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quinta-feira, 28 de junho de 2018

SERMÕES 31 - INTEGRANDO TRABALHO E VOCAÇÃO


INTEGRANDO TRABALHO E VOCAÇÃO

Objetivo: Mostrar que todo trabalho é um instrumento para glorificar a Deus.

Ø  Vídeo de abertura: Marcos Botelho

Existem dois grandes equívocos nesse assunto trabalho e vocação:

Primeiro Equívoco: Trabalho é compreendido por muitos como maldição.
De onde vem este pensamento?
A)    Fruto do pensamento grego. Para os gregos o trabalho não é era visto como algo bom. Os deuses, assim como a elite da sociedade, entregavam esta tarefa para os homens mais simples, por não considerá-la honrosa.
B)    A religião cristã medieval, influenciada pelo pensamento grego, ampliou esta concepção separando o trabalho em secular e sagrado. Os clérigos, os religiosos, compreendiam que o trabalho era uma maldição dada por Deus aos homens e destinada aos não vocacionados, isto é, àqueles que não viviam exclusivamente para a igreja.
C)    Na cultura brasileira, fortemente influenciada pelo catolicismo medieval, o trabalho não é algo desejado, é visto como penoso. O brasileiro inicia a carreira profissional pensando na aposentadoria. Muitos brasileiros optam hoje por concurso público pensando na aposentadoria. Iniciam a carreira profissional pensando no fim. 


1) O que a Bíblia diz sobre o trabalho
28Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". (Gênesis 1.28)
O texto que lemos se encontra antes da queda do ser humano. Isto significa que aqui temos o projeto original de Deus para o ser humano.
Neste texto lemos que Deus entregou ao homem duas ordens claras:
·    “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham (...) a terra!”. – O ser humano recebeu a ordem de povoar a terra. Isso implica em trabalho. Povoar exige não somente relação sexual, mas educação, organização, etc.
·    “Subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes,...”. – As palavras subjugar e dominar se originam de uma palavra cuja raiz significa pisar. Elas podem ser traduzidas como governar. O texto está nos dizendo que o homem precisaria trabalhar para colocar todas as espécies debaixo de seu comando.

Trabalho é todo esforço que realizamos para tornar algo desejado, sonhado em realidade.
Trabalho é colocar o poder criativo em ação, de forma a tornar o sonho em realidade.
A Bíblia diz que Deus trabalhou seis dias e no sétimo descansou de todo seu trabalho (Êx 31.17). Jesus afirma que o Pai continua trabalhando (Jo 5.17); portanto trabalho não é maldição é parte do que Deus é.
Toda a natureza foi criada para uso do homem. Neste mandamento vemos o mandato para toda a verdadeira ciência. Todo avanço na agricultura, criação de animais, transporte, energia, química, medicina e outros campos está incluído neste termo.
A verdade bíblica do homem estar no comando refuta os modernos ambientalistas, que vêem o homem como um intruso no mundo. Entretanto é uma tolice abusar da generosidade da terra sem responsabilidade.
O domínio sobre a criação não pode ser feito de qualquer jeito, de modo a desprezar, ou mesmo, destruir a vida vegetal ou animal sem necessidade. Como enviado de Deus, o ser humano permanece como a criatura que deve proteger a criação. Seu domínio deve ser de forma responsável, de quem prestará conta ao Criador.

2) O Trabalho Após a Queda do Ser Humano
Em Gênesis três (Gn 3) lemos que houve uma ruptura na vida do homem e do universo. A desconexão com o Criador gerou um caos no universo.
17E ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. (Gênesis 3.17)
O trabalho se tornou pesado após a queda, mas o trabalho não é maldição. A terra se tornou maldita não o trabalho.
Em Gênesis um (Gn 1), o ser humano trabalharia, mas não se sentiria cansado, não derramaria suor, não sofreria por causa da terra. A terra produziria tudo que ele plantasse sem grande esforço. O suor, o sofrimento que sentimos ao realizar um trabalho, é fruto de nossa desconexão com Deus. Contudo trabalho é bênção e faz parte de nós, assim como faz parte da natureza de Deus.
Somente após a reforma protestante, principalmente com João Calvino, no século XVI é que o trabalho volta a ser visto como bênção e o lucro como meio para glorificar a Deus. A partir desta visão surge o sistema econômico capitalista.

2) Segundo Equívoco: Vocação é algo somente para algumas pessoas
Este segundo equívoco é fruto do primeiro equivoco. Da mesma maneira este erro foi intensificado pela igreja medieval. Ao separar o trabalho em secular e sagrado, também se separou os que são chamados para o serviço sagrado, das demais pessoas. Os não vocacionados deveriam trabalhar duro, sofrendo as consequências do trabalho maldito, para o sustento de todos, inclusive dos clérigos.
Entretanto a Bíblia nos ensina que todos somos vocacionados (chamados) para servir a Deus.
16pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. (Colossenses 1.16)
O texto nos diz que Deus nos criou, não somos obra do acaso. Existimos somente por causa da vontade de Deus e para realização de sua vontade. Existimos para Ele. Isso significa que nossa primeira vocação é glorificar a Deus. Todos os outros papéis de nossa vida devem estar inseridos a partir desta vocação primária. Tudo que sou e faço deve responder a esta primeira vocação – glorificar a Deus.
Todas as atividades profissionais devem ser exercidas para glorificar a Deus. Quando exercemos nosso trabalho com o fim de honrarmos a Deus, estamos respondendo a nossa vocação primária. Todas as profissões, exercidas de forma consciente, com o fim de servir a Deus e em consequência ao próximo, ela é o lugar onde exercemos nossa vocação primária.
Cada profissão, seja qual for seu âmbito específico de desenvolvimento, envolve uma dimensão de serviço, cooperando ativamente para o desenvolvimento e o bem comum da sociedade, e dessa forma serve ao próximo e glorifica a Deus.



