O PODER DE UMA IGREJA QUE ORA
Série: Atos de
Transformação (Atos 12)
Que a paz do nosso
Senhor Jesus Cristo te alcance onde você estiver. Eu estou retomando a série de
mensagens “Atos de Transformação”. Hoje estaremos refletindo no capítulo 12 do
livro “Atos dos Apóstolos”. O tema de nossa mensagem é “O Poder de Uma Igreja Que
Ora”.
Eu gostaria de convidar você a me acompanhar na leitura do capítulo 12 do livro “Atos dos Apóstolos”. Estarei lendo alguns versos e comentando a partir deles, dividindo assim nosso texto para uma melhor reflexão.
Versos 1-4
1 Nessa ocasião, o rei Herodes prendeu alguns que pertenciam à igreja,
com a intenção de maltratá-los,
2 e mandou matar à espada Tiago, irmão de João.
3 Vendo que isso agradava aos judeus, prosseguiu, prendendo também Pedro, durante a festa
dos pães sem fermento.
4 Tendo-o prendido, lançou-o no cárcere, entregando-o para
ser guardado por quatro escoltas de quatro soldados cada uma. Herodes pretendia
submetê-lo a julgamento público depois da Páscoa. (Atos 12.1-4)
O Texto começa apresentando
para nós o tempo em que ocorreu a morte de Tiago e a prisão de Pedro através da
expressão “Nessa ocasião”. A que ocasião o texto se refere?
Certamente o texto
está se referindo ao tempo descrito no final do capítulo anterior, período
marcado por uma grande fome em todo império romano e também marcado pela
solidariedade e generosidade entre os cristãos daqueles dias.
A solidariedade e
a generosidade devem ser marcas presentes em nossas vidas como cristãos.
Recentemente diante a catástrofe vivida no Rio Grande do Sul vimos o Brasil
manifestando estas duas marcas e nós cristãos devemos vivencia-las sempre.
Neste tempo
descrito no texto o rei Herodes prendeu alguns cristãos com a intenção de
maltratá-los. O rei Herodes mencionado em nosso texto não é o mesmo Herodes que
mandou matar vários bebes com o fim de matar o recém-nascido menino Jesus.
O Herodes
mencionado aqui é conhecido como “Agripa I”, neto de Herodes, o Grande. Ele não
só manda maltratar os cristãos como da ordem para matarem à espada Tiago, irmão
de João. Vendo ele que isso agradou aos judeus, mandou prender Pedro com o
propósito de matá-lo também.
Duas verdades nos
chamam atenção neste episódio de Herodes.
Primeira verdade:
Herodes é um líder que busca afirmação dos homens.
Claramente
percebemos no texto que Herodes é um líder que necessita da afirmação dos
homens. Todo líder que busca afirmação dos homens e não de Deus, comete
loucuras para se manter na liderança.
O líder que vive
em busca da aprovação dos homens e não de Deus acaba lutando contra o próprio
Deus, e em alguns casos como o de Herodes acabam perseguindo com ira e
violência os filhos de Deus, esquecendo-se que um dia prestarão conta de todos
os seus atos a Deus.
Segunda verdade:
Os judeus foram instrumentos de afirmação da liderança de Herodes.
Se Herodes é por
um lado um líder que busca afirmação dos homens, os judeus ao se agradarem da
maldade cometida por Herodes aos cristãos, deram a ele a afirmação que ele
buscava. Sendo assim estes judeus são participantes de seu pecado contra a
igreja de Cristo. A prisão de Pedro só aconteceu porque os judeus se agradaram
do que Herodes estava fazendo com os cristãos.
Nós também
corremos esse risco. Muitas vezes apoiamos líderes religiosos ou governamentais
que lutam contra Deus. Homens e mulheres que encontram apoio e motivação em nós
para continuarem a corromper, a mentir, a praticarem o mal. Somos responsáveis
diante de Deus por nossas escolhas.
Pessoas são
feridas por líderes. Igrejas são divididas por líderes. Mas líderes só
permanecem no poder porque tem apoio de pessoas por traz deles. Por isso precisamos
saber que tipo de líder estamos seguindo. Não se associe ao pecado dos líderes
que buscam afirmação nos homens.
Verso 5
5 Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a igreja orava intensamente a Deus por ele. (Atos 12.5)
Este verso destaca
a ação da igreja diante a prisão de Pedro – Ela orava intensamente por Pedro.
