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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

LIDERANÇA - 3 - CARACTERISITCAS DA PESSOA CHAMADA

CARACTERISITCAS DA PESSOA CHAMADA

As pessoas que não são chamadas, mas impelidas por alguma razão, caminham lutando contra tudo e contra todos, atrás de seus objetivos, mas quando chega a adversidade entra em colapso e abandona tudo e todos.
Os chamados têm uma força que vem de dentro; possuem uma perseverança e poder, que oferecem resistência aos golpes externos.
Nunca sabemos quando iremos nos deparar com um destes chamados. Talvez sejam os indivíduos menos dotados, menos reconhecidos, menos sofisticados. Basta olharmos para os 12 que Jesus chamou.
Mas hoje quero olhar para JOÃO BATISTA um destes tantos homens que a Bíblia nos mostra como chamados por Deus e detectar algumas de suas virtudes.

1 – CORAGEM
João Batista era um homem que possuía esta virtude em alta dose.
Quando as multidões afluíam ao vale do Jordão para fazer uma avaliação de si mesmo ao profeta, ele não teve medo de lhes apresentar algumas verdades sérias (Mt 3:7-9). Disse-lhes que parassem de se julgar justos com base numa alegação de superioridade racial ou religiosa. Antes, eles precisavam era reconhecer sua necessidade de arrependimento moral e espiritual.
Sua coragem incomodava a muitos “santarrões”.
João teve coragem até mesmo para denunciar o rei Herodes, que acabou mandando decapitá-lo (Mt 4:12; 14:1-3). Mas isso só ocorreu depois que João havia encerrado sua missão.
Deus não vai permitir que ninguém toque em sua vida enquanto sua missão não estiver acabada.
Portanto não tenha medo de falar a verdade em qualquer situação. Estamos diante um momento onde a igreja precisa se pronunciar quanto a questão da homofobia. Não tenha medo de se posicionar.
Prega o que a Palavra ordena em todos os assuntos, seja fiel a Palavra de Deus, pregue o amor ao pecador, mas não aceite o pecado em sua igreja por medo.

2- FORTE SENSO DA DURAÇÃO DE SEU CHAMADO E UM COMPROMISSO FIRME COM ESSE CHAMADO
Ao contrário do que muitos pensam nosso chamado nem sempre é eterno. Podemos ser chamados para atuar até o fim de nossas vidas - por outro lado nosso chamado pode ser um chamado de curta duração; contudo devemos estar prontos para abrir mão do que for necessário para cumprirmos nosso chamado.
João teve que abrir mão do próprio chamado para cumprir seu papel de precursor. Alguns de nós somos chamados a plantar igrejas e depois temos que abrir mãos delas para que outro a regue e de continuidade no processo de crescimento.
Muitas pessoas tem dificuldade com isso e por isso sofrem. Não conseguem aceitar o momento de entregar o ministério a outro. Não conseguem aceitar a idéia de transferir sua autoridade e poder recebidos por Deus e reconhecidos pela igreja para outro.
Deixar de ser o líder não significa que você não tem mais valor, que Deus não irá mais te usar, que você virou invalido, inútil. Pelo contrário você poderá ser de grande valia, orientando, ajudando por baixo dos bastidores quando chamado a opinar ou não.
João Batista ao sofrer ataque com relação á sua identidade pessoal e ao seu senso de segurança profissional não hesitou em retirar seu time de campo para que Jesus crescesse diante do povo.
Embora João sabia que estivesse perdendo seu emprego, seu lugar de honra diante do povo, ele mesmo fazia questão de honrar a Jesus e de incentivar o povo para que seguisse a Jesus, incluindo seus próprios discípulo (Jo 1:29-37; 3:25-30).
Saul ao sofrer um ataque com relação a sua identidade pessoal e ao seu senso de segurança profissional reagiu violentamente diante da ascensão de Davi. Deslanchou uma forte perseguição ao jovem, segui-o pelo deserto, na intenção de acabar com ele. Quanto mais Saul perseguia o rapaz, mais ridículo ficava diante de seus homens e do povo.
Nunca devemos nos esquecer de que somos chamados por Deus e que o tempo e o lugar de atuação desse chamado pertence a ELE e não a nós.

