sentido que ela não
tinha, falseando astutamente a verdade (Gn 3.1).
Os seus
imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este procedimento
enganando à humanidade com falsas interpretações das Escrituras Sagradas.
14. 1 – Primeira Regra – A Bíblia é explicada pela própria
Bíblia, ou seja, A BÍBLIA É SUA PRÓPRIA INTERPRETE.
Esta é a
regra fundamental da Hermenêutica Bíblica. Vemos em Jesus e nos Apóstolos a
preocupação constante com essa norma de interpretação. Muito do que Jesus e os
Apóstolos disseram é repetição do que está exarado “em Moisés, nos Profetas e
nos Salmos.”(Lc 24.44). Jesus usava os textos do Antigo testamento, enquanto
concebia o Novo. Ele dominava os que estava escrito e a ninguém deixava sem uma
resposta satisfatória.
O conselho
que se dá aqui é que o estudante da Bíblia a leia toda, pelo menos uma vez por
ano, para que conheça o seu Contexto Geral, sem o qual não se pode entender as
partes.
Além do
contexto geral é importantíssimo atentar para o que chamaremos didaticamente de
Contexto Mediato
A
interpretação de um texto envolve a compreensão de cada palavra ou expressão
nele contida. Existem palavras que encerram, em si mesmas, todo o seu
significado. Outras têm o sentido elucidado na frase, oração ou parágrafo onde
está contida. Outras, ainda, poderão depender do contexto imediato, mediato ou
do contexto geral das Escrituras.
Um exemplo simples de erro da não observância do
contexto imediato está na interpretação da “nuvem de testemunhas” de Hebreus
12.1. Diz-se erradamente, no meio evangélico, que essa nuvem de testemunhas são
as pessoas que vivem ao nosso redor, quando, na verdade, são os “heróis da Fé”,
cujos nomes e feitos estão narrados no capítulo 11 do mesmo Livro. É preciso
tomar muito cuidado porque mudança de capítulo não significa mudança de
assunto. Os versículos por sua vez não são parágrafos completos e, por isso, é
preciso ler com atenção privilegiando a idéia e não a forma como o texto está
dividido.
14.2 – Segunda Regra – É preciso, o quanto seja
possível, tomar as palavras em seu sentido usual e comum.
Porém,
tenha sempre presente a verdade de que o sentido usual e comum não equivale
sempre ao sentido literal.
Exemplo:
Gn 6.12 = A palavra CARNE (no sentido usual e comum significa pessoa)
A
palavra CARNE (no sentido literal significa tecido muscular)
14.3 – Terceira Regra – É de todo necessário tomar as
palavras no sentido que indica o conjunto da frase.
Exemplos:
A.
A palavra FÉ
FÉ em Gl 1.23 = significa crença, ou seja, doutrina do Evangelho.
FÉ em Rm 14.23 = significa convicção.
B.
A palavra GRAÇA
GRAÇA em Ef 2.8 = significa misericórdia, bondade de Deus.
GRAÇA em At. 14.3 = significa pregação do Evangelho.
C.
A palavra CARNE
CARNE em Ef. 2.3 = significa desejos sensuais.
CARNE em I Tm 3.16 = significa forma humana.
CARNE em Gn 6.12 = significa pessoas.
14.4 – Quarta Regra – É necessário tomar as palavras
no sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que estão antes e
os que estão depois do texto que se está estudando.
No
contexto achamos expressões, versículos ou exemplos que nos esclarecem e definem
o significado da palavra obscura no texto que estamos estudando.
14.5 – Quinta Regra – É preciso levar em consideração
o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões
obscuras.
O
objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo, lendo-o e
estudando-o com atenção e repetidas vezes, tendo em conta em que ocasião e a
quais pessoas originalmente foi escrito. Alguns livros da Bíblia já trazem
estas informações. Ex.: Provérbios 1.1-4.
14.6 – Sexta Regra – É necessário consultar as
passagens paralelas, "explicando cousas espirituais pelas
espirituais" (I Cor. 2.13)
Passagens
paralelas são as que fazem referência uma à outra, que tem entre si alguma
relação, ou tratam de um modo ou outro de um mesmo assunto.
Existe
paralelos de palavras, paralelos de ideias e paralelos de ensinos gerais.
A.
Paralelos de
palavras –
Quando lemos um texto e encontramos nele uma palavra duvidosa, recorremos a
outro texto que contenha palavra idêntica e assim, entendemos o seu
significado.
Ex.: "Trago no corpo as marcas de Jesus." (Gl 6.17). Fica mais
fácil o seu entendimento quando lemos a passagem paralela: "Trazendo
sempre no corpo o morrer de Jesus (I Cor. 4.10).
B.
Paralelos de Ideias – Para
conseguir ideia completa e exata do que ensina determinado texto, talvez
obscuro ou discutível, consultasse não somente as palavras paralelas, mas os
ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens que se
relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou passagens
chamam-se paralelos de ideias.
Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt 16.16)
Quem é esta pedra? Se pegarmos em I Pd 2.4, a idéia paralela: "E, chegando-vos
para ele, (Jesus) pedra viva..." entenderemos que a pedra é Cristo.
Outro exemplo: Em Gl 6.15, o que é de valor para Cristo é a nova
criatura. Que significa esta expressão figurada? Consultando o paralelo de 2
Cor. 5.17, verificamos que a nova criatura é a pessoa que "esta em
Cristo", para a qual "as cousas antigas passaram", e "se
fizeram novas".
C.
Paralelos de
ensinos gerais – Para a correta interpretação de determinadas passagens não são
suficientes os paralelos de palavras e de idéias, é preciso recorrer ao teor
geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras.
Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as
obras da lei", só será bem compreendido, com a ajuda dos ensinos gerais na
Bíblia toda. Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito
onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as
partes presente. Porém há textos que, aparentemente, nos apresentam um Deus
como o ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum sentido
sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem ser
interpretados à luz dos ensinos gerais das Escrituras.
14.7
– Sétima Regra – Tenha sempre em mente o Assunto Central das
Escrituras
Jesus
Cristo é o assunto central da Bíblia. Daí dizermos que a Bíblia é um Livro
Cristocêntrico. Ele é o “Cordeiro...conhecido antes da fundação do mundo”(1Pe
1.19-20), é o que se manifestou “na plenitude dos tempos”(Gl 4.4) para oferecer
o sacrifício único pela redenção da humanidade e é, finalmente, o que “descerá
do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus”(1Ts 4.16)
para consumar a redenção no Reino de Deus para sempre.
Estudar
a Bíblia tendo como foco principal o Filho de Deus dá ao intérprete a segurança
de quem tem um caminho único a seguir na lida interpretativa.
14.8 – Oitava Regra – Tome consciência
do contexto histórico-geográfico
Algumas
perguntas interessantes de cunho histórico-geográfico podem ser feitas ao
texto. Por exemplo: Em que época o texto foi escrito? Onde estavam o autor e os
destinatários à época do escrito? Eram escravos ou livres? Eram abastados ou
pobres? Eram cultos ou incultos? Estavam sendo perseguidos ou em paz? Eram
nômades ou sedentários? Viviam em sua terra natal ou estavam longe da pátria?
Viviam numa região árida ou em meio a mananciais de água? Eram habitantes de
cavernas, de casas, ou de tendas? Que tipo de tecnologia usavam? Quais eram
seus costumes, crenças, valores, e comportamentos? Como era a sua organização
social, política e econômica? Que tipo de alimentação usavam?
Haverá
muito mais luz para se entender o texto se essas perguntas respondidas. Assim o
intérprete deve ponderar sobre essas situações no momento do estudo.
14.9 – Nona Regra – Procure reconhecer a forma literária do texto
Precisamos
saber se estamos diante de um escrito histórico, doutrinário, biográfico,
poético ou profético[15],
ou ainda se é um texto misto. Não é tarefa difícil identificar formas
literárias quando se conhece o contexto geral das Escrituras.
A
análise literária identifica a forma ou método literário usada em determinada
passagem com vistas às várias formas como: história, narrativa, cartas,
exposição doutrinal, poesia e apocalipse. Cada uma tem seus métodos únicos de
expressão e interpretação.
São
textos históricos aqueles que visam
informar os fatos importantes a respeito de Israel, da Igreja ou ainda de
outros povos relacionados principalmente com Israel.
A poesia tem características singulares que são a conotação e/ou a metrificação e/ou a repetição de ideias, etc.
A poesia tem características singulares que são a conotação e/ou a metrificação e/ou a repetição de ideias, etc.
No
grego, devemos considerar o termo poietés - fazedor, realizador. No sentido
literário um poeta é alguém que exprime suas idéias mediante imagens verbais,
metáforas e outros artifícios literários. Um poeta prima pela brevidade
de expressão, em conjunção com expressões claras e eloquência.
A profecia tem como principal característica a predição de fatos históricos relativos a Israel, como às outras nações e à igreja.
de expressão, em conjunção com expressões claras e eloquência.
A profecia tem como principal característica a predição de fatos históricos relativos a Israel, como às outras nações e à igreja.
O texto misto contempla duas ou mais formas
literárias. Assim sendo, o texto: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar
trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para
ser glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua
recompensa. Mas tu, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz
a direita”(Mt 6.2-3). Esse texto é, ao mesmo tempo, doutrinário e poético. Nele
o Senhor Jesus doutrina e usa uma figura de linguagem tornando-o mais belo e
cheio de significado.
Os textos históricos e biográficos nos convidam à pesquisa histórica, ao
conhecimento dos fatos tais como se deram no tempo em que foram escritos.
O texto doutrinário exige uma extrema cautela do intérprete pois clama pela aplicação atual das verdades nele contidas. Uma má aplicação dessas verdades pode incorrer em erros doutrinários. Constituem doutrina os ensinamentos de Jesus, dos apóstolos e dos profetas.
O texto doutrinário exige uma extrema cautela do intérprete pois clama pela aplicação atual das verdades nele contidas. Uma má aplicação dessas verdades pode incorrer em erros doutrinários. Constituem doutrina os ensinamentos de Jesus, dos apóstolos e dos profetas.
14.10 – Décima Regra – Localize o texto numa das Dispensações Bíblicas
Dispensação
é um período de tempo em que Deus trata com o homem de um modo específico.
Deus está falando com um homem inocente? Com um homem pecador e sem Lei? Está falando com um homem que tem conhecimento da Lei de Moisés? O escrito é aplicado aos que estão debaixo da Graça? O escrito se refere ao Milênio de Cristo?
Deus está falando com um homem inocente? Com um homem pecador e sem Lei? Está falando com um homem que tem conhecimento da Lei de Moisés? O escrito é aplicado aos que estão debaixo da Graça? O escrito se refere ao Milênio de Cristo?
“Os
dipensacionalistas partem de um estudo hermenêutico coerente, considerando a
interpretação normal e gramatical, um fundamento essencial à sua hermenêutica.
Com essa base, fazem distinção entre Israel e a igreja quanto à dispensação.
Como expressou Radmacher: “A interpretação literal é a ‘linha mestra’ do
dispensacionalismo (...). Sem dúvida, o mais significativo desses (princípios)
é a manutenção da diferenciação entre Israel e a igreja”. Ryrie também comentou
essa questão: “Se a interpretação direta e normal consiste o único princípio
hermenêutico válido e se for aplicada coerentemente, a pessoa se tornará
dispensacionalista. Na medida que uma pessoa acredita que a interpretação
normal é fundamental nessa mesma medida ela se tornará obrigatoriamente
dispensacionalista”. Aceitar os termos Israel e igreja no sentido normal,
literal, equivale a conservar sua distinção. Israel sempre significa o Israel
étnico, nuca se confundindo com o termo igreja, nem as Escrituras jamais
empregam igreja em substituição ou como sinônimo de Israel.”
