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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

SERMÕES 230 - O PODER DE UMA IGREJA QUE ORA

 O PODER DE UMA IGREJA QUE ORA

Série: Atos de Transformação (Atos 12)

 

Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo te alcance onde você estiver. Eu estou retomando a série de mensagens “Atos de Transformação”. Hoje estaremos refletindo no capítulo 12 do livro “Atos dos Apóstolos”. O tema de nossa mensagem é “O Poder de Uma Igreja Que Ora”.

Eu gostaria de convidar você a me acompanhar na leitura do capítulo 12 do livro “Atos dos Apóstolos”. Estarei lendo alguns versos e comentando a partir deles, dividindo assim nosso texto para uma melhor reflexão.

 

Versos 1-4

1 Nessa ocasião, o rei Herodes prendeu alguns que pertenciam à igreja, com a intenção de maltratá-los,

2 e mandou matar à espada Tiago, irmão de João.

Vendo que isso agradava aos judeus, prosseguiu, prendendo também Pedro, durante a festa dos pães sem fermento.

4 Tendo-o prendido, lançou-o no cárcere, entregando-o para ser guardado por quatro escoltas de quatro soldados cada uma. Herodes pretendia submetê-lo a julgamento público depois da Páscoa. (Atos 12.1-4)


O Texto começa apresentando para nós o tempo em que ocorreu a morte de Tiago e a prisão de Pedro através da expressão “Nessa ocasião”. A que ocasião o texto se refere?

Certamente o texto está se referindo ao tempo descrito no final do capítulo anterior, período marcado por uma grande fome em todo império romano e também marcado pela solidariedade e generosidade entre os cristãos daqueles dias.

A solidariedade e a generosidade devem ser marcas presentes em nossas vidas como cristãos. Recentemente diante a catástrofe vivida no Rio Grande do Sul vimos o Brasil manifestando estas duas marcas e nós cristãos devemos vivencia-las sempre.

Neste tempo descrito no texto o rei Herodes prendeu alguns cristãos com a intenção de maltratá-los. O rei Herodes mencionado em nosso texto não é o mesmo Herodes que mandou matar vários bebes com o fim de matar o recém-nascido menino Jesus.

O Herodes mencionado aqui é conhecido como “Agripa I”, neto de Herodes, o Grande. Ele não só manda maltratar os cristãos como da ordem para matarem à espada Tiago, irmão de João. Vendo ele que isso agradou aos judeus, mandou prender Pedro com o propósito de matá-lo também.

Duas verdades nos chamam atenção neste episódio de Herodes.

Primeira verdade: Herodes é um líder que busca afirmação dos homens.

Claramente percebemos no texto que Herodes é um líder que necessita da afirmação dos homens. Todo líder que busca afirmação dos homens e não de Deus, comete loucuras para se manter na liderança.

O líder que vive em busca da aprovação dos homens e não de Deus acaba lutando contra o próprio Deus, e em alguns casos como o de Herodes acabam perseguindo com ira e violência os filhos de Deus, esquecendo-se que um dia prestarão conta de todos os seus atos a Deus.

Segunda verdade: Os judeus foram instrumentos de afirmação da liderança de Herodes.

Se Herodes é por um lado um líder que busca afirmação dos homens, os judeus ao se agradarem da maldade cometida por Herodes aos cristãos, deram a ele a afirmação que ele buscava. Sendo assim estes judeus são participantes de seu pecado contra a igreja de Cristo. A prisão de Pedro só aconteceu porque os judeus se agradaram do que Herodes estava fazendo com os cristãos.

Nós também corremos esse risco. Muitas vezes apoiamos líderes religiosos ou governamentais que lutam contra Deus. Homens e mulheres que encontram apoio e motivação em nós para continuarem a corromper, a mentir, a praticarem o mal. Somos responsáveis diante de Deus por nossas escolhas.

Pessoas são feridas por líderes. Igrejas são divididas por líderes. Mas líderes só permanecem no poder porque tem apoio de pessoas por traz deles. Por isso precisamos saber que tipo de líder estamos seguindo. Não se associe ao pecado dos líderes que buscam afirmação nos homens.

