INTEGRANDO TRABALHO E VOCAÇÃO
Objetivo:
Mostrar
que todo trabalho é um instrumento para glorificar a Deus.
Ø
Vídeo de
abertura: Marcos
Botelho
Existem dois grandes equívocos nesse
assunto trabalho e vocação:
Primeiro Equívoco: Trabalho é compreendido
por muitos como maldição.
De onde vem este
pensamento?
A)
Fruto
do pensamento grego. Para os gregos o trabalho não é era visto como algo bom.
Os deuses, assim como a elite da sociedade, entregavam esta tarefa para os
homens mais simples, por não considerá-la honrosa.
B)
A religião cristã medieval, influenciada
pelo pensamento grego, ampliou esta concepção separando o trabalho em secular e
sagrado. Os clérigos, os religiosos, compreendiam que o trabalho era uma
maldição dada por Deus aos homens e destinada aos não vocacionados, isto é,
àqueles que não viviam exclusivamente para a igreja.
C)
Na cultura brasileira, fortemente
influenciada pelo catolicismo medieval, o trabalho não é algo desejado, é visto
como penoso. O brasileiro inicia a carreira profissional pensando na
aposentadoria. Muitos brasileiros optam hoje por concurso público pensando na
aposentadoria. Iniciam a carreira profissional pensando no fim.
1) O que a Bíblia diz sobre o trabalho
28Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam
férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e
sobre todos os animais que se movem pela terra". (Gênesis
1.28)
O texto que
lemos se encontra antes da queda do ser humano. Isto significa que aqui temos o
projeto original de Deus para o ser humano.
Neste texto
lemos que Deus entregou ao homem duas ordens claras:
·
“Sejam férteis e multipliquem-se! Encham (...) a terra!”. – O ser humano
recebeu a ordem de povoar a terra. Isso implica em trabalho. Povoar exige não
somente relação sexual, mas educação, organização, etc.
·
“Subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes,...”. – As palavras
subjugar e dominar se originam de uma palavra cuja raiz significa pisar. Elas podem ser traduzidas como governar.
O texto está nos dizendo que o homem precisaria trabalhar para colocar todas as
espécies debaixo de seu comando.
Trabalho é todo
esforço que realizamos para tornar algo desejado, sonhado em realidade.
Trabalho é colocar o
poder criativo em ação, de forma a tornar o sonho em realidade.
A Bíblia diz que Deus
trabalhou seis dias e no sétimo descansou de todo seu trabalho (Êx 31.17).
Jesus afirma que o Pai continua trabalhando (Jo 5.17); portanto trabalho não é
maldição é parte do que Deus é.
Toda a natureza
foi criada para uso do homem. Neste mandamento vemos o mandato para toda a
verdadeira ciência. Todo avanço na agricultura, criação de animais, transporte,
energia, química, medicina e outros campos está incluído neste termo.
A verdade
bíblica do homem estar no comando refuta os modernos ambientalistas, que vêem o
homem como um intruso no mundo. Entretanto é uma tolice abusar da generosidade
da terra sem responsabilidade.
O domínio sobre
a criação não pode ser feito de qualquer jeito, de modo a desprezar, ou mesmo, destruir
a vida vegetal ou animal sem necessidade. Como enviado de Deus, o ser humano
permanece como a criatura que deve proteger a criação. Seu domínio deve ser de
forma responsável, de quem prestará conta ao Criador.
2) O Trabalho Após a Queda do Ser Humano
Em Gênesis três
(Gn 3) lemos que houve uma ruptura na vida do homem e do universo. A desconexão
com o Criador gerou um caos no universo.
17E ao homem declarou: "Visto que você deu
ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não
comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se
alimentará dela todos os dias da sua vida. (Gênesis
3.17)
O trabalho se tornou pesado após a queda, mas o trabalho
não é maldição. A terra se tornou maldita não o trabalho.