3 – COMPREENDE CLARAMENTE O PRINCÍPIO DA MORDOMIA
A reação de João quanto ao fim do seu chamado demonstra que ele compreendia claramente sua posição diante de Deus: mordomo – aquele que é responsável de cuidar de algo que pertence a outra pessoa, até que o proprietário volte para reaver seus bens.
João compreendia que ele nunca fora dono de ninguém mesmo. Portanto, se o plano de Deus era que ele transferisse aquelas multidões para Jesus, estava perfeitamente disposto a fazê-lo. Assim é a mentalidade de um mordomo.
Creio que esta deve ser a principal característica de uma pessoa chamada por Deus – reconhecer durante todo o seu ministério que tudo pertence a Jesus, inclusive o rebanho.
Saul se esqueceu de que era apenas mordomo de Deus, por isso se julgou dono do trono de Israel e isso o levou a soberba e ao fim de seu reinado.
Quando acreditamos que o que temos é nosso, temos a tendência de protegê-lo, de segurá-lo em nossas mãos. Isso acontece com o nossos dons naturais e espirituais, dinheiro, propriedades, filhos, emprego, ministério, etc.
Devemos sempre avaliar nosso coração para saber se temos agido como mordomo ou donos.

4 – SABE EXATAMENTE QUEM É E QUAL SUA MISSÃO
Quando João foi indagado se ele o Cristo, ele respondeu claramente que ele não era e apontou Jesus como o Cordeiro de Deus, o Cristo. João sabia exatamente quem ele era, ele era o precursor, aquele que viria para preparar o caminho para Jesus Cristo.
Entretanto algumas pessoas começam bem seu ministério, mas depois se esquecem de quem são e por isso tem grande dificuldade abandonar o poder e lutam até a morte para retê-lo. Não conseguem mais distinguir entre a função que exercem e sua própria pessoa. Acredito que por isso muitas pessoas sofrem terrivelmente com a aposentadoria.
Por que alguns pais sofrem de depressão quando o último filho sai de casa? Porque não estão preparados para entregá-lo a Deus e lhe dar a liberdade que lhe é de direito; continuam querendo tê-lo debaixo de seus olhos.
João poderia ter tirado vantagens de sua ascendência sobre as multidões, na época em que gozava de grande popularidade. Ou poderia ter se deixado seduzir pelo aplauso das massas. O fato de eles estarem transferindo seu apreço dos sacerdotes de Jerusalém para ele, poderia tê-lo tornado arrogante e ambicioso. Teria sido muito simples acenar que sim quando lhe perguntaram se ele era ou não o Messias.
Não subestimemos a importância desse principio. Em nossos dias, nesse mundo todo dirigido pelos meios de comunicação de massas, muitos homens bons e talentosos, que ocupam posições de liderança, estão constantemente diante da tentação de passarem a crer em seus próprios textos publicitários. Então, se eles acreditarem, sua personalidade e seu exercício de liderança irão aos poucos sendo contaminados pela fantasia do messianismo. Então, eles se esquecerão de que não são nada, e começarão a criar perigosas suposições sobre a própria identidade e sobre sua missão.
O apóstolo Paulo deu um valioso exemplo disso, na sua carta a Timóteo. Ali ele descreve seu chamado para deixar o judaísmo e abraçar a fé e o apostolado cristos. Diz ele: “A mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus” (1 Tm 1:13,14).
Um homem que guarda tais fatos na memória, e que vez por outra os repassa, dificilmente irá pensar de si mesmo mais do que convém.

Conclusão: Creio que devemos orar para possuirmos os mesmos atributos que tinha João Batista. Devemos clamar para sermos corajosos, termos consciência acerca de nossa própria identidade, a termos uma visão clara de nossa função dentro do corpo de Cristo e sermos verdadeiramente comprometidos com a missão dada por Deus a nós.
Que Deus possa usar a cada um de nós chamados para o cumprimento de Sua vontade que é a expansão do Seu Reino sobre toda terra.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

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