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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

MINISTÉRO PASTORAL - 1 - O PODER PASTORAL - TERCEIRA PARTE

O PODER PASTORAL - 3 Parte

3. O líder e sua relação com o poder
Podemos dizer que o poder pastoral está sujeito à missão e que esta está sujeita à Deus (Missio Dei), uma vez que é Ele quem convoca e quem capacita os indivíduos. Baseados nisso, podemos afirmar que o poder pastoral está a serviço do Reino de Deus. Essa afirmação, por si só, já designa que o poder pastoral não pode ser usado para interesses próprios ou de terceiros.
O poder é algo que nos fascina e que nos corrompe. Lidar com o poder é extremamente perigoso, por isso, é sempre bom ter em mente que o poder pastoral é um poder-serviço e que está a serviço do Reino de Deus. A partir dessa afirmação analisaremos alguns aspectos do poder pastoral.
Também gostaria de enfatizar que o líder deve ser sempre servo.

3.1 – O exercício do poder pastoral não deve ser imposto a ninguém
Nesta seção nos ateremos mais à pessoa do pastor e as suas atribuições.
Pedro, o apóstolo, após entender o poder pastoral como um poder a serviço do Reino de Deus escreve em sua carta as seguintes palavras: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer;...” (1 Pe 5.2).
Ele escreve, aos presbíteros, exortando-os que deveriam pastorear o rebanho. Segundo o relato de sua carta, o rebanho estava espalhado em diversas regiões por causa da grande perseguição aos cristãos, no primeiro século (1 Pe 1.1).
Cumpre lembrar que a idéia de pastorear está ligada ao trabalho do pastor de ovelhas. Isso significa que o apóstolo Pedro está dizendo aos presbíteros, que eles deveriam alimentar o rebanho de Deus e protege-lo dos inimigos que querem destruir sua fé.
Mas isso não deveria ser feito por constrangimento. Os presbíteros deveriam pastorear por livre desejo, voluntariamente. Isto implica dizer que as pessoas que possuíam tal ofício dentro da igreja deveriam pastorear o rebanho pelo amor que tinham a Jesus. Uma pessoa que fosse pressionada a aceitar o cargo, possivelmente não assumiria de coração o rebanho e não se dedicaria como deveria.

Alguns podem ser constrangidos, pressionados aceita-lo, o que não é bom quando tem como conseqüência que eles não o assumem de coração e a ele não se entregam voluntariamente. Devem faze-lo sempre espontaneamente (gr. ekusios, de livre vontade, de boa vontade). Assim é como Deus quer (gr. Katatheon, que poderia significar também “da forma que Deus o faz”; mas o mais provável é que o sentido seja mesmo “de um modo que agrade a Deus”, “que seja como Ele acha que deve ser”).

Essas palavras de Pedro também nos servem como alerta para escolha de futuros presbíteros e pastores. Jesus não constrangeu a nenhum de seus discípulos a seguirem-no, Ele tão somente os chamava (Lc 6.12; Jo 1.35-51), e em uma certa ocasião chegou a perguntar a eles se não queriam deixa-lo (Jo 6.65-67). Pedro diz que o poder pastoral não pode ser imposto a ninguém. Aquele que pastoreia deve fazê-lo por espontaneidade, não por constrangimento.
Somente uma pessoa que tenha convicção de seu chamado, que tenha paz sobre este chamado deve aceitar esse ofício.
Na prática eclesial “não por constrangimento” significa que a pessoa que exercerá o poder pastoral, o fará por ter convicção de que Deus a escolheu para esse ofício, não por alguma outra razão.
No entanto, muitas vezes, isto não acontece na igreja. Pessoas são obrigadas, por diferentes circunstancias, a exercerem cargos que não sentem o menor desejo de fazê-lo. Dentro desse modelo inadequado de edificação do corpo, encontramos pessoas infelizes, fazendo o que não queriam fazer, lutando por bandeiras as quais não queriam carregar. Esta realidade tem contribuído ainda mais para que encontremos dentro das igrejas pastores e obreiros cansados porque sentem um peso terrível sobre si, um peso que na verdade não deveriam carregar. Pastores que assumiram este oficio por constrangimento. Pessoas que se sentiram coagidas a se tornarem pastores porque não havia quem assumisse a igreja. Em fim, pessoas que foram colocadas nesse cargo por outras sem levarem em conta a palavra do apóstolo Pedro.
Muitos pastores continuam a perpetuar esse modelo constrangedor sobre suas igrejas impondo a seus membros cargos que estes não desejam ou não possuam o dom para exercer.
A igreja, como instituição, deve assegurar a todos essa liberdade, não forçando ninguém assumir tarefas indesejáveis. Pelo contrário, deve sim lutar pela liberdade de todos os seus membros, ensinando-os e motivando-os a aprimorarem suas habilidades e competências.
O pastor surge da espontaneidade e da voluntariedade de servir aos demais membros da igreja respondendo dessa forma ao chamado divino que lhe foi feito.