   

Verso 5

Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a igreja orava intensamente a Deus por ele. (Atos 12.5)

Este verso destaca a ação da igreja diante a prisão de Pedro – Ela orava intensamente por Pedro.

O apóstolo Pedro era um líder-chave para a igreja naquele momento da história. A igreja estava vivendo um momento tenso, pois a liderança de Pedro mais do que nunca era um símbolo de esperança e inspiração para os crentes daqueles dias que ainda choravam pela morte de Tiago, irmão de João.

Em meio a dor vivida pela igreja naqueles dias aprendemos que o poder da igreja que ora não é só manifesto por meio da intervenção divina, como a libertação de Pedro da prisão. Sem dúvida que a forma como Deus libertou Pedro demonstra o poder extraordinário do nosso Deus e da oração de sua igreja, uma vez que Deus ouve as nossas orações.

Por isso, eu te digo, em nome de Jesus, não desista dos sonhos de Deus para você, mesmo diante as dificuldades, das perseguições, da incompreensão daqueles que te cercam e que muitas vezes te jugam baseados unicamente nas suas próprias verdades. Não desista de lutar pela verdade, de fazer o bem, lembre-se Deus te vê e sabe quem você é de verdade. Ele nos vê e conhece cada um de nós de verdade. Ele ouve a oração do justo. Ele ouve a oração da sua igreja.

O poder da oração se mostra não somente quando o sobrenatural se manifesta, mas se mostra de forma extraordinária quando reúne um grupo de irmãos para clamarem alinhados no mesmo propósito encontrado no coração de Jesus.

A prisão de Pedro proporcionou um desejo comum entre os irmãos, movidos pelo Espírito Santo de Deus que os uniu, conforme lemos no final do verso doze – “muita gente estava reunida em oração”.

A perseguição de Herodes uniu os crentes em torno de um propósito. Eles nada podiam fazer para libertar Pedro do poder de Roma. Contudo sabiam que Deus poderia fazer e se uniram em oração incessante por Pedro.

O interessante é que mesmo que Pedro não fosse liberto a união destes irmãos já era significativa, pois através dela encontravam consolo e força uns nos outros para continuarem a jornada da fé. Na comunhão Deus se mostra a nós através de nossos irmãos.

Por meio da oração temos a oportunidade de experimentarmos o extraordinário de Deus, mas também de vermos no ordinário e na comunhão a extraordinária graça de Deus.

 

Versos 6-12

6 Na noite anterior ao dia em que Herodes iria submetê-lo a julgamento, Pedro estava dormindo entre dois soldados, preso com duas algemas, e sentinelas montavam guarda à entrada do cárcere.

7 Repentinamente apareceu um anjo do Senhor, e uma luz brilhou na cela. Ele tocou no lado de Pedro e o acordou. "Depressa, levante-se!", disse ele. Então as algemas caíram dos punhos de Pedro.

8 O anjo lhe disse: "Vista-se e calce as sandálias". E Pedro assim fez. Disse-lhe ainda o anjo: "Ponha a capa e siga-me".

9 E, saindo, Pedro o seguiu, não sabendo que era real o que se fazia por meio do anjo; tudo lhe parecia uma visão.

10 Passaram a primeira e a segunda guarda, e chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. Este se abriu por si mesmo para eles, e passaram. Tendo saído, caminharam ao longo de uma rua, e de repente, o anjo o deixou.

11 Então Pedro caiu em si e disse: "Agora sei, sem nenhuma dúvida, que o Senhor enviou o seu anjo e me libertou das mãos de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava".

12 Percebendo isso, ele se dirigiu à casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muita gente se havia reunido e estava orando. (Atos 12.6-12)

Nestes versos temos a descrição da libertação de Pedro. Em meio a escuridão e a incerteza do amanhã, um anjo surge diante Pedro, iluminando o seu caminho com esperança e libertação.

A bíblia nos mostra que Pedro iria ser julgado no amanhecer do dia em que foi liberto, contudo ele dormia naquela noite antecedente ao seu julgamento. Muitas são as razões apontadas pelos estudiosos da bíblia e pregadores para justificarem o sono de Pedro em um momento tão tenso de sua vida.

