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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

SERMÕES 231 - O DESPERTAR DE UMA CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA (Atos 13.1-5)

 O DESPERTAR DE UMA CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA (Atos 13.1-5)

Série: Atos de Transformação (Atos 13)

 

Hoje chegamos no capítulo treze de nossa série “Atos de Transformação”. Não tem sido fácil ler este livro “Atos dos Apóstolos” buscando enxergar em cada capítulo transformações ocorridas nas vidas dos personagens bíblicos, da igreja ou na sociedade em que estavam inseridos, com o fim de tirarmos lições destas transformações.

Eu tenho tomado o cuidado de me prender a história de cada capítulo e a transformação ocorrida dentro desta história visando tirar lições possíveis e uteis para nós dentro dos acontecimentos descritos no texto estudado.

O capítulo treze alvo de nosso estudo de hoje, vai nos descrever a primeira viagem missionária do Apóstolo Paulo. A igreja começa a dar os primeiros passos missionários de forma consciente, respondendo assim ao seu chamado e vocação.

Nos capítulos anteriores a pregação do Evangelho ocorreu, ou pelo menos parece ter ocorrido, sem uma consciência clara desta vocação, como corpo. A igreja pregava o Evangelho e crescia em número, contudo parece que este movimento ocorria naturalmente entre os irmãos, na medida que buscavam viver e sobreviver na sociedade daqueles dias. Eles acabavam por fazer um evangelismo relacional, mas aparentemente um movimento individual de cada membro do corpo de Cristo.

O que vemos aqui em Antioquia, no início deste capítulo, é um despertar de uma consciência missionária como igreja. Não são mais indivíduos pregando o Evangelho de Cristo sem intencionalidade e de forma individual. Inicia-se uma ação intencional e que envolve a comunidade neste movimento. Penso que encontrarmos esta verdade nos cinco primeiros versos deste capitulo e que será o objeto de reflexão do nosso primeiro ponto de hoje. Leiamos Atos 13.1-5.

Na igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo.

Enquanto adoravam ao Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: "Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado".

Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram.

Enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.

Chegando em Salamina, proclamaram a palavra de Deus nas sinagogas judaicas. João estava com eles como auxiliar. (Atos 13.1-5)

Temos nestes primeiros versos uma ação intencional do Espírito Santo despertando uma consciência missionária no corpo de Cristo através destes profetas e mestres. Para entendermos melhor isso, iremos refletir passo a passo nestes versos.

Nosso primeiro ponto de hoje é: “Missões um Movimento Intencional Liderado Pelo Espírito Santo”. Iremos iniciar lendo novamente os dois primeiros versos.

 

1 – MISSÕES UM MOVIMENTO INTENCIONAL LIDERADO PELO ESPÍRITO SANTO

Na igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo.

Enquanto adoravam (Λειτουργούντων - Leitourgountōn - Leitorgia) ao Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: "Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado". (Atos 13.1,2)

O capítulo treze começa nos relatando que na igreja de Antioquia havia profetas e mestres. O texto não é suficiente para dizermos que aquela igreja estava organizada em torno de um templo ou que ela possuía uma organização administrativa. Contudo claramente alguns homens eram reconhecidos e respeitados pelos cristãos de Antioquia por seus dons ministeriais. Havia profetas e mestres naquela igreja escreveu Lucas.

O autor deste livro “Atos dos Apóstolos” está reconhecendo os dons que Jesus Cristo havia dado a estes homens e que conferiam a eles uma autoridade funcional e serviçal dentro do corpo de Cristo. Em outras palavras, Lucas reconhece que os homens mencionados no verso um possuíam autoridade espiritual sobre aquela igreja para exercerem os ministérios profético e de ensino dentro do corpo de Cristo.

Os crentes de Antioquia reconheciam os ministérios daqueles homens não porque uma instituição local declarou que eles eram profetas e mestres. Não temos sequer uma declaração de um dos apóstolos reconhecendo Paulo como um profeta ou mestre. Paulo só estava entre eles porque Barnabé o chamou. Mas a igreja de Antioquia os reconheciam como profetas e mestres.