Quando Jesus disse que haverá menos rigor no juízo para Sodoma e Gomorra do que para as cidades que rejeitaram a pregação dos Apóstolos, pondera sobre o conhecimento espiritual dessas cidades: “E, ao entrardes na casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” (MT 10.12-15).
Quando Jesus disse que haverá menos rigor no juízo para Sodoma e Gomorra do que para as cidades que rejeitaram a pregação dos Apóstolos, pondera sobre o conhecimento espiritual dessas cidades: “E, ao entrardes na casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” (MT 10.12-15).
Paulo afirma que “todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.” (Rm 2.12).
O escritor aos hebreus diz: “Mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz, também, mudança na Lei.” (Hb 7.12). Ele está se referindo ao sacerdócio de Cristo.
Sob a orientação de Moisés e Josué, o povo de Israel punia em nome do Senhor, através de grandes batalhas, os povos daquém e dalém do Rio Jordão, por causa de seus terríveis pecados. Hoje, a instrução de Cristo é: “se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”(Mt 5.39). Paulo completa dizendo: “Porque não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra o príncipe das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.”(Ef 6.12).
Deus tem mudado suas estratégias no trato com o homem no decorrer dos séculos e isso precisa ser levado em consideração no momento do estudo.
14.11 – Décima Primeira Regra – Considere o texto sob a ótica do povo a quem se destina
A
Bíblia divide a humanidade em três povos:
·
Os
Judeus, descendentes de Abraão, com quem foi feita a Antiga Aliança.
·
Os
Gentios, também chamados no Novo Testamento de povos ou nações ou gentes ou
gregos (esse último nome por causa da língua e cultura grega espalhada por todo
o mundo de então) são aquela parte da humanidade que ainda não havia feito
aliança alguma com o Deus eterno;
·
E,
por fim, a Igreja, composta de Judeus e Gentios que fizeram com Deus o pacto da
Nova Aliança em Cristo.
Confira esta classificação nas
palavras de Paulo: “Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para
gentios, nem para a igreja de Deus”(1Co 10.32).
Há textos na Bíblia que só se aplicam a judeus. Outros só se aplicam a Igreja. Outros ainda, só dizem respeito aos gentios. Mas há também, textos de aplicação mista, que englobam dois dos povos citados, e os de aplicação geral envolvendo os três povos.
Mateus destina seu Evangelho especialmente aos judeus e por isso, preocupa-se constantemente em mencionar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento na vida e obra de Jesus, com o fito de convencer aos judeus de que Jesus é o Messias prometido a Israel.
Há textos na Bíblia que só se aplicam a judeus. Outros só se aplicam a Igreja. Outros ainda, só dizem respeito aos gentios. Mas há também, textos de aplicação mista, que englobam dois dos povos citados, e os de aplicação geral envolvendo os três povos.
Mateus destina seu Evangelho especialmente aos judeus e por isso, preocupa-se constantemente em mencionar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento na vida e obra de Jesus, com o fito de convencer aos judeus de que Jesus é o Messias prometido a Israel.
Paulo escreve suas cartas à Igreja de
Cristo e então preocupa-se em que os irmãos permaneçam firmes na doutrina, na
fé, no amor, na boa conduta e na esperança das promessas de Deus.
Marcos destina seu Evangelho aos
romanos, portanto, a gentios e, assim sendo, mostra com dinamismo e beleza o
extraordinário trabalho de Jesus em favor dos homens em obediência ao seu Pai
celestial. Apresenta-o como único e insubstituível meio de salvação para a
humanidade. Além disso, toma o cuidado de explicar costumes judaicos e
expressões escritas na língua dos judeus.
Em contraste com outras questões que
envolvem o evangelho de Marcos, parece geralmente aceito pelos estudiosos de
que este evangelho foi escrito em Roma, provavelmente visando os gentios
daquela cidade.
14.12
– Décima Segunda Regra – Analise a postura espiritual dos destinatários do
texto
Os Filipenses eram um povo generoso,
amoroso e cooperante. Estavam sempre ajudando o apóstolo Paulo em suas
dificuldades. Que esperar de um Escrito dirigido a um povo desse quilate? Está
claro que a Epístola há de ter um tom amigável, íntimo, fraterno e abençoador.
Filipos, importante cidade da
Macedônia e colônia romana, tinha sido evangelizada por Paulo durante a sua
segunda viagem, no ano 50 (At 16.12-40). Ele tornou a passar por lá duas vezes,
quando da sua terceira viagem no outono de 57 (At 20.1-2) e na Páscoa de 58 (At
20.3-6). Os fiéis que ele conquistou lá para Cristo testemunharam uma tocante
afeição por seu Apóstolo, enviando-lhe socorros a Tessalônica (Fp 4.6) e depois
a Corinto (2Co 11.9). E quando Paulo lhes escreve é precisamente para
agradecer-lhes novos recursos que ele acaba de receber por intermédio do
delegado deles, Epafrodito (Fp 4.10-20).
O Senhor Deus disse a Moisés, quanto à geração que foi libertada do Egito: “ Tenho observado este povo, e eis que é povo de dura cerviz.” (Ex 32.9b). Ora, o tratamento divino com um povo, assim duro, é diferente do tratamento que Ele daria a um povo dócil espiritualmente. O profeta escreverá bênçãos ou maldições, da parte de Deus, dependendo da posição espiritual do povo em relação a Deus.