3.2 – O poder pastoral não busca glória para si mesmo
“Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e, sim, aquele a quem o Senhor louva”.
O apóstolo Paulo repreende aqui aqueles que buscam glória para si; aqueles que buscam serem louvados entre os homens. Nem mesmo os discípulos de Jesus escaparam do desejo pelo poder.
“Então chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos; e, adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda. Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos.
Então lhes disse: Beberei o meu cálice; mas assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concede-lo, é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai” (Mt 20.20-23).
Podemos encontrar referências a este mesmo tema nos Evangelhos de Marcos (Mc 10.42-45) e Lucas (22.24-27).
Tasker entende que nesse incidente, Tiago e João revelaram a força e a fraqueza do seu discipulado. A fraqueza se faz presente pela falta de compreensão do Reino de Deus, e a força pela resposta firme em participar do cálice que Jesus estava para beber.
Não podemos nos esquecer que para os judeus o Messias iria reinar para sempre e colocaria todas as nações debaixo do domínio de Israel.
Morris diz que diante do acontecimento “evidentemente, os discípulos, pensavam que estava perto o reino de Deus, e discutiam sobre o melhor lugar nele”.
Poder, neste caso, está ligado também com o termo prestígio. Sentar-se ao lado de Jesus implicava estar nos lugares de honra, o que daria a eles prestígio, consequentemente poder, diante dos demais pela posição de honra que ocupariam diante do rei.
Como descreve Tasker, “toda esta preocupação ligada ao orgulho de posição do reino era evidência de profunda incompreensão da parte de Tiago e João do sentido em que o termo “grandeza” devia ser aplicado ao “glorioso colégio apostólico”.
Tal acontecimento levou Jesus a repreendê-los e a contrastar os dois modos pelos quais se pode exercer autoridade e manifestar poder. Jesus lhes disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo” (Mt 20.25-27).
Segundo Tasker, quase invariavelmente o poder corrompe homens e mulheres.

Nas sociedades compostas de homens e mulheres pecadores, quase invariavelmente a posse do poder corrompe, e os governantes facilmente se tornam tiranos e opressores; no entanto, todos os potentados desse tipo sai intitulados “grandes”. No reino de Deus, dado que o próprio Rei é servo, o titulo “grande” se reserva para os que, inspirados por seu exemplo, gastam-se livres e alegremente a serviço dos outros”.

O que Tasker está dizendo é que no Reino de Deus são considerados grandes aqueles que vivem a serviço do Reino. Viver a serviço de outros é viver a serviço do Reino. Esse ensinamento aparece claramente na parábola do julgamento dos gentios (Mt 25.31-46), no mandamento que determina que nos amemos uns aos outros (Jo 13.34-35).
Morris descreve o ensinamento de Jesus, baseado no Evangelho de Lucas, da seguinte forma:

Entre os homens de Cristo o maior deve ser como o menor, i.é, deve aceitar o lugar mais humilde. No mundo antigo, aceitava-se que a idade dava privilégios. O mais jovem era, por definição, o menor. No mesmo espírito, o que dirige deve ser como o que serve. O lavapés que João registra foi uma ilustração notável da disposição de Jesus de tomar o lugar daquele que serve. Fez assim embora tivesse o direito ao lugar supremo e os homens naturalmente estimam o que janta como sendo superior ao garçom”.

Morris diz que o grande ensinamento desse texto é que “Jesus não está dizendo que se Seus seguidores desejarem subir a posições muito elevadas na igreja, devem primeiramente ser testados numa posição humilde. Está dizendo que o serviço fiel num lugar humilde é em si mesmo a verdadeira grandeza”.
O poder pastoral é um poder a serviço do Reino, portanto não pode ser um poder usado para trazer prestígio nem honra a ninguém. O poder pastoral deve ser voltado totalmente para à vontade de Deus.
Quando o poder pastoral é usado para auto-promoção ele se torna um poder estratégico e não mais poder-serviço.