Acredito que este princípio vale também para o ministério pastoral. O Espírito Santo de Deus é quem outorga aos homens autoridade espiritual, entregue por Jesus. Também é Ele que leva os crentes a reconhecerem os dons dados a cada um por Jesus para o desenvolvimento da igreja, criando um vínculo espiritual entre os membros do corpo. Este vínculo espiritual entre aquele que recebe o dom e aquele que reconhece o dom não se constrói a força e nem se quebra por vontade humana. É algo gerado pelo próprio Espírito e estabelecido por Deus em nossos corações.

Acredito que cada um de nós reconhece quem Deus estabeleceu como o nosso pastor neste mundo presente. É interessante que dentro de nosso sistema de pastoreio, muitas vezes somos pastoreados por uma diversidade de pastores, pelas mais diferentes razões. Mas no fundo cada um de nós temos um pastor especial em nossas vidas, que nos marcou de alguma forma inexplicável e que apesar de sermos pastoreados por outros homens, parece que no fundo nunca deixamos de ser ovelha daquele pastor. É uma conexão espiritual que não se constrói por mãos humanas ou por instituições humanas, ela é construída pelo Espírito de Deus, por que a igreja de Cristo é antes de tudo uma instituição espiritual.

Não sabemos se estes homens mencionados no verso um possuíam individualmente os dois dons ministeriais ou apenas um deles. Por exemplo: Será que Barnabé era profeta e mestre ao mesmo tempo? Ou será que ele era somente profeta? Ou somente mestre? Simeão era profeta e mestre ao mesmo tempo? Ou somente profeta? Ou quem sabe somente mestre? Mas certamente os dois dons ministeriais eram presentes entre eles e reconhecidos pela igreja.

Estou enfatizando dons ministeriais, pois eles se diferem dos dons espirituais de 1 Coríntios que são manifestações espirituais.

O verso dois nos diz que enquanto eles adoravam (leitorgia – servir a Deus) e jejuavam, isto é, enquanto estavam em contemplação e consagração a Deus, este era o serviço que eles estavam prestando a Deus, o Espírito Santo falou com eles e deu a eles uma orientação clara.

É desta orientação que nasce o despertar de uma consciência missionária na vida da igreja, como corpo. O Espírito disse possivelmente através de um dos profetas mencionados no verso um: "Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado".

O Espírito Santo intencionalmente se manifesta no meio da adoração e consagração daqueles homens com o fim de iniciar o despertamento da igreja para a obra missionária como corpo e não mais apenas num movimento individualizado e sem intencionalidade.

No ponto dois veremos que missões é um trabalho realizado em parceria com o Espírito Santo.

 

2 – MISSÕES UM TRABALHO REALIZADO EM PARCERIA COM O ESPÍRITO SANTO

Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram.

Enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. (Atos 13.3,4)

O verso três nos informa que aquele grupo de irmãos, profetas e mestres, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo e os enviaram, conforme o Espírito havia ordenado. Nós temos aqui representada a igreja de Antioquia, através destes irmãos, enviando Barnabé e Pedro para uma obra evangelística, por orientação do Espírito Santo.

O verso quatro nos confirma que é o Espírito Santo de Deus quem está enviando Barnabé e Saulo (Paulo). O ato da imposição de mãos por parte destes irmãos, que no contexto deste texto bíblico são autoridades da igreja de Antioquia, é o reconhecimento que Barnabé e Saulo receberam um chamado especial por meio do Espírito Santo, confirmando eles desta forma a autoridade ministerial que o Espírito Santo de Deus entregou a Barnabé e Saulo.