Detectada a situação espiritual do
grupo de pessoas a quem é destinado o Texto, torna-se mais fácil entender toda
a linha de raciocínio do escritor e a forma como ele externa suas emoções e sua
posição espiritual em relação ao povo. Também fica mais simples compreender a
postura do próprio Deus em relação àquelas pessoas.
14.13 – Décima Terceira Regra – Analise as características pessoais do escritor e das personagens do texto em estudo
14.13 – Décima Terceira Regra – Analise as características pessoais do escritor e das personagens do texto em estudo
Deus é o autor das Escrituras,
entretanto, coube ao homem ser canal usado por Ele para que sua Palavra pudesse
chegar até nós.
O homem tem uma personalidade
determinada por sua herança genética, pelo meio em que vive, e pelo seu “eu”
consciente e dotado de livre-arbítrio. Tudo isso faz de cada escritor bíblico
um instrumento peculiar por onde ressoa a inspiração e a revelação divinas.
Podemos descobrir essas
características de indivíduos na Bíblia através de um estudo que focalize o
personagem ou escritor bíblico ao longo de todas as passagens bíblicas em que
esse escreve e/ou aparece.
É mais fácil compreender um texto onde
a personalidade de seu escritor e os personagens são conhecidos do estudante.
Podemos identificar o temperamento e o caráter de determinados personagens da
Bíblia, por suas atitudes, à medida que aparecem no cenário bíblico.
Tomando o Apóstolo Pedro como exemplo,
distinguimos duas fases em sua personalidade: A primeira, antes da sua completa
conversão: “ Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como
trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te
converteres, fortalece teus irmãos.” (Lc 22.31-32). E a Segunda, após a
conversão total e o batismo no Espírito Santo.
Assim, vemos primeiramente um Pedro
espontâneo, líder, impulsivo, agressivo, etc. É espontâneo, quando faz muitas
perguntas a Jesus cujas respostas nos é de extrema valia para o povo de Deus
através dois séculos. É imprudente quando tenta convencer ao próprio Jesus a
não morrer na cruz. É impulsivo quando avança sobre as ondas sem ter fé para
tal, culminando no ridículo do quase afogamento, ou quando se propõe a morrer
com Jesus embora não estivesse preparado para isso. É violento quando se
arremete contra a guarda e fere um soldado.
Na Segunda fase de sua vida temos um
Pedro equilibrado, pacífico, sofredor, corajoso, cheio de fé e da graça de Deus
e um grande líder. Equilibrado quando é capaz de apoiar e incentivar a Paulo no
seu trabalho entre os gentios e, ao mesmo tempo, conviver com os judaizantes
dirigindo a Igreja entre eles. Pacífico quando é repreendido por Paulo na cara
e não rompe com ele. É sofredor quando é surrado pelos judeus por causa do
Evangelho. É corajoso quando desafia as autoridades judaicas que queriam
emudecê-los para que não pregassem o Evangelho, não temendo açoites e nem mesmo
a morte. Mostra-se cheio de fé e da graça de Deus quando cura multidões de
enfermos com o passar da sua sombra sobre eles. Tornou-se um grande líder entre
os apóstolos e foi contado entre as “colunas” da Igreja que estava em
Jerusalém.
A personalidade de Pedro é uma das
mais empolgantes da bíblia. Esse apóstolo tornou-se um exemplo daquilo que Deus
pode fazer na vida de um homem que a Ele se dedica e Nele tem fé.
14.14 – Décima Quarta Regra – Descubra o objetivo do texto
É muito importante descobrir o
objetivo do texto em tela, pois, através dele, temos uma linha mestra para a
interpretação. Às vezes, o próprio texto ou contexto nos informa o objetivo
como é o caso dos sinais registrados no Evangelho de João. “Jesus, na verdade,
operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão
escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”(Jo
20.31).
Quando o objetivo não está explícito no texto, o conselho é lê-lo o texto várias vezes até descobri-lo. Estando evidente o propósito com que um determinado texto foi escrito tem-se a coluna vertebral de todos os argumentos usados pelo escritor, podendo-se facilmente detectar o que é principal e o que é acessório.
A descoberta do objetivo central do texto livra o exegeta de uma interpretação marginal ou secundária.
Quando o objetivo não está explícito no texto, o conselho é lê-lo o texto várias vezes até descobri-lo. Estando evidente o propósito com que um determinado texto foi escrito tem-se a coluna vertebral de todos os argumentos usados pelo escritor, podendo-se facilmente detectar o que é principal e o que é acessório.
A descoberta do objetivo central do texto livra o exegeta de uma interpretação marginal ou secundária.
É preciso tomar em consideração o
objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou
expressões obscuras...
O desígnio alcançado pelo estudo
diligente nos oferece auxílio admirável para a explicação de pontos obscuros,
para a aclaração de textos que parecem contraditórios e para conseguir um
conhecimento mais profundo de passagens em si claras.
14.15 – Décima Quinta Regra – Verifique se o texto é numenológico ou fenomenológico
14.15 – Décima Quinta Regra – Verifique se o texto é numenológico ou fenomenológico
·
Fenomenológica
(perspectiva humana) é aquilo que os sentidos do homem percebem.
·
Numenológica
(perspectiva divina) é a realidade que está de fato ocorrendo, independente de
como a percebem os sentidos do homem, é a coisa em si.
Os sentidos humanos são facilmente
enganados pelo que é a aparência da realidade e daí surge a narração
fenomenológica. Um texto clássico desse tipo de narração está no Livro de Josué
onde o texto afirma que o sol parou. Hoje, pelos conhecimentos científicos,
sabemos que se o sol parar não perceberemos que o mesmo parou, desde que a
terra continue girando normalmente em seus movimentos de rotação e translação.
Não temos aqui um exemplo de linguagem figurada. O que o escritor disse é
aquilo que percebeu por meio dos sentidos, portanto, pensava estar narrando a
realidade tal como se deu.