Em Gênesis um
(Gn 1), o ser humano trabalharia, mas não se sentiria cansado, não derramaria
suor, não sofreria por causa da terra. A terra produziria tudo que ele
plantasse sem grande esforço. O suor, o sofrimento que sentimos ao realizar um
trabalho, é fruto de nossa desconexão com Deus. Contudo trabalho é bênção e faz
parte de nós, assim como faz parte da natureza de Deus.
Somente após a reforma protestante, principalmente com
João Calvino, no século XVI é que o trabalho volta a ser visto como bênção e o
lucro como meio para glorificar a Deus. A partir desta visão surge o sistema
econômico capitalista.
2) Segundo Equívoco: Vocação é algo somente
para algumas pessoas
Este segundo
equívoco é fruto do primeiro equivoco. Da mesma maneira este erro foi intensificado
pela igreja medieval. Ao
separar o trabalho em secular e sagrado, também se separou os que são chamados
para o serviço sagrado, das demais pessoas. Os não vocacionados deveriam
trabalhar duro, sofrendo as consequências do trabalho maldito, para o sustento
de todos, inclusive dos clérigos.
Entretanto a Bíblia nos ensina que todos somos vocacionados
(chamados) para servir a Deus.
16pois nele foram criadas todas as coisas nos céus
e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou
autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para
ele. (Colossenses 1.16)
O texto nos diz que Deus nos criou, não somos obra do acaso.
Existimos somente por causa da vontade de Deus e para realização de sua
vontade. Existimos para Ele. Isso significa
que nossa primeira vocação é glorificar a Deus. Todos os outros papéis de nossa vida devem estar inseridos a partir
desta vocação primária. Tudo que sou e faço deve responder a esta primeira
vocação – glorificar a Deus.
Todas as atividades profissionais devem ser exercidas para
glorificar a Deus. Quando exercemos nosso trabalho com o fim de honrarmos a
Deus, estamos respondendo a nossa vocação primária. Todas as profissões, exercidas
de forma consciente, com o fim de servir a Deus e em consequência ao próximo,
ela é o lugar onde exercemos nossa vocação primária.
Cada profissão, seja qual for seu âmbito
específico de desenvolvimento, envolve uma dimensão de serviço, cooperando
ativamente para o desenvolvimento e o bem comum da sociedade, e dessa forma serve
ao próximo e glorifica a Deus.
3 – Como Integrar Trabalho e Vocação
Pessoal?
1"Assim farão Bezalel, Aoliabe e todos os
homens capazes, a quem o Senhor concedeu destreza e habilidade para fazerem
toda a obra de construção do santuário, realizarão a obra como o Senhor
ordenou. "
2Então Moisés chamou Bezalel e Aoliabe e todos os
homens capazes a quem o Senhor dera habilidade e que estavam dispostos a vir
realizar a obra. (Êxodo
36.1-2)
Todos nós devemos, em algum momento da vida, fazer-nos a pergunta
fundamental: Qual é a minha missão na vida? Como Deus deseja que eu o sirva?
Acredito que
muitas pessoas vivem frustradas profissionalmente porque são preparadas para o
trabalho sem levar em conta sua vocação pessoal e primária. Estudam anos e anos
para exercerem determinadas tarefas sem levarem em conta suas habilidades e
paixão.
Deus concedeu a cada ser humano habilidades e paixão para
exercerem sua vocação pessoal, que deve ser unida a vocação primária, que todos
seres humanos receberam, e dessa forma glorificá-lo.
Existe uma
pesquisa realizada pelo professor Mark Albion, divulgada no livro Making
a Life, Making a Living (Warner Business Books), que ilustra
claramente a importância do respeito à vocação e aos valores nas escolhas que
uma pessoa faz ao longo da carreira.
