DANÇANDO COM DEUS
Iremos refletir sobre a
seguinte pergunta: Qual o elo entre a cruz, Jesus e a redenção da humanidade?
Para entendermos
melhor a profundidade desta história convido você a mergulhar comigo no tempo
antes do princípio (Gn -1).
Gênesis 1:1 - No
princípio Deus criou os céus e a terra. - E o texto segue descrevendo toda
criação, até que no sexto dia Deus cria o homem a Sua imagem e semelhança. Mas o
que existia antes de toda criação? Somente Deus. Todas as coisas se originam de
Deus. Como vivia Deus antes de criar o universo e o homem? É difícil descrever
a vida da Trindade Santíssima, contudo a Bíblia nos dá alguns flashes.
Os teólogos afirmam que a
trindade mesmo antes de toda criação vivia num movimento coreográfico perfeito
e harmonioso.
Os teólogos chamam esta dança de PERICHORESIS
- peri (radical) = ao redor, envolta à “periferia”
- chore (radical) = dança à coreografia
- esis (sufixo) = usado para ações ou processo.
Por isso o tema de nossa mensagem: Dançando Com Deus.
Perichoresis se refere à mútua coabitação das três
pessoas da Trindade. A palavra significa que a trindade dança ao redor de si, onde as três
pessoas estão completamente entrelaçadas uma com a outra. Dançam em uma
sintonia perfeita, uma dança harmoniosa e onde há uma entrega completa de um
ser ao outro, no mais perfeito e puro amor. Compartilham completamente da vida um do outro sem,
contudo, perder a identidade. Cada Pessoa da Trindade contém e envolve as
outras e, ao mesmo tempo, é contida pela outra. Jesus disse “eu e o Pai somos
um”, “Quem vê a mim, vê o Pai”, “Eu estou no Pai o Pai está em mim”.
É uma dança dinâmica que envolve mudança contínua: ora uma
pessoa está no centro, ora outra. A cada momento, os participantes estão numa
configuração diferente.
Em meio a essa dança, numa explosão de amor, Deus cria todas
as coisas, sendo o homem a coroa desta criação, o ser que Ele fez a Sua imagem
e semelhança para que este participasse da dança da Trindade Santíssima.
Entretanto o homem causa
uma ruptura naquela linda dança, ele escolhe dançar sua própria música,
conduzir a si mesmo pelo salão e faz surgir no salão celestial uma imagem nova:
a cruz. Neste momento se inicia o elo entre Jesus, a cruz e a
humanidade.
A cruz surgiu na eternidade e não no nosso kronos. O nosso
Kronos é um tempo dentro da eternidade, um tempo criado por Deus para poder nos
restaurar e nos conduzir de volta a eternidade.
Efésios 1:4 – Porque Deus nos escolheu nele antes da
criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.
Com isto em mente
quero convidar você a ir comigo para a primeira divisão.
1)
Cristo sofreu e
morreu a nossa morte.
Jesus
teve que deixar o baile, aquela dança perfeita, que vivia com o Pai e com o
Espírito Santo para se fazer homem e passar por todo este sofrimento, por causa
do nosso pecado.
Paulo descreve esta
realidade:
Filipenses 2:5-8 - 5Seja a atitude de
vocês a mesma de Cristo Jesus,6que,
embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia
apegar-se; 7mas
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.8E, sendo encontrado
em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de
cruz!
6o qual
existindo na forma de Deus não considerou o ser igual a Deus um privilégio
(prêmio).
Paulo diz que Jesus não considerou o ser igual a Deus como algo que Ele
devia se apegar. Jesus não considerou isso quando era homem, mas quando ainda
era Deus. Quando Deus ele abriu mão de sua divindade. Paulo está dizendo que
Jesus imediatamente ao ver o homem deixando o salão celestial, abriu os braços
para o Pai e disse: “deixa-me morrer por eles”.
Isaías 53:3-6 - 3Foi desprezado e
rejeitado pelos homens, um homem de tristeza e familiarizado com o sofrimento.
Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o
tínhamos em estima.
4Certamente ele tomou
sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, contudo nós
o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido.
5Mas ele foi
transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de
nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas
feridas fomos curados.
6Todos nós, tal qual
ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e
o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.
O que enviou Cristo para a cruz não foi somente a ambição
de Judas, nem somente a inveja dos sacerdotes, nem somente a covardia vacilante
de Pilatos, mas a nossa própria ganância, inveja, covardia e outros pecados.
Como descrever a dor vivida por Jesus naquelas seis horas
finais de sua vida.