3.3 O poder pastoral não busca riquezas
“Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6.24).
“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu porém, ó homem de Deus, foge destas cousas; antes segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (1 Tm 6.10-11).
Pedro diz “nem por sórdida ganância, mas de boa vontade” (1 Pe 5.2). Esta preocupação de Pedro, reflete a mesma preocupação de Jesus e do apóstolo Paulo, e também revela o fato de que os presbíteros ou pastores eram remunerados para o exercício do cargo. Tais pessoas não poderiam sentir-se motivadas por causa do lucro que poderiam obter através da fé, ou por causa de bons salários. Pedro aqui não faz objeção à remuneração dos ministros ou aos salários dos obreiros. Adverte, sim, contra o pecado da cobiça, a caça ansiosa de rendimentos. A tradução da BLH descreve bem as palavras de Pedro: “não façam seu trabalho para ganhar dinheiro, mas com o verdadeiro desejo de servir”.
Em segundo lugar Pedro diz que o pastor não deveria servir por sórdida ganância. O amor ao dinheiro ou ao lucro que se poderia obter por meio da fé não deveria ser de forma alguma um mecanismo de incentivo àqueles que exercem o pastorado. Ninguém deve ser investido do poder pastoral tendo como fim o dinheiro e não o cuidado com o rebanho.
A humanidade criou a moeda (dinheiro) para que, por meio dela os homens pudessem realizar trocas de matérias primas, alimento, etc. A moeda que foi criada para facilitar a vida das pessoas, com o passar dos anos, tornou-se motivo de conflitos entre os seres humanos. A moeda passou a tornar-se tão importante, que o mundo dos homens começou a girar em torno dela. A moeda colonizou o mundo dos homens.
Diante disso devemos nos perguntar: Será que também em nossas igrejas tudo passou a girar em torno do dinheiro (moeda)? O fim dos eventos promovidos pela igreja é a salvação ou o dinheiro? Quando a moeda colonizou o mundo dos homens, ela colonizou a igreja também?
Infelizmente hoje temos assistido muitos líderes de igrejas trabalhando para ganhar dinheiro. Alguns são tão baixo que usam dos dízimos e ofertas para manipular o povo e desta forma levantar quantidades absurdas para o enriquecimento ilícito. Existem aqueles que chegam a pedir R$ 50.000,00, depois R$ 10.000,00, R$ 5.000,00, e vão abaixando o valor para que desta forma consigam tirar o máximo que puderem de todos. Exigem sacrifícios financeiros como prova de fé. Desta forma transformam a fé em um meio para comprar o favor de Deus e não mais em um veículo para servir a Deus.
Deus não quer nosso dinheiro, Deus quer nosso amor!