O estudante da bíblia precisa buscar o
máximo de conhecimento científico em todas as áreas para que possa diferenciar
o real do sensitivo, embora nunca poderá conhecer aquilo que a ciência ou o
próprio Deus ainda não revelou e que, por isso mesmo, permanece sob a miopia
dos sentidos humanos.
Outra narrativa fenomenológica importante se encontra na passagem bíblica em que Saul consulta a necromante de En-Dor:
“Vendo Saul o arraial dos filisteus,
temeu e estremeceu muito o seu coração. Pelo que consultou Saul ao Senhor,
porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por
profetas. Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me uma necromante, para que
eu vá a ela e a consulte. Disseram-lhe os seus servos: Eis que em En-Dor há uma
mulher que é necromante. Então Saul se disfarçou, vestindo outros trajes; e foi
ele com dois homens, e chegaram de noite à casa da mulher.
Disse-lhe Saul: Peço-te que me
adivinhes pela necromancia, e me faças subir aquele que eu te disser. A mulher
lhe respondeu: Tu bem sabes o que Saul fez, como exterminou da terra os
necromantes e os adivinhos; por que, então, me armas um laço à minha vida, para
me fazeres morrer? Saul, porém, lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Como vive o
Senhor, nenhum castigo te sobrevirá por isso. A mulher então lhe perguntou:
Quem te farei subir? Respondeu ele: Faze-me subir Samuel. Vendo, pois, a mulher
a Samuel, gritou em alta voz, e falou a Saul, dizendo: Por que me enganaste?
pois tu mesmo és Saul.
Ao que o rei lhe disse: Não temas; que
é que vês? Então a mulher respondeu a Saul: Vejo um deus que vem subindo de
dentro da terra. Perguntou-lhe ele: Como é a sua figura? E disse ela: Vem
subindo um ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel,
inclinou-se com o rosto em terra, e lhe fez reverência.
Samuel disse a Saul: Por que me
inquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: Estou muito angustiado, porque
os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se tem desviado de mim, e já não me
responde, nem por intermédio dos profetas nem por sonhos; por isso te chamei,
para que me faças saber o que hei de fazer. Então disse Samuel: Por que, pois,
me perguntas a mim, visto que o Senhor se tem desviado de ti, e se tem feito
teu inimigo? O Senhor te fez como por meu intermédio te disse; pois o Senhor
rasgou o reino da tua mão, e o deu ao teu próximo, a Davi. Porquanto não deste
ouvidos à voz do Senhor, e não executaste o furor da sua ira contra Amaleque,
por isso o Senhor te fez hoje isto. E o Senhor entregará também a Israel
contigo na mão dos filisteus. Amanhã tu e teus filhos estareis comigo, e o
Senhor entregará o arraial de Israel na mão dos filisteus. Imediatamente Saul
caiu estendido por terra, tomado de grande medo por causa das palavras de
Samuel; e não houve força nele, porque nada havia comido todo aquele dia e toda
aquela noite.” (1Sm 28)
Claro está que Satanás, conhecedor das limitações humanas, criou todo um ambiente de engano para que fosse passada a impressão de que Samuel houver saído do Paraíso de Deus para participar daquele culto espírita.
Claro está que Satanás, conhecedor das limitações humanas, criou todo um ambiente de engano para que fosse passada a impressão de que Samuel houver saído do Paraíso de Deus para participar daquele culto espírita.
É interessante notar que o escritor do
texto citado, que não foi Samuel por já estar morto, narrou os fatos como percebidos
pelos sentidos daqueles que lá estiveram ou por terceiros que deles tiveram
notícia.
A não compreensão da narrativa
fenomenológica e o engano de Satanás tem subsidiado até hoje os espíritas que
encontram, nesse texto, uma base para sua doutrina de consulta aos mortos.
14.16 – Décima sexta regra - Retire do texto suas verdades temporais e intemporais
Depois de todo o estudo indicado acima, chega o momento final da interpretação, onde o estudante vai procurar traduzir o que o texto significava para o povo de sua época e como essas verdades podem ser aplicadas em nossa época e cultura. Chamamos de verdades temporais, as que duram apenas um período de tempo e intemporais, as que permanecem para sempre.
Com a Nova Aliança, ficaram
ultrapassados vários costumes, ritos e ensinos da Velha Aliança. Por isso
precisamos estar atentos para as coisas que a própria Palavra fez perecer e que
certos intérpretes fazem questão de ressuscitar contrariamente aos ensinos de
Cristo e dos Apóstolos. O discernimento sobre as verdades temporais e
intemporais baseia-se principalmente na comparação dos demais escritos bíblicos
com aquilo que é a Doutrina de Jesus.
Os ensinos de Jesus constituem o que é
essencial para o homem. Jesus não se detém em miudezas, mas trata do que é
substancial para que o perdido pecador seja reconciliado com Deus e viva uma
vida que lhe seja agradável. Jesus ensina o que é moral e espiritual. Ele lança
sabiamente um novo e maravilhoso mandamento: “Um novo mandamento vos dou: que
vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos
ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns aos outros.” (Jo 13.34-35).
As verdades que estão relacionadas com
a Lei do Amor são intemporais. Todo ensinamento bíblico que aperfeiçoa o leitor
para a prática do amor reverente a Deus e respeitoso ao próximo é para sempre.
14.17 – Décima Sétima – Compare suas conclusões com as de bons exegetas
Comparando sua exegese com a de
escritores bem recomendados e tarimbados, poderá medir seu grau de capacidade
de interpretação, ao mesmo tempo que terá mais segurança para expor suas
conclusões e se envolver em outras jornadas exegéticas.