O apóstolo Pedro
era um líder-chave para a igreja naquele momento da história. A igreja estava
vivendo um momento tenso, pois a liderança de Pedro mais do que nunca era um
símbolo de esperança e inspiração para os crentes daqueles dias que ainda
choravam pela morte de Tiago, irmão de João.
Em meio a dor
vivida pela igreja naqueles dias aprendemos que o poder da igreja que ora não é
só manifesto por meio da intervenção divina, como a libertação de Pedro da
prisão. Sem dúvida que a forma como Deus libertou Pedro demonstra o poder
extraordinário do nosso Deus e da oração de sua igreja, uma vez que Deus ouve
as nossas orações.
Por isso, eu te
digo, em nome de Jesus, não desista dos sonhos de Deus para você, mesmo diante
as dificuldades, das perseguições, da incompreensão daqueles que te cercam e
que muitas vezes te jugam baseados unicamente nas suas próprias verdades. Não
desista de lutar pela verdade, de fazer o bem, lembre-se Deus te vê e sabe quem
você é de verdade. Ele nos vê e conhece cada um de nós de verdade. Ele ouve a
oração do justo. Ele ouve a oração da sua igreja.
O poder da oração
se mostra não somente quando o sobrenatural se manifesta, mas se mostra de
forma extraordinária quando reúne um grupo de irmãos para clamarem alinhados no
mesmo propósito encontrado no coração de Jesus.
A prisão de Pedro
proporcionou um desejo comum entre os irmãos, movidos pelo Espírito Santo de
Deus que os uniu, conforme lemos no final do verso doze – “muita gente estava
reunida em oração”.
A perseguição de
Herodes uniu os crentes em torno de um propósito. Eles nada podiam fazer para
libertar Pedro do poder de Roma. Contudo sabiam que Deus poderia fazer e se
uniram em oração incessante por Pedro.
O interessante é
que mesmo que Pedro não fosse liberto a união destes irmãos já era
significativa, pois através dela encontravam consolo e força uns nos outros
para continuarem a jornada da fé. Na comunhão Deus se mostra a nós através de
nossos irmãos.
Por meio da oração
temos a oportunidade de experimentarmos o extraordinário de Deus, mas também de
vermos no ordinário e na comunhão a extraordinária graça de Deus.
Versos 6-12
6 Na noite anterior ao dia em que Herodes iria submetê-lo
a julgamento, Pedro estava dormindo entre dois soldados, preso com duas algemas,
e sentinelas montavam guarda à entrada do cárcere.
7 Repentinamente apareceu um anjo do Senhor, e uma luz
brilhou na cela. Ele tocou no lado de Pedro e o acordou. "Depressa,
levante-se!", disse ele. Então as algemas caíram dos punhos de Pedro.
8 O anjo lhe disse: "Vista-se e calce as
sandálias". E Pedro assim fez. Disse-lhe ainda o anjo: "Ponha a capa
e siga-me".
9 E, saindo, Pedro o seguiu, não sabendo que era real o que se fazia por meio do anjo; tudo lhe parecia uma visão.
10 Passaram a primeira e a segunda guarda, e chegaram ao
portão de ferro que dava para a cidade. Este se abriu por si mesmo para eles, e
passaram. Tendo saído, caminharam ao longo de uma rua, e de repente, o anjo o
deixou.
11 Então Pedro caiu em si e disse: "Agora sei, sem nenhuma dúvida, que o
Senhor enviou o seu anjo e me libertou das mãos de Herodes e de tudo o que o
povo judeu esperava".
12 Percebendo isso, ele se dirigiu à casa de Maria, mãe de
João, também chamado Marcos, onde muita gente se havia reunido e estava orando.
(Atos 12.6-12)
Nestes versos
temos a descrição da libertação de Pedro. Em meio a escuridão e a incerteza do
amanhã, um anjo surge diante Pedro, iluminando o seu caminho com esperança e
libertação.
A bíblia nos
mostra que Pedro iria ser julgado no amanhecer do dia em que foi liberto,
contudo ele dormia naquela noite antecedente ao seu julgamento. Muitas são as
razões apontadas pelos estudiosos da bíblia e pregadores para justificarem o
sono de Pedro em um momento tão tenso de sua vida.
