EM BUSCA DA MATURIDADE
Efésios 4.8,11-16
Introdução: Alguns dias atrás comemorei mais um ano de vida. Hoje estou aqui celebrando junto com os irmãos mais um ano de vida desta igreja. Fazer aniversário é sempre bom, não só por causa dos presente, pois nos faz perceber que vencemos apesar dos riscos que corremos todos os dias para sobreviver. Este processo de vitória sobre as lutas diárias para completarmos mais um ano de vida, produz em nós amadurecimento.
A principio pensamos que o amadurecimento é um processo natural da vida. Nascemos, nos tornamos crianças, adolescentes, jovens e adultos. De certa forma todos acreditam que ao se tornarem adultos automaticamente se tornaram pessoas responsáveis e maduras. Contudo eu diria que este processo não denota necessariamente que uma pessoa amadureceu e muito menos se tornou responsável. O mundo está cheio de adultos irresponsáveis. Este é um processo natural de crescimento (físico), mas não de amadurecimento. O crescimento psicológico, intelectual e espiritual não acontece sem que nos esforcemos para obtê-lo.
Amadurecimento está mais ligado com o aprendizado, com que aprendemos em nossas vidas e praticamos. Uma pessoa pode envelhecer, sem nunca ter sido realmente madura na vida.
Em nossa vida espiritual também temos a tendência de acharmos que o amadurecimento virá naturalmente, mas isto não é verdade. O amadurecimento é fruto de trabalho intencional. Só amadurece quem deseja amadurecer.
Transição: Segundo os estudiosos das Escrituras esta epistola do apóstolo Paulo foi escrita quando ele se encontrava preso em Roma, por volta do ano 60 d.C.
Sem dúvida esta é uma das cartas mais bonita escrita por Paulo. Ela trata de diversos temas teológicos e também de diversas práticas da vida cristã.
Os versos que lemos dizem que Jesus Cristo deu alguns dons aos homens, isto é, ele concedeu a alguns homens uma capacidade especial com a finalidade de aperfeiçoar os santos, isto é, conduzi-los ao amadurecimento.
A palavra aperfeiçoar (no grego katartismos) significa completar o que está incompleto. Se existe a necessidade de aperfeiçoar, significa que ainda não está perfeito.
Jesus concedeu para igreja alguns dons, que podemos chamar aqui de ministérios, porque estes dons foram dados para servir a igreja, com a finalidade de torná-la perfeita. Em outras palavras os ministérios alistados por Paulo foram dados por Jesus à Igreja com a finalidade de conduzi-la ao amadurecimento.
Está claro que Jesus deseja nosso amadurecimento. Diante disso creio que precisamos responder algumas perguntas:
1 – Por que Jesus deseja que busquemos a maturidade?
1.1 – Para desempenharmos o serviço que Cristo nos deixou (v.12)
Cristo tem um serviço (diakonia – serviço feito pelos servos da casa) para cada um de nós. O pastor foi dado a Igreja de Cristo com a finalidade de aperfeiçoar os santos para o serviço. A tarefa do pastor é aperfeiçoar os membros (você) para que os mesmos (você) possam cumprir a grande tarefa deixada por Cristo, fazer com que o Seu Reino se estenda por toda terra.
O pastor pastoreia você para que você possa pastorear o mundo e dessa forma edificarmos o Corpo de Cristo.
È importante considerarmos que cada um tem um dom, uma vocação diferente do outro, por isso somos um corpo. Um tem o dom da liberalidade, outro ensino, outro misericórdia, governo, etc.
Deus cobrará de você o dom que Ele te entregou. O que você aprende com o seu pastor é para você colocar em prática através do seu dom e ministério seja ele secular ou eclesiástico ou ainda para-eclesiástico.
1.2 – Para que não sejamos mais como meninos agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina (v.14)
Outro aspecto por que Jesus deseja nossa maturidade é porque Ele quer que permaneçamos livres. A Palavra de Deus diz: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32).
Jesus faz essa afirmação para um grupo de pessoas (judeus) que viviam debaixo de um sistema religioso legalista e escravizante. Os religiosos, nos tempos de Jesus, colocavam sobre o povo de Deus um fardo muito pesado que eles mesmo não se submetiam.
Jesus é a verdade que nos liberta. Ele é a Rocha onde devemos construir nossas vidas e alicerçarmos nossos lares. Entretanto muitas pessoas têm sido desviadas de sua fé genuína em Cristo, levadas por falsos ensinos. Por falta de maturidade! Não se desenvolveram espiritualmente.
Por exemplo: Jesus Cristo pôs fim aos sacrifícios. Entretanto muitos hoje levados por falsas doutrinas continuam fazendo sacrifícios a Deus, pensando que desta forma O agradarão para receber DELE algum favor. Carregam cruzes, sobem montanhas, ofertam tudo o que ganham, jejuam constantemente, etc.