Um dos grandes erros das mais famosas seitas heréticas existentes entre nós é o desprezo por tudo o que já foi feito pelos estudiosos de todas as épocas sobre as Escrituras. Desconsideram o labor de santos, doutos e dedicados homens de Deus à tarefa de estudar, interpretar, compilar e traduzir os escritos canônicos e isto numa época em que tudo era feito à mão. Os hereges surgem com novas interpretações, traduções e acréscimos ao material canônico, como se toda a revelação e interpretação divinas lhes fossem confiadas particularmente, levando multidões às trevas da ignorância do bom e sadio conhecimento a respeito de Deus.
Um dos grandes erros das mais famosas seitas heréticas existentes entre nós é o desprezo por tudo o que já foi feito pelos estudiosos de todas as épocas sobre as Escrituras. Desconsideram o labor de santos, doutos e dedicados homens de Deus à tarefa de estudar, interpretar, compilar e traduzir os escritos canônicos e isto numa época em que tudo era feito à mão. Os hereges surgem com novas interpretações, traduções e acréscimos ao material canônico, como se toda a revelação e interpretação divinas lhes fossem confiadas particularmente, levando multidões às trevas da ignorância do bom e sadio conhecimento a respeito de Deus.
Bibliografia
Ø
Lund / P. C. Nelson. HERMENÊUTICA: Regras de Interpretação das Sagradas Escrituras, Editora
Vida, 1968
Ø
Josias Moura de Menezes. APOSTILA DO INSTITUTO BÍBLICO BETEL BRASILEIRO DE HERMENÊUTICA,
João Pessoa.
Ø Douglas Stuart e Gordon D. Fee. MANUAL DE EXEGESE BÍBLICA, Editora Vida Nova, 2008
Ø
ZUCK, Roy.
Interpretação bíblica:
A meios de descobrir a verdade da Bíblia; Editora Vida, São Paulo,
Ø
OSBORNE, Grant R. Espiral
hermenêutica: A uma nova abordagem à interpretação bíblica; Editora
Vida, São Paulo,
Filho
de José Alves Ferreira e Walmerina Japiassu Ferreira, alcançou a licenciatura
em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC) em
1969.
[2]
Inspiração
mecânica ou teoria do ditado verbal - Segundo esse pensamento, a inspiração
da Bíblia aconteceu como um ditado literal da Palavra de Deus aos escritores,
como uma espécie de “transe”, onde praticamente não havia lugar para a
atividade intelectual, para a formação acadêmica, nem mesmo para o estilo de
cada escritor. Os autores não passaram de uma maquina de escrever humanas ou
ditafones que serviram como instrumentos para que a Palavra de Deus chegasse
eventualmente a incorporar-se no cânon sagrado.
[3] Inspiração de conceitos ou ideias - Ensina que
Deus inspirou as ideias contidas na Bíblia na mente dos autores... apenas as
ideias, mas nenhuma Palavra... Segundo essa teoria, as palavras registradas por
escrito são de responsabilidade exclusiva dos escritores – eles teriam colocado
no papel, à sua maneira, as ideias que lhes foram inspiradas.
Verbal
–
Implica que os autores não foram inspirados apenas em suas ideias gerais, mas
nas próprias palavras usadas por ele. A ideia é que cada palavra escrita nos
manuscritos originais teve a supervisão de Deus.
Plenário – A inspiração
reivindicada se estende a toda a Bíblia. Deus fez com que toda Escritura fosse
escrita e não apenas as seções que levam as marcas da inspiração mais
claramente.
[5] Inspiração
parcial - Ensina que partes da Bíblia são inspiradas e outras não. Afirma
que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas que apenas contém a Palavra de Deus.
Admite certas partes da Bíblia como sobrenaturalmente inspiradas, ou seja,
porções da Bíblia que de outra forma seriam desconhecidas (relatos da criação,
profecias, etc.)
[6] O Modernismo Teológico - O Iluminismo
foi o legado do modernismo que originou um movimento intelectual feito por
pensadores filosóficos que ocorreu no final do século XVII e no século XVIII,
que destacava a soberania da razão humana. Foi um tempo em que tiraram Deus do
centro para colocar o homem com sua razão. Nessa época eles só procuravam
entender o quê era possível para a razão humana, e tudo que não fosse racional
era colocado de lado. Portanto, todas as suposições metafísicas religiosas eram
abomináveis para eles, pois era tudo irracional.
Esse período da história moderna tinha seus maiores pensadores na Alemanha e Holanda. Especialmente era fundamentado no racionalismo e no anti-sobrenaturalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e, também, no empirismo de Locke, Berkeley e Hume.
Esse período da história moderna tinha seus maiores pensadores na Alemanha e Holanda. Especialmente era fundamentado no racionalismo e no anti-sobrenaturalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e, também, no empirismo de Locke, Berkeley e Hume.
[7] Teologia liberal (ou liberalismo
teológico) foi um movimento teológico cuja produção se deu entre o final do século XVIII e o início do século XX. Relativizando a autoridade da Bíblia, o liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da
doutrina bíblica com a filosofia e as ciências da religião.
Oficialmente, a teologia liberal se iniciou, no meio evangélico, com o
alemão Friedrich
Schleiermacher(1768-1834). Essa
teologia é fruto do modernismo teológico.
[8] A
neo-ortodoxia ou barthianismo é um
modelo teológico ligado ao nome do teólogo alemão Karl Barth (1886-1968). Sua
obra literária de maior destaque é a Dogmática
da Igreja, escrita em treze volumes que encerram os elementos principais
do seu pensamento.
Barth ensinou que a única revelação de Deus ao homem é Cristo. Só ele é
a Palavra de Deus. Por ele, exclusivamente, Deus se comunicou com os seres
humanos e isso aconteceu quando a Palavra se fez carne e o Deus-homem se
manifestou ao mundo.