Quatro lições eu aprendo através deste acontecimento bíblico:

·      Primeira lição: Não é a igreja que determina a ação, mas o Espírito é quem dirige a igreja. A igreja estava servindo em adoração e consagração. Somente desta forma conseguimos ouvir a voz do Espírito de Deus. Do contrário nós igreja iremos ouvir nossas próprias vozes e tentaremos fazer o Espírito Santo seguir os nossos próprios planos.

·      Segunda lição: A igreja trabalha como cooperadora na obra e não como a líder da obra. Jesus é o cabeça da igreja. Ele é o líder da igreja. A igreja é seu corpo na terra. Jesus move a sua igreja através da ação do Espírito Santo em nós. Se nos tornarmos incapazes de ouvirmos a voz do Espírito Santo seremos apenas instituições cheias de programações e vazias de espiritualidade.

·      Terceira lição: O Espírito Santo nos chama individualmente e confirma o nosso chamado através da igreja. O chamado, o dom vem de Deus; a confirmação, o reconhecimento é validado pela igreja, num movimento do próprio Espírito de Deus.  

·      Quarta lição: O Espírito de Deus chama uns para irem e os demais para permanecerem. Barnabé e Saulo foram chamados para partirem de Antioquia. O Evangelho de Cristo precisava ser pregado além de Antioquia. Contudo o Espírito de Deus deixou em Antioquia muitos outros irmãos, pois o Evangelho também precisava continuar sendo pregado naquela cidade. O trabalho de quem vai e de quem fica tem a mesma relevância, pois ambos trabalham para que vidas conheçam o Evangelho de Cristo. Ambos trabalham submissos ao Espírito de Deus e assim cooperando para o desenvolvimento do corpo espiritual de Cristo.

Entendo que começa a partir de Antioquia um processo intencional de consolidação da igreja de Cristo nas cidades. Barnabé e Saulo se tornam plantadores de igreja. Eles não construíam templos, mas ensinavam os irmãos a viverem em unidade, em serviço uns aos outros. Ensinavam um pastoreio baseado na mutualidade.

Podemos concluir dessa passagem bíblica que inaugura o despertar de uma consciência missionária como corpo que missões não existe sem que a igreja trabalhe em parceria com o Espírito Santo, tendo o Espírito a liderança sobre a igreja, uma vez que Ele é quem cria em nós vínculos com Cristo e com os demais membros do corpo de Cristo, e que nos revela a vontade de Jesus para nós como indivíduos e membros do corpo de Cristo.

 

3 – A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA INTENCIONAL

Enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.

Chegando em Salamina, proclamaram a palavra de Deus nas sinagogas judaicas. João estava com eles como auxiliar. (Atos 13.4,5)

Esses versículos descrevem o início da primeira das três viagens missionárias de Paulo. Essa viagem incluiu a ilha de Chipre e uma parte da Ásia Menor.

As primeiras duas viagens começaram e terminaram em Antioquia. O que nos leva a concluir que Antioquia se tornara um dos centros do cristianismo mundial daqueles dias, uma igreja comprometida com a evangelização dos gentios. Uma igreja missionária e missional.

Apenas como curiosidade, a terceira viagem missionária de Paulo terminou em Jerusalém, onde foi preso, sem que ele pudesse retornar para Antioquia (ver Atos 21).

Eu quero destacar aqui uma prática, que se encontra no verso cinco, que se tornou comum em todas as cidades por onde Barnabé e Paulo pregaram a Palavra de Deus. Não sei dizer se esta pratica foi estratégia intencional ou apenas uma ação comum por terem origem judaica. Não encontramos nenhum texto bíblico dizendo que esta ação foi ordenada ou guiada pelo Espírito Santo de Deus.

Estou me referindo a pratica de sempre pregarem o Evangelho primeiro aos judeus. Eles sempre iam anunciar o Evangelho nas sinagogas antes de pregarem aos não judeus. Muitos entendem que esta era uma prática estratégica, na busca de alcançarem aqueles que já tinham conhecimento das Escrituras Sagrada (Antigo Testamento) e que vivam a expectativa da vinda do Messias, o que facilitava a compreensão de suas pregações, e assim terem o apoio daqueles que se convertiam nas cidades onde chegavam. Entretanto sabemos também que por outro lado muitos dos judeus acabavam se opondo violentamente a pregação deles, por não acreditarem que Jesus é o messias aguardado por eles.