Podemos e devemos jejuar, mas a motivação não deve ser a de manipular Deus e sim de buscá-lo de todo o coração.
Em conseqüência desta falta de maturidade encontramos na igreja muitos crentes “montanhas russas”, isto é, um dia estão com a fé lá em cima, prontos para morrer por Jesus, e logo em seguida estão lá embaixo, reclamando de tudo e alguns chegam até mesmo a apostatar-se da fé.
Pedro viveu esta experiência antes do Pentecostes porque lhe faltava maturidade.
A maturidade nos faz homens e mulheres constantes, mesmo em meio às dificuldades.
2 – Como podemos alcançar a maturidade?
2.1 – Seguindo a verdade em amor (v.15)
Acho muito interessante esta expressão “seguindo a verdade”. Nós devemos seguir a verdade. Cristo é a verdade, portanto devemos segui-lo. Segui-lo implica em vivermos como Ele viveu; em lutarmos pelo que Ele lutou; em empenharmos nossa energia onde Cristo empenhou Sua energia. Isto implica agirmos sempre com retidão, assim como Jesus o fez.
Devemos seguir a verdade (os passos de Cristo) em amor. O amor é o combustível que nos dá força para seguirmos a Cristo.
Não podemos seguir a Cristo e nem servi-lo porque almejamos o céu, uma cura, um trabalho, enriquecimento ou qualquer outra bênção; nós devemos segui-lo porque o amamos e o reconhecemos como nosso Senhor e Salvador.
Uma vez que o seguimos em amor, seremos conduzidos a diversas situações que nos conduzirá ao amadurecimento.
2.2 – Vivendo em comunhão com o Corpo (v.16)
Também amadurecemos quando estamos vivendo em comunhão com os irmãos. Amadurecemos quando pedimos perdão ou quando perdoamos. Amadurecemos quando erramos e reconhecemos nosso erro ou quando acertamos e não buscamos glória.
Toda situação vivida na comunhão nos proporciona a oportunidade de agirmos como Cristo e dessa forma amadurecermos e produzirmos amadurecimento.
Quando vivemos em comunhão temos a oportunidade de servir o outro com nosso dom e amor e desta forma cooperarmos para o crescimento do corpo. Quando sirvo contribuo no meu crescimento e no crescimento de um irmão e desta forma contribuo no crescimento de todo o corpo.
3 – Como saber que alcancei a maturidade desejada?
O apóstolo Paulo no verso 13 diz: “até que...” esta expressão indica um processo em realização e ao mesmo tempo aponta o alvo do fim deste processo. Por exemplo: “Vou continuar pregando a Palavra de Deus até que Jesus volte”. Estou dizendo que só vou parar de pregar quando Jesus voltar.
Paulo está dizendo a nós que devemos amadurecer até que:
3.1 – Cheguemos à unidade da fé
“Quando a fé é corretamente participada, pessoas com diferentes origens de erro e ignorância chegam a uma compreensão crescente da única “esperança”, a uma dependência também crescente do único “senhor”, e assim sendo, a uma apreciação progressiva do único “corpo”. O alvo, portanto, deve ser a unidade da fé” (FOULKES, Francis. Efésio introdução e comentário. Série Cultura Bíblica).
Paulo está dizendo que devemos nos edificar até que todos tenhamos a mesma fé; acredito que ele não está falando de doutrinas e dogmas, mas de uma compreensão de Deus que nos faça um, mesmo em meio às diferenças. Possamos conhecer a Deus da mesma forma.
3.2 – Cheguemos ao pleno conhecimento do Filho de Deus
Jamais conheceremos uma pessoa apenas com a mente. Entendo que o apóstolo Paulo nos chama a ter um relacionamento pessoal com Cristo. Paulo está dizendo a Igreja que precisa ter uma comunhão profunda com Jesus.
3.3 – Cheguemos à estatura de Cristo
É irrelevante que este alvo possa ou não ser alcançado nesta vida. O importante é que o cristão deve marchar firme para frente levado por este sentimento.
Conclusão: Devemos buscar a maturidade porque ela não ocorrerá em sua vida sem que você pague o preço para alcançá-la. Devemos buscar a maturidade, pois ao buscá-la estaremos cumprindo a vontade de nosso Senhor Jesus Cristo.
A maturidade trará para a vida da Igreja crescimento numérico e espiritual desejado, mas acima de tudo contribuirá para que o mundo conheça Cristo como de fato Ele é.
Portanto te desafio a tomar iniciativas que o conduzam para a maturidade a partir de hoje. Assuma o compromisso de ler a bíblia todos os dias, de participar junto com os irmãos das atividades da igreja, de usar seus dons e paixão para servir a Igreja de Cristo e de orar (adorar) até que tenha um relacionamento profundo com Cristo.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
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