De acordo com esse entendimento, a Bíblia não é a Palavra de Deus, pois somente
Cristo é. Ademais, Barth não cria que as palavras das Escrituras fossem inspiradas e também não
acreditava que os registros bíblicos fossem infalíveis. Curiosamente, segundo a
neo-ortodoxia, ainda que a Bíblia não deva ser vista como revelação de
Deus, ela deve ser respeitada, pois as Escrituras podem se tornar Palavra
de Deus caso Cristo fale
conosco por intermédio de suas páginas e assim nos conduza a um encontro com
ele. Dessa forma, elas não são Palavra de Deus num sentido objetivo, mas podem
vir a ser num sentido subjetivo e existencial, dependendo do impacto espiritual
que causem sobre um determinado indivíduo, num dado momento de sua vida.
Reagindo ao liberalismo
teológico, a teologia dialética ou
neo-ortodoxa tem em Karl Barth o principal nome. Além dele, outros teólogos
tornaram-se conhecidos, como Emil Brunner, Friedrich
Gogarten, Eduard Thurneysen e Rudolf Bultmann, por exemplo.
[9] O termo
ortodoxia normalmente é empregado pelo protestantes para se referir ao sumário
das doutrinas defendidas pelos reformadores e em geral aceitas pelas igrejas
das Reforma. Nesse caso, ser ortodoxo significa estar de acordo com os
princípios da Reforma.
[10]
A palavra "dispensação"
deriva-se de um termo latino que significa "administração" ou
"gerência", e se refere ao método divino de lidar com a humanidade e
de administrar a verdade em diferentes períodos de tempo.
[11] Então a
visão da interpretação epigenética das escrituras funciona assim como o
desenvolvimento de uma semente. Primeiro temos a semente, em cujo DNA esta tudo
escrito que vira a ser no futuro. Exemplo: uma semente de laranja. Se eu tomar
na mão uma semente de laranjeira, não tenho uma laranjeira na mão, não tenho
flores de laranjeira com o cheiro característico, nem laranjas. Mas por outro
lado tenho tudo isso, é só plantar a semente e tudo o mais vira naturalmente.
De maneira que quando eu tiver uma laranjeira com flores e seu cheiro
característico, na verdade não terei nada que já não existisse antes, somente
tive que esperar o desenvolvimento histórico para que chegasse lá. Agora veja
por exemplo esta aplicação do modelo epigenético para interpretar a Bíblia: No
plano de Deus, o que Ele está fazendo como produto final, não foi o ser humano
representado por Adão e Eva como se encontravam no paraíso, mas o ser humano
representado por Jesus na sua glorificação. Inclusive nossos corpos na
ressurreição serão semelhantes ao de Jesus. Portanto Deus não voltando na
história para fazer concertos, mas seguindo em frente rumo ao desenvolvimento
da semente humana. No final da história não seremos como Adão no Paraíso, mas
como Jesus depois da ressurreição.
Por esse
processo explicamos o desenvolvimento da criação e também a entrada do pecado
no mundo que causou a mudança epigenética na raça humana, mas que não pegou
Deus desprevenido, porque Ele já tinha planejado, dentro do livre arbítrio
humano, a redenção ou a continuação de sua criação através do novo nascimento
em Cristo Jesus, através do qual passamos a receber seu DNA, exemplos: II Pedro
1:3-4, I Pedro 1:18-21.
O Modelo
epigenético nos proporciona uma ferramenta para interpretação bíblica através
da qual as doutrinas básicas e amplamente reconhecidas pela igreja cristã se
alinham sem contradição.
[12]Análise Léxico-Sintática - Definição e
Pressuposições
Análise léxico-sintática é o estudo do
significado de palavras tomadas isoladamente (lexicologia) e o modo como essas
palavras se combinam (sintaxe), a fim de determinar com maior precisão o
significado que o autor pretendia lhes dar.
A análise léxico-sintática
fundamenta-se na premissa de que embora as palavras possam assumir uma
variedade de significados em contextos diferentes, elas têm apenas um
significado intencional em qualquer contexto dado. Assim, se eu dissesse “Ele é
ou está verde”, essas palavras poderiam significar que (1) ele é inexperiente,
ou (2) ele está doente, ou (3) ele está assustado. Conquanto minhas palavras
pudessem significar qualquer uma dessas três coisas, o contexto geralmente indicará
qual dessas ideias eu desejo comunicar. A análise léxico-sintática ajuda o
intérprete a determinar a variedade de significados de uma palavra ou de um
grupo de palavras, e então declarar que o significado X é mais provável do que
o significado Y ou Z de ser a intenção do autor nessa passagem.
Passos
para a Análise Léxico-Sintática – Ás vezes a análise léxico-sintática é
difícil, mas com frequência ela produz resultados empolgantes e significativos.
A fim de tornar este processo complexo, um tanto mais fácil de entender, ele
foi subdividido num procedimento de sete passos:
1. Apontar a forma literária geral à A forma literária que o autor usa
(prosa, poesia, etc.) influência o modo como ele pretende que suas palavras
sejam entendidas.
2. Investigar o desenvolvimento do tema e
mostrar como a passagem em consideração se encaixa no contexto à Este passo, já iniciado como parte da
análise contextual, dá uma perspectiva necessária para determinar o significado
das palavras e da sintaxe.
3. Apontar as divisões naturais do texto à As principais unidades conceituais e
as declarações transicionais revelam o processo de pensamento do autor e,
portanto, tornam mais claro o significado que ele quis dar.
4. Identificar os conectivos dentro dos
parágrafos e sentenças à
Os conectivos (conjunções, preposições, pronomes relativos) mostram a relação
que existe entre dois ou mais pensamentos.
5. Determinar o significado isolado das
palavras à
Qualquer palavra que sobrevive por muito tempo numa língua começa a assumir uma
variedade de significados.