Na cruz com as costas dilaceradas pelos açoites a dor é
imensa causada pelas farpas da madeira, câimbras causadas pelo estiramento dos
seus músculos, incapacidade de respirar, dor no peito causado pelo coração
comprimido que tenta bombear sangue para o corpo, perde líquido em seus
tecidos, os pulmões lutam para conseguir ar, a sede toma conta do seu ser, até
que percebendo que sua morte era iminente, ele junta toda sua força restante
para poder sustentar seu corpo e gritar: “Pai em tuas mãos entrego meu
espírito”.
Entretanto
acredito que essa não foi a maior dor experimentada por Jesus, porque essa dor
era pontual, em toda existência de Jesus, ela duraria apenas seis horas, e
Jesus sabia disso.
Jesus também tinha ciência de que seu
sofrimento e morte traria satisfação, assim como uma mãe que sofre a dor do
parto.
Contudo dor maior era a de ter que deixar a glória que tinha
com o Pai e com o Espírito Santo.
Ilustração: No último
natal eu fui com minha família para Londrina...
Nosso pecado fez com
que a dança da Trindade fosse interrompida, por isso Jesus ora: E agora, Pai, glorifica-me junto a ti,
com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse. João 17:5
Assim como Jesus deixa a glória que tinha para carregar a cruz, nós
também somos convidados a carregar nossa cruz, a deixamos nossa glória, a
renunciarmos a nós mesmos para dançarmos com a Trindade no palco do universo
(Lc 9:23).
Porque Ele sofreu e morreu a nossa morte?
2)
Cristo morreu como
propiciação por nossos pecados.
Propiciação é o ato realizado para
aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua
justiça, tendo como resultado o perdão do pecado e a restauração do pecador à
comunhão com Deus.
Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 6:23).
A Bíblia toda vê a morte humana
não como um evento natural, mas penal.
Nossos pecados se tornaram um obstáculo nos impedindo de receber o dom
que ele desejava nos dar.
Portanto eles tinham de ser removidos antes que a salvação nos fosse
outorgada.
Misericórdia – não dar o castigo que é merecido.
Justiça – dar o castigo que é merecido. Jesus foi castigado em nosso lugar.
Graça – além de não dar o castigo que é merecido, presentear aquele que não
merece.
Deus em Cristo Jesus
morreu a nossa morte, pagou o preço dos nossos pecados, e, dessa forma nos
oferece de graça a salvação. Em Cristo Jesus somos libertos da condenação que
estava sobre nós, Nele somos justificados e pela fé recebemos esta graça, pela
fé nos apropriamos da salvação que nos foi conquistada por Cristo.
3) Cristo morreu para conduzir-nos a Deus.
1 Pe 3:18 - Pois também
Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para
conduzir-nos a Deus.
O foco do propósito benéfico da morte de Jesus é a nossa reconciliação.
Gn 3 – O Relato da Queda - O
homem se desconecta de Deus Criador.
O que causou a interrupção da linda dança no salão celestial e que trouxe
Jesus a Cruz foi o desejo do homem de criar sua própria dança, de conduzir a si
mesmo no ritmo ditado pela vida. Ele não queria mais ser conduzido, mas
conduzir.
Cl 1:16-17 - “...pois
Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis... Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Ele é antes de
todas as coisas, e Nele tudo subsiste”.
Existimos para Ele. Deus tem prazer em cuidar de você, tudo subsiste
através Dele e por meio Dele.
Ilustração: Celular
Se conectar com Deus é entrar na dança da trindade, se deixar ser conduzido
por Deus na dança da vida, isto é, viver novamente dependente Dele, mas também
debaixo de Seu cuidado, de sua provisão e desta forma cumprimos nosso propósito.
Viver na dependência de Deus e de
seus cuidados é viver sob os valores e princípios do Seu Reino.
"20Minha oração não é apenas por
eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21para
que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste (João
17:20,21).
A oração de Jesus
nos mostra que a dança da Trindade é uma dança inclusivista, aberta para todos que
desejam participar; isto significa que somos chamados para vivermos de forma
aberta ao outro, a incluir o outro em nossas vidas. Portanto,
Reflexão: Se você deseja viver conforme a cruz você precisa
considerar...
1. A realidade de que Jesus morreu
por você e Ele te convida para dançar com Ele. Você vai dançar com Ele?
2.
Quais são os
valores que sustentam suas escolhas?
3.
Você tem
aberto sua vida para novos relacionamentos com o fim de leva-los a dançar com
Deus também?
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
23/02/2017
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