3.4 – O poder pastoral não é dominador
O próprio Jesus afirmou ser o bom pastor: “Eu sou o bom pastor...” (Jo 10.11,14).
Na carta aos Hebreus encontramos as seguintes palavras afirmando que Jesus é o pastor do rebanho: “Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança” (Hb 13.20).
O apóstolo Pedro escreve o seguinte aos presbíteros: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, [...]. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a coroa da glória” (1 Pe 5.2,4).
Algo que deve ser notado é que o rebanho é de Deus e não dos presbíteros, nem do pastor. O pastor foi colocado pelo próprio Deus para pastorear; mas o rebanho não lhe foi dado no sentido do pastor ser o dono desse rebanho. O pastor está para servir o rebanho e deverá prestar conta a Deus do seu serviço. Deus não fica indiferente ao modo como suas ovelhas são tratadas. Diante das palavras de Pedro podemos, afirmar que ele tinha consciência de que o pastor estava a serviço do Reino de Deus.
Se o rebanho é de Deus, precisamos cuidar para não nos tornarmos dominadores sobre o rebanho que não nos pertence.
Quando o apóstolo Pedro adverte os pastores a não serem dominadores do rebanho, ele está dizendo a eles para não usarem o poder e a autoridade de forma indevida. Muitos usam seus títulos de pastor ou presbíteros para fazerem o que quiserem dentro da igreja. Muitos acham, por serem pastores ou presbíteros, donos da igreja. Mueller diz: “às vezes, os líderes cristãos têm a tendência a achar que os seus liderados são ‘ovelhinhas’ com as quais se pode fazer qualquer coisa”.
Alguns pastores usam de seu dom e ofício como meio para manipular as mentes de suas ovelhas. Não buscam ensiná-las, mas manipulá-las. Pedro vai contra essa forma de poder-domínio sobre o rebanho, pois é prejudicial tanto ao pastor como à igreja. Pelo contrário, diz o apóstolo, o pastor (presbítero) deve ser o modelo.
O termo domínio transmite a idéia de fazer uso do poder de forma maligna. Dominar é exercer um poder que não permita ao outro fazer uso da liberdade; é exercer um poder com uma dimensão estratégica.
Com o crescimento populacional e com o desenvolvimento das cidades, o homem precisou organizar-se para poder conviver em sociedade. Dessa necessidade, surgiram as diversas formas de governo. De uma forma ou de outra alguns homens, ao longo da história da humanidade, receberam poder para governar, para conduzir nações, cidades, bairros, famílias e outras instituições. O poder que foi dado a esses homens é um poder que deve ser voltado para o bem daqueles que lhe concederam o poder. O rei deve governar em favor de seu povo, assim também o presidente, governador, prefeito, etc., devem fazer uso do poder de forma a ajudar os que lhe confiaram o poder.
Contudo, temos visto que no mundo o poder se tornou um instrumento estratégico para manter o poder adquirido anteriormente. Em toda nossa sociedade, as instituições estão comprometidas com a manutenção, defesa e ampliação de seus domínios.
O poder tornou-se um instrumento tão forte, que muitos lutam para possuí-lo. Nem sempre o poder está nas mãos daqueles que elegemos em nosso país, mas nas mãos daqueles que conseguem manipular o povo. O poder hoje se encontra de grande forma na mídia. A mídia significa poder. Por isso é que os grandes políticos buscam possuir hoje veículos de comunicação como televisão, jornal, etc.
A mídia possui um poder avassalador, de forma que ela dita o que o mundo deve ser. Na verdade a mídia deveria acompanhar o pensamento da humanidade, entretanto ela tem o poder de fazer o pensamento da humanidade.
Esse poder foi descoberto nos últimos anos pela igreja. Não sou contra o uso de televisão e outros meios de comunicação para a pregação do evangelho, pelo contrário, acredito que devemos usar todos os recursos disponíveis. Contudo a igreja não pode deixar-se manipular pela mídia. A igreja tem um fim deixado por seu fundador e não deve dele afastar-se de forma alguma, ou deixará de ser igreja.
Acredito que em nossas igrejas existe um espaço histórico onde esse poder-pastoral parece se concentrar, parece que todos que ali falam ocupam por um determinado momento um lugar divino, sim, estou falando do púlpito. O homem que está no púlpito é visto como modelo, suas palavras são divinizadas e seu poder na igreja é tão forte como o poder da mídia o é no mundo secular.
O pastor pode através dos discursos transmitidos à igreja, transformar a cosmovisão das pessoas. Possivelmente conhecendo esse fato é que o apóstolo Pedro exorta para que os pastores não sejam dominadores, que por intermédio de seus discursos não produzam pessoas alienadas. Pelo contrário, espera que eles conduzam as pessoas à liberdade. O apóstolo os adverte a serem modelos, isto é, a servirem, por meio do modelo de seu pastorado, a fim de que toda a comunidade cumpra a missão.
Pedro (v.4) os anima a permanecerem fiéis no pastorado, afirmando que logo que Jesus Cristo, o Supremo Pastor se manifestar, eles receberão o galardão merecido.
É evidente que Pedro compreendia que a Igreja tinha um só pastor, que guia todos os crentes ao aprisco celeste. Contudo, durante a peregrinação, isto é, durante período em que cremos em Cristo e o momento final de Sua revelação a Igreja procurou, sob a orientação do Espírito Santo, se organizar para melhor enfrentar as pressões da vida e para melhor testemunhar a fé que ela proclamava. Nesse processo de organização, Jesus, deu à Igreja, alguns homens para pastoreá-la, para serem guias, homens que deviam ajudar a todos, sendo eles mesmos modelos para o rebanho até a Sua volta.
Em fim, o que o apóstolo Pedro está dizendo àqueles que pastoreiam é que eles não podem deixar-se serem colonizados pelas estruturas de ações humanas que formam a sociedade. A igreja não é uma instituição como as outras; a Igreja é o Corpo de Cristo e seus pastores devem compreender que o poder que lhes foi dado deve ser usado de forma a dar continuidade à práxis pastoral de Jesus.
Pedro (1 Pe 5.2-3) está chamando a atenção dos pastores, pois estes fazem parte deste mundo, cheio de estruturas sociais corrompidas, que dão valores às pessoas segundo suas funções e objetivos. O pastor não está aos olhos de Pedro isento de cometer os mesmos erros e de transformar seu dom, sua vocação em um meio para tirar proveito daqueles que estão debaixo de suas responsabilidades. Muitos pastores caem nessa tentação quando começam a se preocupar com a aceitação e aprovação de sua congregação, quando almejam títulos, quando passam a viver em busca de status, quando correm atrás de benefícios e promoções eclesiais, quando se preocupam mais com o número de pessoas na igreja do que com as próprias pessoas. Caminhando por esse caminho que o sistema impõe aos pastores, como cidadãos deste mundo, acabam se tornando instrumentos de opressão e transformam suas igrejas em instituições alienadoras, esclerosadas e despóticas.
Para o apóstolo Pedro o pastor deve servir e não buscar ser servido, e somente desta forma se tornará modelo para o rebanho.
O poder pastoral deve ser voltado totalmente para a vontade de Deus. O poder pastoral só será verdadeiramente pastoral na medida que esse poder buscar realizar a missão outorgada por Jesus a nós, assim como Jesus viveu para realizar a vontade do Pai (Jo 4.34).

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