6. Analisar a sintaxe à A relação das palavras entre si
expressa-se por meio de suas formas e disposições gramaticais.
7. Colocar os resultados de sua análise
léxico-sintática em palavras que não tenham conteúdo técnico, fáceis de ser
entendidas, que transmitam com clareza o significado que o autor tinha em
mente.
[13] Este passo, já iniciado como parte da
análise contextual, é importante por dois motivos.
·
Primeiro,
o contexto é a melhor fonte de dados para a determinação de qual dos diversos possíveis
significados de uma palavra é o que o autor tinha em mente.
·
Segundo, a não
ser que uma passagem seja colocada na perspectiva de seu contexto, há sempre o
perigo de ela se envolver tanto nas tecnicidades de uma análise gramatical que
o intérprete perca a visão da ideia (ou ideias) básica que as palavras
realmente comunicam.
Em sua maioria, as palavras que sobrevivem por longo tempo numa língua
adquirem muitas denotações (significados específicos) e conotações (implicações
complementares). Ao lado de seus significados específicos, muitas vezes as
palavras têm uma variedade de denotações vulgares, isto é, usos encontradiços
na conversação comum.
As palavras ou frases podem ter denotações vulgares e também técnicas.
Por exemplo, a frase “Há uma onda de coqueluche na cidade” tem um sentido
quando empregada como termo médico, mas o sentido muda por completo quando se
diz que “a coqueluche da cidade é andar com calças ‘jeans’ “ desbotadas”, onde
a linguagem é vulgar.
As denotações literais podem, finalmente, conduzir a denotações
metafóricas.
Usada literalmente, a palavra verde designa uma cor; empregada com
sentido metafórico, pode estender-se desde a cor de uma laranja que ainda não
amadureceu até à ideia de uma pessoa imatura, ou inexperiente.
Método para
Descobrir as Denotações de Palavras Antigas
Há três métodos geralmente adotados para se descobrir a variedade de
significados que uma palavra possa ter:
1. O primeiro é estudar os modos como ela
foi empregada em outra literatura antiga.
2. O segundo método é estudar os
sinônimos, procurando pontos de comparação bem
como de contraste.
3. O terceiro método para a determinação
dos significados de uma palavra é a etimologia – o estudo do significado das
raízes históricas da palavra.
Há disponíveis vários tipos de instrumentos léxicos que capacitam o
atual estudioso das Escrituras a averiguar os diversos possíveis significados
de palavras antigas. Os mais importantes tipos de instrumentos léxicos estão
descritos a seguir.
·
Concordâncias
à Uma concordância, ou chave bíblica, contém uma lista de todas as vezes
que determinada palavra é usada na Escritura. Para examinar os vários modos em
que determinada palavra hebraica ou grega foi empregada, consulte-se uma
concordância hebraica ou grega, que arrola todas as passagens em que aparece a
palavra.
·
Léxicos à Léxico é um dicionário de vocábulos
hebraico ou gregos. Como um dicionário da língua portuguesa, ele registra as
várias denotações de cada palavra nele encontrada.
Muitos léxicos oferecem uma síntese do
uso das palavras, tanto na literatura secular como na bíblica, citando exemplos
específicos. Muitas vezes as palavras hebraica e gregos estão registradas em
ordem alfabética, de modo que é útil conhecer os alfabetos hebraico e grego a
fim de usar esses instrumentos.
·
Sintaxe à A sintaxe trata do modo como os
pensamentos são expressos por meio de formas gramaticais. Cada língua tem sua
própria estrutura, e um dos problemas que tanto dificultam a aprendizagem de
outra língua é que o estudante deve dominar não só as definições e pronúncias
das palavras da nova língua, mas também novos modos de dispor e demonstrar a
relação de uma palavra com outra.
A língua portuguesa é analítica: a
ordem das palavras é um guia para o significado. O hebraico é, também, uma
língua analítica. O grego, pelo contrário, é uma língua sintética: o
significado é entendido apenas parcialmente pela ordem das palavras e muito
mais pelas terminações da palavra ou pelas terminações de casos.
·
Bíblias
Interlineares. Estas bíblias contêm o texto hebraico ou grego com a tradução
impressa entre as linhas (daí o nome interlinear). Justapondo-se os dois
conjuntos de palavras, elas capacitam o estudante a indicar facilmente a
palavra (ou palavras) hebraica ou grega que ele deseja estudar.
[15] Os
escritos apocalípticos contêm palavras empregadas com sentido simbólico. A
prosa e a poesia empregam palavras com sentidos literal e figurativo; na prosa
predomina o uso literal; na poesia, usa-se com maior frequência a linguagem
figurativa.
Todo esse estudo faz parte da hermenêutica
ResponderExcluirBoa noite irmão
ResponderExcluirPaz do Senhor
Sou prof. de teologia e gostaria de saber se o senhor me autoriza usar não apenas essa apostila, mas as outras também, pois tenho estudado por elas, e as mesmas são excelentes,tenho certeza que os irmãos serão tremendamente impactados.
Desde já lhe agradeço.
Jesus lhe abençoe.
Caro Marcelo, sinta-se a vontade para fazer uso dos materiais que aqui estão. Deus o abençoe.
ExcluirA paz PR. Marcelo. Estamos fazendo um curso de missiologia e podemos usar as apostilas para.estudarmos e parte dela passar ao demais?
ResponderExcluirQue Deus os abençoe grandemente através do curso. O material está a disposição de todos.
ResponderExcluirblog abençoado , meu desejo é que o bom Deus continue a usar o nobre irmão Cornélio póvoa de oliveira.
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirGraça e paz amado tudo bem... Por favor quais são as áreas da hermenêutica? Muito obrigado amei o estudo parabéns 👏👏
ResponderExcluirGraça e Paz, muito bom, amei o estudo.
ResponderExcluirParabéns.