Nela,
1.500 profissionais que haviam concluído o Master in Business
Administration (MBA), vinte anos antes, nas melhores escolas
americanas, relataram as prioridades em suas escolhas profissionais : 83 %
optaram pelo emprego em função do salário. Os 17% restantes optaram por aquilo
que mais lhes dava prazer, independentemente da vida financeira.
Vinte
anos depois, Albion foi verificar como estava a carreira desses profissionais.
Dos 1.500 entrevistados, 101 tornaram-se milionários. Desses, apenas 1
pertencia ao grupo que fez sua escolha orientada pelo dinheiro, todos os demais
viraram milionários trabalhando no que gostavam
Você já viu um passarinho glorificando a Deus latindo
como um cachorro? Com certeza não. O passarinho glorifica a Deus com seu
cântico e não tentando latir.
Iremos
glorificar a Deus com os dons e habilidades que ele nos deu e não com o que
gostaríamos de ter. Glorificamos a Deus com o que somos e não com o que
gostaríamos de ser. Não adianta eu escolher uma profissão da qual eu não tenho
dons e habilidades para ela.
A felicidade profissional vem quando trabalhamos em algo
que verdadeiramente tem a ver com nossa vocação pessoal. Quando não trabalhamos
de acordo com nossa missão pessoal, ficamos irritados, de mau humor, entediados
e, por consequência, não conseguimos servir a ninguém, muito menos a Deus.
Se você está
frustrado com sua profissão, é chegada a hora de uma revisão de vida. Aproveite
este momento para analisar qual é sua verdadeira vocação, seus talentos, e vá
atrás de seu sonho. Talvez você precise de algum tempo para essa transição, mas
não se abandone atrás de uma mesa, fazendo algo que não tem nada a ver com
você, até chegar o “glorioso” dia da aposentadoria. Você correrá o risco
de não conseguir chegar até a aposentadoria, poderá vir a ser demitido antes.
A maior parte das pessoas escolhe uma profissão por motivos
que nada têm a ver com sua alma, com sua vocação. Alguns a escolhem pelo
glamour que supõem existir em algum tipo de trabalho.
A frustração
chega quando a pessoa descobre que, com o glamour, vêm junto inúmeras tarefas
aborrecedoras que somente aqueles com uma verdadeira vocação para essa
profissão fariam com prazer.
Não quero iludi-lo, por mais que escolha a profissão de
acordo com sua vocação pessoal, haverá inúmeras tarefas difíceis de cumprir,
mas que você realizará por amor e respeito à sua missão e às pessoas que
dependem de sua competência.
Em qualquer profissão que escolhermos, a banana virá sempre
com casca, e teremos de tirá-la. Ou seja, temos de aprender a curtir
também o que há de desagradável naquela profissão. Se escolhermos bem, de acordo com nossa vocação,
descascar a banana será tão gostoso quanto comê-la, porque compreendemos o
beneficio maior ao descascar a banana.
Há quem escolha determinada carreira para realizar os
sonhos da família.
Pode ser que o pai, na
juventude, tenha tentado ser médico, mas, como não conseguiu realizar seu
desejo, quer agora que o filho ou a filha siga essa carreira, custe o que
custar. Pode acontecer também que o pai seja um poderoso empresário e
queira que o filho perpetue seu negócio, mesmo que o garoto não tenha a mínima
vocação ou habilidade para tocar a empresa!
As vocações não são transferíveis. Cada pessoa tem o seu
caminho a percorrer.
Mas só conseguiremos respeitar a vocação dos outros quando soubermos respeitar
nossa própria vocação.
Reflexão:
1. Você compreende seu trabalho como bênção de Deus? Você vai feliz
para o trabalho, pois sabe que é por meio dele que você sustenta sua família?
2. Você vive sua vocação primária? Você glorifica a
Deus em tudo o que faz?
3. Você tem exercitado seus dons e habilidades para
servir ao próximo em seu trabalho? Você não trabalha somente para ganhar
dinheiro, mas para servir a Deus por meio dele?
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