Outro ponto que quero destacar é a pregação do Evangelho. Todo este movimento de consciência missionária despertada pelo Espírito a igreja, para um trabalho como corpo e não apenas de forma individual, tinha como objetivo anunciar a verdade de que “Deus amou o mundo de tal forma que enviou o Seu filho, Jesus Cristo, para que todo o que Nele crer tenha a vida eterna”. Essa é a mensagem que eles pregavam e que nós temos que continuar pregando em tempo e fora de tempo.

Esta pregação inclui nela, todo o ensino de Jesus. Aqueles que permanecerem em Suas palavras serão salvas. Não é apenas confessar num culto as palavras: “eu creio em Jesus como meu salvador”. Essa confissão pode ser a expressão do início de uma jornada de fé com Jesus Cristo. Mas a salvação que foi dada gratuitamente a todos os homens, e não somente a um grupo eleito, mas a todos os homens e mulheres é apropriada por aqueles que creem e vivem submissos aos ensinos de Jesus. Não podemos nos esquecer que ele disse: “Só entrará no Reino de Deus aqueles que fazem a vontade do meu Pai”.

 

REFLEXÃO FINAL

Eu quero concluir esta mensagem dizendo a você que Jesus morreu na cruz por você. O que você não podia fazer ele fez por você, pagou o preço de todos os seus pecados. Sem Cristo e sua obra na cruz eu e você estaríamos condenados a morte eterna, chamada na bíblia de segunda morte.

Aqueles que rejeitam a Jesus Cristo, como Filho de Deus, que não O reconhecem como Deus, em igualdade com o Pai e com o Espírito Santo, negam a sua divindade; também aqueles que tentam alcançar a vida eterna ou a deidade através de suas obras ou na crença de reencarnações, negam a suficiência da obra de Jesus na cruz; aqueles que confiam suas vidas a intercessão de meros seres humanos, ainda que estes tenham vivido em plena comunhão com Deus neste mundo, negam ao clamarem a estes santos que morreram, a verdade de que Jesus é o único intercessor entre Deus e os homens. Todos estes experimentarão a segunda morte, viverão eternamente excluídos de quaisquer sentimentos pertencentes a Deus, como bondade, solidariedade, fraternidade, amor, compaixão, justiça, alegria, verdade, pois Deus não mais será encontrados por eles. Viverão eternamente num vazio, ausentes de Deus, dominados pela amargura, corroídos pelo fogo eterno da culpa, do medo, do ódio por si mesmos por nunca terem dado ouvidos a pregação do Evangelho. Desejarão eternamente a morte, mas viverão um inferno eterno.  

Se você não aceitou a Jesus, não o reconheceu como seu Deus e Senhor de sua vida, você está destinado a segunda morte. Você pode mudar o seu destino eterno hoje, entregando sua vida para Jesus e seguindo-o até o fim de sua vida.

Se você tomou essa decisão hoje, você também já recebeu dele o poder do Espírito para ser testemunha dessa verdade que acabou de ouvir. Vá e pregue o Evangelho em tempo e fora de tempo. Anuncie a todos os povos a reconciliação de Deus em Cristo Jesus. Seja você um missionário! Comece a partir de sua casa. Estenda o seu testemunho aos colegas de trabalho, de lazer, de escola, a todos que fazem parte de seu relacionamento.

Se envolva com a obra missionária de sua igreja e com aqueles que estão fazendo missões. Esta é a prioridade de nossas vidas. Este é o maior ato de adoração que podemos fazer ao nosso Deus. Que Ele te abençoe grandemente para que você seja uma testemunha fiel de sua obra de redenção.

 

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

19/08/2024

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