Alguns argumentam pelo cansaço físico, ele poderia estar esgotado fisicamente e ter sido mal alimentado na prisão, isto o levou a dormir. Outros justificam seu sono a sua fé em Jesus Cristo, Pedro tinha a certeza de que qual fosse o seu destino, vida ou morte, ele continuaria na presença de Deus. Ainda outros justificam o seu descanso diante a morte, ao pouco valor que ele provavelmente dava a essa vida terrena, pois o mesmo pregava a todos a bonança da vida eterna.

Eu não vou me deter em discutir quais dessas possibilidades ou outras aventadas sejam mais prováveis, o que eu quero destacar e que acho interessante é que Pedro se move em obediência as palavras do anjo pensando se tratar de uma visão ou de um sonho. O texto diz: “não sabia que era real o que se fazia”. Ele só cai em si, isto é, ele só percebe que aqueles últimos acontecimentos de sua vida eram reais quando já se encontrava fora da prisão.

É interessante que a igreja que estava em oração incessante por Pedro também não acreditou de cara na libertação de Pedro, conforme podemos ler nos versos seguintes (vvs.13-17).

 

Versos 13-17

13 Pedro bateu à porta do alpendre, e uma serva chamada Rode veio atender.

14 Ao reconhecer a voz de Pedro, tomada de alegria, ela correu de volta, sem abrir a porta, e exclamou: "Pedro está à porta! "

15 Eles porém lhe disseram: "Você está fora de si!" Insistindo ela em afirmar que era Pedro, disseram-lhe: "Deve ser o anjo dele".

16 Mas Pedro continuou batendo e, quando abriram a porta e o viram, ficaram perplexos.

17 Mas ele, fazendo-lhes sinal para que se calassem, descreveu como o Senhor o havia tirado da prisão e disse: "Contem isso a Tiago e aos irmãos". Então saiu e foi para outro lugar. (Atos 12.13-17)

O texto nos mostra no verso quinze que os irmãos não acreditaram ser Pedro. Eles levantaram a hipótese de ser o anjo de Pedro que estava a porta.

Penso que muitas vezes somos também surpreendidos pela bondade de Deus, de tal forma que ficamos perplexos, e não acreditamos de imediato nas bênçãos recebidas ou mesmo oferecidas a nós.

O que aconteceu com Pedro e com os irmãos que oravam por ele, não foi um ato de falta de fé, mas foram surpreendidos por Deus, pois a resposta de Deus muito possivelmente não veio da maneira que esperavam e nem no tempo que esperavam.

Penso eu que eles esperavam Pedro ser liberto durante o dia pelas autoridades romana, por isso não acreditaram que era Pedro que batia a porta naquela hora da noite.

Não podemos nos esquecer que os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. Deus é surpreendente em poder e glória. Ele escreve a história da sua igreja, me refiro não a igreja dos homens, governada por uma hierarquia de poder, assim como os governos deste mundo, mas me refiro a igreja espiritual, governada por Jesus por meio do Espírito Santo de Deus, cujo seu governo não é baseado no poder, mas num modelo funcional, serviçal, onde cada um é colocado segundo o dom e a vocação dada por Jesus, em Seu corpo espiritual, com o fim de servir o outro e ser servido pelo outro. Dessa forma Jesus escreve a história de sua igreja deixando marcas de seu poder e de sua glória através de nós. Assim a igreja de Cristo continua testemunhando a presença do Deus vivo na história dos homens, não por meio das instituições, mas das pessoas que delas fazem parte.

 

Versos 18-23

18 De manhã, não foi pequeno o alvoroço entre os soldados quanto ao que tinha acontecido a Pedro.

19 Fazendo uma busca completa e não o encontrando, Herodes fez uma investigação entre os guardas e ordenou que fossem executados. Depois Herodes foi da Judéia para Cesaréia e permaneceu ali durante algum tempo.

20 Ele estava cheio de ira contra o povo de Tiro e Sidom; contudo, eles haviam se reunido e procuravam ter uma audiência com ele. Tendo conseguido o apoio de Blasto, homem de confiança do rei, pediram paz, porque dependiam das terras do rei para obter alimento.