3 – Como Integrar Trabalho e Vocação Pessoal?
1"Assim farão Bezalel, Aoliabe e todos os homens capazes, a quem o Senhor concedeu destreza e habilidade para fazerem toda a obra de construção do santuário, realizarão a obra como o Senhor ordenou. "
2Então Moisés chamou Bezalel e Aoliabe e todos os homens capazes a quem o Senhor dera habilidade e que estavam dispostos a vir realizar a obra. (Êxodo 36.1-2)
Todos nós devemos, em algum momento da vida, fazer-nos a pergunta fundamental: Qual é a minha missão na vida? Como Deus deseja que eu o sirva?
Acredito que muitas pessoas vivem frustradas profissionalmente porque são preparadas para o trabalho sem levar em conta sua vocação pessoal e primária. Estudam anos e anos para exercerem determinadas tarefas sem levarem em conta suas habilidades e paixão.
Deus concedeu a cada ser humano habilidades e paixão para exercerem sua vocação pessoal, que deve ser unida a vocação primária, que todos seres humanos receberam, e dessa forma glorificá-lo.
Existe uma pesquisa realizada pelo professor Mark Albion, divulgada no livro Making a Life, Making a Living (Warner Business Books), que ilustra claramente a importância do respeito à vocação e aos valores nas escolhas que uma pessoa faz ao longo da carreira.

Nela, 1.500 profissionais que haviam concluído o Master in Business Administration (MBA), vinte anos antes, nas melhores escolas americanas, relataram as prioridades em suas escolhas profissionais : 83 % optaram pelo emprego em função do salário. Os 17% restantes optaram por aquilo que mais lhes dava prazer, independentemente da vida financeira. 
Vinte anos depois, Albion foi verificar como estava a carreira desses profissionais. Dos 1.500 entrevistados, 101 tornaram-se milionários. Desses, apenas 1 pertencia ao grupo que fez sua escolha orientada pelo dinheiro, todos os demais viraram milionários trabalhando no que gostavam

Você já viu um passarinho glorificando a Deus latindo como um cachorro? Com certeza não. O passarinho glorifica a Deus com seu cântico e não tentando latir.
Iremos glorificar a Deus com os dons e habilidades que ele nos deu e não com o que gostaríamos de ter. Glorificamos a Deus com o que somos e não com o que gostaríamos de ser. Não adianta eu escolher uma profissão da qual eu não tenho dons e habilidades para ela.
A felicidade profissional vem quando trabalhamos em algo que verdadeiramente tem a ver com nossa vocação pessoal. Quando não trabalhamos de acordo com nossa missão pessoal, ficamos irritados, de mau humor, entediados e, por consequência, não conseguimos servir a ninguém, muito menos a Deus.
Se você está frustrado com sua profissão, é chegada a hora de uma revisão de vida. Aproveite este momento para analisar qual é sua verdadeira vocação, seus talentos, e vá atrás de seu sonho. Talvez você precise de algum tempo para essa transição, mas não se abandone atrás de uma mesa, fazendo algo que não tem nada a ver com você, até chegar o “glorioso” dia da aposentadoria. Você correrá o risco de não conseguir chegar até a aposentadoria, poderá vir a ser demitido antes.
A maior parte das pessoas escolhe uma profissão por motivos que nada têm a ver com sua alma, com sua vocação. Alguns a escolhem pelo glamour que supõem existir em algum tipo de trabalho.
A frustração chega quando a pessoa descobre que, com o glamour, vêm junto inúmeras tarefas aborrecedoras que somente aqueles com uma verdadeira vocação para essa profissão fariam com prazer.
Não quero iludi-lo, por mais que escolha a profissão de acordo com sua vocação pessoal, haverá inúmeras tarefas difíceis de cumprir, mas que você realizará por amor e respeito à sua missão e às pessoas que dependem de sua competência.
Em qualquer profissão que escolhermos, a banana virá sempre com casca, e teremos de tirá-la. Ou seja, temos de aprender a curtir também o que há de desagradável naquela profissão. Se escolhermos bem, de acordo com nossa vocação, descascar a banana será tão gostoso quanto comê-la, porque compreendemos o beneficio maior ao descascar a banana.
Há quem escolha determinada carreira para realizar os sonhos da família. Pode ser que o pai, na juventude, tenha tentado ser médico, mas, como não conseguiu realizar seu desejo, quer agora que o filho ou a filha siga essa carreira, custe o que custar. Pode acontecer também que o pai seja um poderoso empresário e queira que o filho perpetue seu negócio, mesmo que o garoto não tenha a mínima vocação ou habilidade para tocar a empresa!
As vocações não são transferíveis. Cada pessoa tem o seu caminho a percorrer. Mas só conseguiremos respeitar a vocação dos outros quando soubermos respeitar nossa própria vocação.

Reflexão:
1.      Você compreende seu trabalho como bênção de Deus? Você vai feliz para o trabalho, pois sabe que é por meio dele que você sustenta sua família?
2.      Você vive sua vocação primária? Você glorifica a Deus em tudo o que faz?
3.      Você tem exercitado seus dons e habilidades para servir ao próximo em seu trabalho? Você não trabalha somente para ganhar dinheiro, mas para servir a Deus por meio dele?

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