Alguns argumentam
pelo cansaço físico, ele poderia estar esgotado fisicamente e ter sido mal
alimentado na prisão, isto o levou a dormir. Outros justificam seu sono a sua
fé em Jesus Cristo, Pedro tinha a certeza de que qual fosse o seu destino, vida
ou morte, ele continuaria na presença de Deus. Ainda outros justificam o seu
descanso diante a morte, ao pouco valor que ele provavelmente dava a essa vida
terrena, pois o mesmo pregava a todos a bonança da vida eterna.
Eu não vou me
deter em discutir quais dessas possibilidades ou outras aventadas sejam mais
prováveis, o que eu quero destacar e que acho interessante é que Pedro se move
em obediência as palavras do anjo pensando se tratar de uma visão ou de um
sonho. O texto diz: “não sabia que era real o que se fazia”. Ele só cai em si,
isto é, ele só percebe que aqueles últimos acontecimentos de sua vida eram
reais quando já se encontrava fora da prisão.
É interessante que
a igreja que estava em oração incessante por Pedro também não acreditou de cara
na libertação de Pedro, conforme podemos ler nos versos seguintes (vvs.13-17).
Versos 13-17
13 Pedro bateu à porta do alpendre, e uma serva chamada
Rode veio atender.
14 Ao reconhecer a voz de Pedro, tomada de alegria, ela
correu de volta, sem abrir a porta, e exclamou: "Pedro está à porta!
"
15 Eles porém lhe disseram: "Você está fora de
si!" Insistindo ela em afirmar que era Pedro, disseram-lhe: "Deve ser
o anjo dele".
16 Mas Pedro continuou batendo e, quando abriram a porta e
o viram, ficaram perplexos.
17 Mas ele, fazendo-lhes sinal para que se calassem,
descreveu como o Senhor o havia tirado da prisão e disse: "Contem isso a
Tiago e aos irmãos". Então saiu e foi para outro lugar. (Atos 12.13-17)
O texto nos mostra
no verso quinze que os irmãos não acreditaram ser Pedro. Eles levantaram a
hipótese de ser o anjo de Pedro que estava a porta.
Penso que muitas
vezes somos também surpreendidos pela bondade de Deus, de tal forma que ficamos
perplexos, e não acreditamos de imediato nas bênçãos recebidas ou mesmo
oferecidas a nós.
O que aconteceu
com Pedro e com os irmãos que oravam por ele, não foi um ato de falta de fé,
mas foram surpreendidos por Deus, pois a resposta de Deus muito possivelmente
não veio da maneira que esperavam e nem no tempo que esperavam.
Penso eu que eles
esperavam Pedro ser liberto durante o dia pelas autoridades romana, por isso
não acreditaram que era Pedro que batia a porta naquela hora da noite.
Não podemos nos
esquecer que os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. Deus é
surpreendente em poder e glória. Ele escreve a história da sua igreja, me
refiro não a igreja dos homens, governada por uma hierarquia de poder, assim
como os governos deste mundo, mas me refiro a igreja espiritual, governada por
Jesus por meio do Espírito Santo de Deus, cujo seu governo não é baseado no
poder, mas num modelo funcional, serviçal, onde cada um é colocado segundo o
dom e a vocação dada por Jesus, em Seu corpo espiritual, com o fim de servir o
outro e ser servido pelo outro. Dessa forma Jesus escreve a história de sua
igreja deixando marcas de seu poder e de sua glória através de nós. Assim a
igreja de Cristo continua testemunhando a presença do Deus vivo na história dos
homens, não por meio das instituições, mas das pessoas que delas fazem parte.
Versos 18-23
18 De manhã, não foi pequeno o alvoroço entre os soldados
quanto ao que tinha acontecido a Pedro.
19 Fazendo uma busca completa e não o encontrando, Herodes
fez uma investigação entre os guardas e ordenou que fossem executados. Depois
Herodes foi da Judéia para Cesaréia e permaneceu ali durante algum tempo.
20 Ele estava cheio de ira contra o povo de Tiro e Sidom;
contudo, eles haviam se reunido e procuravam ter uma audiência com ele. Tendo
conseguido o apoio de Blasto, homem de confiança do rei, pediram paz, porque
dependiam das terras do rei para obter alimento.