21 No dia marcado, Herodes, vestindo seus trajes reais, sentou-se em seu trono e fez um discurso ao povo.

22 Eles começaram a gritar: "É voz de deus, e não de homem".

23 Visto que Herodes não glorificou a Deus, imediatamente um anjo do Senhor o feriu; e ele morreu comido por vermes. (Atos 12.18-23)

Estes versos que acabamos de ler dão ênfase ao rei Herodes que manda matar os soldados responsáveis pela guarda de Pedro. Aquele que julgava ter o poder para destruir e matar a quem quisesse termina os seus dias de forma trágica e vergonhosa. O orgulho precedeu sua queda. Herodes, Agripa I, lutou contra Deus ao ferir Tiago, ao mandar Pedro a prisão e ao maltratar os demais filhos de Deus, servos de Jesus Cristo. Herodes foi vencido por Deus, com serão todos aqueles que lutam contra Deus e ferem os seus filhos.

Sua morte é apresentada devido ao fato de não ter glorificado a Deus, aceitando para si mesmo uma honra que deveria ser dada somente a Deus.

 

Verso 24

24 Entretanto, a palavra de Deus continuava a crescer e a espalhar-se. (Atos 12.24)

Este verso nos mostra que mesmo em meio a toda dificuldade que a igreja passava por aqueles dias, ela continuava crescendo e se espalhando. A perseguição apenas tornou os verdadeiros cristãos mais fortes.

 

Verso 25

25 Tendo terminado sua missão, Barnabé e Saulo voltaram de Jerusalém, levando consigo João, também chamado Marcos. (Atos 12.25)

Este verso final nos introduz de volta para os personagens Barnabé e Paulo. O livro dará a partir deste momento ênfase as viagens missionárias destes homens, incluindo João Marcos.

 

Reflexão Final

A igreja em seus primórdios foi perseguida e seus líderes foram acusados injustamente pelas autoridades religiosas e governamentais de seus dias. Tal perseguição como vimos uniu os irmãos em oração e foi através da oração incessante de uma igreja unida que o apóstolo Pedro experimentou o livramento extraordinário de Deus.

Hoje muitos de nossos líderes que pregam a Palavra de Deus com honestidade, que vivem com integridade, homens e mulheres irrepreensíveis em sua conduta moral e ética, que lutam pela verdade bíblica e não por teologias institucionais, têm sido perseguidos violentamente por aqueles que detém o poder religioso e governamental.

As autoridades institucionais, sejam elas religiosas ou governamentais, em sua grande maioria se agarram as suas instituições, pois delas tiram o seu salário e delas recebem poder e status.

Sou um pastor batista, sirvo a minha denominação, mas tenho as escrituras sagradas como minha única regra de fé e prática. Não é errado defender uma denominação eclesiástica. Não é errado ser membro de uma instituição eclesiástica, precisamos estar membrados em uma igreja visível. Devemos congregar em uma igreja local e naturalmente sentiremos amor por essa igreja local e por aqueles que fazem parte dela. Também não é errado os pastores delas receberem os seus salários.

Entretanto quando pessoas usam da instituição e de suas leis tornando-as maiores do que a bíblia, quando o amor já não é o fundamento que determina as relações na igreja, quando em nome da instituição pessoas compradas com o sangue de Cristo são feridas e expulsas da igreja, quando o pastoreio é feito de forma dominadora, então para estas pessoas a instituição se tornou um ídolo e não mais o meio para servir a Deus.

Da mesma forma que a igreja primitiva venceu, nós venceremos esta luta nos unindo em oração incessante. A igreja que ora verá o cumprimento da Palavra de Deus, um dia seremos todos um. Não haverá mais distinção eclesiástica, teológica, ideológica, de raça, de cor, de sexo, seremos todos um em Cristo Jesus. Todo aquele que crer Nele e permanecer fiel a Ele, verá o cumprimento desta palavra. 

A grande transformação apresentada neste capítulo está no ensino que Deus humilha os soberbos, como humilhou Herodes, mas exalta os humildes, como exaltou sua igreja, libertando Pedro das mãos do grande império romano.

Deus te exaltará se você permanecer humilde até o fim, assim como Jesus permaneceu. Deus te abençoe.

 

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

19/08/2024

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