21 No dia marcado, Herodes, vestindo seus trajes reais,
sentou-se em seu trono e fez um discurso ao povo.
22 Eles começaram a gritar: "É voz de deus, e não de
homem".
23 Visto que Herodes não glorificou a Deus, imediatamente
um anjo do Senhor o feriu; e ele morreu comido por vermes. (Atos 12.18-23)
Estes versos que
acabamos de ler dão ênfase ao rei Herodes que manda matar os soldados
responsáveis pela guarda de Pedro. Aquele que julgava ter o poder para destruir
e matar a quem quisesse termina os seus dias de forma trágica e vergonhosa. O
orgulho precedeu sua queda. Herodes, Agripa I, lutou contra Deus ao ferir
Tiago, ao mandar Pedro a prisão e ao maltratar os demais filhos de Deus, servos
de Jesus Cristo. Herodes foi vencido por Deus, com serão todos aqueles que
lutam contra Deus e ferem os seus filhos.
Sua morte é
apresentada devido ao fato de não ter glorificado a Deus, aceitando para si
mesmo uma honra que deveria ser dada somente a Deus.
Verso 24
24 Entretanto, a palavra de Deus continuava a crescer e a espalhar-se.
(Atos 12.24)
Este verso nos mostra que mesmo em meio a toda
dificuldade que a igreja passava por aqueles dias, ela continuava crescendo e
se espalhando. A perseguição apenas tornou os verdadeiros cristãos mais fortes.
Verso 25
25 Tendo terminado sua missão, Barnabé e Saulo voltaram de
Jerusalém, levando consigo João, também chamado Marcos. (Atos 12.25)
Este verso final nos introduz de volta para os
personagens Barnabé e Paulo. O livro dará a partir deste momento ênfase as
viagens missionárias destes homens, incluindo João Marcos.
Reflexão Final
A igreja em seus primórdios foi perseguida e seus
líderes foram acusados injustamente pelas autoridades religiosas e
governamentais de seus dias. Tal perseguição como vimos uniu os irmãos em
oração e foi através da oração incessante de uma igreja unida que o apóstolo
Pedro experimentou o livramento extraordinário de Deus.
Hoje muitos de nossos líderes que pregam a Palavra de
Deus com honestidade, que vivem com integridade, homens e mulheres
irrepreensíveis em sua conduta moral e ética, que lutam pela verdade bíblica e
não por teologias institucionais, têm sido perseguidos violentamente por
aqueles que detém o poder religioso e governamental.
As autoridades institucionais, sejam elas religiosas ou
governamentais, em sua grande maioria se agarram as suas instituições, pois
delas tiram o seu salário e delas recebem poder e status.
Sou um pastor batista, sirvo a minha denominação, mas
tenho as escrituras sagradas como minha única regra de fé e prática. Não é
errado defender uma denominação eclesiástica. Não é errado ser membro de uma
instituição eclesiástica, precisamos estar membrados em uma igreja visível.
Devemos congregar em uma igreja local e naturalmente sentiremos amor por essa
igreja local e por aqueles que fazem parte dela. Também não é errado os
pastores delas receberem os seus salários.
Entretanto quando pessoas usam da instituição e de suas
leis tornando-as maiores do que a bíblia, quando o amor já não é o fundamento
que determina as relações na igreja, quando em nome da instituição pessoas compradas
com o sangue de Cristo são feridas e expulsas da igreja, quando o pastoreio é
feito de forma dominadora, então para estas pessoas a instituição se tornou um
ídolo e não mais o meio para servir a Deus.
Da mesma forma que a igreja primitiva venceu, nós
venceremos esta luta nos unindo em oração incessante. A igreja que ora verá o
cumprimento da Palavra de Deus, um dia seremos todos um. Não haverá mais
distinção eclesiástica, teológica, ideológica, de raça, de cor, de sexo,
seremos todos um em Cristo Jesus. Todo aquele que crer Nele e permanecer fiel a
Ele, verá o cumprimento desta palavra.
A grande transformação apresentada neste capítulo está
no ensino que Deus humilha os soberbos, como humilhou Herodes, mas exalta os
humildes, como exaltou sua igreja, libertando Pedro das mãos do grande império
romano.
Deus te exaltará se você permanecer humilde até o fim,
assim como Jesus permaneceu. Deus te abençoe.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
19/08/2024
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